segunda-feira, 29 de maio de 2017

LIÇÃO 10 – MARIA, IRMÃ DE LÁZARO, UMA DEVOÇÃO AMOROSA (Jo 12.1-11) 2º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves

Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 10 – MARIA, IRMÃ DE LÁZARO, UMA DEVOÇÃO AMOROSA (Jo 12.1-11)
2º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre Maria irmã de Lázaro, como um grande exemplo de dedicação a Cristo no Novo Testamento; veremos importantes informações a respeito dessa personagem, ressaltando alguns aspectos da sua devoção; pontuaremos também traços de um caráter que Deus reprova; e por fim, elencaremos alguns resultados da devoção amorosa de Maria.

I – DEFINIÇÕES DAS PALAVRAS DEVOÇÃO E AMOROSA
1.1 Devoção. De acordo com Aurélio devoção é: “Ato de dedicar-se ou consagrar-se a alguém, dedicação íntima; afeição, afeto” (FERREIRA, 2010, p. 668). Já Andrade (2006, p. 142) define como: “Consagração individual que tem por objetivo o estreitamento da comunhão entre a criatura e o Criador; implica em serviço em prol do Reino de Deus”.
1.2 Amorosa. Segundo Aurélio a palavra amorosa significa: “Que tem ou sente amor; carinhosa, terna, meiga” (FERREIRA, 2010, p. 123). Qualidade cristã decorrente da ação do Espírito Santo em sua vida (Rm 5.5; Gl 5.22).

II – INFORMAÇÕES SOBRE MARIA A IRMÃ DE LÁZARO
2.1 - Nome. O nome Maria é derivado da mesma raiz hebraica do nome “Miriã”, que tanto pode significar “ser amargo ou amargurar”, como também “ser forte ou fortalecer” (HARRIS et al, 1998, p. 880) sendo esse último, o que descreve muito bem a personagem em destaque. É importante salientar que a personagem em destaque nessa lição, não pode ser confundida com a mulher pecadora que ungiu os pés de Jesus na casa de um fariseu chamado Simão (Lc 7.36-50). Além de Maria irmã de Lázaro algumas outras mulheres são chamadas por esse nome no Novo Testamento. Entre elas destacamos:

(a) a mãe de Jesus (Mt 1.16);
(b) Maria chamada Madalena (Lc 8.2);
(c) a mãe de Tiago e de José (Mt 27.56);
(d) a mãe de João Marcos (At 12.2);
(e) e uma irmã na igreja em Roma cooperadora do apóstolo Paulo (Rm 16.6).

2.2 - Familiares. A família de Maria se limita a três integrantes, todos eles seguidores de Jesus, vistos entre seus amigos mais próximos (Jo 11.5). Sua irmã era Marta, nome que quer dizer “senhora”, uma piedosa serva de Deus que tinha dentre outras coisas a virtude da hospitalidade (Lc 10.38). Seu irmão era Lázaro, cujo nome significa “Deus é auxílio” (CHAMPLIN, 2002, p. 457) que recebeu também um destaque especial nas Escrituras ao ser ressuscitado por Jesus (Jo 12.1), sendo lembrado como aquele a quem Cristo amava (Jo 11.3).

2.3 - Local de origem. Maria e família eram residentes de uma aldeia chamada Betânia, uma vila no declive leste do monte das Oliveiras, situada a cerca de três quilômetros ao leste de Jerusalém “Ora Betânia distava de Jerusalém quase quinze estádios” (Jo 11.18); um estádio era uma medida grega de distância equivalente a 200 metros (BRUCE, 1987, p. 210). Betânia era um local que sempre aparece a fatos importantes ligados a Jesus durante o seu ministério (Mt 21.17; Mc 11.11;Lc 24.50); hoje a cidade é chamada de “el Azariyeh”, ou seja, “o lugar de Lázaro” (TYNDALE, 2015, p. 246).

III – ASPECTOS DA VERDADEIRA DEVOÇÃO
Maria a irmã de Lázaro, aparece apenas três vezes nos Evangelhos, e em todas as ocasiões estava aos pés de Jesus para aprender (Lc 10.39), para chorar (Jo 11.32,33) e para agradecer (Jo 12.1-3) (LOPES, 2006, p. 398); sua atitude de adoração é semelhante a encontrada em um dos Evangelhos (Lc 7.36-50), porém as diferenças de tempo, local ou ocasião, mostram ser duas pessoas totalmente diferentes. Maria a irmã de Lázaro, tem como sua principal marca com toda certeza a sua dedicação. Vejamos algumas características da sua devoção a Cristo:

3.1 - Voluntária. Não há registro de Jesus pedindo que alguém procedesse dessa maneira, que por sinal contrariava alguns conceitos sociais, a atitude parte deliberadamente de Maria “Então Maria, tomando um arrátel de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos […]” (Jo 12.3). Seu gesto de amor foi público e espontâneo. Diante disso, precisamos lembrar que a devoção aceita por Deus deve partir de uma atitude livre, espontânea, voluntária (Êx 25.2; 35.5,29; 2Co 8.3; 9.7).

3.2 - Sacrificial. Aquele perfume foi avaliado por trezentos denários (Jo 12.5), que representava o salário de um ano de trabalho. Sobre o perfume nos é dito que era: “[…] unguento de grande valor” (Mt 26.7); “[…] preciosíssimo perfume” (Mc 14.3 – ARA); “[…] de muito preço” (Jo 12.30). O nardo puro era oriundo das folhas secas de uma planta natural do Himalaia, entre o Tibete e a Índia, e pelo fato de provir de uma região tão remota, era altamente cotada (HENDRIKSEN apud LOPES, 2015, p. 317). Maria tomou o objeto mais precioso que possuía e o gastou todo em Jesus “[…] lho derramou sobre a cabeça” (Mc 14.3). A semelhança de Maria a nossa devoção a Deus deve ser plena, sem reservas (Dt 6.5; 1Ts 5.23; Rm 12.1). Devemos lembrar o exemplo de Deus que deu o seu melhor para nós, o seu FilhoJesus (Jo 3.16). O amor é dadivoso e a única coisa que lamenta é quando não tem mais para dar (2Sm 24.24; 1Cr 21.24).

3.3 - Oportuna. Maria demonstrou seu amor a Jesus antes da sua morte e antecipou-se a ungi-lo para a sepultura (Jo 12.7; Mc 14.8). As outras mulheres também foram ungir o corpo de Jesus, mas quando elas chegaram lá, Ele já não estava mais, pois havia ressuscitado (Mc 16.1-6). Em certo sentido, Maria demonstrava sua devoção a Jesus antes que fosse tarde demais, enquanto o Senhor ainda estava vivo. Do mesmo modo devemos nos dedicar ao Criador em tempo oportuno, devido à brevidade da vida (Ec 12.1,2); fazendo a obra com eficiência diante das dificuldades naturais (Jo 9.4); aproveitando cada oportunidade (2Tm 4.2).

3.4 - Generosa. Sua gratidão a Jesus é uma das suas motivações para tamanha devoção. Além da sua vida marcada pelos ensinos do Mestre, que frequentava a sua casa mostrando comunhão com a família, era também grata pela ressurreição de seu irmão Lázaro (Jo 11.1-44; 12.1). A generosidade é uma virtude que deve ser cultivada pelos autênticos servos de Deus diante da sua graça revelada (Sl 103.1,2; Cl 3.15,16; 1Tm 6.18).

3.5 - Cristocêntrica. Maria não tinha outra intenção a não ser honrar ao seu Senhor (Mc 14.6); seu gesto como demonstração de sua devoção não tem como propósito a sua própria apresentação, nem buscava ela aprovação de outrem. Muito pelo contrário, a sua ação inusitada e ousada a fez ser alvo de severas críticas (Mc 14.5,6), mas não a inibiu de adorar ao seu Mestre. A centralidade da pessoa de Cristo na verdadeira adoração, é reafirmada pelo apóstolo Paulo ao dizer: “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém” (Rm 11.36).

IV – JUDAS ISCARIOTES, UM CARÁTER REPROVÁVEL
O texto em apreço também apresenta um grande contraste, dessa feita não entre Maria e sua irmã Marta (Lc 10.38-42), mas, entre Maria e Judas Iscariotes, que por meio de sua crítica revela traços de um caráter reprovado por Cristo.Notemos alguns aspectos negativos de seu caráter:

4.1 - Hipócrita. A crítica de Judas a Maria, é resultado de uma falsa preocupação pelos menos favorecidos (Jo 12.5). Sua atitude aparentemente louvável, servia de máscara para ocultar suas verdadeiras motivações. Tal comportamento é algo que caracteriza os que dizem conhecer a Deus, mas, o negam com suas obras (Tt 1.16), e como também, indica traços de um caráter ímpio conforme ensinou o apóstolo Paulo (2Tm 3.5).

4.2 - Egoísta e avarento. A cobiça pessoal de Judas por coisas materiais se disfarça de uma aparente filantropia (amor ao próximo), não havendo contudo preocupação genuína, mas, visando uma oportunidade de levar proveito da situação para benefício próprio. “Por trás das palavras de Judas, havia um espírito mercenário, e não um interesse altruísta pelos pobres” (BRUCE apud LOPES, 2015, p. 320). A avareza de Judas é declarada pela observação que o evangelista faz a respeito da sua intenção (Jo 12.6). Segundo Aurélio avareza é: “excessivo e sórdido apego ao dinheiro; falta de generosidade; mesquinhez” (2004, p. 236). O apóstolo Paulo adverte sobre o perigo da avareza (1Tm 6.10). 

V – OS RESULTADOS DE UMA DEVOÇÃO AMOROSA
Devoção é a mesma coisa que piedade ou sentimento religioso; expressão de adoração a Deus através de práticas religiosas. Piedade é uma constante cultura da vida interior de santidade diante de Deus e para Ele, que por sua vez se aplica em todas as outras esferas da vida prática. Notemos que apesar da oposição encabeçada por Judas Iscariotes, Maria recebe de Cristo como resultado de sua devoção três coisas:

5.1 - A defesa das críticas. Diante das críticas de Judas, Jesus defendeu Maria mostrando a importância de sua atitude: “[...]deixai-a, para que a molestais?” (Mc 14.6-a). Judas não tinha que criticar, pois, Maria não estava fazendo para ele, mas para o Mestre amado: “Ela fez-me [...]” (Mc 14.6).

5.2 - O elogio e aprovação. Na tradição judaica os reis, sacerdotes e outros eram ungidos para exercer seu ofício, eis aí onde reside também sua “boa obra”, uma indicação que Jesus era alguém que merecia tamanha honra: “[…] Ela fez-me boa obra” (Mc 14.6-b); e fez o que tinha condições: “Ela fez o que podia [...]” (Mc 14.8-a)

5.3 - A honra de ser lembrada pelo seu ato de amor em todas as gerações. Ela seria lembrada por ter ungido o Messias para seu sepultamento: “Em verdade vos digo que, em todas as partes do mundo onde este evangelho for pregado, também o que ela fez será contado para sua memória” (Mc 14.8,9).

CONCLUSÃO
A atitude de Maria revela o que é na prática a verdadeira devoção ao Senhor, tornando-se um exemplo de serviço agradável a Deus. Ao quebrar o vaso de alabastro estava expressando um quebrantamento interior, ressaltando qual a natureza da autêntica adoração, como lembra Davi um adorador por excelência: “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Sl 51.17).

REFERÊNCIAS
BRUCE, F.F. João Introdução e comentário. MUNDO CRISTÃO.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS.
Dicionário Bíblico Tyndale. GEOGRÁFICA.
Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. VIDA NOVA.
LOPES, Hernandes dias. Marcos: O evangelho dos milagres. HAGNOS.
LOPES, Hernandes dias. João: As glórias do Filho de Deus. HAGNOS.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

LIÇÃO 09 – HULDA, A MULHER QUE ESTAVA NO LUGAR CERTO - (2 Cr 34.22-28) 2º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 09 – HULDA, A MULHER QUE ESTAVA NO LUGAR CERTO - (2 Cr 34.22-28)
2º TRIMESTRE DE 2017


INTRODUÇÃO
Nesta lição falaremos sobre Hulda, uma notável profetisa que foi porta-voz de Deus para o rei Josias num período bastante caótico, tanto política quanto espiritualmente em Judá; destacaremos algumas características da verdadeira profecia; pontuaremos os traços do seu caráter; e, qual a contribuição da mensagem divina dada por Hulda na grande reforma religiosa promovida pelo rei Josias.

I – INFORMAÇÕES SOBRE HULDA
1.1 - Nome. Segundo Champlin (2004, p. 172 – acréscimo nosso) o nome Hulda no hebraico quer dizer “doninha”, que é um animal mamífero carnívoro que tem um aspecto de um furão. Este nome aparece uma única vez na Escritura (2 Rs 22.14; 2 Cr 34.22). Ela residia em Jerusalém, no bairro chamado Cidade Baixa (2 Rs 22.14-20; 2 Cr 34.22-28).

1.2 - Família. O registro do Livro dos Reis e das Crônicas dizem que Hulda era casada com um homem chamado Salum, cuja profissão e genealogia é destacada (2 Rs 22.14; 2 Cr 34.22). Sugere-se que seu marido, Salum, seria parente de Jeremias (Jr 32.7-12).

1.3 - Vocação. É dito que Hulda era uma profetisa (2 Rs 22.14; 2 Cr 34.22). Ela é uma das poucas profetisas do AT e a única mencionada durante o período dos monarcas. Algumas mulheres foram chamadas para serem profetisas na história de Israel: Miriã, Débora, Hulda e Ana (Êx 15.20; Jz 4.4; 2 Rs 22.14; Lc 2.36). Hulda foi contemporânea dos profetas Jeremias e Sofonias que somaram voz para a grande Reforma promovida por Josias (Jr 1.1-3; Sf 1.1).

1.4 - Época em que profetizou. O único registro da profecia de Hulda se dá no reinado de Josias. Ele começou a reinar após 55 anos de derramamento de sangue e corrupção moral sob Manassés e 2 anos de Amom (2 Rs 21.1,19). Foi em seu reinado que o culto a Deus foi restaurado, e, freou-se o grave deterioramento que a religiosidade judaica havia sofrido; e foi também então que, tendo se descoberto, em 622 a.C., o “Livro da Lei”, Josias empreendeu a reforma do culto em Jerusalém (2 Rs 22.3; 23.25; 2 Cr 34.8; 35.19).

II – UMA MULHER COMO PROFETISA
A escolha de algumas mulheres para determinadas vocações e outras não, não tinha por base o costume local ou machismo como afirma alguns teólogos. As restrições para determinadas vocações foram estabelecidas pelo próprio Deus, por exemplo: o AT mostra que apenas homens eram ungidos como sacerdotes e reis (Êx 28.41; 1 Sm 16.13). A única mulher que reinou em Judá o fez de forma ilegítima (2 Rs 11.1); a única pastora que aparece na Bíblia apascentava ovelhas e não pessoas (Gn 29.9); e, as sacerdotisas mencionadas eram de religiões pagãs (2 Re 23.7); a própria Débora embora chamada de juíza não exercia toda a responsabilidade desse ofício, que incluía ser líder militar, antes ela lembrou que essa função era de Baraque (Jz 4.4-7). Vaux (2003, p. 422) diz que “nenhuma mulher fazia parte do clero israelita”. No NT, vemos que Jesus jamais chamou mulheres para serem apóstolas, pastoras ou qualquer outro cargo eclesiástico (Mc 3.13,14; At 1.21-23; 6.3; Ef 4.11; 1 Tm 3.1-13; Tt 1.5-9). No entanto, é bom destacar a preciosa participação das mulheres na obra de Deus:

• Joel profetizou que o derramamento do Espírito se estenderia a homens e mulheres dando a ambos o dom de profecia: “e vossos filhos e vossas filhas profetizarão” (Jl 2.28-a);
• Jesus era seguido por discípulas que lhe auxiliavam com seus recursos (Mc 15.40,41; Lc 8.1-3);
• As quatro filhas de Filipe profetizavam (At 21.9);
• Paulo faz menção de mulheres que cooperavam com ele no trabalho do Senhor (At 16.14,15; Rm 16.1-4,6,12,15).

III – A PROFECIA DE HULDA
Após descobrir o Livro da Lei perdido dentro da Casa do Senhor e ouvir o seu conteúdo, Josias “rasgou as suas vestes” (2 Rs 22.8,11-b). Tal atitude mostra o quebrantamento que sentiu este piedoso rei diante dos castigos pronunciados pelo Senhor ao povo de Israel. Gardner (1999, pp. 386,387) diz que este livro provavelmente foi Deuteronômio pelos seguinte motivos:

(a) às específicações do lugar central de adoração, a destruição dos lugares altos (Dt 12.1-3);
(b) maldições resultantes da desobediência (Dt 27 e 28); a celebração da Páscoa (Dt 16.1-8); e,
(c) a cerimônia da renovação da aliança (Dt 27; 31; 2 Cr 34.30-32; 2 Rs 23.2).

Querendo saber mais detalhadamente a vontade do Senhor, o rei comissionou um grupo de líderes para estar consultando uma profetisa chamada Hulda (2 Rs 22.14). A profetisa ficou sabendo da solicitação do rei e lhe falou a Palavra do Senhor (2 Rs 22.15-20). Abaixo destacaremos três verdades sobre a profecia de Hulda que podemos caracterizar como verdadeira:

3.1 - A profecia não distoou das Escrituras. Quando recebeu a visita dos ilustres homens enviados por Josias a profetiza Hulda lhes disse: “assim diz o SENHOR Deus de Israel: Dizei ao homem que vos enviou a mim: assim diz o SENHOR: Eis que trarei mal sobre este lugar, e sobre os seus moradores, a saber: todas as palavras do livro que leu o rei de Judá” (2 Rs 22.15,16). O profeta é um mensageiro de Deus, e sua principal função é tornar conhecidas as revelações divinas e transmiti-las ao povo (Êx 7.1; Nm 12.6; 1 Sm 3.20; Hb 1.1,2). A profecia dada por Deus, a sua serva Hulda, em nada foi diferente do conteúdo do Livro Sagrado encontrado e lido para Josias. Seu conteúdo era exortativo (2 Cr 34.18-21; 23-25). Devemos entender que nenhuma manifestação é válida quando se contrapõe ao que está claramente ensinado nas Escrituras, pois toda experiência deve estar submetida a Bíblia e não o contrário (Gl 1.8,9).

3.2 - Estava de acordo com a dos outros profetas. A mensagem dada por Hulda em nada era diferente dos profetas que por Deus foram levantados em sua época. Jeremias já havia anunciado o cativeiro (Jr 25.11-a); o tempo do cativeiro (Jr 25.11-b); o porque do cativeiro (Jr 25.3-10); e, o seu fim (Jr 25.12-14). Quando Jeremias se viu diante do falso profeta Hananias que profetizava que o cativeiro babilônico demoraria apenas dois anos (Jr 28.1-3), o fiel mensageiro de Deus disse ao público que lhe ouvia que eles deveriam ter cuidado com esta falsa mensagem, pois não estava de acordo com a mensagem dos outros profetas anteriores a ele (Jr 28.8,9). Sofonias também profeta contemporâneo, falou acerca da mesma sentença que estava para vir sobre Judá (Sf 1.1-18).

3.3 - Cumpriu o propósito de exortar, consolar e edificar. Além de confirmar os castigos que estavam anunciados na Escritura, Hulda fez conhecida também uma mensagem específica de consolação para o rei Josias, dizendo que estes males viriam sobre o povo, no entanto, não nos dias em que ele governaria, por causa do sua reação de quebrantamento diante do iminente juízo divino, trazendo assim consolo para a sua alma (2 Cr 34.26-28). Orientando a igreja em Corinto sobre os dons espirituais, principalmente sobre o dom de profecia, o apóstolo Paulo disse: “mas o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação” (1 Co 14.3).

IV – VIRTUDES DA PROFETISA HULDA
4.1 - Uma mulher santa. Apesar da apostasia que aconteceu nos reinados de Manassés e Amom, havia um remanescente judeu que se conservara nos caminhos do Senhor. No meio destes fiéis estava a profetiza Hulda. Ela era uma reserva moral e espiritual reconhecida pelo rei Josias “Ide, e consultai o SENHOR por mim [...]” (2 Rs 22.13). A Bíblia nos exorta a santificação (Lv 20.26; 1 Pe 1.15,16), dizendo que ela é a vontade de Deus (1 Ts 4.3), e, a condição sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12.14).

4.2 - Uma mulher ousada. Ao ser consultada pelos representantes do rei, Hulda, ousadamente falou a Palavra do Senhor, confirmando inteiramente a punição divina descrita no livro da Lei que fora achado (2 Cr 34.23-25). Não devemos ter medo de falar a Palavra do Senhor a este mundo tenebroso (At 4.31; 2 Tm 1.6,7).

4.3 - Uma mulher influenciadora. A profecia de Hulda não somente confirmou os juízos preditos na Palavra do Senhor, como também influenciou positivamente o piedoso rei Josias a promover grandes reformas em Judá, que não evitam o cativeiro, mas o retardou (2 Rs 22.18-20; 23.25-27). Jesus disse que os seus discípulos deveriam ser o sal da terra e luz do mundo, querendo exortá-los a serem influentes no lugar onde estivessem, pois para isto servem estes dois elementos
(Mt 5.13-16).

V - O AVIVAMENTO PROMOVIDO POR JOSIAS
O Registro Sagrado diz que o rei Josias:

(a) achou a Palavra dentro da Casa do Senhor, por meio do sumo sacerdote (2 Rs 22.8);
(b) o escriba leu a Palavra diante do rei (2 Rs 22.10);
(c) temeu a Palavra (2 Rs 22.1); e,
(d) agiu por causa da Palavra (escrita e profética), promovendo uma grande reforma religiosa em Judá, pois deu ouvidos a voz do Senhor (2 Re 22.11-20; 23.1-3).

Acerca da obra que Josias realizou em Judá nos seus dias, a Bíblia diz que “[...] antes dele não houve rei semelhante, que se convertesse ao SENHOR com todo o seu coração, com toda a sua alma e com todas as suas forças, conforme toda a lei de Moisés; e depois dele nunca se levantou outro tal” (2 Rs 23.25). Vejamos algumas de suas atitudes:

(a) Limpou o templo e a cidade da idolatria (2 Rs 23.4,6; 10-15);
(b) Destituiu sacerdotes falsos (2 Rs 23.5);
(c) Tirou a imoralidade do meio do povo (2 Rs 23.7);
(d) Celebrou a Páscoa que há muito não era comemorada (2 Rs 23.21-23); e,
(e) Removeu toda prática de feitiçaria do meio do povo (2 Rs 23.24).

CONCLUSÃO
Deus espera que estejamos na mesma posição espiritual da profetisa Hulda: de comunhão e prontidão. Devemos ser seus porta-vozes e agentes influenciadores desta geração, provocando um forte impacto através de um testemunho santo e pelo poder da Palavra.

REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
ELISSEN, Stanley. Conhecendo melhor o Antigo Testamento. VIDA.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

terça-feira, 16 de maio de 2017

LIÇÃO 08 – ABIGAIL, UM CARÁTER CONCILIADOR - (1 Sm 25.18-24,27,28) 2º TRIMESTRE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 08 – ABIGAIL, UM CARÁTER CONCILIADOR - (1 Sm 25.18-24,27,28)
2º TRIMESTRE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição faremos um contra ponto sobre o caráter duro e maligno de Nabal com o caráter justo e sábio de sua esposa Abigail. Pontuaremos os pontos negativos deste homem cruel, egoísta e arrogante; e destacaremos sobre os pontos positivos desta mulher pacificadora, humilde, sábia, intercessora, prudente e corajosa que foi Abigail.

I - CARACTERÍSTICAS DO CARÁTER DE NABAL
Nabal descendia do famoso Calebe, companheiro de Josué (1Sm 25.3), e seu nome significa: “tolo, louco” (1Sm 25.25) (CHAMPLIN, 2000, p. 1212). Davi não exigiu de Nabal que mandasse grandes quantidades de víveres, mas, sim, que enviasse para seus homens o que “achasse à mão”, ou seja, o que pudesse mandar (1Sm 25.8-c). Porém, ao ouvir o pedido de Davi, Nabal encolerizou-se diante dos mensageiros e disse que não atenderia o pedido de um homem que, na visão dele, era mais um fugitivo de “seu senhor”, o rei Saul (1Sm 25.10).Vejamos alguns aspectos do seu caráter:

1.1 - Nabal um homem de caráter maligno. Nabal é descrito como um homem de caráter “[…] duro e maligno nas suas ações” (1Sm 25.3), do qual ninguém poderia aproximar-se com segurança: “[…] e não há quem lhe possa falar” (1Sm 25.17-c). Um de seus servos, bem como a própria esposa, o chamaram de “filho de Belial”, dizendo que: “[…] a loucura estava com ele” (1Sm 25.25). O termo hebraico “beliya’al” refere-se a pessoas que transgrediam a lei deliberadamente. Um filho de Belial é uma pessoa má e sem valor, por isso, a resposta de Nabal foi desaforada, desrespeitosa e em tom de deboche (WIERSBE, 2010, p. 272).

1.2 - Nabal um homem de caráter egoísta. Davi protegera os pastores de Nabal de atacantes árabes e filisteus (1Sm 25.7,8), no entanto, quando os jovens explicaram-lhe educadamente a situação, Nabal insultou-os. Nabal tinha informações de Davi, como o texto indica, em sua referência ao seu pai: “[…] e quem é o filho de Jessé?” (1Sm 25.10-b). Nabal era partidário de Saul e considerava Davi um rebelde (1Sm 25.10), suas palavras sem dúvida, revelam o coração de um homem egoísta e arrogante: “Respondeu Nabal aos moços de Davi: Quem é Davi, e quem é o filho de Jessé? […] Tomaria eu o meu pão, e a minha água, e a carne das minhas reses (animais) que abati […] e o daria a homens que não sei de onde vem?” (1Sm 25.10,11). Davi precisava sustentar 600 homens no deserto (1Sm 23.13), e Nabal ao se recusar ajudar a Davi e seus homens, “[…] pagou mal por bem” (1Sm 25.21 ver Sl 109.5; Pv 17.13).

1.3 - Nabal um homem arrogante. A resposta de Nabal aos homens de Davi foi dura, e sem dúvida alguma, era uma grande afronta. Foi enviado uma original saudação a Nabal, mostrando-lhe cortesia e desejando todas as coisas boas para ele, seus familiares e servos: “e enviou Davi dez jovens, e disse aos jovens: Subi ao Carmelo e, indo a Nabal, perguntai-lhe, em meu nome, como está. E assim direis àquele próspero: Paz tenhas, e que a tua casa tenha paz, e tudo o que tens tenha paz! […] Dá a teus servos e a Davi, teu filho, o que achares à mão” (1Sm 25.5,6,8). Mesmo com toda essa saudação a resposta de Nabal demonstra seu caráter prepotente e arrogante (1Sm 25.10,11). Esse insulto indica que ele pertencia à facção de Saul e deveria ser considerado entre os que odiavam Davi. O pedido estava sendo feito em um dia bom, em meio a uma ocasião em que Nabal se tornava mais rico, com a “tosquia de seu rebanho” (1Sm 25.4), e entre festas e celebrações (ELLICOTT apud CHAMPLIN, 2000, p. 1213 – grifo nosso).

1.4 - Nabal um homem ingrato. Em ocasiões anteriores, Davi chegara a dar proteção aos pastores de Nabal seus homens serviam de apoio e de guarda para os rebanhos: “De muro em redor nos serviram [...]” (1Sm 25.16). Proteção foi dada aos pastores, que estavam muito vulneráveis em campo aberto, com suas ovelhas. O texto implica proteção contra as feras e os salteadores. Os homens de Davi não lhes haviam feito nenhum mal nem os tinham furtado. E podemos supor que tenham dado proteção contra os temíveis filisteus, que tinham o mau hábito de atacar pessoas que de nada suspeitavam.: “[..] os teus pastores estiveram conosco […] têm-nos sido muito bons, e nunca fomos agravados por eles, e nada nos faltou […] De muro em redor nos serviram, tanto de dia como de noite, todos os dias que andamos como eles [...]” (1Sm 25.7,8; 15-17). Davi tinha uma reivindicação pelos serviços realizados em favor de seus pastores, em Carmelo (CHAMPLIN, 2000, p. 1213 – grifo nosso).

II - CARACTERÍSTICAS DO CARÁTER DE ABIGAIL
O nome Abigail significa “pai da alegria” ou “exultação” (LIMA, 2017, p. 87). Abigail era bonita por dentro e por fora.“[…] Abigail; e era a mulher de bom entendimento e formosa [...]” (1Sm 25.3). Para entendermos o caráter de uma pessoa, faz-se necessário conhecer um pouco de sua história, de suas atitudes e ações. Vejamos algumas de suas qualidades:

2.1 - Abigail uma mulher pacificadora. Abigail agiu com extrema prudência, apaziguando o coração de Davi, pediu perdão e o fez reconhecer que a vingança não era a melhor decisão naquele momento. Assim que soube das resoluções do coração de Davi, ela apressou-se para apaziguá-lo e pacificá-lo. Davi ficou tão grato que louvou a Deus por aquele encontro, fruto não da casualidade, mas, sim, da providência divina: “Bendito o Senhor, Deus de Israel, que, hoje, te enviou ao meu encontro”. Diante de tão grande livramento, pois essa atitude vingativa desagradaria a Deus e desonraria seu nome, Davi agradeceu a Deus e a Abigail (1Sm 25.33-35 ver Pv 31.30). Após cumprir a sua missão de paz, “[…] voltou Abigail a Nabal” (1Sm 25.36a). Essa volta de Abigail para o marido é incrível. Ela não estava voltando para um marido generoso, carinhoso, tranquilo, mas para um marido embriagado, mesquinho e grosseiro. Ela, porém, não o abandonou, mas retornou para ele mesmo assim (ver Mt 5.9; Rm 12.18; Ef 4.3).

2.2 - Abigail uma mulher intercessora. Abigail intercedeu por Nabal, e assumiu a culpa do marido como se fosse sua pedindo clemência a Davi: “Perdoa a transgressão da tua serva [..]” (1Sm 24,28). Ela tentou aplacar a fúria dele, explicando que o marido era louco e que ela não tinha agido em favor dele e dos moços porque não viu o momento em que eles chegaram ao Carmelo: “Meu senhor, agora não faça este homem vil, a saber, Nabal, impressão no seu coração, porque tal é ele qual é o seu nome. Nabal é o seu nome, e a loucura está com ele, e eu, tua serva, não vi os moços de meu senhor, que enviaste” (1Sm 25.25). Abigail era uma mulher de fé, que acreditava que Davi era o rei escolhido de Deus e que Saul era apenas um homem (1Sm 25.29), por isso, confessou que seu marido era um “homem de Belial” (v. 25, ver v. 1 7) que fazia jus a seu nome que significa: “louco”.

2.3 - Abigail uma mulher prudente. A sua prudência pode ser vista, principalmente, no seu jeito de falar. Seis vezes Abigail chamou a si mesma de “tua serva” e oito vezes chamou a Davi de “meu senhor”. A Bíblia diz que a casa e a fazenda são a herança dos pais; mas do SENHOR vem a mulher prudente. (Pv 19.14), e Abigail mostrou isso: “Agora, pois, meu senhor, vive o Senhor, e vive a tua alma, que o Senhor te impediu de vires com sangue, e de que a tua mão te salvasse; e, agora, tais quais Nabal sejam os teus inimigos e os que procuram mal contra o meu senhor.” (1Sm 25.26). Abigail reconheceu Davi como rei (1Sm 25.28,30) quando o chamou de “meu senhor”.

2.4 - Abigail uma mulher sábia. É provável que em várias ocasiões Abigail já tivesse feito reparos aos atos de seu marido, e esse era um dos fatores que o mantinham rico e abastado. Abigail não se demorou em preparar para Davi e seus homens uma pequena provisão: “Abigail se apressou […] e prostrou-se sobre o rosto diante de Davi [...]” (1Sm 25.18-a; 23, Pv 14.1). “E agora este é o presente que trouxe a tua serva a meu senhor; seja dado aos moços que seguem ao meu senhor. Perdoa, pois, à tua serva esta transgressão, porque certamente fará o Senhor casa firme a meu senhor, porque meu senhor guerreia as guerras do Senhor, e não se tem achado mal em ti por todos os teus dias.” (1Sm 25.27,28) (CHAMPLIN, 2000, p. 1213).

2.5 - Abigail uma mulher corajosa. Ciente de que se tratava da esposa de Nabal, Davi poderia tê-la executado ali mesmo. De outra sorte, ela poderia ser severamente castigada por seu marido por causa do ato de independência: “[…] nada disse ela a seu marido Nabal.” (1Sm 25.19). Seus servos partiram na frente, mas ela deve ter mudado de ideia acerca de sua missão e foi pessoalmente: “[…] enquanto ela, cavalgando um jumento, descia” (1Sm 25.20). Abigail considerou ser importante ir pessoalmente, e foi o que fez, mesmo ariscando sua própria vida, pois muita gente dependia de seu sucesso (1Sm 25.12,13).

2.6 - Abigail uma mulher humilde. Abigail fez o que Nabal deveria ter feito; “prostrou-se com o rosto em terra” em homenagem ao futuro rei de Israel. É interessante ver a forma como Abigail agiu com humildade diante de Davi e de todo o exército que o acompanhava reconhecendo o homem de honra e de guerra que ele era: “Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se, e desceu do jumento, e prostrou-se sobre o seu rosto diante de Davi, e se inclinou à terra. E lançou-se a seus pés, [...] deixa, pois, falar a tua serva aos teus ouvidos, e ouve as palavras da tua serva.” (1Sm 25.23,24 ver Pv 15.33). Abigail levou consigo não somente a comida para Davi e seus homens mas também levou um coração humilde. O coração de Davi se compungiu, e sua ira alçou vôo. A Bíblia diz que o presente alargo o caminho de quem o dá (Pv 18.16).

2.7 - Abigail uma mulher conciliadora. Davi reconheceu que a atitude de Abigail aplacou a ira dele e disse que o Senhor Deus de Israel era quem havia enviado aquela mulher ao seu encontro: “Então Davi disse a Abigail: Bendito o Senhor Deus de Israel, que hoje te enviou ao meu encontro. E bendito o teu conselho, e bendita tu, que hoje me impediste de derramar sangue, e de vingar-me pela minha própria mão […] que se tu não te apressaras, e não me vieras ao encontro, não ficaria a Nabal até a luz da manhã nem mesmo um menino [...]” (1Sm 25.32-35 ver ainda Pv 15.1).

2.8 - Abigail uma mulher profetiza. Abigail lembrou Davi de que o Senhor havia lhe dado uma “casa firme” ou seja, uma dinastia permanente, de modo que ele não precisava temer o futuro. Davi estava seguro, sua vida mantinha-se “atada no feixe dos que vivem com o Senhor”; mas seus inimigos seriam “lançados longe como a pedra que Davi usou para derrotar Golias” (1Sm 25.28-31). Não importava o que Saul havia planejado fazer com Davi, o Senhor cumpriria suas promessas e colocaria Davi no trono de Israel (WIERSBE, 2010, p. 274).

2.9 - Abigail uma mulher determinada. Abigail diz a Davi que ele não leve em conta o que o seu esposo fez, porque o seu nome indicava sua loucura. (1Sm 25.24). Ela ainda anteviu a vitória de Davi sobre seus inimigos e disse que ele seria feito por Deus “chefe sobre Israel” e que, quando assim sucedesse, Davi não se esquecesse dela (1Sm 25.30,31). “E mandou Davi falar a Abigail, para tomá-la por sua mulher” (1Sm 25.39). Ao ouvir as palavras dos emissários de Davi, Abigail “[...] se levantou, e se inclinou com o rosto em terra, e disse: Eis aqui a tua serva [...]” (v. 41).

2.10 - Abigail uma mulher submissa. Abigail causara tamanho impacto em Davi com seu caráter e sabedoria a ponto dele considerar que seria uma boa rainha. Assim, enviou mensageiros a fim de pedir a mão de Abigail em casamento, e ela se sujeitou a seu rei e se ofereceu até para lavar-lhe os pés dos seus servos: “Vindo os servos de Davi a Abigail […] ela se levantou, inclinou-se com o rosto em terra, e disse: Eis aqui a tua serva, pronta para servi-te e para lavar os pés dos servos do meu senhor” (1Sm 25.40,41). Tornou-se esposa de Davi e deu-lhe um filho por nome de Quileabe, também chamado Daniel (2Sm 3.3; 1Cr 3.1).

CONCLUSÃO
Concluímos que a história de Abigail e Nabal nos ensina que devemos cultivar as características positivas de um bom caráter como fez esta mulher, e evitarmos os maus exemplos deste homem que foi egoísta, duro e maligno.

REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. Antigo Testamento versículo por versículo. Vol. 2. HAGNOS.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
LIMA, Elinaldo Renovato de. O caráter do cristão. CPAD

terça-feira, 9 de maio de 2017

LIÇÃO 07 – RUTE, UMA MULHER DIGNA DE CONFIANÇA (Rt 1.11,14-18) 2º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524,

LIÇÃO 07 – RUTE, UMA MULHER DIGNA DE CONFIANÇA (Rt 1.11,14-18)
2º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição teremos a oportunidade de aprender sobre caráter e dignidade com Rute, uma das mais destacadas mulheres na Bíblia; pontuaremos algumas informações importantes sobre o livro que leva o seu nome; veremos alguns aspectos pelos quais, seu caráter se torna um exemplo; e por fim, elencaremos algumas ações de Deus em seu benefício como recompensa por suas virtudes.

I – DEFINIÇÕES DE DIGNIDADE E CONFIANÇA
1.1 - Dignidade. Segundo Aurélio (2010, p. 678) significa: “qualidade moral que infunde respeito; consciência do próprio valor; honra, autoridade, nobreza, título que confere ao indivíduo uma posição graduada, autoridade moral, honestidade, respeitabilidade, decência, decoro”.

1.2 - Confiança. Já a palavra confiança é: “segurança de procedimento, crédito, boa fama, bom conceito das pessoas de retidão, familiaridade, crença na retidão moral, no caráter e na lealdade de uma outra pessoa” (FERREIRA, 2010, p. 521).

II – INFORMAÇÕES SOBRE RUTE
2.1 - Informações literárias. O livro de Rute pertence aos livros do AT chamados de “Megilloth” ou “cinco rolos” (Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester); lidos respectivamente em cinco ocasiões especiais durante o ano no calendário festivo de Israel, sendo o livro de Rute lido na festa da Colheita (Pentecostes). Sobre a autoria do ainda que existe uma tentativa de vários estudiosos de atribuir ao profeta Samuel, mas o autor é considerado anônimo. Apenas dois livros na Bíblia levam nomes de mulheres, o de Ester e o de Rute.

2.2 - Informações históricas. Os eventos históricos no livro de Rute aconteceram antes do estabelecimento da monarquia em Israel. “Nos dias em que julgavam os juízes […]” (Rt 1.1). O livro pontua uma fome que se instaurou não somente por causas naturais, mas porque nesse período dos juízes o povo de Israel diversas vezes naufragou na fé dando as costas para Deus adorando aos ídolos e vivendo de forma desregrada (Jz 2.11; 3.7,12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1; 17.6). Deus puniu o seu povo como havia prometido (Dt 28.15-68). A história de Rute no entanto, brilha como um holofote em uma era de escuridão vivida pela nação, que nesse período estava em declínio espiritual e moral (Jz 21.25).

2.3 - Informações biográficas. Rute cujo nome quer dizer “amizade”, era oriunda da terra de Moabe localizada no planalto, ao leste do Mar Morto e povoada pelos descendentes do fruto de um relacionamento incestuoso de Ló com uma de suas filhas (Gn. 19.36,37). Os moabitas eram, às vezes, chamados de “povo de Camos”, devido à sua adoração a essa divindade pagã. A jovem moabita se casou com Malom, filho mais velho de Elimeleque e Noemi (Rt 1.1-4; 4.10); ficando posteriormente viúva, à semelhança de sua sogra e também a Orfa (Rt 1.4,5).

III – ASPECTOS DO CARÁTER DE RUTE
Apesar de sua origem pagã a vida da jovem moabita foi profundamente marcada, não apenas pelas dificuldades enfrentadas, mas, principalmente pela sua experiência pessoal com Deus, que pode ser refletida através dos traços de seu caráter, notemos alguns:

3.1 - Altruísmo (Rt 1.14). Um dos traços do caráter de Rute era o amor para com o próximo, nesse caso, à sua sogra. A despeito da tentativa de Noemi em fazê-la voltar para a casa de sua mãe (Rt 1.8), com o argumento de não ter nada para lhe oferecer (Rt 1.11,12); Rute revela seu amor altruísta, ou seja, sem interesses pessoais, quando nos diz o texto: “[…] porém Rute se apegou a ela” (Rt 1.14). A sua amizade não era uma relação utilitarista e conveniente. Seu amor não era apenas de palavras, mas de fato e de verdade (1Jo 3.18). Embora a morte do seu marido tenha cortado os laços dela com a família de Noemi pelas normas da sociedade, Rute escolhe ficar com ela voluntariamente; esse ato reflete uma abnegação notável, a ponto de pôr a perder a própria felicidade. O altruísmo de Rute é a expressão do verdadeiro amor que Paulo descreveu:“[…] não procura seus interesses” (1Co 13.5); é o amor sacrificial que tem como o maior exemplo Cristo Jesus (Rm 5.6-8); é o amor que devemos ter para com todos (Jo 13.34; 1Co 10.33; 16.14; 1Ts 3.12; 1Jo 4.21; 2Pe 1.7). Como disse o apóstolo Paulo: “Ninguém busque seu próprio interesse, e sim o de outrem” (1Co 10.24).

3.2 - Determinação (Rt 1.18). Outra virtude notável dessa jovem moabita é a sua convicção; diante da insistência de Noemi Rute se mostra resoluta, mesmo vendo que Orfa tenha se despedido e voltado para Moabe (Rt 1.15), e tendo também como um fator o pessimismo de Noemi a respeito de seu futuro; ainda assim, Rute persiste em ficar ao lado da sua amada sogra (Rt 1.14,16). Sua determinação não estava apenas no âmbito afetivo, mas, também em suas convicções religiosas, pois estava decidida a abandonar os deuses de Moabe tornado-se seguidora do Deus de Israel “[…] o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1.16). Esta determinação ainda é ressaltada ao se dispor em ir ao campo colher espigastrazendo provisão para ela e sua sogra (Rt 2.1,7,17,18). Foi com firme propósito que Daniel deu testemunho de sua fé em Babilônia (Dn 1.8); essa é a atitude necessária de quem está envolvido na obra de Deus (1Co 15.58); de quem visa a recompensa divina (Hb 6.11; 10.35,36); e de quem espera a vinda de Jesus (Tg 5.7,8).

3.3 - Submissão (Rt 2.2,7,10). De acordo com Aurélio submissão quer dizer: “Ato ou efeito de submeter-se. Disposição para aceitar uma condição de dependência” (2004, p. 1885). Submissão é outro aspecto do caráter de Rute; sua humildade é revelada ao se submeter à sua sogra, pedindo autorização para ir ao campo; ao pedir permissão para colher as espigas ao encarregado dos segadores, mesmo sendo um direito concedido às viúvas (Dt 24.19); como também ao receber o favor de Boaz “Então ela caiu sobre o seu rosto, e se inclinou à terra; e disse-lhe: Por que achei graça em teus olhos, para que faças caso de mim, sendo eu uma estrangeira?” (Rt 2.10). O apóstolo Paulo nos ensina que a submissão voluntária derivada do amor deve ser:

(a) a base dos relacionamentos domésticos (Ef 5.21,22,25; Cl 3.18-21);
(b) necessário como um meio evangelístico (1Pe 3.1);
(c) no trato com os líderes (Tt 3.1; Hb 13.17; 1Pd 2.13-15);
(d) como também com os liderados (1Pe 2.18);
(e) nos relacionamentos interpessoais (1Pe 5.5),e
(f) com Deus (Hb 12.9; Tg 4.7).

3.4 - Digna de confiança. As muitas qualidades de Rute abriram portas por onde ela passava. Suas virtudes foram percebidas pelos trabalhadores, que sabendo de sua origem étnica não lhe fez objeção, deixando ela colher as espigas (Rt 2.7); pelo próprio Boaz que lhe concedeu certos privilégios, devido ao conhecimento que tinha de seu comportamento (2.11-16). A fama de Rute precedeu a sua chegada a Belém, de modo que todos testificavam do seu bom caráter “[…] pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa” (Rt 3.11). A confiança é conquistada a partir das qualidades positivas de uma pessoa. O profeta Eliseu recebeu guarida em suas viagens a serviço de Deus, ao ter seu caráter santo destacado (2Rs 4.9,10). O patriarca José ainda que acusado injustamente, teve sua vida poupada por Potifar, sabendo este do caráter puro do jovem hebreu (Gn 39.19,20).

IV – A RECOMPENSA DE DEUS PARA RUTE
A virtude nunca fica sem recompensa. Quem semeia ainda que com lágrimas, colhe seus frutos com alegria (Sl 126.5,6). Quem semeia com fartura, com abundância faz a sua colheita (2Co 9.6) (LOPES, 2007 p. 82). Rute chegou em Belém como uma viúva estrangeira, sem perspectiva aparente, no entanto, Deus cumpriu na íntegra a palavra dita por Boaz (Rt 2.12). Vejamos algumas ações de Deus em benefício de Rute:

4.1 - Dirigiu seus passos. Ao tomar a iniciativa em ir em busca do necessário pra o sustento dela e de sua sogra, Rute sem saber está sendo guiada pela mão invisível de Deus “[…] por casualidade entrou na parte que pertencia a Boaz, o que era da família de Elimeleque” (Rt 2.3 – ARA). Por trás de um aparente acaso, Deus revela sua providência graciosa “[…]quanto a mim, o SENHOR me guiou no caminho” (Gn 24.27). “A vida é composta por dois andares. No andar de baixo, pensamos que as coisas acontecem por casualidade, mas, no andar de cima, temos a garantia de que as mãos de Deus dirigem o nosso destino” (SCHAEFFER apud LOPES, 2007, p. 70). “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus […]” (Rm 8.28).

4.2 - Restaurou a honra familiar. Ao voltar do campo após o encontro com Boaz, Rute conta as boas novas à sua sogra que, da condição de amargurada passou à abençoada, mostrando a mudança no coração de Noemi (Rt 2.20), isso ocorre em virtude de uma nova esperança, Boaz é um dos remidores da família. Como pode ser visto, o parente resgatador poderia salvar os familiares da pobreza e dar-lhes um recomeço (Lv 25.25-34). Quando Rute contou a Noemi o que Boaz havia dito, a esperança de Noemi se fortaleceu ainda mais, pois as palavras de Boaz revelaram seu amor por Rute e seu desejo de fazê-la feliz. Após um extenso período de perdas, chega o momento da restauração “[…] o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5-b). A chegada de Rute no campo, deu a Boaz a oportunidade inicial de tornar-se seu benfeitor e abriu o caminho para que se casasse com ela no sistema do levirato, retirando toda a vergonha que repousava sobre a família de Noemi (Dt 25.5,6; Rt 3 e 4).

4.3 - Incluída na genealogia de Jesus. O Livro de Rute começa com três funerais, mas termina com um casamento. O primeiro capítulo registra um bocado de choro, mas o último traz superabundância de alegria (WIERSBE, 2006, p. 192). Rute recebeu do Senhor a capacidade para conceber (Rt 4.13). O menino foi motivo de grande alegria para família e vizinhos, em especial sua avó Noemi (Rt 4.14-16). O nome “Obede” significa “servo”. Obede foi o pai de Jessé, avô de Davi, e ancestral do Senhor Jesus (Rt 4.17,21,22; 1Cr 2.12; Mt 1.5; Lc 3.32). Ao ser incluída na árvore genealógica do Messias, Rute passou também a ser uma figura no Antigo Testamento, que aponta para o valor universal da obra redentora de Jesus Cristo. Revelando a verdade que a participação no reino vindouro de Deus é determinada não por sangue ou nascimento, mas por ajustarmos a vida à vontade do Senhor mediante a obediência que vem pela fé (Rm 1.5).

CONCLUSÃO
Apesar de todas as calamidades à sua volta, nada impediu de Rute demonstrar seu caráter notável, como resultando de sua fé depositada no Deus de Israel, que a fez triunfar como recompensa por sua fidelidade. Como Rute, devemos nos posicionar como autênticos servos de Deus e revelando nosso caráter como cristão.

REFERÊNCIAS
Comentário Bíblico Beacon: Josué a Rute. Vol. 02. CPAD
LOPES, Hernandes Dias. Comentário Expositivo Rute. HAGNOS.
STAMPS, Donal C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

WIERSBE, Warren W. Comentario Biblico Espositivo do Antigo Testamento. PDF

segunda-feira, 1 de maio de 2017

LIÇÃO Nº 6 - JÔNATAS, UM EXEMPLO DE LEALDADE (1 Sm 18.3,4; 19.1,2; 20.8,16,17,31,32) - 2º TRIMESTRE DE 2017

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LIÇÃO Nº 6 - JÔNATAS, UM EXEMPLO DE LEALDADE

(1 Sm 18.3,4; 19.1,2; 20.8,16,17,31,32)
2º TRIMESTRE DE 2017
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre Jônatas – um personagem pouco explorado nas Escrituras. Traremos informações acerca do seu nome, quem eram seus familiares; veremos algumas características deste que era o filho mais velho de Saul; destacaremos importantes traços do seu caráter; sua aliança com Davi, seu grande e estimado amigo; e, por fim,pontuaremos que a sua lealdade a Davi foi recompensada quando este ajudou seu filho Mefibosete.

I – INFORMAÇÕES SOBRE JÔNATAS
1.1 - Nome. Nome que no hebraico é composto de duas palavras, a primeira é “Ya” uma abreviação do nome Yahweh; a segunda é “natã” que significa “dar”. Logo, o nome completo quer dizer: “O Senhor tem dado”. Era um nome comum entre os israelitas em todos os períodos (Jz 18.30; 2 Sm 23.32; 1 Rs 1.42; 1 Cr 2.32).

1.2 - Seus pais. Jônatas era filho de Saul e Ainoã (1 Sm 14.50). Saul foi o primeiro rei de Israel, e Jônatas era o primogênito e legítimo herdeiro do trono, já que o reino era hereditário (1 Cr 8.33; 9.39). Mas, por causa da desobediência de seu pai, Deus transferiu o reino para Davi (1 Sm 15.28,35; 16.1).

1.3 - Sua família. Jônatas era casado, pois a Bíblia registra que ele teve um filho: “e o filho de Jônatas foi Meribe-Baal, e Meribe-Baal gerou a Mica” (1 Cr 9.40). Meri-Baal também era chamado de Mefibosete (2 Sm 4.4; 9.6).

II – CARACTERÍSTICAS DE JÔNATAS
Jônatas era um homem de coragem, sabedoria e honra, com o potencial de ser um dos maiores reis de Israel. Vejamos algumas de suas características:

2.1 - Um filho obediente. Jônatas foi um filho obediente ao seu pai Saul. Nada o rei fazia sem contar a Jônatas (1 Sm 20.2).
Mesmo quando Saul havia sido rejeitado por Deus para ser rei, manteve-se ao seu lado como um fiel companheiro: “Saul e Jônatas, tão amados e queridos na sua vida, também na sua morte não se separaram” (2 Sm 1.23).

2.2 - Um valente guerreiro. A destreza de Jônatas como guerreiro é evidente em toda narrativa de sua história, principalmente em 1 Samuel 13.1-23 e 14.1-13. Com dois anos de governo Saul escolheu três mil homens para formarem o exército (1 Sm 13.1). Dois mil ficaram com ele e mil ficaram sob a liderança de Jônatas que não tardou em atacar os filisteus (1 Sm 13.2,3). A maior parte das vitórias de Israel deu-se sob o comando de Jônatas. Mais tarde quando veio a falecer no monte Gilboa, Davi tomou conhecimento, lamentou, chorou e fez referência em seu lamento a habilidade deste como guerreiro, dizendo que era “mais ligeiro que a águia e mais forte que o leão” (2 Sm 1.22,23).

2.3 - Um soldado benquisto pelo povo. Por causa de seu êxito nas investidas contra os inimigos de Israel, Jônatas era amado pelo povo (1 Sm 14.45). Jônatas morreu como um soldado, lutando bravamente por sua pátria, por isso o sepultaram-no dignamente (1 Sm 31.12,13).
III – TRAÇOS DO CARÁTER DE JÔNATAS
3.1 - Uma pessoa de fé. Na ocasião em que os filisteus estavam cercando Israel, junto com um soldado, Jônatas fez uma investida contra uma parte do exército inimigo (1 Sm 14.1). Sem que o seu pai e o povo soubesse (1 Sm 14.1,3) ele deslocou-se até a guarnição dos filisteus e entre duas pedras agudas (1 Sm 14.4) disse aos seu moço que estava com ele: “[...] Vem, passemos à guarnição destes incircuncisos; porventura operará o SENHOR por nós, porque para com o SENHOR nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com poucos” (1 Sm 14.6). Diferente de seu pai Saul, Jônatas mostrava ter fé verdadeira no Senhor. Destaca-se ainda que antes de atacar, ele esperou um sinal de que o Senhor estaria com ele (1 Sm 14.8-10). Deus confirmou dando-lhe este sinal e o fez prosperar na batalha (1 Sm 14.11-15).

3.2 - Um homem humilde. Após a derrota do gigante filisteu por Davi, Jônatas nutriu por ele uma amizade sincera (1 Sm 18.1,3), e demostrou isso lhe presenteando com a sua vestimenta de guerreiro (1 Sm 18.4). Isto nos revela um atitude de humildade. Lima (2017, p. 64) nos diz que este ato: “indica que ele consciente e amorosamente transferiu o direito ao trono a seu amigo Davi”. Além disso, Jônatas não ficou ressentido por ver Davi prosperar nas batalhas mais do que ele, seu pai Saul e os soldados do exército e de conquistar a simpatia do povo (I Sm 18.5). Pelo contrário, apesar de ser o filho mais velho de Saul, e naturalmente o herdeiro do trono após a sua morte, entendeu que Davi deveria ser rei (1 Sm 23.17). Já Saul, ao ouvir o cântico das donzelas sobre a prosperidade de Davi, teve inveja e começou a persegui-lo (1 Sm 18.6-9).

3.3 - Um amigo leal. Jônatas não se revela apenas como uma pessoa de fé e humildade, mas também como amigo leal (1 Sm 18.3; 19.1). O adjetivo “leal” segundo Aurélio (2004, p. 1189) significa: “sincero, franco e honesto. Fiel aos seus compromissos”. Champlin (2004, p. 746) nos diz: “ser leal é ser fiel em qualquer relacionamento; é confiar e ser digno de confiança; é oferecer e receber verdadeira lealdade e devoção”. Mas, em que ocasiões vemos a lealdade de Jônatas? Citaremos algumas:

(a) na ocasião que explicitamente, Saul por inveja, mandou Jônatas e os seus soldados matarem Davi (I Sm 19.1). Jônatas não somente se negou a fazê-lo, mas anunciou a Davi para que escapasse, e ainda persuadiu o seu pai, a não realizar tão grande mal (I Sm 19.2-6);
(b) a ira de Saul contra Davi retornou e ele tentou novamente matá-lo (1 Sm 20.1). Ao ser informado, Jônatas dessa vez não acreditou, mas acertou com Davi para ver se de fato era assim (1 Sm 20.4-13). Jônatas conferiu a informação que era verdadeira e procurou noticiar a Davi, livrando-assim da morte novamente (1 Sm 20.35-43); e,
(c) nesta mesma ocasião, Jônatas quase morreu por perguntar ao seu pai, o porque do ódio contra Davi (1 Sm 20.32,33). Quando foi obrigado a escolher entre o pai e Davi, Jônatas ficou ao lado do amigo, o qual reconhecia como o escolhido do Senhor (1 Sm 23.17). Embora nunca tenha abandonado seu pai (2 Sm 1.23).

Precisamos ser leais em todas as áreas da nossa vida: a Deus, ao nosso semelhante, e, aos nossos compromissos (Pv 3.3; 28.20; Lc 16.10; Tt 2.10).

IV – A ALIANÇA ENTRE JÔNATAS E DAVI
Consta na narrativa histórica dos Livros de Samuel diversas vezes que Jônatas e Davi fizeram aliança entre si (1 Sm 18.3; 20.16; 23.18). Principalmente em 1 Samuel 20.14-17 uma aliança entre Davi e Jônatas surgiu, a qual enfatizou a atitude de Davi em relação a Jônatas e seus descendentes. Jônatas reconheceu que Davi seria o próximo rei, e pediu que Davi jurasse que teria misericórdia de sua casa. Champlin (2004, p. 1999) nos diz que “Jônatas temia o que poderia acontecer a seus filhos órfãos. Era costume no Oriente, em todas as épocas, quando uma dinastia era violentamente mudada, o novo rei tirar a vida de toda a família do ex-monarca”. Abimeleque fez o possível para que ninguém sobrasse da casa de Gideão (Jz 9.5); o mesmo aconteceu com Atalia, que não quis que alguém sobrevivesse da semente real (2 Cr 22.10,11). Davi, no entanto, manteve esta aliança e provou ser verdadeiro para com o seu amigo (2 Sm 9.1-13).

V - A RECOMPENSA DA LEALDADE
Apesar de Davi ter sofrido muitas perseguições de Saul (1 Sm 18.10,11; 21-22,29; 19.1; 9-10) e de ter oportunidade de matá-lo, duas vezes (I Sm 24.3-12; 26.8-11), mostrou-se benigno não lhe fazendo mal nem a sua descendência. Pelo contrário, quando estava no trono Davi decidiu beneficiar alguém que restou da família de Saul, por amor de Jônatas seu amigo (2 Sm 9.1,7), como veremos a seguir:

5.1 - A lembrança de Davi (2 Sm 9.1).
Davi havia alcançado o alto posto de monarca segundo a promessa de Deus (I Sm 16.13; 2 Sm 8.15). No entanto, mesmo nesta alta posição não havia esquecido de onde veio e a aliança que fez com seu amigo Jônatas quando ainda não era rei: “e disse Davi: Há ainda alguém que tenha ficado da casa de Saul, para que lhe faça benevolência por amor de Jônatas? Isso aconteceu bem depois de sua ascensão ao trono porque, pelo que tudo indica, Mefibosete, que tinha apenas 5 anos de idade quando Saul morreu, já era pai de um filho nessa ocasião (2 Sm 9.12). Davi foi avisado por um servo de Saul, chamado Ziba, que havia ainda vivo um filho de Jônatas, chamado de Mefibosete que era coxo de ambos os pés (2 Sm 9.2,3). Então Davi mandou chamá-lo (2 Sm 9.4,5).

5.2 - A misericórdia de Davi (2 Sm 9.1,3,7). Ao invés de chamar algum descendente da família de Saul para executar, Davi convoca para usar de misericórdia. Em 2 Sm 9.1 Davi fala de “beneficência”; em 2 Sm 9.3 de “benevolência de Deus”; e, em 2 Sm 9.7 ele fala de “benevolência”. Matthew Henry (2010, p. 380 – acréscimo nosso) diz: “a beneficência que Davi prometeu mostrar é: (a) beneficência em busca de cumprir a aliança que havia entre ele e Jônatas, da qual Deus era testemunha (1 Sm 20.42); (b) beneficência em relação ao exemplo de Deus; pois devemos ser misericordiosos como Ele o é (Sl 17.7; 103.2; Lc 6.36); e, (c) Essa beneficência tem um caráter piedoso, tendo um olho em Deus, bem como na sua honra e favor (Mt 5.16; 1 Pe 2.12).

5.3 - A lealdade de Davi (2 Sm 9.9). Quando Davi chamou Mefibosete a sua presença, ele veio temendo e tremendo, por certo pensando que o rei o executaria, pois era o único que sobrara da descendência de Saul (2 Sm 9.6). No entanto, Davi o apazigua dizendo: “Não temas, porque decerto usarei contigo de benevolência por amor de Jônatas, teu pai [...]”. Em seguida o rei Davi lhe concedeu:

(a) um servo para ajudá-lo (2 Sm 9.9,10);
(b) restituiu as terras de seu avô e seu pai (2 Sm 9.7-a); e,
(c) lhe concedeu um lugar a mesa, como um dos filhos do rei (2 Sm 9.11).

CONCLUSÃO
Aprendemos com Jônatas que devemos nutrir boas amizades e agirmos com lealdade a Deus e nos nossos relacionamentos. Na vida as nossas atitudes sejam boas ou más, são como semente que lançamos dia a dia no terreno da nossa vida. Mais cedo ou mais tarde teremos que colher o fruto das nossas decisões.

REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO.
LIMA, Elinaldo R. de. O Caráter do Cristão. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

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