segunda-feira, 18 de novembro de 2019

LIÇÃO 08 – O EXÍLIO DE DAVI - (1 Sm 22.1-5) 4º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 08 – O EXÍLIO DE DAVI - (1 Sm 22.1-5)
4º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos as grandes lições que podemos extrair da vida de Davi quando este estava na caverna de Adulão; veremos as características dos homens que ajudaram este monarca de Israel; pontuaremos o que podemos aprender com a liderança de Davi; e por fim, analisaremos as qualidades do filho de Jessé como líder no exílio.

I – LIÇÕES DA CAVERNA DE ADULÃO
Quatro capítulos foram dedicados ao período da vida de Davi em que ele foge da perseguição de Saul (1Sm 21-24). Davi se exilou na caverna de Adulão na planície de Judá, em torno de 26 quilômetros a sudoeste de Jerusalém para preservar sua vida. O termo exílio vem do latim “exilium” e significa: “banimento; degredo; desterro; deportação; ermo; expatriação; isolamento do convívio social; ostracismo; proscrição; solidão” (HOUAISS, 2001. p. 1284). É o estado de estar longe da própria casa (seja cidade ou nação) e pode ser definido como a expatriação voluntária ou forçada de um indivíduo. Notemos algumas lições que aprendemos com Davi na caverna de Adulão:

1.1 - A caverna foi um lugar de refúgio. Na caverna de Adulão Davi se refugiou: “Davi retirou-se dali e se refugiou na caverna de Adulão [...]” (1Sm 22.1-a). Davi recorreu à caverna de Adulão que em hebraico significa: “refúgio, abrigo, esconderijo” para se proteger das constantes perseguições, ameaças e afrontas de Saul que procurava a todo custo destruir sua vida e a sua família. A caverna de Adulão foi um lugar de tratamento na vida de Davi e não podemos esquecer que as cavernas, assim como os vales e desertos da vida não são permanentes e sim temporários. Portanto, por mais pedregosos que sejam os vales, por mais extensos que seja os desertos, e por mais sombrios que seja as cavernas, são apenas lugares de passagens, não são e jamais serão o estado definitivo de nossas vidas, mas sim momentos de aprendizados, amadurecimento e crescimento (Hb 11.38). Na caverna Davi procurou refúgio e segurança (Sl 46.1), na caverna ele se escondeu dos inimigos (Sl 91.1). Os Salmos 57 e 142 foram compostos por Davi enquanto ele esteve escondido na caverna de Adulão.

1.2 - A caverna foi um lugar de reconciliação. Na caverna de Adulão toda sua família juntou-se a Davi no exílio: “Deixa estar meu pai e minha mãe convosco, até que eu saiba o que Deus há de fazer de mim” (1Sm 22.3b). A família toda de Davi juntou-se a ele na caverna, o que significa que seus irmãos desertaram do exército de Saul e tornaram-se fugitivos com o Davi. Na caverna de Adulão aconteceram três coisas com Davi e sua família:
(a) Ele se reencontrou com sua família;
(b) se reconciliou com sua família; e,
(c) ele cuidou de sua família (1Sm 22.1).
Depois, Davi tratou de levar seus familiares para Moabe e acampou na fortaleza conhecida como Massada (1Sm 22.4). Davi honrou o pai e a mãe e procurou protegê-los, de modo que pediu ao rei de Moabe que lhes desse abrigo até o final do exílio. Os moabitas eram descendentes de Ló (Gn 19.30-38) e nos dias de Moisés os moabitas não eram um povo muito estimado pelos israelitas (Dt 23.3-6), mas Rute, bisavó de Davi, era de Moabe (Rt 4.18-22), o que pode ter ajudado Davi a conseguir o apoio e abrigo para sua família (1Sm 22.4). Também é possível que Davi estivesse contando com a inimizade entre Moabe e Saul (1Sm 14.47).

1.3 - A caverna foi um lugar de reconhecimento. Na caverna de Adulão foi onde a família completa de Davi o reconheceu como rei. Davi, que no passado nem havia sido valorizado por sua família agora é procurado por ela: “… quando ouviram isso seus irmãos e toda a casa de seu pai, desceram ali para ter com ele” (1Sm 22.1). Antes ele tentava provar sua capacidade, mas não era reconhecido (1Sm 17.28-30). Na caverna, Davi formou um grande exército e passou a ser respeitado, não somente pelo povo, mas também por sua família que o havia desprezado (Sl 27.10).

1.4 - A caverna foi um lugar de restauração. Davi é o modelo de líder que recebe homens angustiados pela vida, para torná-los capazes para o serviço: “Ajuntaram-se a ele todos os homens que se achavam em aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito [...]” (1Sm 22.2). Na liderança de Davi homens desprezados se tornaram em um exército de valentes vencedores, oficiais, ministros e governadores o famoso grupo conhecido como os “valentes de Davi”: “São estes os principais valentes de Davi, que o apoiaram valorosamente no seu reino [...]” (1Cr 11.10-12). Na caverna os desamparados foram acolhidos; os enfraquecidos foram fortalecidos e encorajados; e os desanimados foram animados. A grande lição de Davi para esses homens é que os que desejassem reinar com ele deveriam aprender a sofrer com ele. Podemos comparar Davi a Cristo que se dirigiu aos miseráveis, aos cansados, aos oprimidos, aos amargurados, aos Publicanos e aos pecadores, e todos foram transformados pelo seu poder e passaram a fazer parte do seu reino (Mt 11.28,29; Lc 15.1; Mt 22.9,10).

II - CARACTERÍSTICAS DOS HOMENS DA CAVERNA DE ADULÃO
Davi enfrentou altos e baixos em sua vida e nessa ocasião, liderou um exército. Vejamos as características desses homens:

2.1 - Homens que estavam em “aperto”. O primeiro grupo, segundo o texto, era formado por homens que “se achavam em aperto” (1Sm 22.2-a). Essa expressão se refere a pessoas perseguidas, assim como Davi. Ou seja, homens que estavam sob pressão e em dificuldade. O conceito de “aperto” aqui é o de pessoas oprimidas ou perseguidas. Essas pessoas certamente se identificaram com Davi por causa do “aperto” que ele também sofria. Eram homens que precisavam de ajuda, e que não tinham muito a oferecer.

2.2 - Homens que estavam “endividados”. O segundo grupo era formado por homens endividados. Talvez aqui a referência seja a homens que tinham se tornado escravos por causa de enormes dívidas. Assim, a expressão “homens endividados” é sinônima de “homens escravizados” (1Sm 22.2-b). O termo hebraico usado neste texto é “nashah” que significa “tomar dinheiro emprestado a juros, ter vários credores” Ou seja, eram pessoas que não tinham condições de pagar suas dívidas.

2.3 - Homens de “espírito amargurados”. O terceiro grupo era formado por homens “amargurados de espírito” (1Sm 22.2-c). No original hebraico, o termo é “maar néphesh” e significa: “estar com a alma atormentada”. Na verdade, estes homens eram desqualificados e despreparados. Mesmo assim, não foram rejeitados por Davi: “[…] se fez chefe deles” (1Sm 22.2). E foi com estes homens que Davi enfrentou e venceu grandes batalhas (1Sm 23.1-5; 27.8-12; 30.7-21). Aqueles homens estavam sendo preparados para se tornarem o exército dos valentes de Davi. Como líder, Davi trabalhou na vida daqueles homens desesperançosos, modificando as suas vidas, encorajando-os e dando-lhes uma nova perspectiva de vida.

2.4 - Homens que eram “valentes”. Na caverna só ficaram aqueles que realmente eram valentes e fiéis (2Sm 23.8; 1Cr 11.10). Davi ficou com quatrocentos excelentes guerreiros, número que posteriormente subiu para seiscentos (1Sm 22.2; 23.13; 25.13; 27.2; 30.9), e destes valentes trinta eram maiorais, e destes, destacam-se três: (a) O primeiro comandante da guarda se chamava Josebe-Bassebete comandante da guarda do exército de Davi era muito experiente com sua lança e em uma determinada guerra matou oitocentos homens com essa arma (2Sm 23.8); (b) O segundo comandante da guarda se chamava Eleazar que era mestre no manuseio da espada. Em uma determinada guerra contra os filisteus e não se cansava e lutou tanto que teve uma espécie de câimbra na mão, a ponto de mesmo cansado, não conseguiu largar a espada (2Sm 23.9,10); e, (c) O terceiro comandante da guarda se chamava Sama que era mestre em estratégia de guerra (2Sm 23.11,12). Esses três homens eram tão leais ao rei Davi que arriscaram suas vidas em favor do rei. Ao ponto que Davi ansiou por um pouco de água do poço em Belém e estes três fiéis e valentes passaram pelas linhas inimigas a fim de buscá-la para seu líder (2Sm 23.13-17).

III - LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM A LIDERANÇA DE DAVI
O verdadeiro líder é aquele que é chamado por Deus. Nenhum líder do povo de Deus terá êxito, se não for escolhido por Ele. O segredo do sucesso de um líder depende, principalmente, de sua chamada. E Davi foi escolhido pelo próprio Deus (1Sm 16.1-13; 2Sm 12.7). Muitas lições podemos aprender com a liderança de Davi. Vejamos algumas:

3.1 - Davi depositou sua confiança em Deus. Apesar de contar com aqueles homens para a batalha, Davi sempre depositou a sua confiança em Deus. Antes de sair à peleja, ele costumava consultar ao Senhor (1Sm 23.2; 30.8; 2Sm 2.1). Pois, ele sabia muito bem que a vitória não dependia de seus homens, e sim, do seu Deus (Salmos 55, 57 e 59).

3.2 - Davi não descartou seus liderados. Liderar não é uma tarefa fácil, principalmente quando se trata de liderar pessoas que estejam em “aperto, endividados e desgostosos”, como aqueles homens liderados por Davi (1Sm 22.2). Na caverna os desamparados foram acolhidos; os enfraquecidos foram fortalecidos e encorajados; e os desanimados foram animados. Na liderança de Davi homens fracassados se tornaram em um exército de valentes e vencedores.

3.3 - Davi ensinou seus liderados. Davi sempre aproveitava as oportunidades para ensinar seus homens (1Sm 24.7,8; 26.8-10). Enquanto Saul contava com um poderoso exército de homens bem treinados e alimentados, Davi dispunha apenas de um pequeno grupo de homens desqualificados. Mas, o grande e bem preparado exército de Saul não pôde impedir que ele fosse derrotado e morto (1Sm 31.1-13); enquanto que, aqueles fracos homens de Davi, puderam vê-lo sendo constituído rei de todo o Israel (2Sm 5.1-12). Nos vários estágios da vida de Davi, ele demonstrou sabedoria; quer seja quando estava cuidando das ovelhas de seu pai (1Sm 17.15,20); quer seja quando estava no palácio, à serviço do rei (1Sm 18.5,14); quer seja quando estava fugindo da presença de Saul (1Sm caps. 24,26): “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Sl 111.10; Pv 9.10).

3.4 - Davi foi humilde. Humildade significa: “ausência de orgulho e de soberba” e ser humilde é o mesmo que “ser simples”, “modesto”. É uma das principais características de um líder. Davi era um homem humilde e nunca se autoproclamou rei de Israel, nem revelou a ninguém que iria substituir a Saul, mesmo depois de haver sido ungido como rei (1Sm 16.1-13).

3.5 - Davi foi motivador. Uma das principais características de um líder é a capacidade de motivar seus liderados, principalmente diante dos desafios e das dificuldades. Davi soube motivar, não só os seus liderados (1Sm 22.23; 23.1-5) como também seu próprio líder, Saul (1Sm 17.32).

3.6 - Davi foi paciente. Davi soube passar pelos muitos estágios em sua vida (Sl 40.1-5), pois foi pastor de ovelhas (1Sm 16.11); músico do rei (1Sm 16.23); pajem de armas (1Sm 16.21); capitão do exército de Israel (1Sm 18.13,30; 2Sm 5.2-a;); líder de um exército de quatrocentos homens (1Sm 22.1,2); e, depois, de seiscentos homens (1Sm 30.9). Na verdade, estes estágios em sua vida foi um período de preparação para que ele se tornasse, finalmente, rei de todo o Israel (2Sm 5.1-5).

CONCLUSÃO
Se não foi fácil para Davi liderar sobre aqueles fracos homens, também não foi fácil para eles serem liderados por Davi, pois, naquela ocasião, ele não tinha nada a lhes oferecer. Não tinha emprego, salário, posses, e nem despojos par repartir com eles. No entanto, eles se submeteram à liderança de Davi, mesmo que, aparentemente, nada pudessem receber em troca.Tivessem eles rejeitado à liderança de Davi, não teriam tido o privilégio de, tempos depois, servirem ao rei de Israel. Por isso, aprendemos, não só com Davi, mas também, com sua equipe de liderados a sermos obedientes e submissos a Deus e aos nossos líderes.

REFERÊNCIAS
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. SP: OBJETIVA, 2001.
JOSEFO, Flávio (Trad. Vicente Pedroso). História dos Hebreus. RJ: CPAD, 2007.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
WIERSBE Warner W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA, 2010.

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