Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
13 – A VELHICE DE DAVI – 4º TRIMESTRE DE 2019
(2
Sm 23.1-7)
INTRODUÇÃO
Na última lição deste quarto trimestre trataremos
sobre a importância da velhice na Bíblia; falaremos sobre a fase final da vida
de Davi na sua velhice; veremos alguns aspectos da velhice do monarca e a
preocupação de Davi com o novo rei; e por fim, notaremos as bênçãos divinas na
terceira idade.
I – A IMPORTÂNCIA DA VELHICE
NA BÍBLIA
O dicionário define “velhice” como: “estado ou
condição de velho; idade avançada, que se segue à idade madura” (HOUAISS, 2001,
p. 2838). Estamos num processo de envelhecimento, do qual ninguém poderá
escapar (Ec 12.1-7). A velhice não deve ser vista como algo ruim, pois devemos
ser gratos a Deus pelo fato de termos vida física longa, o que é um dom, um
presente (Pv 20.29). Biblicamente é sinal de bênção chegar a ver os netos (Gn
48,11; Sl 128.6). Na cultura israelita presumia-se que a idade avançada tinha
algo a ver com o amadurecimento e a sabedoria (Jó 12.12,13). Os velhos do
hebraico “zaqem” eram reconhecidos como o grupo de mais elevada autoridade
sobre o povo. Havia um grupo em Israel denominado de anciãos; eles agiam como
representantes das nações (Jr 19.1; Jl 1.14; 2.16) e também administravam
muitos assuntos políticos e desempenhavam um papel ativo na administração da
nação e aplicação da Lei de Moisés (Nm 22.7; Js 22.13-33; Dt 21.18-21). Os
velhos da cidade formavam uma espécie de conselho municipal cujos deveres
incluíam a função de juízes (Dt 19.12; Nm 11.16-25), conduziam as investigações
e inquéritos (Dt 21.2) e resolviam conflitos matrimoniais (Dt 22.15; 25.7).
Foram reunidos por Moisés para receber o anúncio da libertação do Egito (Êx
3.16-18). O pacto foi ratificado no Monte Sinai na presença de 70 dos anciãos
de Israel (Êx 24.1,9,14; cf. 19.7). A base na organização das sinagogas incluía
a figura do ancião (At 11.30; 14.23). Na Igreja Primitiva ocupavam um lugar
respeitoso (1Pd 5.5 ver 1Tm 5.1) (PFEIFFER, 2006, pp. 100-101).
II – A VELHICE DO REI DAVI
Davi atingiu a idade de setenta anos (2Sm 5.4).
Notemos como se encontrava Davi em sua velhice:
2.1 - As limitações no corpo. Davi,
o rei, guerreiro e poeta, atingiu a idade de setenta anos (2Sm 5.4), que,
segundo as palavras de Moisés, são o limite máximo da vida e que a velhice trás
consigo diversas limitações para o corpo físico (Sl 90.10). Para Davi, ter sido
moço e agora ser velho não significava exatamente uma mudança com consequências
drásticas. Era apenas uma experiência a mais, uma sequência natural: “Fui moço
e agora sou velho [...]” (Sl 37.25). Por mais robusto que seja o ser humano,
não poderá escapar às limitações físicas que lhe impõem a terceira idade (Ec
12.1-9). Aparecem a canseira e o enfado (Sl 90.10); a visão perde a sua força
(Gn 27.1); e o vigor vai desaparecendo (Gn 17.17). As forças de um idoso não
são as mesmas de um jovem (2Sm 19.34-37).
2.2 - As enfermidades. Quando
chegou a velhice Davi começou a padecer com as enfermidades. Sentia um frio
grande que nem cobertores, podiam lhe aquecer (1Rs 1.1). Vendo isso, os servos
de Davi sugeriram que lhe trouxessem uma virgem para que deitasse junto ao
corpo de Davi a fim de aquecê-lo (1Rs 1.2,3). A cerca disto afirmou certo
teólogo: “a sugestão dos servos para que se buscasse uma jovem para o rei a fim
de lhe restaurar a vitalidade perdida e o aquecesse era uma prescrição médica
aceita até a Idade Média” (MOODY, sd). Nenhum significado imoral deve ser dado
a esta prática, embora em nossa cultura nos pareça um tanto estranha. O próprio
texto bíblico acrescenta que Davi não a possuiu como mulher (1Rs 1.4). Abisague
serviu de enfermeira prática junto ao moribundo Davi.
2.3 - A aproximação da morte. Com a
idade avançada, Davi sentiu estar próximo da morte (1Rs 1.1). Este grande personagem
hebreu faleceu e foi sepultado na cidade de Jerusalém. Como Deus havia lhe
prometido, concedeu-lhe três grandes bençãos, a saber: (a) o trono de todo
Israel: “E foram os dias que reinou sobre Israel, quarenta anos; em Hebrom
reinou sete anos, e em Jerusalém reinou trinta e três” (1Cr 29.27); (b)
longevidade: “E morreu numa boa velhice, cheio de dias” (1Cr 29.28-a); e, (c)
riquezas em abundância: “E morreu numa boa velhice, cheio de dias, riquezas e
glória” (1Cr 29.28-b).
III – CONSELHOS DE DAVI EM SUA
VELHICE PARA O NOVO REI
Quando Davi sentiu estar próximo da morte em sua
velhice (1Rs 1.1), mostrou preocupação com a continuação do governo que Deus
lhe conferiu. Sabendo de antemão que dos seus filhos, Salomão era o escolhido
para lhe suceder no trono (1Cr 28.6,7), e que edificaria o templo (1Cr
22.9,10), Davi lhe fez diversas recomendações para que o seu governo contasse
com a bênção de Deus e fosse próspero (1Cr 28.9,10). Notemos:
3.1 - Conhecer a Deus. Embora
as experiencias espirituais de Davi fossem bastante válidas, e, por certo foram
narradas para seus filhos e até mesmo presenciada por eles, este servo de Deus
reconhece que Salomão tinha que ter a sua própria experiência:“Conhece o Deus
de teu pai” (1Cr 28.9). A expressão “conhecer” no hebraico “yada” significa:
“conhecer por experiência, relacionar-se”. A falta de conhecimento de Deus foi
o maior problema de Israel, como declarou o próprio Deus através de Isaías (Is
1.1-3). É imprescindível que conheçamos a Deus e prossigamos em conhecê-lo (Os
6.3).
3.2 - Servir a Deus. Após
exortá-lo a conhecer a Deus, Davi também disse a Salomão que o servisse e
orientou quanto a forma: “de coração perfeito e alma voluntária”. A expressão
de coração perfeito, no hebraico “shalem” implica um “coração completo, inteiro,
todo”. Já a expressão “alma voluntária” fala de buscar com prazer, com amor e
não forçado. A orientação de Davi é acompanhada de uma exortação severa para
quem não servir a Deus desta maneira (1Cr 28.9-b). Infelizmente com o passar do
tempo, Salomão se deixou seduzir pelo pecado e não serviu a Deus como seu pai
ordenou (1Rs 11.4).
3.3 - Fazer a obra de Deus. Salomão
também recebeu como incumbência de seu pai a edificação do Templo, um lugar
fixo de adoração ao Deus vivo. Davi disse a Salomão: “Olha, pois, agora, porque
o SENHOR te escolheu para edificares uma casa para o santuário; esforça-te, e
faze a obra” (1Cr 28.10). Salomão haveria de realizar algo inédito. Uma grande
casa para o Senhor deveria ser construída (1Cr 29.1).
IV – BÊNÇÃOS DIVINAS NA
VELHICE DO CRENTE
Temos vários exemplos de servos de Deus que tiveram
experiências em sua velhice: Sara e Abraão (Gn 21.1-7); do rei Davi (1Cr
29.27,28); Simeão (Lc 2.25-30); Ana (Lc 2.36-38) etc. A terceira idade é um
tempo especial da parte de Deus para que os idosos colham com alegria os frutos
das sementes plantadas na juventude: “Na velhice ainda darão frutos; serão
viçosos e florescentes” (Sl 92.14). Davi experimentou isso em sua velhice (Sl
71.9,18). A longevidade é um presente dado por Deus: “Dar-lhe-ei abundância de
dias” (Sl 91.16). Vejamos o que a Bíblia fala-nos sobre a velhice do crente:
4.1 - A velhice é tempo de
experiência. A Bíblia diz que: “Coroa de honra são as cãs
[...]” (Pv 16.31-a), a velhice é um símbolo de beleza: “[...] e a beleza dos
velhos, as cãs” (Pv 20.29-b). Como diz a Bíblia, a maturidade com o seu modo de
ser e de agir não cabe na infância, mas na vida daqueles que já são
experimentados (Jó 12.12,13) nos embates da vida material e espiritual (1Co
13.11; Hb 5.13,14). Houve uma certa naturalidade em Samuel quando, já idoso,
disse ao povo de Israel: “Já envelheci e estou cheio de cãs...” (1Sm 12.2). A
primeira grande bênção do período da velhice é a maturidade, sobretudo quando
se floresce plantado na Casa do Senhor (Sl 92.13,14). Duas figuras de linguagem
dão a dimensão exata do que isso representa: a palmeira e o cedro. Em ambas
vemos a lição de utilidade, perenidade, firmeza e robustez. São assim os que
envelhecem seguindo os princípios ditados por Deus: têm raízes profundas, que
suportam os ventos da tempestade, são longevos, robustos e de presença
acolhedora. Os princípios de vida ensinados na Bíblia levam à maturidade, à
prudência e à sabedoria (Is 46.4).
4.2 - A velhice é tempo de
frutificação. A terceira idade é a época em que os frutos
são colhidos como resultado daquilo que se plantou na infância, na juventude e
nos primeiros ciclos da vida adulta (Ec 12.1). Paulo aceitou a consciência de
sua velhice, assumiu a sua nova condição, isto é, simplesmente aceitou a
realidade dos fatos: “...sendo o que sou, Paulo, o velho...” (Fm 9).No salmo
92.12-14 temos duas importantes lições: (a) saber plantar, isto é, fazer boas
escolhas sob a direção de Deus nos verdes anos da juventude é condição
essencial para que se faça uma boa colheita no período da terceira idade; e (b)
aquilo que colhemos na terceira idade, inclusive certas doenças, é o resultado
direto das escolhas que fizemos no tempo da semeadura (Gl 6.7-9). A terceira
idade é, também, um tempo de colheita. Esse fato, decorrente de semeadura no
passado, implica que a semente plantada cumpra, pelo menos, três fases
distintas: brotar, crescer e frutificar. Na promessa do Pentecostes, Deus não
se esqueceu dos velhos, ou idosos: “E há de ser que, depois, derramarei o meu
Espírito sobre toda a carne, e os vossos filhos e vossas filhas profetizarão,
os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões” (Jl 2.28).
4.3 - A velhice é tempo de
ensinamento. Os jovens permaneciam calados diante deles e
só falavam quando estavam certos de que os mais velhos nada mais tinham para
dizer (Jó 32.6-7). Alguém que chegou à terceira idade após uma boa semeadura
ainda tem muito a contribuir nos átrios da casa de Deus e a ensinar aos que o
cercam (Sl 71.15-18; Tt 2.2-5). Esta é também uma época de ensinamento (Êx
18.13-27; Pv 23.22). Mostra-nos a história que desprezar o conselho dos mais
velhos não é um bom negócio (1Rs 12.6-8). Não é bom reter somente para nós, em
nossos celeiros, aquilo que Deus amorosamente nos concedeu durante toda a nossa
vida. A menção aos frutos, no Pentateuco, sempre traz implícita essa ideia (Dt
26.1-11 cf. 16.11). Os anciãos que, tanto em Israel quanto na Igreja Primitiva,
ajudavam na orientação dos negócios do Reino de Deus (Êx 4.29; 19.7; At 15.2).
A Bíblia nos diz que: “Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do
velho, e terás temor do teu Deus. Eu sou o Senhor” (Lv 19.32).
4.4 - A velhice é tempo de
trabalho. Jacó, aos 147 anos de idade (Gn 47.28) faz a seguinte declaração:
“[…] o Deus, em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus que
me sustentou, desde que eu nasci até este dia” (Gn 48.15). Outra área que traz
renovação espiritual no tempo da velhice é a do serviço cristão (Lc 2.36-38).
Existem muitas áreas de trabalho nas igrejas apropriadas para as pessoas da
terceira idade. É óbvio que elas não correrão como as pessoas mais jovens, não
terão o mesmo ativismo, mas poderão ter o conhecimento e experiência
necessárias para realizarem certas atividades que requerem a maturidade que só
os idosos possuem. O povo de Deus necessita da energia dos crentes mais jovens,
mas não pode jamais abrir mão da experiência dos santos mais idosos.
Lembremo-nos de que Abraão e Sara cumpriram o propósito de Deus na sua velhice
(Gn 22.1,2,5), Moisés começou a liderar o povo de Israel com a idade de 80 anos
(Êx 7.7; Dt 29.5; At 7.23,30,36); Calebe conquistou Hebrom em plena velhice aos
85 anos (Js 14.12-14); e Davi, o grande rei de Israel, morreu em boa velhice
“tendo desfrutado vida longa, riqueza e glória” (1Cr 29.27,28 – NVI).
CONCLUSÃO
A vida física tem começo, meio e fim e a terceira
idade não deve ser vista como o fim de uma existência, mas como o início de uma
nova etapa na vida do ser humano. Ciente disto, devemos procurar viver de forma
agradável a Deus, temendo o Seu nome e realizando a sua vontade. Se procedermos
assim, deixaremos um legado para as próximas gerações, de autênticos servos de
Deus.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário
Teológico. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e
Filosofia. HAGNOS.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa.
OBJETIVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
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