Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO
07 – CULTUANDO A DEUS COM LIBERDADE E REVERÊNCIA – (1Co 14.26-32)
1º
TRIMESTRE DE 2021
INTRODUÇÃO
Nesta
lição destacaremos princípios que são indispensáveis ao modelo de culto aceito
por Deus; elencaremos elementos que devem existir na liturgia da adoração
oferecida ao Senhor; e por fim, pontuaremos características do verdadeiro culto
pentecostal.
I
– PRINCÍPIOS BÍBLICOS INDISPENSÁVEIS AO CULTO
Devemos
lembrar que o culto não é espetáculo nem um show caracterizado por som alto e
dançante, gelo seco, roupas extravagantes, músicas carregadas de agressividade
e barulho, nos mais diversos ritmos, tais como rock, funk, rap, e axé, onde os
participantes estão mais interessados em euforia, gritaria, diversão e auto
satisfação. Todo elemento que intervém nesta relação, desviando a atenção para
si, não atende à finalidade do culto, que é elevar o homem a Deus (Sl 73 25-28;
1Co 10.31). Como veremos, o culto é importante porque Deus atribui a ele um
valor espiritual e singular. Notemos:
1.1
- O culto deve ser teocêntrico. “... preste culto somente a Ele” (Mt 4.10; Dt
6.13; Êx 20.4; Lv 26.1; Sl 97.7; Lc 4.8). Deus é zeloso da adoração e do culto
oferecido a Ele. “Não adore essas coisas, nem preste culto a elas, porque eu, o
Senhor, ... sou Deus zeloso...” (Dt 5.9 – NAA; Sl 78.58; 1Co 10.20-22). Deus
quer ser adorado pelos seus filhos: “...Assim diz o Senhor: Israel é meu
filho... deixe meu filho ir para que me adore...” (Êx 3.12 - NAA). Percebamos
que a adoração precede ao culto: “Adore ... e preste culto somente a Ele” (Mt
4.10 - NAA); “Temam ... e sirvam a Ele...” (Dt 6.13 - NAA).
1.2
- O culto deve ser espiritual. A primeira característica da adoração é que ela
deve ser de adoradores que “... adorem em espírito ...” (Jo 4.23). Somente uma
adoração espiritual pode gerar um culto espiritual e verdadeiro. Por isso, os
sacrifícios no culto cristão são espirituais:
(a)
o corpo (Rm 12.1,2);
(b)
o louvor (Hb 13.15);
(c)
a prática do bem (Hb 13.16); e,
(d)
a mútua cooperação (Hb 13.16; Fp 4.18).
1.3
- O culto deve ser verdadeiro e reverente. A Bíblia nos ensina que o verdadeiro
culto ao Senhor deve ser verdadeiro (Is 29.13; 1Sm 15.22; Is 1.10-17; Dt 10.12;
Ez 33.31; Jo 4.23). Nossa liturgia é simples e pentecostal, conforme o modelo
do Novo Testamento: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de
vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação.
Faça-se tudo para edificação” (1Co 14.26). Ela consiste em oração, louvor,
leitura bíblica, exposição das Escrituras Sagradas ou testemunho e contribuição
financeira, ou seja, ofertas e dízimos. Entendemos que a adoração está
incompleta na falta de pelo menos um desses elementos, exceto se as
circunstâncias forem desfavoráveis ou contrárias (SOARES (Org.), 2017, p. 145).
É preciso ter reverência nos cultos ao Senhor (Êx 19.16-25; 20.18-19; Ec 5.1;
Hb 10.19-22; 1Co 14.40 Hb 12.28).
1.4
- O culto deve ser espontâneo e alegre (Êx 35.5,21,29; 2Cr 5.12-14). No NT há
espontaneidade para orar e interceder: “Quero, pois, que os homens orem em todo
lugar, levantando mãos santas” (1Tm 2.8). A espontaneidade chegou a tal ponto
que houve necessidade de estabelecer ordem e limites na igreja primitiva (1Co
12.3;14).
II
– O CULTO CRISTÃO E A LITÚRGICA NA BÍBLIA
Nos
diversos atos litúrgicos registrados na Bíblia estão traçados os elementos do
culto cristão. Notemos: 2.1 Elementos litúrgicos do Tabernáculo e do Templo.
Fazia parte da liturgia judaica:
a)
oração (2Cr 7.1);
b)
sacrifício (1Sm 1.3);
c)
oferta (Dt 26.10; 1Cr 16.29);
d)
louvor e cântico (2Cr 7.3);
e)
a oração antífona do Shema, “ouve Israel”, a confissão de fé dos judeus (Dt
6.4);
f)
a leitura bíblica (Ne 8.1-8; Lc 4.16,17); e,
g)
e a exortação (At 13.15) (SOARES (Org.), 2017, p. 145 – grifo nosso).
Os
sacrifícios, apontavam de forma tipológica a Cristo e se cumpriram nEle, não
sendo mais praticados pela Igreja (Hb 9;10). 2.2 Elementos litúrgicos de Esdras
(Ne 8.1-12). Após a reconstrução do Templo o povo se congregou oferecendo um
culto na seguinte ordem:
a)
proclamação - leitura da Lei de Moisés;
b)
pregação - interpretação da leitura;
c)
adoração - tempo para oração e adoração coletiva; e,
d)
comunhão - compartilhamento de alimentos e festejos.
2.3
- Elementos litúrgicos de Jesus (Jo 14-17; Mt 26). Nos últimos atos de Jesus,
ao instituir a Ceia, são claros os elementos litúrgicos:
a)
pregação (Jo 14-16);
b)
oração e intercessão (Jo 17);
c)
instituição dos símbolos do Pão e do vinho; e,
d)
cântico de hino.
2.4
- Elementos litúrgicos no culto da Igreja Primitiva (At 2.42). Na Igreja
Primitiva também havia uma liturgia bem definida:
a)
ensino da Palavra;
b)
comunhão através do comer juntos e das coletas (ofertas ou contribuições);
c)
partir do Pão – Ceia do Senhor;
d)
orações tanto na vida pessoal como comunitária ou congregacional.
O
apóstolo Paulo instruiu a igreja a preservar com: hinos, sempre eram cantados
os Salmos; exposição da Palavra; manifestação dos dons espirituais - profecia e
mensagem em línguas quando houvesse interpretação; e ofertas – denominadas de coletas
(1Co 14.26; 1Co 16.1-3).
III
- DISTORÇÕES NO CULTO E NA LITURGIA DA IGREJA
O
culto em algumas igrejas, infelizmente, tem se desviado dos padrões bíblicos e
históricos, chegando-se a uma situação em que, em nome da liberdade e da
espontaneidade, o culto se desvirtuou em muitas igrejas, sendo marcado pela
irreverência, superficialidade e preocupação prioritária com as necessidades
humanas, e não com a presença e a glória de Deus. Notemos algumas mudanças no
culto e liturgia da igreja ao longo da história:
3.1
- O culto e liturgia na Igreja primitiva. O culto da igreja primitiva
inspirou-se na liturgia das sinagogas. Nos cultos eram lidas passagens do
Pentateuco e dos Profetas, seguindo-se uma exposição do texto. Também eram
cantados salmos, especialmente o “Hallel” (Sl 113-118). O culto cristão foi
extremamente simples (não simplório), constando de orações, cânticos, leituras
do AT e dos livros dos apóstolos. Eram feitas exortações pelo dirigente,
ensinamentos das verdades bíblicas, coletas (ofertório) e celebração da Ceia do
Senhor (COUTO, 2016, pp. 47,48 – grifo nosso). Até o século III, o culto
transcorria com a seguinte ordem litúrgica: a) Leitura da Palavra; b) Cântico
de hinos; c) Oração em pé com a participação coletiva; d) celebração da Ceia do
Senhor; e, e) Coleta para ajudar viúvas, enfermos, encarcerados (RODRIGUEZ,
1999. p. 43).
3.2
- O culto e liturgia na Igreja da contemporaneidade. Infelizmente têm surgido
muitas formas estranhas e até exageros nos cultos e liturgias em algumas
igrejas em nossos dias: a) regressão espiritual. Uma espécie de “segunda
conversão”, algo que a Bíblia condena veementemente (Nm 23.23; Jo 8.32; Gl
3.13; 2Co 5.17); b) dança no espírito. Davi dançou patrioticamente, mas, nunca
no Templo, pois o templo é o local de adoração e reverência (2Sm 6.14-16; 1Cr
15.29); no NT não há menção a este comportamento entre os elementos do culto e
a manifestação do Espírito; c) entrevista espiritual. Caracterizada por ênfase
desordenada na atuação de satanás no mundo e na igreja, com conversações e
entrevistas com demônios; d) maldição hereditária. Consiste em pactos
ascendentes da família feitos com demônios que trazem maldição. A Bíblia é
clara ao mostrar que tal doutrina é herética (Jr 31.29,30; Ez 18.2-4,20; Rm
8.1); e) riso no espírito. Propagado no Brasil, principalmente pelos grupos
neopentecostais, onde as pessoas caem rindo no chão, histéricas e dando
gargalhadas sem nenhum controle de suas ações; e, g) outras inovações.
Introdução de elementos judaicos (judaização) no culto cristão etc.
3.3
- Desafios quanto ao culto e a liturgia na atualidade. Diante do crescimento de
outros movimentos denominados pentecostais e neopentecostais, bem como a
comunicação global pela internet, a igreja tem vivenciado uma influência de
modismos, substituindo, em alguns lugares, os elementos bíblicos que marcam o
seu culto e liturgia como: Perda do costume da oração coletiva (Jz 21.2; Jz
2.4; 2 Cr 5.13; At 2.14; 4.24); diminuição de tempo para exposição da Palavra
(Cl 3.16); perda da adoração cristocêntrica; perda da adoração
ultracircunstancial; ênfase em mensagens de auto-ajuda; hinos, sem adoração,
centrada apenas no homem e suas experiências (antropocentrismo); utilização de
símbolos judaizantes (estrela de Davi, menorá, talit, kipá, shophar); aplausos
substituindo a glorificação espontânea (Rm 15.9; Ap 4.9); e, danças e teatro
nos cultos que retiram a centralidade da palavra, transferindo-a à estética.
IV
– OS ELEMENTOS DO GENUÍNO CULTO PENTECOSTAL
Os
principais elementos do culto pentecostal são:
4.1
- Oração. Oração é uma prece dirigida pelo homem ao seu Criador, com o objetivo
de adorá-Lo e lhe pedir perdão pelas faltas cometidas, agradecer-Lhe pelos
favores recebidos, buscar proteção e, acima de tudo, uma comunhão mais íntima
com Ele (1Cr 16.11; Sl 105.4; Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24;
Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17).
4.2
- Hinos. Um dos principais elementos do culto é o louvor a Deus. Louvar a Deus
significa servi-lo em espírito e em verdade. A música esteve presente no culto
de Israel e da Igreja primitiva (Nm 10.1-10; Jz 7.22; Jó 38.7; Ef. 5.19; 1Tm
3.16; At 16.25).
4.3
- Leitura Bíblica. A leitura da Bíblia é indispensável em um culto cristão e
deve ser um momento de profunda reverência, onde os verdadeiros adoradores
deverão acompanhar a leitura do texto. Encontramos diversos exemplos da leitura
das Sagradas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo testamento (Nm 24.7; Dt
31.26; Js 8.34,35; 2Cr 34.14-21; Ne 8.8; 9.3; Lc 4.14-21; At 17.11).
4.4
- Contribuição. As ofertas representam a expressão de gratidão do cultuador (Êx
35.29; 36.3; Lv 7.16; 22.18), bem como os dízimos (Ml 3.10). Devemos dar a Deus
parte daquilo que dEle recebemos (Êx 23.15; 2Co 9.7). A contribuição no culto é
bíblica e deve ser oferecida tanto pelos ricos como pelos pobres (Mc 12.41-44).
4.5
- Pregação. A pregação é a parte central do culto cristão e sem ela o culto
fica sem brilho e objetivo, pois é através dela que a fé é gerada (Rm 10:14-17;
Gl 3:2); é a vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno
conhecimento da verdade (Ez 18:23; At 17:30; 1Tm 2:4).
4.6
- Dons espirituais. Não se pode pensar em Culto Pentecostal sem a manifestação
dos dons espiritais, pois ele é caracterizado não apenas pela verdadeira
adoração ao Criador, mas também pelas manifestações espirituais e sobrenaturais
do Espírito Santo entre os adoradores (1Co 14.26). Além da adoração “Salmos”, e
do ensino “doutrina”, no culto pentecostal a manifestação dos dons é comum.
Paulo faz menção a diversos dons, tais como: revelação, língua, interpretação,
profecia e outros (1Co 14.26-40).
CONCLUSÃO
O
culto verdadeiramente pentecostal é baseado no que Deus determinou por meio de
sua Palavra. De modo que, os cultos que não possuem tais princípios, não fazem
parte do verdadeiro pentecostalismo.
REFERENCIAS
COUTO,
Vinicius. Culto Cristão: Origens, desenvolvimento e desafios contemporâneos. 1
ed. SP: Editora Reflexão, 2016.
HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. 1 ed. RJ: OBJETIVA, 2001.
KESSLER,
Nemuel. O culto e suas formas. 1 ed. RJ:CPAD, 2016.
LUIZ,
Gesse. Caminhos e Descaminhos na História da Liturgia Cristã. 1 ed. Curitiba: AD
Santos, 2016.
MARTIN,
Ralph P. Adoração na Igreja Primitiva. 2 ed. SP: Vida Nova, 2012.
SOARES,
Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1 ed. RJ: CPAD,
2017.
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