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LIÇÃO 11 – AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO DE DAVI - (2 Sm 12.1-15)
4º
TRIMESTRE DE 2019
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos as etapas do pecado de Davi; pontuaremos as sérias consequências
de suas falhas, tanto em sua vida como na sua família; e por fim, notaremos
quais as fases para consumação do pecado na vida do homem.
I
– ETAPAS DO PECADO DE DAVI
A
palavra “pecado” significa: “desobediência a qualquer norma ou preceito” (HOUAISS,
2001, p. 2160). Pode ser definido como: “transgressão deliberada e consciente
das leis estabelecidas por Deus” (ANDRADE, 2006, p. 295). A palavra hebraica
“hatah” e a grega “hamartia” significam: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm
3.23). Em um sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral
de Deus, quer em ato, disposição ou estado” (CHAMPLIN, 2015, p. 128). De acordo
com a Bíblia, o pecado é algo gradual (Tg 1.14,15). Notemos as etapas do pecado
de Davi:
1.1 - A traição. Davi estava no auge do seu reinado quando
tragicamente caiu em pecado, vencido pela sua própria paixão desenfreada:
“Então enviou Davi mensageiros, e mandou trazê-la; e ela veio, e ele se deitou
com ela [...]” (2Sm 11.4). Depois de ter consumado o seu ato pecaminoso (2Sm
11.1-4), Davi, de várias maneiras e durante um bom tempo, tentou ocultá-lo (2Sm
11.8,12). As tentativas foram cada vez mais pecaminosas. Isso sempre acontece
com quem tenta esconder seu pecado. A Bíblia diz que “um abismo chama outro
abismo” (Sl 42.7; Nm 32.23).
1.2 - A mentira. Primeiro Davi ordenou que Urias
viesse da guerra para dar-lhe notícias dela: “Vindo, pois, Urias a ele,
perguntou Davi como passava Joabe, e como estava o povo, e como ia a guerra”,
em seguida, ofereceu-lhe um presente e deulhe licença para ir a sua própria
casa (2Sm 11.6-8), mas, infelizmente, tudo era mentira, engano e logro. O mal
não reconhece limites em suas ações, enquanto que o bem atua dentro de limites
traçados pela ética e infelizmente Davi esqueceu desta verdade.
1.3 - A
maldade. Davi insistiu que Urias permanecesse em casa afim de forjar uma
situação e livrar-se de seu pecado. Em noutras palavras reincidiu no mal: “[…]
Não vens tu de uma jornada? Por que não descestes à tua casa?” (2Sm 11.10). O
pecado traz dois resultados: separa o homem de Deus e produz maus efeitos no
mundo (Is 59.1; Rm 8.19-22). O primeiro pode ser cancelado pelo perdão, mas o
segundo permanece. Alguém já disse que: “Deus não permite que seus filhos
pequem com sucesso”. As consequências do pecado trazem consigo tristeza amarga
e profunda (Rm 2.6-11).
1.4
- A astúcia. Davi ofereceu um banquete a Urias com vinho embriagante com o
intuito de enganá-lo: “E Davi, o convidou, e comeu e bebeu diante dele, e o
embebedou [...]” (2Sm 11.13). Davi só não contava com a lealdade e a sensatez
de Urias (2Sm 11.11). Quando o crente procede dessa forma, o julgamento divino
o aguarda, pois: “O Senhor não tem o culpado por inocente” (Na 1.3), e “Deus
não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”
(Gl 6.7,8). Lembremo-nos da admoestação de Paulo: “Aquele, pois, que pensa
estar em pé veja que não caia” (1Co 10.12).
1.5
- A covardia. Davi enviou uma carta real ao comandante Joabe, através de Urias,
onde estava contida a sentença de morte do próprio portador (2Sm 11.14,15;
12.9). Um assassinato covarde de um leal soldado, planejado pelo próprio rei da
nação (2Sm 11.16,17). Como Urias era um servo fiel, não violou a carta, pois,
se o tivesse feito, veria que estava levando a própria sentença de morte. Davi
quebrou o sexto mandamento: “Não matarás” (Êx 20.13); o sétimo mandamento: “Não
adulterarás” (Êx 20.14); e o décimo mandamento: “Não cobiçarás” (Êx 20.17).
1.6
- A Insensibilidade. Mesmo sabendo da morte de Urias, seu fiel soldado, Davi
friamente mandou dizer a Joabe: “Não te pareça mal aos teus olhos; pois a
espada tanto consome este como aquele” (2Sm 11.25). Davi tomou Bate-Seba como
sua esposa e se portou tranquilamente como se nada houvera acontecido por cerca
de quase um ano (2Sm 12.14,15) com sua consciência cauterizada sem confessar
seu pecado e se arrepender dele (2Sm 12.27 ver ainda 1Tm 4.2).
1.7
- A falsa “justiça”. Quando Davi achava que, morto o esposo da mulher com quem
adulterara, o seu problema estava resolvido, Deus envia o profeta Natã para
confrontá-lo (2Sm 12.1-25). É comum alguém que pecou e não tratou de forma
devida o seu pecado projetar um sentimento de “justiça” e uma falsa santidade
perante os outros (2Sm 12.5,6). Geralmente ele exige dos outros aquilo que ele
mesmo não fez e cobra santidade, requer compromisso, exige dedicação, no
entanto, nega com a sua prática a eficácia desses valores (Mt 7.3-5; 23.13-33).
É comum desculparmos em nós mesmos aquilo que com veemência condenamos nos
outros. Há situação em que o estado de cauterização da consciência é tão grande
que somente um encontro com Deus é capaz de fazer cair as escamas dos olhos e
expor as misérias humanas.
II
- CONSEQUÊNCIAS DO PECADO DE DAVI
Consequência
é “algo produzido por uma causa ou conjunto de condições; efeito, resultado,
ferimento, sequela, inferência, ilação” (HOUAISS, 2001, p. 807). O pecado, uma
vez consumado, deixa suas consequências deletérias, ainda que seja perdoado por
Deus (Lm 3.39). O pecado de Davi trouxe consequências, algumas imediatas, e
outras, a longo prazo: “Agora, portanto, a espada jamais se apartará da tua
casa [...]” (2Sm 12.10). Deus perdoou seu servo e lhe preservou a vida. Porém,
ele pagou um alto preço pelo seu erro. Uma lição deste episódio é a
imparcialidade da justiça divina, bem como as riquezas de sua misericórdia.
Vejamos algumas consequências dos pecados de Davi:
2.1
- Consequências emocionais. Os especialistas advertem que há muitas doenças
psicossomáticas, isto é, doenças da alma ou de origem psicológica que afetam
diretamente o corpo (Sl 32.2-5; 39.10,11; 51.8). Os resultados do pecado de
Davi podem ser vistos primeiramente em sua vida sentimental e emocional: “Já
estou cansado do meu gemido; toda noite faço nadar a minha cama; molho o meu
leito com as minhas lágrimas” (Sl 6.6). O pecado causou feridas profundas na
alma de Davi e alguns de seus salmos retratam seus infortúnios (13.2; 22.11;
25.16-18,22; 38.2-3; 41.4,8). A idade em que morreu cerca de setenta anos (2Sm
5.4; 1Rs 2.10,11) debilitado como estava, talvez tenha muito a ver com as
angústias e frustrações de sua alma (1Rs 1.1).
2.2
- Consequências espirituais. Não há dúvida de que os efeitos do pecado de Davi
também estão na esfera espiritual: “Não me lances fora da tua presença, e não
retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da salvação
[...]” (Sl 51.11,12). A Bíblia nos mostra que há também doenças de origem
espiritual: “Depois Jesus encontro-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás
curado; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior” (Jo 5.14).
Paulo adverte em sua primeira carta aos coríntios: “Por causa disso [do
pecado], há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que morrem” (1Co 11.30).
Tiago aconselha: “Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos
outros, para que sareis [...]” (Tg 5.16). Davi pôs em prática isso e clamou ao
Senhor: “[…] Tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti”
(Sl 41.4).
2.3
- Consequências físicas. O pecado também trás consequências no corpo do pecador
(Sl 38.3-9). Tanto Davi como Bate-Seba estavam cientes das implicações de seu
erro (Lv 20.10). Após pecar Davi ouviu um dos mais duros julgamentos
pronunciados pelo profeta Natã (2Sm 12.10-14). O julgamento atingia não somente
sua vida física, mas também incluiria seu reino e sua família (2Sm 12.18). A
sentença que Davi pronunciou tinha base na Lei (Êx 22.1), e isso mesmo ele
experimentou na pele, pois ele sentenciou que o homem da parábola, que tomou a
ovelha do outro deveria pagar quatro vezes mais: “[…] tornará a dar o
quadruplicado, porque fez tal coisa [...]” (2Sm 12.6). Davi tirou a vida de
Urias, e pagou quatro vezes mais por isso: (1) O filho que nascera daquele
adultério morreu (2Sm 12.14); (2) Amnom foi assassinado por Absalão (2Sm
13.28,29); (3) Absalão foi morto por ter-se rebelado contra o pai (2Sm
18.9-17); e por fim, (4) Adonias também foi morto à espada (1Rs 2.24,25).
2.4
- Consequências interpessoais. Os efeitos danosos do pecado levam sofrimentos
tanto ao que pecou como a muitas outras pessoas inocentes, e as vezes termina
desfazendo grandes amizades. Bate-Seba a mulher de Urias era filha de Eliã e
neta de Aitofel, e ambos estes homens faziam parte dos “valentes de Davi”, os
súditos leais do rei. No livro de 2 Samuel, capítulo 23, a partir do versículo
24, começa a listagem dos grandes guerreiros de Davi, e ali três nomes se
destacam: Eliã, Aitofel e Urias (2Sm 23.34,39). Aitofel, avô de Bate-Seba, era
o grande conselheiro de Davi que, mais tarde, como num ato de vingança,
aconselhou Absalão a possuir as mulheres do rei publicamente (2Sm 16.20-23). Os
laços de amizade e lealdade deveriam ter servido de freio ao desejo insano do
rei, porém isso não aconteceu infelizmente.
III
- FASES PARA CONSUMAÇÃO DO PECADO
3.1
- A atração: “[…] e viu do terraço a uma mulher que estava se banhando” (2Sm
11.2). O primeiro passo para o pecado é a atração: “Mas cada um é tentado,
quando atraído” (Tg 1.14-a). A palavra “atração” significa: “sedução,
sentimento de interesse, curiosidade” (HOUAISS, 2001, p. 338). Isto significa
dizer que jamais seremos tentados por aquilo que não nos sentimos atraídos (Gn
25.29,30,34; 39.7-9; Jz 14.1,3). A Bíblia nos exorta a resistir aos desejos
carnais “deixando-os” (Hb 12.1); “negando-os” (Mt 16.24); “mortificando-os” (Cl
3.5); e, se preciso for, “fugindo” deles (2Tm 2.22).
3.2 - O engodo: “E mandou
Davi perguntar quem era aquela mulher [...]” (2Sm 11.3). A segunda coisa
destacada pelo apóstolo Tiago é o engodo (Tg 1.14-b). A expressão “engodo” quer
dizer: “isca usada para atrair animais; chamariz” (HOUAISS, 2001, p. 1149). O
simbolismo, talvez seja o da pesca (CHAMPLIN, 2004, p. 23). Da mesma forma, o
homem é atraído por algo que desperta a sua concupiscência. O diabo é
especialista em colocar a isca (Gn 3.6; 9.20,21; 2Sm 11.2; Mt 26.15; Jo 12.6;
At 4.35-37; 5.1-10; 2Tm 4.10).
3.3
- A concepção: “[…] e mandou trazê-la [...]” (2Sm 11.4-b). A terceira fase é a
concepção (Tg 1.15-a). Esta fase é bastante perigosa, pois aproxima o homem da
queda que é o próximo passo. O verbo “conceber” quer dizer: “ser fecundado por,
engravidar, gerar, acalentar” (HOUAISS, 2001, p. 1149). Todos somos tentados
diariamente por coisas que se colocam na nossa frente. Diante disto, podemos
renunciar ou permitir que este desejo seja alimentado em nosso interior.
Devemos com a ajuda da graça (2Tm 2.1) e do poder de Deus (Ef 6.10), resistir
aos apelos dos nossos maiores inimigos: a carne (Rm 7.18), o mundo (1Jo 2.15) e
o diabo (Tg 4.7).
3.4 - A consumação: “[…] e se deitou com ela [...]” (2Sm
11.4-c). O verbo “consumar” quer dizer: “levar a termo; concluir, rematar;
cometer, praticar” (HOUAISS, 2001, p. 815). O resultado da consumação do pecado
é a morte: “[…] o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg 1.15-b). Foi o que
foi dito ao primeiro casal (Gn 2.17), e o que eles receberam pela desobediência
(Rm 5.12; 6.23). Essa morte é essencialmente espiritual, mas pode também ser
física (At 5.5,10; 1Co 11.30) e eterna (1Co 6.10; Gl 5.19-21; Ap 22.15), senão
houver arrependimento sincero e abandono do pecado (Pv 28.13).
CONCLUSÃO
A
maneira correta de lidarmos com nosso pecado é nos arrependermos dele e, com
toda a sinceridade, buscarmos em Deus o perdão, a graça e a misericórdia (Sl
51; Hb 4.16; 7.25), e nos dispormos a aceitar, sem amargura nem rebelião, a
disciplina divina pelo nosso pecado. Davi tanto reconheceu quanto confessou
seus pecados, voltou-se para o Senhor, e aceitou a repreensão com humildade (Sl
12.9-13,20; 16.5-12; 24.10-25; Sl 51).
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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