Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO
06 – A PECAMINOSIDADE HUMANA E SUA RESTAURAÇÃO A DEUS (Rm 5.12-21)
3º
TRIMESTRE DE 2017
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos a origem do pecado à luz da Bíblia no mundo espiritual e físico;
falaremos sobre o pecado herdado, onde será pontuado que ele afetou todo o ser
do homem, mas não destruiu completamente a imagem de Deus, e nem anulou a
capacidade de escolha humana; estudaremos que a salvação é uma iniciativa
divina, mas, exige a responsabilidade do homem, e que ela está acessível a
todos sem distinção. E por fim, relataremos algumas bençãos provenientes da
restauração a Deus com sendo a paz com Ele, o acesso ao pai e a filiação
divina.
I
– A ORIGEM DO PECADO À LUZ DA BÍBLIA
A
palavra hebraica “hatah” e a grega “hamartia” originalmente significam: “errar
o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23). Existem outras várias designações bíblicas
para o pecado, muito mais do que há para o bem. Cada palavra apresenta a sua
contribuição para formar a descrição completa desta ação horrenda contra um
Deus santo. Em um sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei
moral de Deus, quer em ato, disposição ou estado” (CHAVES, 2015, p. 128).
Quanto a origem do pecado, devemos fazer algumas considerações:
1.1
- Deus não é o autor do pecado. Precisamos destacar que de modo algum Deus pode
ser responsabilizado pela entrada do pecado no universo. Atribuir a culpa a
Deus, torna-se uma blasfêmia contra o seu caráter moral, que é absolutamente
perfeito (Dt 32.4; 2Sm 22.31; Jó 34.10; Sl 18.30), sendo um erro gravíssimo
afirmar como fazem alguns, que o Senhor decretou o pecado. Pois afirma Tiago:
“Ninguém ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser
tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13-ARA).
1.2
- O pecado no mundo espiritual. De acordo com a Bíblia um número incontável de
anjos foram criados por Deus (Hb 12.22), e estes eram bons por natureza, assim
como tudo o que Senhor criou (Gn 1.31). Mas ocorreu uma Queda no mundo
angélico, no qual, vários anjos se apartaram de Deus (Jd 6). Pouco se diz sobre
o que ocasionou essa Queda, mas pelo que encontramos em alguns textos, podemos
concluir que foi o orgulho e a cobiça de desejar ser semelhante a Deus, fez com
que Lúcifer ( nome tradicional dado a este arcanjo tirado de Is 14.12, da
expressão ‘estrela da manhã’, na tradução latina da Bíblia – Vulgata Latina)
fosse banido e destinado ao inferno (1Tm 3.6; Is 14.11-23; Ez 28.11-19). Como
alguém acertadamente ressalta: “Deus criou Lúcifer, mas, Lúcifer fez-se
Satanás” (CHAVES, 2015, p. 133).
1.3
- O pecado no mundo físico. No que diz respeito à origem do pecado na história
da humanidade, a Bíblia nos informa que se deu pelo ato deliberado,
perfeitamente voluntário de Adão e Eva (Gn 3; Rm 5.12,19). Sobre a causa que
levou ao pecado, diz Geisler: “[…] Deus não fez com que Adão pecasse, pois,
como já analisamos, Deus não pode pecar, nem tentar ninguém nessa direção.
Tampouco Satanás fez com que Adão pecasse, pois o tentador fez somente aquilo
que o seu nome sugere, ele não o forçou, nem fez nada no seu lugar […] Deus
criou criaturas livres, e se é bom que sejamos livres, então a origem do mal é
o mal-uso da liberdade” (2010, p. 70,75). A resposta real é que Adão pecou
porque escolheu pecar. No entanto, não se pode afirmar que Satanás não teve
nenhuma participação na Queda do homem, tanto é que, ele também foi alvo da
punição divina porque teve sua participação (Gn 3.14,15).
II
– O PECADO NO HOMEM
Tudo
o que Deus criou, o fez perfeitamente (Gn 1.31; Ec 7.9). Contudo, por causa do
mal uso do livre-arbítrio, o pecado teve o seu lugar na humanidade, manchando
(não destruindo) a imagem de Deus (imago Dei) no homem. Sobre alguns efeitos ou
consequências do pecado no homem, podemos destacar:
2.1
- O pecado herdado. Uma controvérsia gerada no século V, foi a que a raça
humana não teria sido afetada pela transgressão de Adão, ou seja, que o homem
não herda o pecado original de seu primeiro pai. No entanto, o que a Bíblia
afirma é que, pelo fato de Adão ser o cabeça e o representante de toda a raça
humana, seu pecado afetou a todos (Rm 3.23; 5.12-19), por isso que todos
possuímos a “natureza pecaminosa”, herança que recebemos de nossos pais Adão e
Eva (Rm 6.6,12, 19; 7.5,18; 2 Co 1.17; Gl 5.13; Ef 2.3; Cl 2.11,18), dessa
forma todos somos por natureza, culpados diante de Deus (Ef 2.1-3). Até um bebê
recém-nascido (Sl 51.5), antes mesmo de cometer o seu primeiro pecado, já é
pecador (Sl 58.3; Pv 22.15); no entanto, as crianças apesar de nascerem com
natureza pecaminosa ainda não conhecem experimentalmente o pecado. Elas não são
responsabilizadas por seus atos antes de terem condições morais e intelectuais
para discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado (Is 7.15; Jn 4.11; Rm
9.11). O sacrifício de Jesus proveu salvação a todas as pessoas, até mesmo às
crianças que falecerem na fase da inocência (SOARES, 2017, p. 92 – grifo
nosso).
2.2
- O pecado afetou todo o ser do homem. O pecado no homem não é meramente um
hábito adquirido, ele é uma inclinação natural do ser humano, ninguém precisa
ser ensinado a pecar, mas, o faz naturalmente (Rm 3.10; Gl 5.19-21; Ef 2.3). A
relação com Deus e com o próximo foram afetadas pelo pecado (Gn 3.7-10), além
de trazer a morte física, espiritual, e eterna (Gn 2.16,17; Rm 6.23; Ef 2.1-3;
Ap 20.14,15). Os efeitos do pecado nos seres humanos são vastos, afetando-os em
toda sua extensão, ou seja, estendendo-se a todas as dimensões do seu ser; isso
significa que nada há no ser humano que não tenha sido contaminado pelo pecado,
da cabeça à planta do pé (Is 1.5,6)” (SOARES, 2017, p. 90).
2.3
- O pecado não destruiu a imagem de Deus. Embora o homem tenha sido afetado
extensivamente pelo pecado, isto não significa dizer que a imagem de Deus no
homem tenha sido destruída completamente (Rm 2.12-14). Encontramos um
mandamento para não amaldiçoar outras pessoas, pois elas também foram criadas a
imagem de Deus, e isto seria o mesmo que amaldiçoar a representação do próprio
Deus (Tg 3.9,10) (GEISLER, 2010, p. 125).
2.4
- O pecado não anulou a capacidade de escolha. Embora tenha pecado e se tornado
espiritualmente morto (Gn 2.17; Ef 2.1), passando a ter a natureza pecaminosa
(Ef 2.3), Adão não perdeu totalmente a capacidade de ouvir a voz de Deus e
também de responder (Gn 3.9-10); a imagem de Deus, que inclui o livre arbítrio
permanece nos seres humanos. As Escrituras afirmam claramente que mesmo o homem
tendo sua volição (vontade) afetada pelo pecado, não foi anulada (Dt 30.19; Js
24.15; Rm 1.18- 20; 2.14,15).
III
– A RESTAURAÇÃO DO HOMEM A DEUS
Devido
à pecaminosidade do homem, este estava destinado a condenação eterna (Jo 3.18;
Rm 3.23; Ef 2.3). Mas, apesar dessa condição, Deus por sua graça e misericórdia
(Ef 2.4,5) estabeleceu um projeto salvífico para restaurar o homem (Jo 3.16).
Segundo Houaiss, restauração é: “ato ou efeito de restaurar; conserto de coisa
desgastada pelo uso; recomposição de algo” (2001, p. 2442). Vejamos algumas
verdades sobre a restauração do homem a Deus:
3.1 - Uma iniciativa divina. O
projeto de restauração do homem, tem como fonte a pessoa de Deus (Is 45.22; Jn
2.9; Tt 2.11). Na condição de pecador, o homem jamais por si só produziria a
sua salvação (Rm 3.10,11; Tt 3.5), por essa razão vemos partindo sempre de Deus
a iniciativa de restauração humana (Gn 3.9;15,21). A Bíblia diz que “Deus
amou”; “Deus deu”; “Deus enviou” (Jo 3.16,17). Paulo diz ainda que “[...] a
graça de Deus se manifestou [...] (Tt 2.11); e que: “tudo isto provém de Deus”
(2Co 5.18-a); e ainda: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo
[…]” (2Co 5.19).
3.2
- Exige a responsabilidade humana. No plano da salvação, Deus em sua soberania
incluiu a responsabilidade do homem em crer no seu Filho (Mc 16.15,16; Jo
3.16-18; Rm 10.11-14). De acordo com Hunt: “há uma confusão que surge por meio
da falha em reconhecer a distinção óbvia entre a incapacidade do homem de fazer
qualquer coisa para sua salvação (o que é bíblico) e uma suposta incapacidade
de crer no evangelho (o que não é bíblico)” (2015, p. 218). Fé e arrependimento
são necessários para a salvação, precedendo a regeneração, ou seja, cremos para
ser regenerados e não o inverso (Mc 1.15; Jo 20.31; At 2.38; 10.43; Rm 1.16;
10.9; 1Co 1.21; Ef 1.13,14). A fonte da salvação humana é a graça de Deus e o
meio de recebê-la é a fé nele, como afirma o apóstolo Paulo: “Porque pela graça
sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós (salvação), é dom de Deus” (Ef
2.8 – acréscimo nosso).
3.3
- Possível a todos os homens. Assim como a extensão do pecado (Rm 5.12), a
Bíblia também trata sobre o alcance da graça divina “Pois assim como por uma só
ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um
só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida”
(Rm 5.18). A graça salvífica não é apresentada de forma limitada nas
Escrituras, mas sim, que se revela a todos os homens “[...] para exercer
misericórdia para com todos” (Rm 11.32; ver Is 45.22; Mt 11.28; Tt 2.11; Jo
1.7,9; 1Jo 2.2), até mesmo àqueles que a rejeitam “Veio para o que era seu, mas
os seus não o receberam” (Jo 1.11). A Bíblia nos mostra que o homem pode por
seu livre arbítrio aceitar ou rejeitar o plano divino para a sua salvação (At
4.4; 9.42; 17.4; Hb 3.15; 4.7). Jesus declarou: “Jerusalém, Jerusalém, [...]
quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos […] e tu não quiseste!” (Mt 23.37
ver ainda At 7.51; 18.6).
IV
– ALGUMAS BENÇÃOS PROVENIENTES DA RESTAURAÇÃO A DEUS
4.1
- Paz com Deus. Em pecado o homem encontra-se na condição de inimigo de Deus:
“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus [...]” (Rm 8.7); mas
através da fé na morte de Cristo, temos paz com Deus, como resultado da
justificação: “[...] justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor
Jesus Cristo” (Rm 5.1; ver Ef 2.14-17).
4.2
- Acesso ao Pai. O homem caído em pecado encontra-se distante de Deus (Ef
2.13-a), devido a parede de separação que é resultado da transgressão humana:
“Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os
vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça” (Is 59.2).
Mas Cristo, ao se oferecer como sacrífico expiatório, nos garante acesso a
presença de Deus (Jo 14.6; Ef 2.18; Hb 10.19-22).
4.3
- Filiação divina. Após a queda, todos por natureza são filhos da ira (Ef 2.3),
sob a influência do mundo e escravos dos desejos da carne (Ef 2.2), tendo como
pai o diabo (Jo 8.40,41,44). No entanto, no momento em que cremos no Evangelho
e confessamos a Cristo como Senhor das nossas vidas, fomos selados com o
Espírito Santo (Ef 1.13,14), e esse nos introduziu à família de Deus (Ef 2.19),
testificando com nosso espírito que somos filhos de Deus e co herdeiro com
Cristo (Rm 8.14-17).
CONCLUSÃO
Apesar
da queda da raça humana, Deus, por sua maravilhosa graça decidiu soberanamente
salvar o homem caído em pecado, por meio de Jesus Cristo. Esta graça alcança a
todos os homens indistintamente, e que apesar de nos salvar independente das
obras, nos impele a uma vida de santificação que é a evidência visível da
salvação. Tendo sido justificados pela graça, mediante a fé, experimentamos
grandes benefícios de agora em diante: “temos paz com Deus” (Rm 5.1) e temos a
certeza da “glorificação final” (Rm 8.30) e a libertação presente e futura da
“condenação” (Rm 8.1,33,34).
REFERÊNCIAS
CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
CHAVES,
Gilmar, Vieira. Temas Centrais da Fé Cristã. CENTRAL GOSPEL.
GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
GILBERTO,
Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.