Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO
03 – A SANTÍSSIMA TRINDADE: UM SÓ DEUS EM TRÊS PESSOAS (1 Co 12.4-6; 2 Co
13.13)
3º
TRIMESTRE DE 2017
INTRODUÇÃO
Nesta
lição aprenderemos sobre a conhecida doutrina da Trindade; destacaremos também
o conceito desse ensino à luz da Bíblia; pontuaremos as bases dessa doutrina a
partir do AT e NT; e por fim, ressaltaremos atributos divinos em cada pessoa da
Trindade.
I
– DEFININDO O TERMO TRINDADE
A
palavra Trindade em si não ocorre na Bíblia, essa expressão é teológica usada
para descrever na perspectiva humana a divindade. Sua forma grega “trias”,
parece ter sido usada primeiro por Teófilo de Antioquia (181 d.C.), e sua forma
latina “trinitas”, por Tertuliano (220 d.C.). Entretanto, a crença na Trindade
é muito mais antiga que isso como será visto mais à frente (THIESSEN, 2006, p.
87 – acréscimo nosso).
II
– O CONCEITO BÍBLICO DA TRINDADE
Segundo
Andrade, Trindade é: “Doutrina segundo a qual a Divindade, embora una em sua
essência, subsiste nas Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. As Três
Pessoas são iguais na substância e nos atributos absolutos, metafísicos e
morais” (2006, p. 349). Sobre esta doutrina podemos ainda fazer algumas
considerações:
2.1
- Não contradiz a unidade de Deus. As Escrituras ensinam que Deus é um (Dt
4.35; 6.4; Is 37.16), contudo, a unidade divina é uma unidade composta de três
pessoas, que são: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo (Mt 28.19; 1 Co
12.4- 6), que cooperam unidos em um mesmo propósito, onde não existe nenhum
tipo de hierarquia ou superioridade entre eles; não se tratando também de três
deuses (triteísmo) e nem três modos ou máscaras de manifestações divinas
(unicismo), antes, são três pessoas, mas um só Deus. “Eu e o Pai somos um” (Jo
10.30), “[…] se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e
viremos para ele, e faremos nele morada” (Jo 14.23).
2.2
- Não é invenção humana. Uma das objeções à doutrina da Trindade é que teria
sido produzida pela mente humana, que é de origem pagã e foi imposta por um
imperador pagão (Constantino) no Concílio de Nicéia em 325 d.C., que
supostamente teria se tornado cristão, estabelecendo o Cristianismo como
religião oficial do império. De acordo com Soares: “Esses argumentos das
organizações contrárias à fé trinitária são falsos. O Concílio de Nicéia não
tratou da Trindade; a controvérsia foi em torno da identidade Jesus de Nazaré”.
A Trindade é uma doutrina com sólidos fundamentos bíblicos e, mesmo sem
conhecer essa terminologia, os cristãos do período apostólico reconheciam essa
verdade (2 Co 13.13; Ef 1.1-14; 1 Pd 1.2) (2017, pp. 37, 50).
2.3
- Não é irracional. A doutrina da unidade composta não é incoerente (Gn 2.24; 2
Co 6.17), ainda que seja chamada de um mistério porque vai além da razão, mas
não é contra a razão, como foi dito acertadamente: “É conhecida apenas pela
revelação divina, portanto não é assunto da teologia natural, mas da revelação”
(GEISLER apude SOARES, 2017, p. 36). Sobre a possibilidade de entendermos a
doutrina da Trindade, Grudem afirma: “[…] não é correto dizer que não podemos
de forma alguma entender a doutrina da Trindade. Certamente podemos compreender
e saber que Deus é três pessoas, que cada uma delas é plenamente Deus e que há
somente um Deus. Podemos saber essas coisas porque a Bíblia as ensina” (2007,
p. 126 – grifo nosso).
III
– A SANTÍSSIMA TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO
Embora a doutrina da Trindade não
se encontre de forma desenvolvida no AT, acha-se implícita na revelação divina
desde o início (DOUGLAS, 2006, p. 1356). Uma boa justificativa para que tal
doutrina não seja claramente ensinada no AT, é dada por Pearlman (2009, p. 80)
quando afirma: “num mundo em que o culto de muitos deuses era comum, tornava-se
necessário acentuar para Israel a verdade de que Deus é um e que não havia
outro além dele. Se no princípio a doutrina da Trindade fosse ensinada
diretamente, ela poderia não ser bem compreendida nem bem interpretada”. Ainda
que implicitamente no AT pode ser visto indícios dessa doutrina. Vejamos alguns
exemplos:
3.1
- Na criação do Universo. Se levarmos em conta que a palavra hebraica “Elohim”
(Gn 1.1) é um substantivo plural, concluiremos: a Santíssima Trindade
encontrava-se ativa na criação do universo. Por conseguinte, quando a Bíblia
afirma que no princípio Deus criou os céus e a terra, atesta: no ato da
criação, estiveram presentes Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. O Pai
criou o universo por intermédio do Filho (Jo 1.3), enquanto o Espírito Santo
transmitia vida a tudo quanto era criado (Gn 1.2).
3.2
- Na aparição do Anjo do Senhor. A manifestação no Antigo Testamento do “Anjo
do Senhor” (ou de Yahweh), é uma forte evidência a respeito da Trindade. “Vemos
que esse Anjo, dependendo do contexto, não apenas se identifica com o próprio
Senhor, como também é assim identificado por outros” (GUSTAVO, 2014, p. 22 –
acréscimo nosso). Dentre tantas aparições destacamos ainda (Gn 16.9,13;
22.11,15,16; 31.11,13; Êx 3.2,4,6; Jz 13.20-22; Ml 3.1). Sendo sua
identificação como divino ressaltada, por aceitar adoração que é destinada a
Deus (Êx 3.2,4,5; Jz 13.21,22) (LANGSTON, 2007, p. 114).
3.3
- Na expectativa messiânica. A expectativa messiânica, que sempre foi um fator
de consolação à alma hebreia, também revela a presença da Santíssima Trindade
no AT (Sl 110.1,4). Em ambas as passagens, o autor sagrado, inspirado pelo
Espírito Santo, mostra o Pai referindo-se ao Filho – Jesus Cristo (Mc 12.36; Hb
5.6). Um trecho que mostra, de maneira explícita e clara, a presença da
Santíssima Trindade no AT é Daniel 7.13-14. Podemos ainda pontuar algumas
passagens alusivas a referências proféticas sobre o Messias: “E, agora o
Soberano, o SENHOR, me [o Messias] enviou, com seu Espírito” (Is 48.16). “O
Espírito do Soberano, o SENHOR, está sobre mim [o Messias], porque o SENHOR
ungiu-me para levar boas notícias aos pobres” (Is 61.1 ver Lc 4.18-21). Embora
essas passagens não retratem especificamente um Deus em três pessoas, apontam
nessa direção (RODMAN, 2011, p. 73).
3.4
- Na pluralidade de pessoas na Divindade. Já no Livro do Gênesis existe a
indicação da pluralidade de pessoas no próprio Deus (Gn 1.1; 3.22; 11.7),
podemos ainda encontrar uma série de passagens além dessas, que apontam para a
mesma verdade (Is 6.8; 63.10), textos em que uma pessoa é chamada “Deus ou
Senhor”, e ela se distingue de outra pessoa que também é identificada como
“Deus” (Sl 45.6,7). De modo semelhante o salmista registra: “Disse o SENHOR ao
meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por
escabelo dos teus pés” (Sl 110.1). Jesus atesta que Davi está se referindo a
duas pessoas separadas chamando-as “Senhor” (Mt 22.41-46), mas quem é o Senhor
de Davi se não o próprio Deus? Da perspectiva do NT, podemos parafrasear esse
versículo do seguinte modo: “Deus Pai disse a Deus Filho: Assenta-te à minha
direita”. Diante disso, mesmo sem o ensino do Novo Testamento sobre a Trindade,
fica claro que Davi estava consciente da pluralidade de pessoas em Deus
(GRUDEM, 2007, p. 110).
IV
– A SANTÍSSIMA TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO
É
no Novo Testamento que encontramos as mais claras e explícitas manifestações da
Santíssima Trindade. Notemos alguns registros onde se evidencia tão importante
doutrina:
4.1
- No batismo e ministério de Jesus. Nessa clássica manifestação da Trindade (Mt
3.16,17), vemos uma das Pessoas (o Filho) submeter-se ao batismo, o Espírito
Santo descer como pomba sobre Ele, e a Pessoa do Pai declarar o seu amor a
Cristo atestando sua filiação. No monte da transfiguração vemos com clareza
mais uma vez a pluralidade de pessoas (Mt 17.5; Mc 9.7,8).
4.2
- Na ascensão de Jesus. Já prestes a ser assunto ao céu, o Senhor Jesus Cristo,
ao dar últimas instruções aos discípulos, declarou: “Portanto, ide, ensinai
todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”
(Mt 28.19). Pode ainda restar mais alguma dúvida acerca da Trindade?
4.3
- Na vida da Igreja Primitiva. Nos Atos dos Apóstolos, a Santíssima Trindade
aparece operando ativamente, desde os primeiros versículos (At 1.1,2). Nesse
livro, encontramos a Trindade na proclamação do Evangelho (At 5.32; At 10.38);
no testemunho eficaz da fé cristã (At 7.55); no chamamento de obreiros (At
9.17); no Concílio de Jerusalém (At 15.1-35). Nas epístolas (Rm 14.17; 15.16; 2
Co 13.13; Ef 4.30; Hb 2.3,4; 2 Pd 1.16-21; 1 Jo 5.7) e também no livro do
Apocalipse (Ap 1.1,2; 2.8,11).
V
– ATRIBUTOS DIVINOS NAS PESSOAS DA TRINDADE
A
Bíblia categoricamente específica que todas as pessoas da Trindade possuem a
mesma essência possuindo os mesmos atributos. Vejamos alguns:
CONCLUSÃO
A
doutrina da Santíssima Trindade é puramente bíblica, embora seja um mistério
jamais será uma contradição. Como alguém sabiamente disse: “Se tentássemos
entender Deus por completo, podemos perder a razão [mente], mas se não
acreditarmos sinceramente na Trindade perderemos nossa alma!” (RAVI; GEISLER,
2014, p. 28).
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor Correia de. Dicionário Teológico. CPAD.
GUSTAVO,
Walber; GOMES, Leonardo. Doutrina da Trindade: desenvolvimento bíblico e
histórico. BEREIA.
GRUDEM,
Wayne. Manual de Doutrinas Cristãs: teologia sistemática ao alcance de todos.
VIDA.
LANGSTON,
A.b. Esboço de Teologia Sistemática. JUERP.
PERLMAN,
Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.
RAVI
Zacharias; GEISLER, Norman. Quem criou Deus? REFLEXÃO.
THIESSEN,
Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. IBR.
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