Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
13 – A HUMILDADE E O AMOR DESINTERESSADO – (Lc 14.7-14)
4º
TRIMESTRE DE 2018
INTRODUÇÃO
Na
última lição deste trimestre, abordaremos pelo menos duas parábolas contadas
por Jesus durante uma refeição; inicialmente destacaremos distinções destas
parábolas, o que motivou o Mestre a contá-las e quais os seus objetivos; por
fim, concluiremos trazendo lições práticas sobre a humildade e o amor, virtudes
destacadas nestas narrativas.
I
– A PARÁBOLA DOS PRIMEIROS ASSENTOS: LUCAS 14.7-11
Em
Lucas 14 encontramos o registro de uma sequência de quatro parábolas, destas
destacaremos duas. Alguns detalhes interessantes merecem ser destacados sobre
elas, a saber:
(a)
estas parábolas constam apenas no evangelho conforme Lucas; e,
(b)
diferente das outras, elas não foram contadas para responder algum
questionamento, mas para combater alguns comportamentos, dos religiosos da sua
época.
1.1
- O contexto. Lucas inicia o capítulo catorze dizendo que “num sábado”, Jesus,
foi convidado a comparecer na casa de um dos “principais dos fariseus” (Lc
14.1-a), para uma refeição: “para comer pão” (Lc 14.1-b). Beacon (2006, p. 445)
acrescenta que: “esta é uma das muitas ocasiões em que os fariseus agiam como
hipócritas, sempre fingindo ser amigos de Jesus para alcançar os seus objetivos
malignos. A aceitação de um convite como este por parte de Jesus demonstrou
coragem e amor. Ele sabia por experiência o perigo que correria, mas seu amor
por todos os homens - incluindo os fariseus, não deixaria que Ele abrisse mão
desta oportunidade”. Nessa ocasião, Jesus curou um homem que se fez presente e
que tinha uma doença chamada “hidropisia” (Lc 14.2), que é uma inchação do
corpo produzida pela retenção excessiva de líquido nos tecidos (MOODY, sd, p.
66). Mas, antes ele fez um questionamento se era lícito curar alguém no sábado?
Como todos eles calaram-se (Lc 14.4-a), Jesus curou o homem (Lc 14.4-b). E, fez
uma outra pergunta dizendo: “Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia
de sábado, o jumento ou o boi, o não tire logo?” (Lc 14.5-b). Novamente eles
calaram-se, porque entendiam que não podiam dar mais valor a vida animal que a
vida humana (Lc 14.6).
1.2
- O que motivou a parábola. Diferente da maioria das parábolas, estas não foram
contadas pelo Mestre para responder algum questionamento, na verdade, o
comportamento dos convidados no banquete, deu a Jesus a oportunidade para dar
uma lição. Embora durante a refeição a que fora convidado, Jesus estivesse
sendo observado: “eles o estavam observando” (Lc 14.1-b) claramente estavam
esperando que o apanhassem fazendo alguma coisa pela qual pudessem fazer
acusações formais contra Ele. O que eles não imaginavam é que Jesus também os
estava observando e que tinha várias acusações a fazer contra eles: “[Jesus]
reparando como escolhiam os primeiros assentos” (Lc 14.7-b). Moddy (sd, p. 66)
diz que: “a posição social era coisa importante na sociedade daquele tempo, e
cada convidado queria ocupar o mais alto lugar de honra que conseguisse pegar”.
Capítulos antes deste acontecimento, descobrimos que os fariseus tinham sido
denunciados por Jesus de amarem os primeiros assentos, literalmente, “lugares
de honra” (Mt 23.6; Lc 11.43).
1.3
- A parábola. Jesus aproveitou o comportamento reprovável dos convidados,
durante a refeição, para lhes trazer um ensinamento: “E disse aos convidados
uma parábola […]” (Lc 14.7-a). Na parábola, Jesus falou a respeito de um
casamento, onde várias pessoas são convidadas. Sabendo que todos convidados
para uma celebração desta são importantes, o Mestre destacou que, existem
alguns que pelo grau de parentesco, intimidade ou consideração ocupam lugares
de destaque na festa. Ciente disto, Jesus falou que os convidados devem ter o
cuidado de não preferirem lugar de honra ou primeiro lugar (Lc 14.8-a), pois na
festa, o lugar nas cadeiras não ficava sob a preferência dos convidados senão
dos celebrantes (Lc 14.9). Logo, se alguém sentasse nalgum lugar indevido,
poderia sofrer a vergonha de ser substituído por outra pessoa que fosse mais
digna de honra: “não te assentes no primeiro lugar; não aconteça que esteja
convidado outro mais digno do que tu” (Lc 14.8). Era preferível procurar o
derradeiro lugar e ter a honra de ser chamado porque aquele que convidou para
um lugar superior (Lc 14.10).
1.4
- O objetivo da parábola. O principal ensinamento transmitido por Jesus aqui é
uma lição sobre a humildade, e não simplesmente regras para serem observadas em
encontros sociais. Segundo o dicionarista Houaiss (2001, p. 1555), “humildade”
significa: “virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações;
simplicidade; ausência completa de orgulho; rebaixamento voluntário por um
sentimento de fraqueza ou respeito”. A Bíblia destaca a humildade como virtude
necessária em todos os aspectos da vida humana (Pv 15.33; 18.12; 22.4; Ef
4.1,2; Fp 2.3; Cl 3.12; 1 Pd 5.5). Beacon (2006, p. 447), pontua duas coisas
que devem nos motivar a sermos humildades, a saber:
(a)
a atitude humilde não apenas evita o risco da humilhação, mas é sempre o caminho
da exaltação (Sl 147.6; Lc 1.52); e,
(b)
a atitude humilde deveria ser tomada, não porque funciona, traz honra, mas
porque é a certa (Pv 14.21; Mq 6.8).
Jesus
encerrou a parábola com uma séria advertência dizendo: “Porquanto qualquer que
a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será
exaltado” (Lc 14.11). Acerca da humildade Morris (2007, p. 219) diz: “a maneira
de chegar ao alto é começar em baixo. Se alguém escolher o lugar mais baixo, a
única direção em que pode ir é para cima”.
II
– A PARÁBOLA DO JANTAR: LUCAS 14.12-14
Nesta
mesma ocasião em que contou uma parábola destacando a importância da humildade
para os convidados, Jesus viu que alguma coisa precisava ser dita também ao
anfitrião: “E dizia também ao que o tinha convidado” (Lc 14.12- a). Vejamos:
2.1
- O que motivou a parábola. O fariseu havia convidado Jesus para uma refeição,
prática comum dessas classes de religiosos para com o Mestre (Lc 7.36; 11.37);
e também convidou outras pessoas dentre elas: “vizinhos ricos” (Lc 14.1,7).
Pelo menos, para este fariseu oferecer uma refeição a alguém de importância,
pessoas ricas, era garantir também o recebimento de um futuro convite. Sabedor
disto, Jesus contou uma parábola (Lc 14.12).
2.2
- A parábola. Já vimos que o fariseu não convidou Jesus para uma refeição
apenas por hospitalidade, mas porque queria observar o Mestre e quem sabe
encontrar nele algum comportamento reprovável (Lc 14.1). Boyer (2011, p. 126)
afirmou que: “a hospitalidade manifesta neste lar deu ocasião a hostilidade
escondida”. Apesar disso, foi Jesus quem viu nesse homem um comportamento que
precisava ser corrigido, e o Mestre o fez, contando uma parábola, dizendo:
“Quando deres um jantar, ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus
irmãos, nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que
também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado” (Lc 14.12).
2.3
- O objetivo da parábola. Esta parábola tem como principal objetivo destacar a
virtude do “amor desinteressado”. Jesus ensinou ao fariseu que em vez de
convidar para o jantar pessoas que podiam retribuir seu feito, ele deveria
fazer o contrário: “Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados,
mancos e cegos, e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar;
mas recompensado te será na ressurreição dos justos” (Lc 14.13.14).
III
– ALGUMAS LIÇÕES SOBRE A VIRTUDE DO AMOR
O
dicionário teológico define a palavra “amor” como: “sentimento que nos
constrange a buscar, desinteressada e sacrificialmente o bem de outrem”
(ANDRADE, 2006, p. 42). Sobre o amor a Bíblia diz que:
3.1
- O amor deve ser dirigido a todos indistintamente. Assim como Deus não faz
acepção de pessoas (Dt 10.17; 2 Cr 19.7; Jó 34.19; At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; 1
Pd 1.17), mas ama a todos indistintamente: “Deus amou o mundo […]” (Jo 3.16).
Logo, Ele espera que assim façamos (Dt 16.19; Jó 13.10; Ml 2.9; Tg 2.1,9). Na
parábola do bom samaritano, vemos Jesus relatando o samaritano ajudando o
judeu, exercendo misericórdia apesar das diferenças que havia entre eles (Lc
10.33-35). A Bíblia nos diz que devemos amar:
(a)
a Deus (Dt 6.5; 11.1; Mc 12.30);
(b)
a família (Ef 5.25; 1 Tm 5.8; Tt 2.4);
(c)
ao próximo (Lv 19.18; Lc 10.27; Gl 5.14);
(d)
aos inimigos (Mt 5.44); e,
(e)
aos santos (Rm 12.10; 1 Pd 1.22).
3.2
- O amor não busca os seus próprios interesses. Se existe uma virtude que é
altruísta é o amor (1 Co 13.5). Segundo o dicionário (2001, p. 171) a palavra
altruísta, quer dizer: “sentimento de quem põe o interesse alheio acima do
próprio”, ou seja, uma pessoa altruísta está mais preocupada com o interesse do
próximo do que com o seu. Acerca desta declaração Lopes (2008, pp. 247,248 –
acréscimo nosso) afirmou que: “o amor é a própria antítese do egoísmo. Ele não
é egocentralizado, mas outrocentralizado. Ele não vive para si mesmo, mas para
servir ao outro”. Não podemos como cristãos vivermos como o mundo numa guerra
desenfreada pela satisfação pessoal. Paulo ensinou aos coríntios que ninguém
deveria buscar o proveito próprio “antes cada um o que é de outrem” (1 Co
10.24).
3.3
- O amor não faz por obrigação. Até mesmo as coisas mais nobres se feitas sem
amor perdem o seu sentido: “E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para
sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não
tivesse amor, nada disso me aproveitaria” (1 Co 13.3). Barclay (sd, p. 167), “a
única forma de dar verdadeiramente, é quando nossa dádiva provém do influxo
incontrolável do amor”. Paulo ensinou que: “Todas as vossas coisas sejam feitas
com amor” (1 Co 16.14).
3.4
- O amor não faz por ostentação. O verbo “ostentar” significa: “mostra-se;
exibir-se com aparato; alardear” (HOUAISS, 2001, p. 2089). Os fariseus eram
peritos em fazer coisas para serem apresentados, e Jesus reprovou esta atitude
(Mt 6.2,5,18). Lucas nos mostra que, Barnabé vendeu sua propriedade para
depositar aos pés dos apóstolos, para assistir aos necessitados da igreja (At
4.36,37); Ananias e Safira, também venderam sua herdade e depositaram aos pés
dos apóstolos (At 5.1-11). A obra era praticamente a mesma. No entanto, a
diferença entre eles era a motivação. Enquanto Barnabé foi inspirado pelo amor;
Ananias e Safira, pela ostentação e por isso foram severamente punidos (At
5.9,10).
CONCLUSÃO
A
humildade e o amor são virtudes que devem fazer parte do caráter daquele que
segue a Cristo, pois Ele as tem e espera que os seus seguidores imitem o Seu
exemplo (Mt 11.28; Jo 15.12).
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
BARCLAY,
William. Comentário de Lucas. PDF.
BOYER,
Orlando. Espada Cortante 2. CPAD.
HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
HOWARD,
R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
LOPES,
Hernandes Dias. 1 Coríntios: como resolver conflitos na igreja. HAGNOS. MOODY, D.L. Comentário Bíblico de Lucas. IBR.
MORRIS,
Leon L. Lucas introdução e comentário. VIDA
NOVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.