segunda-feira, 28 de outubro de 2019

LIÇÃO 05 – A INSTITUIÇÃO DA MONARQUIA EM ISRAEL - (1 Sm 2.22-25; 3.10-14) 4º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 05 – A INSTITUIÇÃO DA MONARQUIA EM ISRAEL - (1 Sm 2.22-25; 3.10-14)
4º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição da palavra monarquia; notaremos que o estabelecimento de um rei sobre Israel já era algo predito por Deus em sua Lei; pontuaremos quais os critérios para a escolha do rei; estudaremos sobre a monarquia e o reino unido, e por fim; falaremos sobre a monarquia e o reino dividido.

I - DEFINIÇÃO DA PALAVRA MONARQUIA
1.1 - Definição do termo. Segundo o dicionarista Antônio Houaiss (2001, p. 1949) o termo monarquia significa: “forma de governo em que o chefe de Estado tem o título de rei ou rainha ou seus equivalentes”. Monarquia é uma das mais antigas formas de governo, com ecos na liderança de chefes tribais. Existem duas principais formas de monarquia: a absoluta (considerada um regime autoritário), em que o poder do monarca vai além do chefe de Estado, e a constitucional ou parlamentar (considerada um regime democrático), em que o poder do monarca é limitado por uma constituição. Formas de governo sem um monarca (rei) são denominadas de repúblicas.

II - A MONARQUIA EM ISRAEL
2.1 - O estabelecimento da monarquia em Israel. Deus já havia dito que de Abraão descenderia reis (Gn 17.6; 49,10); por meio de Jacó, anunciou que o cetro ficaria com Judá (Gn 49.10); e, por meio de Moisés exortou como deveria ser a postura de um rei (Dt 17.14-20). O registro de Samuel nos mostra que ainda não era o tempo, e, o povo precipitou-se pedindo para si um monarca (1Sm 10.19; 12.19); no entanto, Deus atendeu a voz do povo. Ficou explícito em sua instituição que Deus reprovou tal escolha para aquele momento de Israel (1Sm 12.18-19). Não era errado Israel desejar um rei, o problema residia no fato de que o povo estava rejeitando o Senhor como seu líder, porque queria ser como as “outras nações” (1Sm 8.5). Deus, em sua misericórdia, ordenou que Samuel cuidadosamente explicasse ao povo os “prós” e “contras” de se ter um rei (1Sm 8.11-18). É bem verdade que se encontrava disposto na Lei mosaica acerca dos ditames peculiares a um rei (Dt 17.14,15), no entanto, Israel e os seus anciãos erraram ao não reconhecerem o Senhor como seu legítimo e verdadeiro Rei (1Sm 8.7; 12.12). De fato é inegável que era da vontade de Deus que Israel tivesse um monarca (Gn 49.10; Nm 24.17; Dt 2.10; 17.14-20). Entretanto, não era de seu anelo que Israel obtivesse da maneira como estava fazendo na ocasião errada e com motivos impróprios, mas mesmo assim Deus permitiu o estabelecimento de um rei.

III - CRITÉRIOS PARA O ESTABELECIMENTO DO REI EM ISRAEL
Na história dos hebreus a monarquia foi uma concessão de Deus correspondendo a um desejo da parte do povo (1Sm 8.7;12.12). Esse desejo, que já havia sido manifestado numa proposta a Gideão (Jz 8.22,23), e na escolha de Abimeleque para rei de Siquém (Jz 9.6), equivale à rejeição da teocracia (1Sm 8.7), visto como o Senhor era o verdadeiro rei da nação (1Sm 8.7; Is 33.22). A própria terra era conservada, como sendo propriedade divina (Lv 25.23). Notemos alguns critérios estabelecidos por Deus para a escolha do rei em Israel:

3.1 - O rei não poderia ser estrangeiro. Enquanto os israelitas eram residentes forasteiros em Canaã e no Egito, muitos que não eram israelitas faziam parte das casas dos filhos de Jacó e de seus descendentes (Gn 17.9-14). Alguns dos envolvidos em casamentos mistos, junto com seus filhos, estavam incluídos na grande mistura de gente que acompanhou os israelitas no Êxodo (Êx 12.38; Lv 24.10; Nm 11.4). No entanto, em assuntos governamentais, o estrangeiro não tinha nenhuma posição política e nunca podia tornar-se rei do povo de Israel: “[…] dentre teus irmãos porás rei sobre ti; não poderás pôr homem estranho sobre ti, que não seja de teus irmãos” (Dt 17.15).

3.2 - O rei deveria ser escolhido pelo Senhor. Qual era o grande requisito para ser designado rei em Israel? Era um único e estava absolutamente a cargo de Deus: ser escolhido por Ele: “Porás, certamente, sobre ti como rei aquele que escolher o Senhor teu Deus [...]” (Dt 17.15). O rei não se escolhia a si mesmo, mas era o Senhor quem o escolhia. A Bíblia diz que somos embaixadores (2Co 5.20; 8.23; Ef 6.20) e um embaixador não se nomeia a si mesmo. Moisés, ao findar o seu ministério pediu ao Senhor que pusesse um homem escolhido por Ele para ser líder do povo de Israel; e o Senhor escolheu Josué, servo de Moisés (Js 1.1). Lembramos também o profeta Amós que não era filho de profeta, mas boieiro. Mas foi chamado pelo Senhor (Am 7.14,15). Os apóstolos, do mesmo modo, não se escolheram a si mesmos (1Co 12.28; Ef 4.11 ver Lc 6.12,13).

3.3 - O rei deveria ser piedoso. O rei não poderia multiplicar para si cavalos (Dt 17.16). No Salmo 20, que é uma oração pelo rei, lemos no verso 7 que “uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor”. Podemos considerar “cavalos” como a força natural do próprio braço, ou seja, sua força. Mas não é pela força nem pela violência que o rei tinha vitória (Zc 4.6). O rei ainda não poderia multiplicar para si mulheres (Dt 17.17-a); não poderia multiplicar para si ouro ou prata (Dt 17.17-b); e, deveria ler a Palavra de Deus todos os dias da sua vida (Dt 17.19)

3.4 - O rei deveria ser ungido. Desde as origens da monarquia, a unção já é mencionada (1Sm 9.16; 10.1; 2Sm 2.4; 5.3). Esta unção era acompanhada da vinda do Espírito Santo; pois ela conferia uma graça especial ao monarca. Assim, o Espírito de Deus se apossou de Saul depois que este foi ungido (1Sm 10.10), e no caso de Davi aparece ainda mais (1Sm 16.13). O rei é o ungido do Senhor e merecia ser respeitado e honrado (1Sm 24.7,11; 26.9,11,16,23; 2Sm 1.14,16; 2Sm 19.22).

IV - A MONARQUIA E O REINO UNIDO
Sob a liderança de Josué os israelitas conquistam a terra de Canaã, abandonaram o nomadismo e estabelecem-se nas terras conquistadas de Canaã, dividindo o território entre as 12 tribos. O reino unido foi a época em que as doze tribos de Israel tinham um único soberano. Somente três reis reinaram sobre todo o povo unido de Israel (as doze tribos). Depois os israelitas se dividiram em dois reinos: Judá, ao sul, e Israel, ao norte. O reino de Judá teve 19 reis e uma rainha ao longo de 340 anos, enquanto que o reino de Israel teve 19 reis ao longo de 200 anos. Notemos:

4.1 - O primeiro rei: Saul (1Sm 10.1). O primeiro monarca de Israel ascendeu ao trono com um alto índice de popularidade (1Sm 9.2; 10.22-24 ver ainda 1 Sm 11.6,11), e reinou quarenta anos (At 13.21). Ao pedir um rei a Deus, o povo de Israel entristeceu o profeta Samuel (1Sm 8.6), mas Deus o advertiu (1Sm 8.7 ver ainda 1Sm 12.17-19). Saul foi o primeiro rei de Israel. Com ele se inicia a monarquia. Sua escolha se deu por designação profética e aclamação popular (1Sm 10.24). Era da tribo de Benjamim (1Sm 9.1,2) e foi ungido pelo profeta Samuel, (1Sm 10.1). Iniciou seu governo com uma vitória sobre os amonitas (1Sm 11.6- 11), e contou com grande apoio popular (1Sm 11.15). Saul não teve palácio nem trono apenas um assento em Gibeá (1Sm 20.25). Foi um rei guerreiro que conduziu sua nação a inúmeras vitórias militares (1Sm 13.15). Todo o tempo de seu reinado foi gasto em guerras e combateu os filisteus e os amalequitas. Porém, foi rejeitado pelo Senhor por não obedecer à sua Palavra (1Sm 13.13,14; 15.11,23). No final de seu reinado, temendo perder o trono, passou a perseguir a Davi e procurava matá-lo.

4.2 - O segundo rei: Davi (1Sm 16.1). Davi era da tribo de Judá e um dos ascendentes de Jesus (Mt 1.1-6); foi ungido por Samuel quando Saul ainda reinava (1Sm 16.1-13). Foi um homem “segundo o coração de Deus” (1Sm 13.14 ver At 13.22) e foi escolhido e ungido rei ainda moço (1Sm 16.1-13 ver Sl 89.20), mas, em sua trajetória até o trono, passou por um longo período de perseguição, batalhas e desafios até ser coroado rei sobre todo o Israel. Foi ungido rei primeiramente sobre Judá e, sete anos depois, sobre todo o Israel (2Sm 5.1-5). Ele levou a nação de Israel a patamares inimagináveis (2Sm 5.1,2), e teve o seu reino confirmado (2Sm 7.16). Davi nunca se queixou do laborioso e solitário pastoreio das ovelhas de seu pai e mesmo ungido rei não hesitou em voltar ao seu trabalho habitual (1Sm 16.19). Ele tinha um coração de servo e o próprio Deus testificou disso (Sl 78.70; 89.20). Era humilde e reconhecedor de suas limitações (Sl 131; 40.12,17). Apesar de ser um soldado inigualável, um comandante corajoso, um rei bem sucedido, sempre atribuiu todas as suas vitórias ao Senhor dos Exércitos (Sl 34.4-7; 40.5-10; 124; 144.1,2). Portava-se perante o Altíssimo com o coração sincero (Sl 26.2; 38.9), e apesar de suas grandes falhas, seu maior desejo era conhecer os caminhos de Deus, e para isso, punha-se sob sua direção em tudo que fazia (Sl 17.5; 18.21; 25.4,5; 143.8,10), e Jeová era seu mais precioso tesouro (Sl 16.2,5; 142.5). Além de conhecer seus erros (2Sm 12.13a; Sl 51.4), ele arrependeu-se do que fez, pediu perdão e foi perdoado pelo Senhor Deus (2Sm 12.13b; Sl 32.5; 38.18; 51.3-19).

4.3 - O terceiro rei: Salomão (1Rs 1.39). Quando Davi atingiu a velhice, ordenou ao sacerdote Zadoque que ungisse a Salomão e o proclamasse rei sobre Israel (1Rs 1.33-40). O rei Salomão, o terceiro rei de Israel, foi mais sábio do que todos os homens, pois Deus lhe deu “sabedoria e muitíssimo entendimento” (1Rs 4.29-31). Durante o seu reinado, ele construiu o templo de adoração a Deus, que era a glória e o orgulho de toda a nação. Num ato de adoração ao Senhor, ofereceu mil sacrifícios em Gibeão (1Rs 3.4). Lá estava o tabernáculo e o altar de bronze que Moisés havia erigido no deserto (2Cr 1.2-5). Naquela mesma noite, o Senhor apareceu em sonhos a Salomão e neste sonho, Deus faz ao rei uma pergunta, dando-lhe a oportunidade de pedir o que desejasse, e sua resposta foi: “sabedoria para governar o povo de Israel” (1Rs 3.3-10). Naquela noite, Salomão teve uma experiência com Deus que marcou seu reinado e reinou com notória sabedoria e sucesso apesar de suas falhas.

V - A MONARQUIA E O REINO DIVIDIDO
Após 120 anos de monarquia, uma grande cisão política e religiosa durante o reinado de Roboão separou a nação de Israel em dois reinos: reino do Sul, Judá (duas tribos) e reino do Norte (dez tribos) (2Cr 10.1-15). Os reis de Judá eram descendentes de Davi mas os reis de Israel vieram de várias famílias e tribos diferentes. Notemos:

5.1 - A dinastia do Norte (Israel ou Samaria). O reino de Israel teve 19 reis ao longo de 200 anos de dinastia (série de reis ou soberanos de uma mesma família que se sucedem no trono) tendo o cativeiro assírio marcado o seu fim. Todos os 19 reis (Jeroboão I; Nadabe; Baasa; Elá; Zinri; Onri; Acabe; Acazias; Jorão; Jeú; Jeoacaz; Jeoás; Jeroboão II; Zacarias; Salum; Menaém; Pecaías; Peca e Oseias) “fizeram o que pareciam mal aos olhos do Senhor” (1Rs 12.20). Por mais que os profetas exortassem o povo a voltar para os mandamentos de Deus, a liderança permanecia no erro, porque lhe era conveniente. Assim, o reino do Norte, deixou de existir quando a Assíria derrubou a monarquia israelita e levou as tribos em cativeiro.

5.2 - A dinastia do reino do Sul (Judá). O reino de Judá com a capital em Jerusalém teve 19 reis e uma rainha ao longo de 340 anos com uma durabilidade maior de 140 anos a mais que o reino do Norte. O governo foi exercido por 19 descendentes de Davi (Roboão; Abias; Asa; Josafá; Jeorão; Acazias; Joás; Amazias; Uzias; Jotão; Acaz; Ezequias; Manassés; Amom; Josias; Jeoacaz; Jeoaquim; Joaquim e Zedequias) mais uma mulher que foi Atalia que quando soube que seu filho Acazias estava morto, matou todos os netos (menos um, que escapou foi salvo pela sua tia) e tomou o trono, mas, depois de sete anos foi deposta e assassinada (2Rs 11.1-20). Um dos momentos áureos do reino de Judá foi a grande reforma promovida pelo rei Ezequias, na qual o culto e o sacrifício a Deus foram restaurados (2Cr 30.26). Infelizmente, apesar das profecias advertindo o povo sobre abandonar a idolatria e voltar-se para Deus, eles continuaram vivendo de maneira leviana e irresponsável.

CONCLUSÃO
Aprendemos com esta lição que o segredo de desfrutarmos das bênçãos do Senhor é permanecermos em sua presença em obediência e nos submetermos a sua vontade (Dt 28.1-14).

REFERÊNCIAS
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. SP: OBJETIVA, 2001.
JOSEFO, Flávio (Trad. Vicente Pedroso). História dos Hebreus. RJ: CPAD, 2007.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
WIERSBE Warren W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA, 2010.

LIÇÃO 04 – A DEGENERAÇÃO DA LIDERANÇA SACERDOTAL - (1 Sm 2.22-25; 3.10-14) 4º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 04 – A DEGENERAÇÃO DA LIDERANÇA SACERDOTAL - (1 Sm 2.22-25; 3.10-14)
4º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição do termo degenerar; pontuaremos a corrupção moral e espiritual de Israel; estudaremos sobre a mensagem de juízo para Israel vinda da parte de Deus; e por fim, analisaremos o castigo divino a nação por causa de sua degeneração.

I – DEFINIÇÃO DO TERMO DEGENERAR
1.1 - Definição do verbo degenerar. O verbo “degenerar” significa: “mudar para um estado ou condição qualitativamente inferior; declinar, estragar. Mudar para pior; ocasionar ou adquirir maus hábitos ou práticas; corromper-se; deturpar; apodrecer; depravar; estragar” (HOUAISS, 2001, p. 928). Enquanto a palavra regenerar fala de uma mudança para melhor, degenerar é uma mudança para pior; é um movimento regressivo e não progressivo. A degeneração é entendida como a alteração de algo. É mudar para uma condição ou estado de inferioridade. Lendo Jeremias 2.21, o texto usa a palavra degenerado em relação a Israel como povo de Deus, pois de uma vide excelente vieram a ser uma planta amarga. Esse é o sentido de “pikrían” que aparece na Septuaginta (versão da Bíblia do hebraico para o grego) […]. Na Vulgata Latina (versão da Bíblia do grego para o latim) aparece como adjetivo “právus” para referir-se a algo disforme, defeituoso, depravado (GOMES, 2019, p. 67 – grifos nosso).

II – A DEGENERAÇÃO MORAL E ESPIRITUAL DE ISRAEL
2.1 - Situação do povo. O período dos juízes que se estende até aos dias de Samuel, foi um período de oscilações espirituais na vida do povo de Israel. Quando estavam em paz e prosperidade davam as costas para o Senhor e adoravam os ídolos (Jz 2.11; 3.7,12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1), quando se viam em aperto clamavam ao Deus verdadeiro (Jz 3.9,15; 4.3; 6.6; 10.10). A idolatria estava enraizada no meio do povo escolhido (1Sm 7.3,4).

2.2 - Situação dos líderes. Deus nomeou homens a fim de que eles pudessem conduzir o povo de Israel nos caminhos e na vontade do Senhor. No entanto, quando os líderes se desviavam o prejuízo era ainda maior. Vejamos como estava os líderes no período inicial do livro de 1 Samuel:

2.2.1 - Eli era conivente com os erros de seus filhos. Eli Era descendente de Arão e Itamar, tornou-se sumo sacerdote no centro da adoração em Siló. Eli esteve a frente do povo como juiz e sacerdote por pelo menos quarenta anos (1Sm 4.18), e viveu até aos 98 anos de idade (1Sm 4.15). Seu nome significa: “O Senhor é exaltado”, e a despeito da confiança e da fé que ele tinha no Senhor, ele não foi bem sucedido na formação de sua família. Seus dois filhos, que eram sacerdotes, pecavam contra o Senhor, no entanto, Eli se restringiu apenas a uma repreensão verbal e nada mais (1Sm 2.22-26). Eli não honrou o seu chamado e estimou mais os filhos do que a Deus (1Sm 2.28,29). Eli foi:

a) um pai ausente, que não tinha tempo para os filhos (1Sm 4.18);
b) um pai omisso, que não abriu os olhos para ver os sinais de perigo dentro do seu lar (1Sm 2.22-24; 29-34; 3.11-12,17-18);
c) um pai conivente (1Sm 2.29; 3.13); e,
d) um pai passivo ao fatalismo (1Sm 3.18).

2.2.2 - Hofni e Finéias pecavam contra Deus. Os filhos de Eli, Hofni e Finéias, foram chamados por Deus para o sacerdócio (1Sm 1.3). No entanto, por causa do seu mau comportamento, foram chamados de filhos de Belial: “Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial” (1Sm 2.12-a). Esta expressão hebraica é usada para descrever pessoas desprezíveis e blasfemadoras do hebraico “gadaph” (Dt 13.13; Jz 19.22; 1Sm 25.25; Pv 16.27). Paulo usa Belial “belliyya ́al” com o um sinônimo de Satanás (2Co 6.15). É dito também que eles “não conheciam ao SENHOR” (1Sm 2.12-b), ou seja, não possuíam qualquer conhecimento do verbo hebraico “yadá” íntimo e pessoal de Deus. Vejamos quais foram os pecados destes homens que os fizeram desprezíveis:

a) Pecados de ordem cúltica (1Sm 2.12-17). A lei descrevia com precisão as porções dos sacrifícios que pertenciam aos sacerdotes (Lv 3.3-5; 7.28-36; 10.12-15; Dt 18.1-5), mas os dois irmãos tomavam para si toda a carne que queriam e, ainda, as partes de gordura que pertenciam ao Senhor (Lv 7.28-36). Chegavam até a pegar a carne crua para assá-la e não ter de comê-la cozida. Eles “desprezavam a oferta do Senhor” (1Sm 2.17) e “pisavam os sacrifícios do Senhor” (1Sm 2.29).

b) Pecados de ordem moral (1Sm 2.22,23). Além dos pecados de ordem cúltica (cerimonial), o registro bíblico também diz que os filhos de Eli cometiam imoralidade sexual com alguns mulheres que ficavam a porta do templo.

c) Pecados de ordem pessoal (1Sm 2.25). É forte a expressão “O Senhor os queria matar”. Lendo os textos de Números 15.30, Josué 11.20, Provérbios 15.10, logo se entende claramente o porque de Deus querer matar esses dois filhos de Eli. O texto esclarece que eles se colocaram em rebeldia e oposição a Deus, visto que esse é literalmente o sentido da expressão “filhos de Belial”. O procedimento pecaminoso, imoral, corrupto, incluindo o sacrilégio, resultou de uma deliberação própria dos filhos de Eli. Podemos dizer que sua rebelião foi algo idiossincrático, ou seja, algo pessoal, interno, característico do comportamento, do modo de agir ou da sensibilidade e individualidade de alguém (Jz 21.25; 1Sm 2.17).

III – A MENSAGEM DE JUÍZO PARA ISRAEL
Diante do quadro caótico de grande parte do povo e da liderança de Israel, Deus falou uma mensagem de juízo. Veio um homem de Deus a Eli e lhe revelou o que Deus iria fazer para punir os transgressores. Notemos:

3.1 - Contra os sacerdotes. Na mensagem profética Deus lembrou a Eli o que ele tinha feito de bom ao povo de Israel e ao próprio Eli chamando-o para exercer o sacerdócio. No entanto, apesar desse tamanho privilégio Eli não deu o devido valor a sua vocação e tratou com desdém as coisas sagradas (1Sm 2.27-29). Deus prometeu punir Eli e seus descendentes, fazendo com que morressem precocemente antes de completar a idade de exercerem o sacerdócio que era aos 30 anos (Nm 4.3,23,30,35,39,43,47; Lc 3.23). O homem de Deus profetizou a destruição da família de sacerdotes de Eli por causa de sua desobediência ao Senhor (1Sm 2.31-33). Mais tarde esta mensagem foi confirmada por meio de Samuel (1Sm 3.11-14). Como sinal do cumprimento desta mensagem, o homem de Deus disse que Hofni e Finéias morreriam no mesmo dia (1Sm 2.34). O juízo também foi cumprido no massacre em Nobe (1Sm 22.11-19), e quando a herança sacerdotal foi transferida para a família de Zadoque no reinado de Salomão (1Rs 2.26,27,35).

3.2 - Contra o povo. Além de repreender o sacerdote Eli e seus filhos com uma dura mensagem de juízo, o homem de Deus também disse o que aconteceria com o povo: “E verás o aperto da morada de Deus, em lugar de todo o bem que houvera de fazer a Israel” (1Sm 2.32).

IV – O CASTIGO PELA DEGENERAÇÃO DA LIDERANÇA SACERDOTAL
4.1 - Escassez de manifestação. Samuel foi levantado em um tempo onde não havia atividade profética, provavelmente porque havia poucos israelitas fiéis que dariam ouvidos à Palavra de Deus: “[…] não havia visão manifesta” (1Sm 3.1). Observamos o quanto o povo daquela época estava longe de Deus (Jz 21.25), as pessoas faziam o que parecia bem aos seus olhos justamente por não terem ensinamentos corretos, não havia dedicação e muito menos zelo pela Palavra do Senhor, esqueceram dos princípios que um dia receberam. O estado espiritual do povo era o mesmo que o do sacerdote “sem visão” (1Sm 3.2).

4.2 - Derrota nas batalhas. A punição pelos pecados de Eli e sua família aconteceu de duas maneiras: a destruição quase total de uma família sacerdotal e a humilhação de uma nação inteira. Mas ainda ficaram descendentes e parentes de Eli, os quais, mais à frente foram mortos por Saul. Nessa ocasião o Tabernáculo tinha sido transferido para Nobe, e o sumo sacerdote era Aimeleque, bisneto de Eli. Por achar que este tinha ajudado Davi a fugir, Saul mandou matar ele e todos os demais sacerdotes, em número de oitenta e cinco. Só escapou Abiatar (1Sm 22.6-23), que mais tarde tornou-se sumo sacerdote, durante o reinado de Davi, mas foi destituído por Salomão, cumprindo-se a profecia do homem de Deus em Siló (1Sm 2.35,36; 4.2; 1Rs.2.27).

4.3 - Morte dos líderes. Houve diversos prenúncios da punição divina a Eli e seus filhos, aos quais ele não deu a devida atenção, e por isso o desastre atingiu não somente sua família, mas a todo o povo de Deus. O próprio Eli os avisou que um pecado cometido contra o Senhor não permitiria intercessão (1Sm 2.22-25). Depois Deus usou o menino Samuel para dizer a Eli que estava prestes a enviar um castigo terrível sobre ele e seus filhos (1Sm 3.1-21). Eli respondeu a Samuel: “Ele é o Senhor, faça o que bem parecer aos seus olhos” (1Sm 2.18). Cumprindo as profecias divinas, Eli, seus filhos e uma de suas noras, morreram todos no mesmo dia (1Sm 4.12-22).

4.4 - A perda do ministério sacerdotal. Deus havia dado o sacerdócio a Arão e a seus descendentes para sempre, e ninguém poderia tomar deles essa honra (Êx 29.9; 40.15; Nm 18.7; Dt 18.5 ). Porém, os servos de Deus não podem viver como bem entendem e esperar que o Senhor os honre, “porque aos que me honram, honrarei” (1Sm 2.30). O privilégio do sacerdócio continuaria sendo da tribo de Levi e da casa de Arão, mas Deus o tomaria da linhagem de Eli (1Sm 2.36). No tempo de Davi, havia pelo menos dois descendentes de Eleazar para cada descendente de Itamar (1Cr 24.1-5), de modo que a família de Eli foi, aos poucos, desaparecendo. Eli era descendente de Arão pela linhagem de Itamar, o quarto filho de Arão, mas Deus abandonaria essa linhagem e se voltaria para os filhos de Eleazar, o terceiro filho de Arão e seu sucessor com o sumo sacerdote (ver 1Rs 2.26,27,35). Os nomes de Eli e de Abiatar não aparecem na lista de sumos sacerdotes israelitas em 1Crônicas 6.3-15. Ao confirmar Zadoque com o sumo sacerdote, Salomão cumpriu a profecia proferida pelo homem de Deus quase um século e meio antes.

4.5 - A perda da arca do Senhor. A tragédia também atingiu toda a nação quando os israelitas foram derrotados pelos filisteus, e estes tomaram a Arca da Aliança (1Sm 4.11), símbolo da presença de Deus no meio do povo. Por isso, a mulher de Finéias, que morreu ao saber da notícia e enquanto dava à luz um menino, deu-lhe o nome de Icabode, que significa “Foi-se a glória de Israel” (1Sm 4.19-22).

CONCLUSÃO
Devemos vigiar para não termos o mesmo final triste e penoso de Eli e seus filhos. Precisamos fazer como Samuel fez, honrar ao Senhor e servi-lo com fidelidade.

REFERÊNCIAS
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. SP: OBJETIVA, 2001.
JOSEFO, Flávio (Trad. Vicente Pedroso). História dos Hebreus. RJ: CPAD, 2007.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. SP: CULTURA CRISTÃ, 2010.
WIERSBE Warren W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA, 2010.

domingo, 13 de outubro de 2019

LIÇÃO 03 – O CHAMADO PROFÉTICO DE SAMUEL – (1 Sm 3.1-10) 4º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 03 – O CHAMADO PROFÉTICO DE SAMUEL –  (1 Sm 3.1-10)
4º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Nesta lição traremos uma definição da palavra profeta, uma das expressões principais desta aula; pontuaremos também, alguns aspectos importantes sobre o chamado profético de Samuel; destacaremos algumas das diferenças entre o profeta no Antigo Testamento e a figura do profeta no Novo Testamento; e por fim, veremos o que a Bíblia ensina sobre profeta como um dom ministerial e o dom de profecia.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA PROFETA
1.1 - No Antigo Testamento. A palavra hebraica para profeta é: “nabí” (leia-se: naví porque no original hebraico aparece a letra “veth” e não a letra “beth”), que vem da raiz verbal “nabá” (leia-se: navá). Essa palavra significa: “anunciador”, e por extensão, “aquele que anuncia as mensagens de Deus, frequentemente recebidas por revelação ou discernimento intuitivo”. Os termos hebraicos “ra’ah” e “hôzeh” também são usados e significam “aquele que vê”, ou seja, “vidente”.Todas as três palavras aparecem em 1Cr 29.29. “Nabí” é termo usado por mais de trezentas vezes no Antigo Testamento, alguns poucos exemplos são (Gn 20.7; Êx 7.1; Nm 12.6; Dt 13.1; Jz 6.8; 1Sm 3.20; 2Sm 7.2; 1Rs 1.8; 2Rs 3.11; Ed 5.1; Sl 74.9; Jr 1.5; Ez 2.5; Mq 2.11) (CHAMPLIN, 2004, p. 423).

1.2 - No Novo Testamento. A palavra comumente usada é: “prophétes”, que aparece por cento e quarenta e nove vezes, que exemplificamos com (Mt 1.22; 2.5,16; Mc 8.28; Lc 1.70,76; 7.16; Jo 1.21,23; 3.18,21; Rm 1.2; 11.3; 1Co 12.28,29; 14.29,32,37; Ef 2.20; Tg 5.10; 1Pd 1.10; 2Pe 2.16; 3.2; Ap 10.7; 11.10). O substantivo “propheteía”, “profecia”, é usado por dezenove vezes no NT (Mt 13.14; Rm 12.6; 1Co 12.10; 13.2,8; 14.6,22; 1Ts 5.20; 1Tm 1.18; 4.14; 2Pe 1.20,21; Ap 1.3; 11.6; 19.10; 22.7,10,18,19). Essas palavras derivam do grego: “pro”, “antes”, “em favor de”; e, “phemi”, “falar”, ou seja, “alguém que fala por outrem”, e por extensão, “intérprete”, especialmente da vontade de Deus (CHAMPLIN, 2004, p. 424).

II – O CHAMADO PROFÉTICO DE SAMUEL
O registro de Atos 3.24 está escrito: “E todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também anunciaram estes dias”, indicando que Samuel foi o primeiro de uma nova ordem ou linhagem de profetas. Vejamos algumas considerações sobre seu chamado:

2.1 - O tempo do chamado. Assim como o profeta Jeremias foi chamado para exercer o ministério profético ainda muito jovem (Jr 1.1-6), a convocação de Deus para a vida de Samuel se dá no momento de sua tenra idade (1Sm 3.4). Por essa época, provavelmente Samuel já era um adolescente; mas o texto sagrado nada revela sobre a idade dele por ocasião da visita divina. O termo hebraico “na’ar” empregado aqui (1Sm 3.1), pode falar de uma criança de qualquer idade, desde um infante recém nascido (1Sm 4.21) até um homem de 40 anos (ver 2Cr 13.7). Flávio Josefo disse que Samuel, por essa época, tinha 12 anos de idade (CHAMPLIN, 2001, p. 1136). Era aos 12 anos que um menino israelita se tornava filho da lei, passando a ser considerado pessoalmente responsável por obedecer e seguir aquele documento (Lc 2.39). Fica portanto claro no chamado de Samuel, que as escolhas de Deus para o serviço sagrado são baseadas em sua soberania, e não estão restritas a status, capacidade ou mesmo idade (1Sm 16.11-13; Am 7.14,15; Mc 3.13).

2.2 - O contexto espiritual do chamado. Este era um período de declínio espiritual na nação de Israel (Jz 21.25). Além do exemplo negativo dos filhos do sacerdote Eli (1Sm 2.17,22-24) naqueles dias a revelação de Deus era algo raríssimo: “[…] E a palavra do SENHOR era de muita valia naqueles dias; não havia visão manifesta” (1Sm 3.1) de modo que, assim como suas reiteradas manifestações eram consideradas um sinal de favor e aprovação (Os 12.10), pouca frequência destas revelações era um sinal de desaprovação por parte do Senhor (Sl 74.9; Lm 2.9; Ez 7.26; Am 8.11). É em meio a esta realidade que: 

(a) Samuel ouve a voz de Deus: “o SENHOR chamou a Samuel [...]” (1Sm 3.4),
(b) a presença de Deus é revelada: “Então, veio o SENHOR e ali esteve [...]” (1Sm 3.10) e, (c) Samuel recebe a mensagem de Deus: “E disse o SENHOR a Samuel: Eis aqui vou eu a fazer uma coisa em Israel” (1Sm 3.11).

O jovem profeta é levantado por Deus em tempos de crises, para mudar aquele ambiente hostil (1Sm 3.21).

2.3 - O reconhecimento do chamado. O crescente reconhecimento, entre o povo de Israel, de que o Senhor estava com Samuel e fazia dele o Seu porta-voz, está indicado no seguinte texto: “E crescia Samuel, e o SENHOR era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra”. “E todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado por profeta do SENHOR” (1Sm 3.19,20). Desde Dã até Berseba é a típica maneira de descrever “a extensão e a amplitude da terra” (cf. Jz 20.1). Dã estava no extremo norte, Berseba era o ponto mais ao sul. Tradicionalmente, Dã marcava a fronteira do extremo norte de Israel, ao mesmo tempo que Berseba assinalava o extremo sul. Isso posto, a expressão “desde Dã até Berseba” tornou-se proverbial, indicando toda a extensão do território de Israel. Todos quantos são chamados por Deus, têm o atesto da escolha Divina (Êx 3.12; 4.1-9; 15-17; 2Rs 2.12-15; Js 1.5,17; 3.7; Jr 1.17-19; Ag 2.23; Mc 16.20; At 5.12; 14.3; Hb 2.4).

III – DIFERENÇA ENTRE O PROFETA DO AT E DO NT
Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, o profeta era um “porta-voz oficial da divindade, sua missão era preservar o conhecimento divino e manifestar a vontade do Único e Verdadeiro Deus” (ANDRADE, 2006, p. 305). Todavia, eles eram diferentes um do outro, como veremos abaixo:

3.1 - O profeta no Antigo Testamento. Os profetas foram homens que Deus suscitou durante os tempos sombrios da história de Israel (2Rs 17.13). “No Antigo Testamento, este ofício era de âmbito nacional. Quando Deus levantava um profeta, conferia-lhe a missão de falar em seu Nome para toda a nação e até para povos estranhos” (RENOVATO, 2014, p.84). Na Teologia, o período do surgimento dos profetas é nomeado de “profetismo” aludindo ao “movimento que, surgido no Século VIII a.C., em Israel, tinha por objetivo restaurar o monoteísmo hebreu, combater a idolatria, denunciar injustiças sociais, proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica num povo que já não podia esperar contra a esperança. Tendo sido iniciado por Amós, foi encerrado por Malaquias. João Batista também é visto como o último representante deste movimento (Mt 11.13)” (ANDRADE, 2006, p. 305 – acréscimo nosso). O profeta do AT era um homem que, além de transmitir a mensagem de Deus tinha outras atribuições, tais como:

(1) ungir reis (1Sm 9.16; 16.12-13; 1Rs 19.16);
(2) aconselhar reis (1Sm 10.8; 21.18; 2Sm 12; 2Rs 6.9-12);
(3) ser consultado pelas pessoas (1Sm 9.8-10; 1Rs 14.5; 22.7; 22.18; Jr 37.7).

Os oráculos dos santos profetas que estão no cânon sagrado não estão a mercê de julgamento humano (2Pd 1.21).

3.2 - O profeta no Novo Testamento. Sobre a figura do profeta no NT, Donald Stamps (2012, p. 1814) afirma: “Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e pureza da Igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito e revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu povo”. Portanto, os profetas são ministros pregadores cuja prédica pode ser uma mensagem de edificação, exortação e consolação dos crentes (1Co 14.3). Na Igreja Primitiva e em Antioquia havia homens que exerciam este ministério (At 13.1). “Em Atos 15.23, temos o profeta consolando, fortalecendo e aconselhando. É certo também que o título de profeta poderia ser usado para designar o ministério de alguns obreiros, em virtude da sua natureza sobrenatural, pela abundância da inspiração com que proclamam os oráculos de Deus” (SOUZA, 2013, pp. 33,34). Eis algumas características do ministério profético no NT:

(a) Proclamava e interpretava, cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina (At 2.14-36; 3.12-26; 1Co 12.10; 14.3);
(b) Exercia o dom de profecia (At 13.1-3); e,
(c) Às vezes prediz o futuro (At 11.28; 21.10,11).

IV – DIFERENÇAS ENTRE O DOM DE PROFETA E O DOM DE PROFECIA
4.1 - Dom de profeta (permanente) . A palavra “ministro” (1Co 3.5; 4.2; 2Co 3.6; 6.4) significa um servo de Deus que ocupa um “ministério” (1Co 4.1,2; 2Co 6.3), que é um encargo constituído por Deus, que, da parte de Cristo (2Co 5.20), funciona na “Igreja do Deus vivo” (1Tm 3.15). Segundo Atos 13.1 e 15.32, os profetas constituíam o ministério da Palavra de Deus, impulsionado por inspiração profética. Por meio dessa inspiração, esse ministério é acompanhado de “edificação, exortação e consolação”, que são evidências da operação do verdadeiro espírito da profecia (1Co 14.3). Observamos, assim, que o simples uso do dom de profecia não faz de ninguém um profeta, pois profeta é um ministro da Palavra (At 21.9,10) (BERGSTÉN, 2007, pp. 115,116).

4.2 - Dom de profecia (esporádico). “Profecia é uma mensagem de Deus dada a pessoa a quem o Espírito manifesta este dom. Tal pessoa deve transmiti-la exatamente como a recebeu (Jr 23.28). A atitude de quem profetiza deve ser “A palavra que Deus puser na minha boca essa falarei” (Nm 22.38-b). A mensagem recebida por inspiração do Espírito Santo não é transmitida mecanicamente, mas fiel e conscientemente (1Co 14.32). No momento em que a profecia é transmitida, não é Deus quem está falando, mas é o homem quem está transmitindo o que de Deus recebeu (1Co 14.29). Se fosse o próprio Deus falando, não haveria necessidade de se julgar a mensagem como a Palavra nos orienta que faça” (1Co 14.29; 1Ts 5.21) (BERGSTÉN, 2007, p. 113 – grifo nosso).

CONCLUSÃO
Aprendemos com o chamado profético de Samuel que existe um tempo certo para a concretização da chamada de Deus na vida do homem. Entendemos também a diferença entre o profeta do Antigo e do Novo Testamento; bem como a distinção entre o dom de profeta no período veterotestamentário e o dom de profecia nos dia de hoje.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
RENOVATO, Elinaldo. Dons Espirituais & Ministeriais. CPAD.
SOARES, Esequias. O Ministério Profético na Bíblia. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

domingo, 6 de outubro de 2019

LIÇÃO 02 – O NASCIMENTO DE UM LÍDER PROFÉTICO EM ISRAEL - (1 Sm 1.20-28) 4º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 02 – O NASCIMENTO DE UM LÍDER PROFÉTICO EM ISRAEL - (1 Sm 1.20-28)
4º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos rapidamente sobre a biografia de Samuel; veremos seu triplo ofício; pontuaremos os três níveis das consagrações de Samuel; e por fim, notaremos como ele nos deixou o exemplo de obediência e submissão a Deus e aos homens.

I – QUEM FOI SAMUEL
1.1 - O nome de Samuel. Para o significado exato do nome Samuel existem várias alternativas sugeridas pelos intérpretes. As principais são: “ouvido por Deus”, “aquele que provém de Deus”, “nome de Deus” e “prometido ou dado por Deus”. Pela vocalização do nome em hebraico “Shemu’el” sugere-se o significado de “nome de Deus” e, sem dúvida, isso está certo.

1.2 - Local do nascimento de Samuel. De acordo com o livro de Samuel, Ramá (nome abreviado de Ramataim-Zofim) foi o lugar do nascimento (1Sm 1.19), da residência (1Sm 7.17) e sepultamento (1Sm 25.1) (CHAMPLIN, 2001, p. 1125 – grifo nosso). A cidade de Ramataim-Zofim estava situada na região montanhosa de Efraim, distando ao norte de Jerusalém aproximadamente 24 quilômetros. Samuel era de Ramataim-Zofim, palavra que do hebraico é “vigilante em dupla altura” ou então “cumes gêmeos de Zofim”. Esse local é descrito como sendo a terra do nascimento da família de Samuel, e dele mesmo. Um detalhe importante pode ser dito sobre essa localidade: ela será o lugar permanente de Samuel. Vale dizer que somente aqui é que aparece a completude dessa localidade, sendo que em outras passagens bíblicas vem apenas o primeiro nome: Ramá. Assim, pode-se crer que Zofim vem para fazer distinção entre outras regiões que também eram denominadas de Ramá, que quer dizer cume (1Sm 7.17), nela Samuel nasce, morre e é sepultado (1Sm 25.1) (GOMES, 2018, p. 28 – grifo e acréscimo nosso).

1.3 - A família de Samuel. Elcana do hebraico “criado ou adquirido de Deus” era levita descendente de Coate (1Cr 6.26,33-38), e estava habitando na terra de Efraim (1Cr 6.22-30). Os coatitas eram encarregados do serviço nas coisas santíssimas (Nm 4.4). Temos que ter sempre em mente que Elcana era um levita, mas efraimita somente por causa de sua residência (BEACON, 2005, p. 179). Samuel irá atuar como sacerdote porque era de origem levita também (1Cr 6.66,33,34) (GOMES, 2018, p. 29 – grifo nosso). A mãe de Samuel era Ana e seu nome vem do hebraico “Hannah” que significa: “graciosa, benevolência ou “favor”. Algumas tradições judaicas atribuem a Ana sete filhos por influência do cântico de 1 Samuel 2.5. O registro bíblico, entretanto, fala somente em cinco filhos além de Samuel, totalizando seis. Ou seja, Samuel tinha três irmãos e duas irmãs (CHAMPLIN, 2001, p. 1133 – grifo nosso).

1.4 - A linhagem de Samuel. A genealogia de Elcana mencionada até a quarta geração passada, pode ser uma indicação de sua posição na sociedade, embora nada mais se conheça sobre as pessoas ali citadas. Elcana é um nome recorrente na lista dos descendentes de Coate (1Cr 6.22-30). E, em 1 Crônicas 6.66,33,34, apresenta Samuel como um levita. Vale assinalar o seguinte:[…] Belém é também chamada de Efrata no AT (Gn 36.15,19; Rt 4.11; Mq 5.2) e efraimita [...] pode indicar um membro da tribo de Efraim ou um belemita [...] havia ligações entre os levitas de Belém e os da região montanhosa de Efraim (Jz 17.7-12; 19.1-21). Se Elcana teve algum vínculo de parentesco com pessoas de Belém, seria natural que seu filho Samuel voltasse ali para oferecer sacrifício (1Sm 16.2,5), embora a família tivesse se reunido mais frequentemente em Siló no santuário de Efraim (BALDWIN apud GOMES, 2018, p. 29 – grifo nosso).

II - OS OFÍCIOS DE SAMUEL
2.1 - Samuel atuou como profeta. Nessa função de profeta, Samuel deu a sentença para a casa de Eli (1Sm 3.1-18), ungiu Saul e Davi (1Sm 10.1; 16.13), reprovou Saul por desobediência (1Sm 13.13; 15.22,23), encorajou a Davi (1Sm 19.18), e escreveu a história dos atos de Deus em Israel (1Cr 29.29).

2.2 - Samuel atuou como juiz. Samuel se tornou, no sentido exato do termo, o maior e último juiz de Israel (1Sm 7.15-17). Como os juízes de outrora, ele conduziu o povo em batalhas exercendo este ofício (ZUCK apud GOMES, 2018, pp. 29,30).

2.3 - Samuel atuou como sacerdote. Quando era menino Samuel usava o éfode feito de linho, o sinal de sacerdócio (1Sm 2.18; 3.1; 2Sm 6.14). É significativo, portanto, que Eli tenha dado ao menino Samuel uma estola de linho (éfode), o que o identificava com o um sacerdote, e não com o mero levita que executava trabalhos manuais: “Samuel, porém, ministrava perante o Senhor, sendo ainda menino, vestido de uma estola sacerdotal de linho” (1Sm 2.18 - ARA). A estola de linho era usada pelos sacerdotes, mas não pelos levitas em geral (1Sm 22.18; 2Sm 6.14). D. L. Moody diz que esta estola sacerdotal era uma vestimenta usada pelos sacerdotes menos graduados, os levitas juízes e pessoas importantes, com propósitos religiosos (2Sm 6.14) (MOODY, sd, p. 10). Já a túnica, elaborada com grande cuidado por Ana que ela trazia de ano em ano, era uma espécie de sobretudo do hebraico “me'îl”, além de fazer parte de uma veste sacerdotal (1Sm 2.19 ver Êx 28.4). O Talmude diz que tal peça podia ser confeccionada pela mãe de um sacerdote […] E é provável que o exemplo dado pela túnica de Ana tenha aberto precedente para tal prática (CHAMPLIN, 2001, p. 1133 – grifo nosso). Como sacerdote Samuel liderou na adoração do Senhor no lugar alto em uma das cidades benjaminitas (1Sm 9.11-24), praticou o papel sacerdotal de sacrificar e ensinar (1Sm 7.9; 6.13-15; 13.8-14; 10.17-27; 12.1-25; 16.1-3;), e o próprio Deus testificou do seu sacerdócio (1Sm 3.35) (ZUCK apud GOMES, 2018, pp. 29,30 – grifo e acréscimo nosso).

III – AS ETAPAS DAS CONSAGRAÇÕES DE SAMUEL
3.1 - A dedicação de Samuel desde o ventre de sua mãe. Samuel foi dedicado a Deus por sua mãe como parte de um voto que ela fez antes dele nascer. O nascimento de Samuel foi fruto de uma promessa feita por sua mãe, Ana, que fez um voto com Deus, prometendo que seu filho seria um nazireu deste o ventre (1Sm 1.11). A Bíblia nos diz que o nazireado já é possível desde o ventre materno: “Porque eis que tu conceberás e terás um filho sobre cuja cabeça não passará navalha; porquanto o menino será nazireu de Deus desde o ventre [...]” (Jz 13.5). Nazireu vem do hebraico “nazir” derivado de “nazar” que significa: “separar; consagrar; abster-se”. Vem ainda da palavra “nezer” que significa: “diadema; coroa de Deus” (Nn 6.3-6). Em virtude desta consagração, tanto a mãe, durante a gravidez, como o futuro nazireu deviam abster-se de certos alimentos, de bebidas fermentadas, de cortar o cabelo e tocar em cadáveres. Este voto podia ser feito tanto por um homem como por uma mulher (Nm 6.1-21).

3.2 - A dedicação de Samuel na sua infância. Mesmo quando criança, Samuel recebeu sua própria túnica, uma vestimenta normalmente reservada a um sacerdote enquanto ministrava diante do Senhor na tenda da congregação em Siló, onde a arca da aliança era mantida (1Sm 2.18; 3:3). Sem dúvida, Ana contou a seu esposo, sobre seu voto, pois sabia que, de acordo com a lei mosaica, o marido poderia anular o voto da esposa caso não concordasse com ele (Nm 30). Como levita, nazireu, profeta e juiz, Samuel serviria fielmente ao Senhor e a Israel e ajudaria a dar início a uma nova era na história de seu povo. As mães israelitas costumavam desmamar os filhos aos 3 anos de idade: “[…] E era o menino ainda muito criança” (1Sm 1.24-c) (CHAMPLIN, 2001, p. 1129). Sem dúvida, durante esses anos preciosos, Ana ensinou o filho e o preparou para servir ao Senhor […] Quando Elcana e Ana apresentaram o filho ao Senhor, Ana lembrou a sacerdote Eli que ela era a mulher que havia orado pedindo um filho três anos ante (1Sm 1.24-27) (WIERSBE, 2010, p. 203).

3.3 - A dedicação de Samuel na adolescência. Samuel teve uma infância e uma juventude incomum. Logo muito cedo começou uma vida de serviço no tabernáculo que ficava em Silo, a mais de 30 quilômetros de sua casa, em Ramá. O historiador judeus Flávio Josefo também conhecido pelo seu nome hebraico Yosef ben Mattityahu disse que Samuel, por essa época, tinha 12 anos de idade (JOSEFO, 2007, p. 276). Aos 12 anos um menino israelita se tornava “adulto para as coisas religiosas” como aconteceu com Jesus (Lc 2.39). É nesta idade que Samuel vai ouvir a voz de Deus e o Senhor vai se manifestar a ele confirmando o seu chamado (1Sm 3.4,10,11). Samuel foi escolhido por Deus para mudar a história de seu povo (1Sm 3.21).

IV – SAMUEL COMO EXEMPLO DE OBEDIÊNCIA E SUBMISSÃO
4.1 - Samuel crescia diante de Deus e dos homens. Em alguns casos a maturidade espiritual supera a maturidade física. Samuel crescia em estatura e no favor do Senhor e “fazia-se agradável tanto para Deus como para homens” (1Sm 2.21;26). Samuel crescia em Deus e quando crescemos em Deus, também crescemos diante dos homens (1Sm 3.1;19). Samuel era aprendiz de Eli, mas acima de tudo aprendiz do Senhor, pois o próprio Deus testificou disso (1Sm 2.35). Naquela época as obrigações que um aprendiz tinha era de abrir as portas do Tabernáculo todas as manhãs (1Sm 3.15), limpar as mobílias do templo, varrer o chão e etc. Aos poucos, a medida que crescia em Deus, Samuel ajudava Eli nos holocaustos. Uma das maiores virtudes de Samuel era servir a Deus em submissão.

4.2 - Samuel aprendeu a servir em submissão e obediência. Hoje muitos querem servir a Deus, querem ser “profetas”, mas não querem se submeter as suas lideranças. Samuel poderia muito bem seguir o exemplo dos filhos de Eli (1Sm 8.1-3) mas preferiu viver em submissão ao seu tutor. Muitos querem fazer a obra de Deus, mas não se submetem em obedecer seus líderes. Na história dos reis de Israel vemos que existiam homens que faziam o que era “reto a Deus”, mas também os que fizeram o que era “mal perante ao Senhor”. Todos esses responderam por seus atos. Deus permite que isso aconteça para ver a nossa obediência e submissão. Para ver se realmente sabemos ouvir e seguir o nosso chamado em obediência.

4.3 - Samuel aprendeu ouvir o chamado de Deus. A vida de Samuel foi caracterizada por ouvir o chamado de Deus (1Sm 3.3-10). Samuel seguiu o seu chamado “ouvindo ao Senhor” e obedecendo sua palavra. Como um aprendiz e jovem profeta faltava a Samuel experiência com Deus. Samuel veio a servir a Deus na época da velhice de Eli (1Sm 2.22), e por isso, tinha dificuldade pois a referência de ouvir a Deus não era clara por parte de Eli e seus filhos, que como sacerdotes não eram exemplos. E Samuel aprendeu em sua própria experiência a ouvir a voz de Deus e lhe obedecer.

4.4 - Samuel um verdadeiro exemplo moral e espiritual. Tradicionalmente, os filhos do sacerdote sucederiam o ministério do pai; no entanto, os filhos de Eli, Hofni e Finéias, eram iníquos por serem imorais e mostrarem desprezo pela oferta do Senhor (1Sm 2.17,22). Enquanto isso, Samuel continuou a crescer em estatura e em favor do Senhor e dos homens (1Sm 2.26). Podemos aprender que Samuel era mais que um profeta, um sacerdote ou juiz. Samuel era um líder espiritual a ser seguido e imitado. Seus relacionamento com Deus fez com que ele se tornasse referência a povo santo (Jr 15.1; At 3.24; 13.20). Por ter sido fiel a Deus, o Senhor o fez juiz, sacerdote, profeta, conselheiro e intercessor de Deus e dos homens. Um homem de Deus que desempenhava bem os papéis atribuídos a Ele. Um homem que em nada tinha de dolo (1Sm 12.1-4).

CONCLUSÃO
Aprendemos com a vida de Samuel que é possível servirmos a Deus fielmente mesmo em meio a uma geração corrompida e desviada, e servos sal da terra e luz do mundo glorificando ao Senhor por meio de nossa vida.

REFERÊNCIAS
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. SP: OBJETIVA, 2001.
JOSEFO, Flávio (Trad. Vicente Pedroso). História dos Hebreus. RJ: CPAD, 2007.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. SP: CULTURA CRISTÃ, 2010.
WIERSBE Warren W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA, 2010

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