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LIÇÃO
08 – O EXÍLIO DE DAVI - (1 Sm 22.1-5)
4º
TRIMESTRE DE 2019
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos as grandes
lições que podemos extrair da vida de Davi quando este estava na caverna de
Adulão; veremos as características dos homens que ajudaram este monarca de
Israel; pontuaremos o que podemos aprender com a liderança de Davi; e por fim,
analisaremos as qualidades do filho de Jessé como líder no exílio.
I – LIÇÕES
DA CAVERNA DE ADULÃO
Quatro capítulos foram dedicados ao
período da vida de Davi em que ele foge da perseguição de Saul (1Sm 21-24).
Davi se exilou na caverna de Adulão na planície de Judá, em torno de 26
quilômetros a sudoeste de Jerusalém para preservar sua vida. O termo exílio vem
do latim “exilium” e significa: “banimento; degredo; desterro; deportação;
ermo; expatriação; isolamento do convívio social; ostracismo; proscrição;
solidão” (HOUAISS, 2001. p. 1284). É o estado de estar longe da própria casa
(seja cidade ou nação) e pode ser definido como a expatriação voluntária ou
forçada de um indivíduo. Notemos algumas lições que aprendemos com Davi na
caverna de Adulão:
1.1 - A caverna
foi um lugar de refúgio. Na caverna de Adulão Davi se refugiou:
“Davi retirou-se dali e se refugiou na caverna de Adulão [...]” (1Sm 22.1-a).
Davi recorreu à caverna de Adulão que em hebraico significa: “refúgio, abrigo,
esconderijo” para se proteger das constantes perseguições, ameaças e afrontas
de Saul que procurava a todo custo destruir sua vida e a sua família. A caverna
de Adulão foi um lugar de tratamento na vida de Davi e não podemos esquecer que
as cavernas, assim como os vales e desertos da vida não são permanentes e sim
temporários. Portanto, por mais pedregosos que sejam os vales, por mais
extensos que seja os desertos, e por mais sombrios que seja as cavernas, são
apenas lugares de passagens, não são e jamais serão o estado definitivo de
nossas vidas, mas sim momentos de aprendizados, amadurecimento e crescimento
(Hb 11.38). Na caverna Davi procurou refúgio e segurança (Sl 46.1), na caverna
ele se escondeu dos inimigos (Sl 91.1). Os Salmos 57 e 142 foram compostos por
Davi enquanto ele esteve escondido na caverna de Adulão.
1.2 - A caverna
foi um lugar de reconciliação. Na caverna de Adulão toda sua
família juntou-se a Davi no exílio: “Deixa estar meu pai e minha mãe convosco,
até que eu saiba o que Deus há de fazer de mim” (1Sm 22.3b). A família toda de
Davi juntou-se a ele na
caverna, o que significa que seus irmãos desertaram do exército de Saul e
tornaram-se fugitivos com o Davi. Na caverna de Adulão aconteceram três coisas
com Davi e sua família:
(a) Ele se reencontrou com sua família;
(b) se
reconciliou com sua família; e,
(c) ele cuidou de sua família (1Sm 22.1).
Depois, Davi tratou de levar seus familiares para Moabe e acampou na fortaleza
conhecida como Massada (1Sm 22.4). Davi honrou o pai e a mãe e procurou
protegê-los, de modo que pediu ao rei de Moabe que lhes desse abrigo até o
final do exílio. Os moabitas eram descendentes de Ló (Gn 19.30-38) e nos dias
de Moisés os moabitas não eram um povo muito estimado pelos israelitas (Dt
23.3-6), mas Rute, bisavó de Davi, era de Moabe (Rt 4.18-22), o que pode ter
ajudado Davi a conseguir o apoio e abrigo para sua família (1Sm 22.4). Também é
possível que Davi estivesse contando com a inimizade entre Moabe e Saul (1Sm
14.47).
1.3 - A caverna
foi um lugar de reconhecimento. Na caverna de Adulão foi onde a
família completa de Davi o reconheceu como rei. Davi, que no passado nem havia
sido valorizado por sua família agora é procurado por ela: “… quando ouviram
isso seus irmãos e toda a casa de seu pai, desceram ali para ter com ele” (1Sm
22.1). Antes ele tentava provar sua capacidade, mas não era reconhecido (1Sm
17.28-30). Na caverna, Davi formou um grande exército e passou a ser
respeitado, não somente pelo povo, mas também por sua família que o havia
desprezado (Sl 27.10).
1.4 - A caverna
foi um lugar de restauração. Davi é o modelo de líder que
recebe homens angustiados pela vida, para torná-los capazes para o serviço:
“Ajuntaram-se a ele todos os homens que se achavam em aperto, e todo homem
endividado, e todos os amargurados de espírito [...]” (1Sm 22.2). Na liderança
de Davi homens desprezados se tornaram em um exército de valentes vencedores,
oficiais, ministros e governadores o famoso grupo conhecido como os “valentes
de Davi”: “São estes os principais valentes de Davi, que o apoiaram valorosamente
no seu reino [...]” (1Cr 11.10-12). Na caverna os desamparados foram acolhidos;
os enfraquecidos foram fortalecidos e encorajados; e os desanimados foram
animados. A grande lição de Davi para esses homens é que os que desejassem
reinar com ele deveriam aprender a sofrer com ele. Podemos comparar Davi a
Cristo que se dirigiu aos miseráveis, aos cansados, aos oprimidos, aos amargurados, aos Publicanos e
aos pecadores, e todos foram transformados pelo seu poder e passaram a fazer
parte do seu reino (Mt 11.28,29; Lc 15.1; Mt 22.9,10).
II -
CARACTERÍSTICAS DOS HOMENS DA CAVERNA DE ADULÃO
Davi enfrentou altos e baixos em sua
vida e nessa ocasião, liderou um exército. Vejamos as características desses
homens:
2.1 - Homens que
estavam em “aperto”. O primeiro grupo, segundo o texto, era
formado por homens que “se achavam em aperto” (1Sm 22.2-a). Essa expressão se
refere a pessoas perseguidas, assim como Davi. Ou seja, homens que estavam sob
pressão e em dificuldade. O conceito de “aperto” aqui é o de pessoas oprimidas
ou perseguidas. Essas pessoas certamente se identificaram com Davi por causa do
“aperto” que ele também sofria. Eram homens que precisavam de ajuda, e que não
tinham muito a oferecer.
2.2 - Homens que
estavam “endividados”. O segundo grupo era formado por homens
endividados. Talvez aqui a referência seja a homens que tinham se tornado
escravos por causa de enormes dívidas. Assim, a expressão “homens endividados”
é sinônima de “homens escravizados” (1Sm 22.2-b). O termo hebraico usado neste
texto é “nashah” que significa “tomar dinheiro emprestado a juros, ter vários
credores” Ou seja, eram pessoas que não tinham condições de pagar suas dívidas.
2.3 - Homens de
“espírito amargurados”. O terceiro grupo era formado por homens
“amargurados de espírito” (1Sm 22.2-c). No original hebraico, o termo é “maar
néphesh” e significa: “estar com a alma atormentada”. Na verdade, estes homens
eram desqualificados e despreparados. Mesmo assim, não foram rejeitados por
Davi: “[…] se fez chefe deles” (1Sm 22.2). E foi com estes homens que Davi
enfrentou e venceu grandes batalhas (1Sm 23.1-5; 27.8-12; 30.7-21). Aqueles
homens estavam sendo preparados para se tornarem o exército dos valentes de
Davi. Como líder, Davi trabalhou na vida daqueles homens desesperançosos,
modificando as suas vidas, encorajando-os e dando-lhes uma nova perspectiva de
vida.
2.4 - Homens que
eram “valentes”. Na caverna só ficaram aqueles que
realmente eram valentes e fiéis (2Sm 23.8; 1Cr 11.10). Davi ficou com
quatrocentos excelentes guerreiros, número que posteriormente subiu para
seiscentos (1Sm 22.2; 23.13; 25.13; 27.2; 30.9), e destes valentes trinta eram
maiorais, e destes, destacam-se três: (a) O primeiro comandante da guarda se
chamava Josebe-Bassebete comandante da guarda do exército de Davi era muito
experiente com sua lança e em uma determinada guerra matou oitocentos homens
com essa arma (2Sm 23.8); (b) O segundo comandante da guarda se chamava Eleazar
que era mestre no manuseio da espada. Em uma determinada guerra contra os
filisteus e não se cansava e lutou tanto que teve uma espécie de câimbra na
mão, a ponto de mesmo cansado, não conseguiu largar a espada (2Sm 23.9,10); e,
(c) O terceiro comandante da guarda se chamava Sama que era mestre em
estratégia de guerra (2Sm 23.11,12). Esses três homens eram tão leais ao rei
Davi que arriscaram suas vidas em favor do rei. Ao ponto que Davi ansiou por um
pouco de água do poço em Belém e estes três fiéis e valentes passaram pelas
linhas inimigas a fim de buscá-la para seu líder (2Sm 23.13-17).
III - LIÇÕES
QUE APRENDEMOS COM A LIDERANÇA DE DAVI
O verdadeiro líder é aquele que é
chamado por Deus. Nenhum líder do povo de Deus terá êxito, se não for escolhido
por Ele. O segredo do sucesso de um líder depende, principalmente, de sua
chamada. E Davi foi escolhido pelo próprio Deus (1Sm 16.1-13; 2Sm 12.7). Muitas
lições podemos aprender com a liderança de Davi. Vejamos algumas:
3.1 - Davi
depositou sua confiança em Deus. Apesar de contar com aqueles
homens para a batalha, Davi sempre depositou a sua confiança em Deus. Antes de
sair à peleja, ele costumava consultar ao Senhor (1Sm 23.2; 30.8; 2Sm 2.1).
Pois, ele sabia muito bem que a vitória não dependia de seus homens, e sim, do
seu Deus (Salmos 55, 57 e 59).
3.2 - Davi não
descartou seus liderados. Liderar não é uma tarefa fácil,
principalmente quando se trata de liderar pessoas que estejam em “aperto,
endividados e desgostosos”, como aqueles homens liderados por Davi (1Sm 22.2).
Na caverna os desamparados foram acolhidos; os enfraquecidos foram fortalecidos
e encorajados; e os desanimados foram animados. Na liderança de Davi homens
fracassados se tornaram em um exército de valentes e vencedores.
3.3 - Davi
ensinou seus liderados. Davi sempre aproveitava as
oportunidades para ensinar seus homens (1Sm 24.7,8; 26.8-10). Enquanto Saul contava com um poderoso
exército de homens bem treinados e alimentados, Davi dispunha apenas de um
pequeno grupo de homens desqualificados. Mas, o grande e bem preparado exército
de Saul não pôde impedir que ele fosse derrotado e morto (1Sm 31.1-13);
enquanto que, aqueles fracos homens de Davi, puderam vê-lo sendo constituído
rei de todo o Israel (2Sm 5.1-12). Nos vários estágios da vida de Davi, ele
demonstrou sabedoria; quer seja quando estava cuidando das ovelhas de seu pai
(1Sm 17.15,20); quer seja quando estava no palácio, à serviço do rei (1Sm
18.5,14); quer seja quando estava fugindo da presença de Saul (1Sm caps.
24,26): “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Sl 111.10; Pv 9.10).
3.4 - Davi foi
humilde. Humildade significa: “ausência de orgulho e de
soberba” e ser humilde é o mesmo que “ser simples”, “modesto”. É uma das
principais características de um líder. Davi era um homem humilde e nunca se
autoproclamou rei de Israel, nem revelou a ninguém que iria substituir a Saul,
mesmo depois de haver sido ungido como rei (1Sm 16.1-13).
3.5 - Davi foi
motivador. Uma das principais características de um líder é a
capacidade de motivar seus liderados, principalmente diante dos desafios e das
dificuldades. Davi soube motivar, não só os seus liderados (1Sm 22.23; 23.1-5)
como também seu próprio líder, Saul (1Sm 17.32).
3.6 - Davi foi
paciente. Davi soube passar pelos muitos estágios em sua vida
(Sl 40.1-5), pois foi pastor de ovelhas (1Sm 16.11); músico do rei (1Sm 16.23); pajem de armas
(1Sm 16.21); capitão do exército de Israel (1Sm 18.13,30; 2Sm 5.2-a;); líder de
um exército de quatrocentos homens (1Sm 22.1,2); e, depois, de seiscentos
homens (1Sm 30.9). Na verdade, estes estágios em sua vida foi um período de
preparação para que ele se tornasse, finalmente, rei de todo o Israel (2Sm
5.1-5).
CONCLUSÃO
Se não foi fácil para Davi liderar
sobre aqueles fracos homens, também não foi fácil para eles serem liderados por
Davi, pois, naquela ocasião, ele não tinha nada a lhes oferecer. Não tinha emprego,
salário, posses, e nem despojos par repartir com eles. No entanto, eles se
submeteram à liderança de Davi, mesmo que, aparentemente, nada pudessem receber
em troca.Tivessem eles rejeitado à liderança de Davi, não teriam tido o
privilégio de, tempos depois, servirem ao rei de Israel. Por isso, aprendemos,
não só com Davi, mas também, com sua equipe de liderados a sermos obedientes e
submissos a Deus e aos nossos líderes.
REFERÊNCIAS
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua
Portuguesa. SP: OBJETIVA, 2001.
JOSEFO, Flávio (Trad. Vicente
Pedroso). História dos Hebreus. RJ: CPAD, 2007.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
WIERSBE Warner W. Comentário Bíblico
Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA, 2010.
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