segunda-feira, 29 de outubro de 2018

LIÇÃO 05 – AMANDO E RESGATANDO A PESSOA DESGARRADA - (Lc 15.3-10) 4º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 05 – AMANDO E RESGATANDO A PESSOA DESGARRADA - (Lc 15.3-10)
4º TRIMESTRE DE 2018 

INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos duas das parábolas mais conhecidas registradas no Evangelho escrito por Lucas; pontuaremos também algumas de suas principais características, para melhor compreensão de sua mensagem; e por fim, veremos qual a devida aplicação dessa mensagem para a igreja atual.

I – A PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA
Nenhum outro capítulo do Novo Testamento é tão conhecido e tão querido como o décimo quinto de Lucas, de modo a ser chamado de: “o evangelho no evangelho” (BARCLAY, sd, p. 174). A história da ovelha perdida que nesse capítulo está registrada, tem um paralelo em Mateus 18.10-14, cujo contexto focaliza no desejo do Pai celestial de que: “Assim, também, não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca” (Mt 18.14). Em Lucas, o foco está na ação graciosa de Deus que vai em busca do perdido, no arrependimento como o caminho de volta do pecador ao pai e a sua respectiva aceitação (Lc 15.7,10,18,19,21). Vejamos ainda algumas considerações sobre esta parábola:

1.1 - A motivação do anúncio da parábola. O fato de Cristo ser procurado pelos publicanos e pecadores (Lc 15.1), bem como a Sua atitude de em recebê-los comendo com eles (Lc 15.2), resultou na murmuração dos fariseus e escribas. O ódio desses religiosos pelos publicanos e pecadores é bem conhecido nas Escrituras (Mt 9.10,11; Mc 2.15,16; Mt 18.9-11). Eles sentiam que qualquer um que se associasse com estas pessoas desprezadas, o fazia por ter o mesmo caráter. Diante disso, o Senhor Jesus passa a ilustrar e consequentemente justificar o porque de sua atitude amorosa, e qual o sentimento que deveria existir nos fariseus e escribas em relação a estas pessoas.

1.2 - O objetivo da parábola. Os fariseus e escribas reputavam aos publicanos e pecadores como pessoas indignas do amor de Deus. Os publicanos (cobradores de impostos) não eram tidos em alta estima, porque não somente auxiliavam os romanos que subjugava os judeus, mas também enriqueciam ilicitamente as custas de seus patrícios (Lc 19.2,8). Já os pecadores eram assim chamados porque não interpretavam a Lei como os escribas e fariseus ou exerciam profissões pouco honrosas. Para corrigir a visão distorcida daqueles em relação aos pecadores, Jesus conta neste capítulo três parábolas (ovelha e moeda perdida e do filho pródigo) que expressam o grande amor de Deus pelos perdidos, mostrando que estes são amados e podem ser aceitos pelo Senhor mediante o arrependimento (Lc 15.7,10,32).

1.3 - Personagens da parábola. A figura usada por Jesus nessa parábola é algo muito comum para seus ouvintes, é provável que enquanto ele a contava, era possível ver naquela região de forma muito familiar os pastores cuidando de suas ovelhas. A ovelha da história perdeu-se por irracionalidade. Esses animais têm a tendência de se desencaminhar, por isso precisam de um pastor (Is 53.6; 1Pe 2.25). A imagem do pastor e as ovelhas é muito comum desde o AT para ilustrar o cuidado de Deus para com os seres humanos (Sl 23.1; Jr 23.1-4; Is 40.11; Ez 34.11-16; 37.24).

II – A PARÁBOLA DA DRACMA PERDIDA
As narrativas desse capítulo podem também ser chamadas de: “As Parábolas dos Quatro Verbos – Perder, Procurar, Encontrar, Regozijar-se”. Esses quatro verbos certamente resumem a dinâmica do texto. A mensagem central desta parábola é a mesma da ovelha perdida, e a respeito da parábola da dracma perdida, pontuamos duas informações adicionais:

2.1 - Estrutura da parábola. As duas parábolas iniciais desse capítulo possuem uma estrutura semelhante:

(a) uma breve indicação dos personagens: “Que homem dentre vós […]” (Lc 15.4-a), “Ou qual a mulher […]” (Lc 15.8-a);
(b) uma declaração da perda: “[…] perdendo uma delas [ovelha]” (Lc 15.4-b), “[…] se perder uma dracma” (Lc 15.8-b);
(c) uma pergunta retórica: “[…] e não vai após a perdida até que venha a achá-la?” (Lc 15.4-c), “[…] e busca com diligência até a achar?” (Lc 15.8-c);
(d) uma reação: “E achando-a [ovelha], a põe sobre os seus ombros, cheio de júbilo […]” (Lc 15.5), “E achando-a, […] alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida” (Lc 15.9); e,
(e) uma afirmação conclusiva: “[…] assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15.7), “Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lc 15.10).

2.2 - Propósito da parábola. Esta parábola da dracma perdida repete o significado da primeira, no entanto, com uma ilustração diferente. A ovelha perdeu-se por não ter racionalidade, mas a moeda foi perdida por causa do descuido de alguém. A moeda perdida deveria estar com as outras nove, a intensa busca da mulher em procurar a dracma, expressa a intensidade da preocupação de Deus para recuperar os perdidos (Lc 19.10: Jo 10.16). Logo, há mais alegria no céu por um pecador encontrado: “Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15.7), isso não quer dizer no entanto, que os justos não sejam amados, pois estes estão seguros condicionalmente no aprisco (Lc 15.4; Jo 10.28,29); mas, que a alegria nesse contexto está reservada para aqueles que são encontrados depois que estiveram perdidos, e é isso que é peculiar sobre esta apresentação do Reino de Deus nessa parábola (NEALE, 2015, pp. 168,169 – acréscimo nosso).

III – A PARÁBOLA DA OVELHA E DA DRACMA PERDIDA E SUA APLICAÇÃO PARA A IGREJA
Um notável traço das parábolas é o fato de retratarem a realidade espiritual do ser humano, como também o caráter e a obra de Cristo, e por inferência o papel da igreja no Reino de Deus. Notemos algumas dessas verdades:

3.1 - A necessidade do homem perdido. Tudo o que Deus criou, o fez perfeitamente (Gn 1.31; Ec 7.29). Contudo, por causa do mal uso do livre-arbítrio, o pecado teve o seu lugar na humanidade, manchando (não destruindo) a imagem de Deus (imago Dei) no homem. Em Efésios 2.3 diz o apóstolo Paulo que os efésios eram: “por natureza” filhos da ira, como também os demais”. Nesta passagem a expressão “por natureza” indica uma coisa inata e original, em distinção daquilo que é adquirido (Is 53.6). Então, o pecado é uma coisa da própria natureza humana, da qual participam todos os homens e que os fazem culpados diante de Deus (Is 59.16; Rm 5.12-14), por isso, que todos os homens se acham sob condenação e necessitam da redenção (BERKHOF, 2000, p. 235).

3.2 - O amor de Deus pelos perdidos. As parábolas deste capítulo ilustram a consideração de Deus pelos perdidos. Essa narrativa nos dá um quadro impressionante da própria missão de Jesus na terra. Ele veio em busca das ovelhas perdidas, este foi o seu objetivo por todos os lugares onde passou (Mt 9.36; 14.14; Lc 19.10: Jo 4.4). Em cada caso aquele que estava perdido era considerado precioso, valia a pena buscá-los, e também valia a pena se alegrar quando eram encontrados. Jesus estava dizendo que Deus procura os pecadores perdidos! Não é de se admirar que os escribas e fariseus tivessem ficado ofendidos, pois em sua teologia legalista não havia lugar para um Deus desse tipo. Haviam esquecido que Deus procurou Adão e Eva quando pecaram e se esconderam dele (Gn 3.8,9). Apesar de seu suposto conhecimento das Escrituras, os escribas e fariseus se esqueceram que Deus é como um Pai que se compadece de seus filhos rebeldes (Sl 103.8-14).

3.3 - A ação de Deus pelos perdidos. Devido à pecaminosidade do homem, este estava destinado a condenação eterna (Jo 3.18; Rm 3.23; Ef 2.3). Mas, apesar dessa condição, Deus por Sua graça e misericórdia (Ef 2.4,5) estabeleceu um projeto salvífico para resgatar o homem (Gn 3.15; Jo 3.16; Ap 13.8). O projeto de restauração do homem, tem como fonte a pessoa de Deus (Is 45.22; Tt 2.11). Na condição de pecador, o homem jamais por si só produziria a sua salvação (Rm 3.10,11; Tt 3.5), por essa razão vemos partindo sempre de Deus a iniciativa de resgatar o homem (Gn 3.9;15,21). A Bíblia diz que: “Deus amou”; “Deus deu”; “Deus enviou” (Jo 3.16,17). Paulo diz ainda que: “[…] a graça de Deus se manifestou […] (Tt 2.11); e que: “tudo isto provém de Deus” (2Co 5.18-a). Deus, por Sua maravilhosa graça decidiu soberanamente salvar o homem caído em pecado, por meio de Jesus Cristo: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo […]” (2Co 5.19), esperando do homem em resposta a essa graça, arrependimento e fé (Mc 1.15; At 2.38; 3.19; 2 Co 7.10; Mc 16.16; Rm 10.9; Ef 2.8).

3.4 - A igreja e a busca pelos perdidos. Segundo Horton (2006, pp. 299,300), “a Igreja é uma comunidade formada por Cristo em benefício do mundo. Cristo entregou-se em favor da Igreja, e então a revestiu com o poder do dom do Espírito Santo a fim de que ela pudesse cumprir o plano e propósito de Deus”. Uma igreja que não tem a sensibilidade de ir em busca dos perdidos, está perdida em si mesma, visto que um dos motivos pelos quais a igreja existe, é para evangelizar afirmou o apóstolo Pedro: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9). A Igreja tem diversas atribuições, no entanto, a mais excelente delas é a que justifica a sua presença aqui na terra: a sublime tarefa da evangelização (Mt 28.16-20; Mc 16.15).

CONCLUSÃO
Fica claro por meio dessas duas parábolas o amor de Deus pelos pecadores. Como também uma mensagem bem definida para a igreja atual, que como corpo de Cristo, devemos buscar os que estão perdidos e lhes anunciar a boas novas de salvação. O fervor que Jesus demonstrou deve arder em cada um de nós, e nos alegrarmos com os anjos de Deus pelo pecador que se arrepende.

REFERÊNCIAS
BARCLAY, William. Comentário do Novo Testamento. PDF
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. CULTURA CRISTÃ.
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. CPAD.
NEALE, David. A. Novo Comentário Bíblico Beacon. CENTRAL GOSPEL.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

LIÇÃO 04 – PERSEVERANDO NA FÉ - (Lc 18.1-8) 4º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 04 – PERSEVERANDO NA FÉ - (Lc 18.1-8)
4º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
A presente lição comentará uma das mais conhecidas parábolas de Jesus: “a parábola do juiz iníquo”, que fala sobre a importância da perseverança na oração; trataremos desta parábola, destacando o seu propósito, personagens, narrativa e a devida aplicação para a nossa vida devocional.

I – ENTENDENDO A PARÁBOLA
A narrativa parabólica do capítulo 18 de Lucas, tem algumas coisas interessantes que merecem ser destacadas. Vejamos: (a) consta somente no evangelho conforme Lucas (Lc 18.1-9); (b) tem como epígrafe “o juiz iníquo” e não a “viúva perseverante” o que deveria ser pois, trata da perseverança desta; e, (c) junto com a parábola do amigo persistente (Lc 11.5-8), pretendem “ensinar a respeito da oração”. Abaixo destacaremos algumas outras importantes informações sobre esta narrativa. Notemos:

1.1 - O propósito da parábola (Lc 18.1). Assim como toda parábola contada por Jesus tinha um propósito específico, esta do capítulo 18 de Lucas segue a mesma regra. O versículo primeiro mostra o que motivou Jesus a contar esta parábola: “E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer” (Lc 18.1). Deus certamente responderá, mesmo que pareça, por algum tempo, que Ele não nos ouve quando pedimos.

1.2 - Os personagens da parábola (Lc 18.2-5). Dois personagens embora reais na cultura judaica, são utilizados hipoteticamente nesta parábola. Vejamos cada um detalhadamente:

1.2.1 - O juiz. O primeiro personagem que aparece na parábola é “o juiz” (Lc 18.2). Estes eram os indivíduos que tomavam decisões sobre questões civis e religiosas, as palavras envolvidas falam sobre a tentativa de determinar causas (Êx 18.13) (CHAMPLIN, 2004, p. 636). Nos tempos de Moisés, conforme os registros bíblicos, eles assumiam uma grande responsabilidade na aplicação da lei (Êx 18.20; Dt 1.13,15; Dt 16.19). Deus determinou que em cada cidade deveria ter um juiz (Dt 16.18). Exigia-se deles que fossem leais no julgamento das causas do povo (Êx 18.21,22; Dt 1.16,17). No entanto, há registros bíblicos de corrupção nesta função. A exemplo disto temos os dois filhos de Samuel, que foram nomeados por ele como juízes, em Berseba, mas eles perverteram o ofício e aceitavam suborno (1 Sm 8.3). Por isso, quando na parábola Jesus diz que este juiz “nem a Deus temia, nem respeitava o homem” (Lc 18.2-b), podia estar fazendo alusão a corrupção que havia em sua época com esta classe de pessoas. Definitivamente de uma pessoa mau caráter como esta, não se podia esperar justiça nem compaixão.

1.2.2 - A viúva. O segundo personagem que aparece na parábola é “a viúva” (Lc 18.2). A viúva aparece aqui como símbolo daqueles que precisam ser defendidos contra a exploração alheia, alguém relativamente sem defesa, verdadeiramente dependente da bondade de terceiros para a sua sobrevivência. A viúva, assim como órfão, o pobre e o deficiente estavam entre a classe de pessoas das quais Deus concedia uma atenção especial (Êx 23.6; Lv 19.14; Dt 24.17; 27.18). Com frequência, a viúva era tratada pelo povo de Israel com deslealdade, por isso na lei de Moisés encontramos diversas recomendações quanto ao cuidado que se deveria ter com elas (Êx 22.22; Dt 24.19-21). Deus inclusive orientou que não se deveria perverter o direito da viúva (Dt 24.17), e o que não cumprisse isto seria passivo de maldição (Dt 27.19). Os profetas protestaram contra o povo de Israel quando desconsideravam o direito da viúva (Is 1.17; 1.23; Is 10.2; Jr 7.6; 22.3; Zc 7.10; Ml 3.5). Por isso, na parábola de Lucas 18.1-8, Jesus utilizou-se da figura da viúva que embora hipotética, era um fato comum que viúvas sofressem por injustiças. Alguém poderia ter tirado o pouco que ela possuía. Ou, talvez, a tivesse impedido de receber o que lhe correspondia, o que a levou a clamar ao juiz, pedindo: “Faze-me justiça contra o meu adversário” (Lc 18.3-b).

1.3 - A narrativa da parábola (Lc 18.2-5). Certa viúva que tinha uma causa para ser julgada, foi a um juiz da cidade e lhe pediu socorro. Este juiz que “nem a Deus temia, nem respeitava o homem” (Lc 18.2-b), recusou-se ajudá-la: “E por algum tempo não quis atendê-la” (Lc 18.4). No entanto, a mulher propôs-se a buscar o que desejava até conseguir, e o juiz não suportando a sua insistência a atendeu “[…] hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte […]” (Lc 18.5). Duas virtudes desta viúva são destacadas por Jesus, que são extremamente necessárias para a vida daquele que ora. Vejamos:

1.3.1 - A perseverança (Lc 18.5). As palavras do juiz a respeito desta mulher mostram o quanto ela era perseverante: “como esta viúva me molesta, […] e me importune muito” (Lc 18.5). Estes dois verbos “molestar” e “importunar” mostram que “o juiz estava farto dela”. Essa mulher era persistente a tal ponto que, mesmo o magistrado não temendo a Deus e nem aos homens ia conceder-lhe o que queria, pois estava convencido de que ela nunca pararia de importuná-lo até que seu pedido fosse atendido. A arma dela foi a insistência.

1.3.2 - A fé (Lc 18.8). A mulher destaca-se nesta parábola não somente por sua perseverança, mas também por sua fé. Essa fé é evidenciada por meio da sua atitude resoluta de insistir em seu pedido ainda que a um homem sem temor, pois cria que mais cedo ou mais tarde, o juiz lhe atenderia. Uma das características da fé verdadeira é que ela não desiste em hipótese alguma. No encerramento desta parábola, Jesus fala profeticamente que os últimos dias que antecedem a Sua vinda, serão dias marcados pela incredulidade: “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lc 18.8-b).

1.4 - A aplicação da parábola (Lc 18.6-8). O juiz desta parábola não atendeu a mulher porque sentiu compaixão por ela, senão porque foi vencido pelo cansaço (Lc 18.5). Diante disso, Jesus faz a seguinte ponderação: “Ouvi o que diz o injusto juiz. E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?” (Lc 18.6,7). Ao contrário do juiz iníquo, Deus é apresentado nas Escrituras como o Juiz justo (Gn 18.25; Sl 7.11; 9.8; 19.9; 37.28; 50.6; 75.7; 94.2; 103.6); e, especificamente “Juiz das viúvas” (Sl 68.5). O salmista afirmou que o Senhor é o que “faz justiça aos oprimidos” (Sl 146.7); que por causa da opressão do pobre e do gemido do necessitado, Ele se levanta, para os pôr a salvo (Sl 12.5). Deus é aquele que galardoa aqueles que o buscam (Hb 11.6); Ele “trabalha para aquele que nEle espera” (Is 64.4); pois está atendo ao clamor dos seus filhos (Gn 30.6; Êx 3.7; Sl 12.5; 18.6; 66.19). No entanto, Deus age dentro de um tempo por Ele determinado (Gn 18.14; 21.2; 2 Rs 4.16,17; Gl 4.4; Hb 4.16).

II – A NECESSIDADE DA PERSEVERANÇA NA ORAÇÃO
Em relação a oração ela deve ser feita com perseverança, que é uma atitude que Deus requer do homem a fim de que obtenha resposta daquilo que se está buscando (Rm 12.12; Ef 6.18; Cl 4.2; 1 Ts 5.17). O verbo “perseverar” significa: “ser constante, permanecer, conservar-se” (HOUAISS, 2001, p. 2196). No grego, “hupomoné”, “perseverança”, “resistência”, “constância”. Esse vocábulo grego denota a resistência paciente, sob circunstâncias adversas, com base na ideia de alguém que leva aos ombros uma carga pesada, mas da qual não desiste (CHAMPLIN, 2004, p. 246). Acerca da perseverança na oração é bom destacar que: 2.1 Não devemos desfalecer. Quando Jesus contou esta parábola tinha o intuito de ensinar “[…] sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer” (Lc 18.1-b). A expressão “desfalecer” segundo o Houaiss (2001, p. 991) significa: “esmorecer, enfraquecer, fraquejar”. É verdade que às vezes por não recebermos a resposta imediata das nossas petições, somos tentados a esmorecer, tal como aconteceu com alguns personagens bíblicos (Sl 42.5-a; 69.3; Pv 13.12). No entanto, a fé verdadeira sobrepõe as emoções e confia no Senhor e na Sua providência cedo ou tarde (Sl 42.5-b; 73.26; 119.81,123). Champlin (2004, p. 173 – acréscimo nosso) pontua alguns motivos pelos quais Deus “tarda” em responder. Vejamos:

a) O motivo dessa demora não é que Deus deixe de entender-nos, ou que relute em responder-nos. A demora não visa ao benefício de Deus, e, sim, o nosso;
b) A oração é, por si só, um ótimo edificador do caráter cristão, que nos ensina a buscar as coisas lá do alto;
c) Deus adia as respostas às nossas orações a fim de que nossos motivos e alvos sejam purificados;
d) Deus demora em responder-nos a fim de que o nosso desejo seja intensificado.

2.2 - Não devemos ser imediatistas. Nem sempre a nossa oração tem resposta imediata. A exemplo disto temos Davi (Sl 13.1-4; 69.3); Zacarias orava por um filho e só depois de muito tempo veio a resposta (Lc 1.13). Enquanto a oração autêntica não é respondida, ela fica em memória perante Deus (At 10.4). Perseveremos, pois, na oração. Muitos crentes param de orar por não receberem logo a resposta daquilo que pedem a Deus, falta-lhes perseverança (Rm 12.12). É preciso continuar diante do altar de Deus até receber a resposta (Lc 24.49). Abaixo destacaremos alguns exemplos de servos de Deus que buscaram com perseverança até conseguir resposta:

O exemplo de Isaque: “E Isaque orou insistentemente ao SENHOR por sua mulher, porquanto era estéril; e o SENHOR ouviu as suas orações, e Rebeca sua mulher concebeu” (Gn 25.21).
O exemplo de Ana: “E sucedeu que, perseverando ela em orar perante o SENHOR […]” (1 Sm 1.12);
O exemplo de Elias: “E disse ao seu servo: Sobe agora, e olha para o lado do mar. E subiu, e olhou, e disse: Não há nada. Então disse ele: Volta lá sete vezes” (1 Re 18.43).
O exemplo dos apóstolos: “Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas […]” (At 2.42-a).Veja ainda: (At 2.42; 6.4).

2.3 - Não devemos impor nossos limites. Há pessoas que agem precipitadamente, demarcando tempo para o seu período de oração, achando que “pressionando” Deus vão obter dEle a resposta mais rápido. Tal atitude revela uma tamanha imaturidade, pois Deus só responde quando quer e jamais será forçado ou coagido por alguém, pois “faz tudo o que lhe apraz” (Sl 115. 3). É bom lembrar também que o fato de a Bíblia nos exortar a orar com perseverança até obter resposta, não significa dizer que está resposta será sempre um “sim” (Gn 17.20; Êx 33.17). Deus também responde com um “espere” (Jo 2.4); ou com um “não” (Dt 3.25,26; 2 Co 12.8-9), pois segundo a Sua vontade Ele nos ouve (1 Jo 5.14).

CONCLUSÃO
Vivemos em dias onde as pessoas não somente tem diminuído a prática da oração, como tem deixado de orar com perseverança. Esta parábola visa alertar-nos de que Deus está pronto a nos ouvir e responder no tempo certo.

REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.  CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia.HAGNOS.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

LIÇÃO 03 – O CRESCIMENTO DO REINO DE DEUS - (Mc 4.30-32; Mt 13.31-33; Lc 13.18,19)


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 03 – O CRESCIMENTO DO REINO DE DEUS - (Mc 4.30-32; Mt 13.31-33; Lc 13.18,19)
4º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta terceira lição, analisaremos duas parábolas contadas por Jesus que tratam sobre o “Reino dos céus”; veremos informações importantes sobre o grão de mostarda e sua aplicabilidade na parábola contada pelo Mestre tratando do crescimento externo do Evangelho; e por fim, pontuaremos os aspectos do fermento na segunda parábola e sua lição utilizada por Cristo para falar do crescimento interno do Reino.

I – A PARÁBOLA DO GRÃO DE MOSTARDA
Jesus contou uma série de sete parábolas sobre o Reino sendo as quatro primeiras pronunciadas à multidão (Mt 13.1,2,36), e as três últimas foram acrescentadas particularmente aos discípulos após Jesus já ter se despedido da multidão (Mt 13.36). Notemos algumas observações da parábola do grão de mostarda:

1.1 - Informações sobre o grão de mostarda. Na Índia, no Egito e na Palestina as sementes de mostarda são utilizadas na culinária há milênios. A palavra mostarda é de origem egípcia “sinapis” e aparece nos três primeiros Evangelhos (Mt 13.31; 17.20; Mc 4.31; Lc 13.10; 17.6). O grão de mostarda é uma pequena semente que têm cerca de 2 milímetros de diâmetro sendo uma das menores sementes do mundo com cores que vão do branco amarelado, marrom e preto. Na Palestina da época de Jesus era conhecida a mostarda sinapis nigra (mostarda preta) e a sinapis alba (mostarda branca), mas, a que Jesus provavelmente usou como exemplo foi a sinapis nigra, ou seja, a mostarda negra, que era a mais comum naquela região. A mostardeira, segundo alguns botânicos, alcança facilmente mais de três metros de altura (CABRAL, 2005, pp. 44,45).

1.2 - O grão de mostarda e as outras sementes. Existe um grande contraste nesta parábola: “a menor de todas as sementes” e a “maior de todas as plantas”. Na verdade, o grão de mostarda não é a menor de todas as sementes (Mt 31.32), mas esta era uma expressão proverbial para algo extremamente pequeno (BEACON, 2010, p. 103). Jesus não cometeu erro ou contradição como pensam alguns quando se referiu ao grão de mostarda como sendo “a menor de todas as sementes” (Mt 13.32; Mc 4.31). Hoje sabemos que a semente de mostarda não é absolutamente a menor semente que existe. Jesus não estava se referindo a “todas as sementes existentes no mundo”, mas apenas àquelas que os fazendeiros palestinos de então semeavam em seus campos. Isso está claro pela frase: “que um homem tomou e plantou no seu campo” (Mt 13.31). E é um fato que a semente de mostarda era a menor de todas as sementes que o fazendeiro judeu do primeiro século semeava em seu campo. O que Jesus disse era literalmente verdadeiro no contexto em que ele falou (GEISLER; HOWEP, 2000, p. 217).

1.3 - O grão de mostarda e os Evangelhos sinóticos. A Parábola do grão de mostarda trata do tema principal das pregações do NT que é o Reino dos Céus, mostrando que o reino de Deus teria um começo aparentemente insignificante (pequeno) e depois ficaria muito grande. O elemento surpreendente nessa parábola é o começo insignificante, conforme os homens medem as coisas; uma semente pequenina daria uma grande planta. Em Mateus a semente é plantada no campo (Mt 13.31), em Marcos na terra (Mc 4.31); e em Lucas na horta (Lc 13.19). Lucas coloca ênfase no grande tamanho da planta, enquanto Mateus e Marcos enfatiza o pequeno tamanho da semente. Marcos fala de hortaliças, já Mateus e Lucas falam de árvore. Estas pequenas diferenças na narrativa, em nada alteram o sentido da parábola, ou seja, o ensino permanece o mesmo nos três Evangelhos que se completam com estas informações. Se a parábola do semeador retrata a responsabilidade humana e a parábola da semente mostra a soberania de Deus, a do grão de mostarda mostra um crescimento abundante (POHL apud LOPES, 2006, p. 249).

II – O QUE APRENDEMOS COM ESTA PARÁBOLA
2.1 - O grão de mostarda e a simplicidade do Reino. O propósito dessa parábola é mostrar que o início do Evangelho seria pequeno, mas que, no seu final, ele aumentaria grandemente. O Reino do Messias, que estava então sendo implantado, tinha pouca expressão. Cristo e os seus apóstolos, comparados com “os grandes do mundo romano”, se pareciam com a semente de mostarda. Geralmente os homens pensam em grandes conquistas e demonstrações de força (Jo 6.15). Até os apóstolos imaginavam um reino grande e glorioso e desejavam posições de honra e influência (Mc 10.35-37). No entanto, Jesus não iniciou Seu Reino no auge do apoio popular, mas sim, num momento em que quase todos o abandonaram. O começo foi aparentemente insignificante, simples e pequeno com poucos homens e sem importância na sociedade. Eram apenas doze homens, alguns até iletrados e incultos de uma região desprezada (At 2.7; 4.13), e havia pouco mais de 100 pessoas (At 1.15).

2.2 - O grão de mostarda e o crescimento do Reino. O grão de mostarda, segundo alguns biólogos, é a menor de todas as sementes e em seu estágio adulto se tornava a maior das plantas atingindo o tamanho de uma árvore, com no mínimo três metros de altura, podendo alcançar até cinco metros; e tal foi a Igreja de Cristo no início da sua formação no mundo. Assim, podemos afirmar que a parábola do grão de mostarda, trata do crescimento e desenvolvimento deste Reino na terra. Ao fazer essa comparação Jesus falou de desenvolvimento, crescimento e expansão. Portanto, o “grão de mostarda”, quando semeado, sendo pequeno e diminuto, tem a força para se desenvolver, crescer e transformar-se numa grande árvore (CABRAL, 2005, p. 43). A referência à árvore indica um império em expansão (Ez 17.23; 31.1-9; Dn 4.10-12); os pássaros representam as nações do império (Dn 4.20-22) (SHELTON; ARRINGTON; STRONDAD, 2003, p. 90).

2.3 O grão de mostarda e o avanço do Reino. Essa planta se torna tão imponente que até mesmo as aves do céu se aninham em seus ramos. A semente foi plantada, e a planta cresceu, pois na mesma cidade na qual Jesus foi morto, quase três mil pessoas foram batizadas em um só dia (At 2.41). Pouco tempo depois, contavam-se quase cinco mil homens (At 4.4). A pequena semente continuou crescendo ainda mais:“E crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto homens como mulheres, agregados ao Senhor” (At 5.14). Só em Jerusalém, chegaram a contar milhares de cristãos (At 21.20). A palavra foi pregada ao mundo (Cl 1.23), e o Reino continuou crescendo. O que começou com uma minúscula semente se tornou uma grande planta. Jesus usa a hipérbole para acentuar que plantas grandes podem crescer de uma semente muito pequena, e assim sucederá com o poder expansivo, penetrante e gradual do Reino de Deus (ROBERTSON, 2011, p. 389).

III – A PARÁBOLA DO FERMENTO
A parábola do fermento é uma das mais curtas parábolas de Jesus e só aparece em dois dos Evangelhos sinóticos. Antes de tudo é preciso saber que a parábola do grão de mostarda e a parábola do fermento formam um par. Aqui estão duas parábolas cuja intenção é mostrar que o Reino devia ser muito pequeno no início, mas que ao longo do tempo ela se tornaria um corpo considerável (Mt 13.31-33). Ao contar estas duas parábolas, Jesus estava falando a respeito do “crescimento do Reino dos Céus”. O escopo é basicamente o mesmo nas duas parábolas para mostrar que o Evangelho deveria prevalecer e ter um sucesso gradual, silencioso, e sem ser percebido. Notemos algumas informações sobre o fermento:

3.1 - Informações sobre o fermento. Existem, pelo menos, dois tipos de fermentos: o biológico e o químico. O fermento biológico é composto por fungos benéficos microscópicos vivos. Apesar de parecer estranho um ingrediente usado em alimentos ser feito de fungos, temos que lembrar que o fungo não é somente aquele mofo desagradável que contamina os alimentos, mas também ingrediente para alimentos como os cogumelos. Existem mais de 850 tipos de fungos comestíveis que chamamos de leveduras. Já o fermento químico é industrializado, e por isso, não é uma levedura natural; é uma mistura de bicarbonato de sódio com ácido não tóxico e é utilizado para dar textura esponjosa à massa.

3.2 - Informações sobre a parábola do fermento. Embora o fermento na Bíblia simbolize o pecado e a corrupção, essa posição não pode ser sustentada nesta parábola, pois contradiz totalmente o contexto dela. Uma regra básica para interpretar textos bíblicos é se atentar ao contexto, pois será ele que decidirá o sentido simbólico empregado no texto, caso haja algum. No caso dessa parábola o contexto deixa óbvio que o fermento representa o Reino do Céu, e em nada está relacionado ao mal ou ao pecado. Esta parábola segue imediatamente após a parábola do grão de mostarda, com quem Jesus compartilha o mesmo tema: “O Reino de Deus que cresce de pequenos começos”. A mulher pegou uma pequena quantidade de fermento, misturou em uma grande quantidade de farinha. Os Evangelhos deixam claro que a mulher utilizou três medidas de farinha, e esta grande quantidade de farinha pode sugerir uma ocasião festiva planejada, pois o pão produzido poderia alimentar muitas pessoas. Como o grão de mostarda e o fermento, o Reino dos Céus teve um começo modesto, mas com um grande e repentino desenvolvimento: “[…] A que compararei o Reino de Deus? É como o fermento que uma mulher misturou com uma grande quantidade de farinha, e toda a massa ficou fermentada” (Lc 13.20,21 – NVI). Fugir desta interpretação é no mínimo malabarismo exegético.

3.3 - A parábola do fermento e o aspecto interior e exterior do Reino. Uma vez que esta parábola está intimamente relacionada com a anterior, elas bem podem ser interpretadas juntas. Esta parábola é encontrada em Mateus 13.33 e em Lucas 13.20-21, mas não em Marcos. Jesus retratou uma mulher tomando o fermento (levedura) e escondendo-o em três medidas de farinha. O fermento afetou toda a quantidade de massa de pão, de forma que toda massa cresceu. Embora existam duas interpretações principais para estas parábolas, a do grão de mostarda e do fermento, a interpretação tradicional afirma que Jesus está descrevendo aqui a dupla expansão do Reino. A parábola da semente de mostarda se refere ao crescimento exterior do reino do céu, e a parábola do fermento se refere ao crescimento interior do reino. Em outras palavras, a parábola da semente de mostarda foca a expansão aparente do reino, enquanto a do fermento focaliza a atenção no poder interior do reino, que, de forma invisível (Lc 17.20), exerce influência sobre tudo. Esse é o ensino principal dessa parábola (BEACON, 2010, p. 103).

3.4 - A parábola do fermento e o crescimento do Reino. Querer aplicar significados as três medidas de farinha, ou descobrir quem é a mulher que está fazendo a massa é entrar por um estilo interpretativo sem propósito e alegórico, além de tirar o foco do verdadeiro ensino de Jesus nessa parábola. Nesta parábola, Jesus falou sobre o progresso intenso do Reino de Deus no mundo. Assim como o fermento, que penetra e se espalha dentro da massa e a faz crescer, o Reino irá se alastrar pelos quatro cantos da Terra (Lc 17.20,21). A função do fermento é dar volume e qualidade a uma massa, e é quase impossível fazer um bolo, torta ou pão sem que o fermento seja acrescentado. Ao contar essa parábola aos fariseus, Jesus afirma que, no final dos tempos, o Evangelho irá se espalhar por todas as nações e o Reino de Deus causará efeito em toda a humanidade (Mt 24.14). Ele disse: “[…] e toda a massa ficou fermentada”, ou seja, o Reino expandirá em tudo e crescerá absurdamente (Mt 13.31-32).

CONCLUSÃO
Muitos não reconhecem que o Reino esteja em ação, porque está escondido e é considerado insignificante por muitos. Mas não devemos menosprezar o dia das coisas pequenas. Podemos dizer que, de alguma forma, todas as parábolas de Jesus pressupõem o Reino de Deus. Algumas, contudo, tratam especificamente do desenvolvimento e do seu crescimento sobre a terra.

REFERÊNCIAS
CABRAL, Elienai. Parábolas de Jesus: advertências para os dias atuais. CPAD.
GEISLER, N; HOWE, T. Manual popular de dúvidas, enigmas e contradições da bíblia. VIDA.
LOCKYER, John. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA.
SHELTON, J. ARRINGTON, F. L.; STRONDAD, R. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
ROBERTSON, A.T. Comentário de Mateus e Marcos. CPAD.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

LIÇÃO 02 – PARA OUVIR E ANUNCIAR A PALAVRA DE DEUS – (Mc 4.3-20) 4º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 02 – PARA OUVIR E ANUNCIAR A PALAVRA DE DEUS – (Mc 4.3-20)
4º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre a “parábola do semeador”; inicialmente veremos algumas informações gerais a respeito dessa comparação contada por Jesus; também destacaremos os elementos principais incluídos nessa passagem e a sua devida explicação; e por fim, notaremos a aplicação dessa parábola no que diz respeito ao anúncio da Palavra de Deus.

I – INFORMAÇÕES SOBRE A PARÁBOLA DO SEMEADOR
Sobre a parábola do semeador é importante destacar que ela não começa com a expressão: “o Reino dos céus é semelhante […]”, pois descreve como o Reino de Deus é chegado, por meio da pregação da Palavra. Notemos ainda algumas considerações sobre esta parábola:

1.1 - Classificação. A parábola do semeador faz parte do conjunto de narrativas denominadas de “parábolas do Reino”, ao seu lado estão:

(a) a parábola do joio e do trigo (Mt 13.24-30),
(b) do grão de mostarda (Mt 13.31-32);
(c) do fermento (Mt 13.33);
(d) do tesouro escondido (Mt 13.44);
(e) da pérola escondida (Mt 13.45,46); e,
(f) da rede (Mt 13.47-50).

A parábola do semeador tem seu registro nos Evangelhos chamados sinóticos (Mt 13.1-23; Mc 4.1-20; Lc 8.4-15), sendo ela a mais extensa e uma das mais conhecidas das que foram contadas por Jesus. Ela possui também uma outra característica digna de nota, pois também é incluída no grupo das poucas parábolas cuja explicação foi dada pelo próprio Cristo.

1.2 - Contexto e sua importância. O cenário para a apresentação desta parábola foi à beira-mar (Mc 4.1), que presume-se seja o Mar da Galileia. Novamente a pressão da multidão obrigou o Senhor a falar ao povo de dentro de um barco um pouco afastado da praia. A importância desta parábola fica subentendida quando Jesus indaga: “[…] não percebeis esta parábola? Como, pois, entendereis todas as parábolas?” (Mc 4.13), por meio dessa expressão o Senhor está dizendo que esta parábola é fundamental para o entendimento das outras. Esta unidade de parábolas (Mc 4.3-32) é básica para se discernir tudo o que está acontecendo no Reino de Deus.

1.3 - Propósito. Jesus inicia a parábola dizendo: “Ouvi […]” (Mc 4.3), do mesmo modo finaliza exortando: “[…] Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Mc 4.9), ficando claro que Seu propósito, era expor a necessidade da audição atenta dos seus ouvintes, e consequentemente levar as pessoas a reflexão, a fim de que a mensagem pudesse penetrar em seus corações. O verbo ouvir e seus correlatos são usados várias vezes em Marcos 4.1-34. É evidente que Jesus não estava simplesmente se referindo ao ato físico de ouvir, mas sim a ouvir com discernimento espiritual. O ouvir a Palavra de Deus significa entendê-la e obedecer ao que ela diz (Tg 1.22-25).

II – ELEMENTOS PRINCIPAIS DA PARÁBOLA E A SUA EXPLICAÇÃO
Em resposta à pergunta dos discípulos (Mc 4.10), Jesus interpreta a parábola dos solos, acentuando desse modo sua importância como chave para a compreensão de qualquer outra parábola (Mc 4.13). Sua explicação é relevante para aqueles que o ouviram naquele tempo e para nós hoje. Vejamos:

2.1 - O semeador (Mc 4.3). Diferente da parábola do joio e do trigo onde Cristo se identifica claramente como o semeador (Mc 4.37), Jesus não identifica o semeador nesta parábola em apreço. O ponto de partida da interpretação acerca de quem era o semeador tem um caráter particular, porque indica subjetivamente o próprio Cristo como o semeador. Todavia, essa característica particular da interpretação não impede que se dê um sentido genérico aos cristãos como semeadores (Jo 4.35- 38). Não acrescenta nem fere os princípios hermenêuticos que regem a interpretação dessa parábola. Sendo assim, qualquer um que semeie a Palavra está incluído na figura do semeador (1Co 3.5-9; 9.11).

2.2 - A semente (Mc 4.4-a). A semente é identificada como: “[…] a palavra de Deus” (Lc 8.11). Em Mateus 13.19 é chamada de palavra do Reino, isto é, a palavra poderosa que rege o Reino de Deus. Esse termo ainda é utilizado com referência aos ensinamentos de Jesus (cf. Mc 2.2; 8.38; 13.31). Por que comparar a Palavra de Deus a semente? Porque a palavra é: “[…] viva e eficaz […]” (Hb 4.12), uma semente incorruptível (1Pe 1.23), que produz frutos nos que a recebe (Cl 1.5,6; Hb 4.2).

2.3 - Tipos de solos (Mc 4.5). Para cada parábola, Cristo tinha uma lição especial, e na parábola do semeador deixou-nos uma das mais extraordinárias lições sobre os tipos distintos de corações (solos, terrenos), os quais recebem a semeadura. Vejamos:

2.3.1 - À beira do caminho (Mc 4.4 – ARA). Esse tipo de solo representa pessoas que, embora se diga: “[…] tendo eles a ouvido (Mc 4.15) ou seja, a mensagem do Reino, “[…] não a compreendem” (Mt 13.19 – ARA), sendo vulneráveis ao ataque do diabo tipificado pelas aves na parábola (Lc 8.5), cuja ação nesse caso, é tirar-lhes do coração a palavra semeada, para que não creiam e sejam salvos (Lc 8.12).

2.3.2 - Entre os pedregais (Mc 4.5). Em lugares pedregosos a semente germina mais rápido, pois a terra é pouco profunda e absorve mais o calor do sol, contudo, essa mesma falta de profundidade a impede de lançar raízes firmes (Mt 13.5). Esse tipo de terreno refere-se a uma classe de ouvintes, que: “[…] ouvindo a palavra, logo com prazer a recebem” (Mc 4.16) porém, “[…] creem apenas por algum tempo” (Lc 8.13), não perseveram na fé em Cristo e diante das provações desta vida, por não terem raízes (Mc 4.17), o resultado é que: “[…] se desviam” (Lc 8.13).

2.3.3 - Entre os espinhos (Mc 4.7). O terceiro tipo compreende aqueles que: “[…] ouvem a palavra” (Mc 4.18); mas apesar disso: “os cuidados do mundo, a fascinação das riquezas e as demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera (Mc 4.19 – ARA). O materialismo e o mundanismo são ameaças a vida de cada cristão (1Tm 6.10; Tg 4.4; 1Jo 2.15,16), e foi a causa da morte espiritual de muitos, como por exemplo:

(a) o jovem rico (Mc 10.17-24);
(b) Judas Iscariotes (Jo 12.6; Mt 22.3-5);
(c) Ananias e Safira (At 5.1-11);
(d) Simão o mágico (At 8.9-13,18-24);
(e) Demas (2Tm 4.10), servindo de exortação para os crentes da atualidade para que não caim no mesmo erro (Mt 6.24).

2.3.4 - Em boa terra (Mc 4.8). Esse último solo é o reverso dos outros três. Por isso, a semente lança raízes, não perde facilmente a umidade, e então a seiva e a energia dão vida à planta que, subsequentemente, cresce e frutifica. Esse terreno, diz respeito ao que: “[…] ouve e compreende a palavra” (Mt 13.23), e ainda, “[…] de bom e reto coração, retêm a palavra e produzem frutos com perseverança” (Lc 8.15), e de maneira diversificada: “[…] a trinta, sessenta e a cem por um” (Mc 4.20) (ver Jo 15.2,5,8).

III – LIÇÕES PRÁTICAS QUANTO AO ANÚNCIO DA PALAVRA DE DEUS
A proclamação do evangelho é uma tarefa de muita importância dada a Igreja do Senhor (At 1.8). O apóstolo Pedro lembra que a experiência de salvação resulta entre outras coisas, no dever de anunciar as virtudes de Deus (1Pe 2.9). Encontramos nas Escrituras que, após a sua ressurreição Cristo exorta sobre a necessidade da pregação das boas novas a todas as pessoas (Mc 16.15), e quanto a essa tarefa podemos destacar através da parábola do semeador algumas verdades:

3.1 - A imparcialidade no anúncio da mensagem. Uma das importantes lições extraídas dessa parábola, é a dedicação e fidelidade do semeador diante dos diversos tipos de solo existentes e os resultados negativos, que não o fizeram desanimar, como também não alterar o uso da semente em sua sementeira; ou seja, ele não usou tipos diferentes de sementes, ou mesmo deixou de semear mesmo sabendo da possibilidade de ela não vir a frutificar devido ao solo. Na grande Comissão Cristo ensinou de que a mensagem do evangelho deve ser pregada e ensinada a todos (Mt 28.19,20; Mc 16.15), visto que Ele não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11), e dar a todos igualmente a oportunidade de ouvir e de crer na mensagem de salvação (Tt 2.11; Jo 1.7; Ef 1.13;). As Escrituras exortam quanto a fidelidade dos semeadores (1Co 4.1,2), e da sua incorrupção quanto a pregação (At 20.20,27; 1Co 2.4; 1Ts 1.5), não falsificando o alimento da palavra (1Pe 2.2).

3.2 - A oposição ao anúncio da mensagem. Devido ao poder que a Palavra tem e o que ela pode fazer na vida de quem a recebe (Rm 1.16; 10.17), Satanás se opõe a pregação do evangelho com o objetivo de impedir que as pessoas sejam salvas (At 13.6-10); diz o apóstolo Paulo: “[…] o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2Co 4.4), e em muitos casos usa de meios naturais, como leis e ideologias humanas para que o nome de Cristo não seja anunciado (At 4.2,17,18).

3.3 - A possibilidade de rejeição à mensagem. A vontade de Deus é que todos sejam salvos e venham ao pleno conhecimento da verdade (1Tm 2.4), no entanto o relato bíblico e a experiência prática mostram que nem todos de fato o serão (Mt 7.13), e isso devido à resistência de alguns a ação do Espírito Santo em suas vidas (Jo 16.8; At 7.51), de modo que a culpa não é do semeador nem da semente, o problema é a natureza do solo, o coração humano que não se sujeita a Deus, não se arrepende nem recebe a Palavra, portanto, não é salvo (Mt 23.37; Lc 7.30; Jo 1.11; 5.40; Hb 12.25). A Bíblia é clara sobre a resistência a Cristo e a Sua mensagem quando diz: que Janes e Jambres “resistiram à verdade” (2Tm 3.8), que “nem todos os israelitas aceitaram as boas novas” (Rm 10.16), que alguns “suprimem a verdade pela injustiça” (Rm 1.18), e que os judeus de Antioquia “rejeitaram e não se julgaram dignos da vida eterna” (At 13.46; ver At 17.32).

3.4 - A responsabilidade humana na aceitação da mensagem. Um fato que todo o que semeia a Palavra precisa considerar, é que o resultado da semeadura não é de sua competência, ou seja, nessa parábola fica evidente que os resultados têm a ver com a aceitação de cada pessoa à mensagem do evangelho (Ez 2.5,7). A Palavra de Deus trará fruto na vida de um ouvinte ou não, isso depende apenas da condição do coração de cada pessoa. Como resultado dessa aceitação surge a frutificação: “[…] os que ouvem a palavra e a recebem, e dão fruto, um a trinta, outro a sessenta, outro a cem, por um” (Mc 4.20). O fruto é a prova da verdadeira salvação (Mt 7.16), e inclui santidade (Rm 6.22), caráter cristão (Gl 5.22,23), prática de boas obras (Cl 1.10), testemunho cristão (Rm 1.13), disposição de compartilhar os bens (Rm 15.25-28) e louvor a Deus (Hb 13.15).

CONCLUSÃO
Fica evidente por meio desta parábola que é nosso dever prioritário semear a Palavra de Deus, utilizando os meios necessários, em tempo e fora de tempo (2Tm 4.2), só assim o Reino de Deus se expandirá, pois o Senhor dá semente a quem semeia (2Co 9.10), com vistas a salvação das almas.

REFERÊNCIAS
CABRAL, Elienai. Parábolas de Jesus: advertências para os dias atuais. CPAD.
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

LIÇÃO 01 – PARÁBOLA: UMA LIÇÃO PARA A VIDA - (Mt 13.10-17) 4º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 01 – PARÁBOLA: UMA LIÇÃO PARA A VIDA - (Mt 13.10-17)
4º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Neste último trimestre de 2018, estudaremos sobre “As parábolas de Jesus – as verdades e princípios divinos para uma vida abundante”. Introduziremos o assunto definindo a palavra parábola; veremos que das figuras de linguagem que são usadas na Bíblia esta é a mais abundante; pontuaremos quais os dois princípios que devemos utilizar na interpretação das parábolas; e, por fim, finalizaremos destacando quais os propósitos de Jesus ao transmitir os Seus ensinos por meio de parábolas.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA PARÁBOLA
O dicionário Houaiss (2001, p. 2126) define “parábola” como: “narrativa alegórica que transmite uma mensagem indireta, por meio de comparação ou analogia”. No AT a palavra hebraica traduzida por parábola é “mashal”, que significa “provérbio”, “analogia” e “parábola”. A ideia central de mashal é “ser como” e muitas vezes refere-se a “frases constituídas em forma de parábola”, característica da poesia hebraica (LOCKYER, 2006, p. 09 – acréscimo nosso). A palavra parábola é composta de dois vocábulos gregos: o prefixo “para” e o sufixo “ballein” ou “bailo”, que significa 'lançar ou colocar ao lado de'. Portanto, podemos entender que parábola é algo que se coloca ao lado de outra coisa para fins de comparação, ou para demonstrar a semelhança entre dois elementos” (CABRAL, 2005, p. 08). A parábola é uma comparação extraída da natureza ou da vida diária destinada a esclarecer verdades da esfera espiritual (Mc 4.11,12; Lc 8.10). Em resumo ela tem sido definida como: “uma história terrena com um significado celestial”.

II – O USO DE PARÁBOLAS NAS ESCRITURAS
São várias as figuras de linguagem que a Bíblia emprega, e todas são necessárias para ilustrar verdades divinas e profundas dentre elas está a parábola. Segundo Lockyer (2006, p. 07), “em todo o âmbito literário não há livro mais rico em material alegórico e em parábolas do que a Bíblia”. Vejamos:

2.1 - No Antigo Testamento. As parábolas são utilizadas desde a antiguidade. Isso se confirma pelo fato de figurar no AT em larga medida e sob diferentes formas (Jz 9.7-16; 2Sm 12.1-4; 2Sm 14.6; 1 Rs 20.39; 2 Rs 14.9; Is 5.1-6; Ez 17.3-10; 19.2-9; 24.3-5; 24.10-14). Principalmente os profetas eram usados por Deus para transmitir mensagens por meio de parábolas, como o próprio Deus afirmou: “Falei aos profetas, e multipliquei a visão; e pelo ministério dos profetas propus símiles” (Os 12.10).

2.2 - No Novo Testamento. Quando o Senhor Jesus apareceu entre os homens, como Mestre, tomou a parábola e honrou-a, usando-a como veículo para a mais sublime de todas as verdades, como acerca dEle estava profetizado (Sl 78.2; Mt 13.35). Sabedor de que os mestres judeus ilustravam suas doutrinas com o auxílio de parábolas e comparações, Cristo adotou essas antigas formas de ensino e deu-lhes renovação de espírito, com a qual proclamou a transcendente glória e excelência de seu ensino (Mt 13.34; Mc 4.2,33,34; Jo 16.25). Cerca de um terço do ensino de Jesus nos Evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) se apresenta em forma de parábolas.

III – PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DAS PARÁBOLAS
Durante algum tempo na história da igreja, alguns teólogos começaram a interpretar as Escrituras de forma alegórica, inclusive as parábolas de Jesus. Esta atitude resultou na substituição da simplicidade das Escrituras pela especulação sutil. Na interpretação das parábolas não podemos esquecer a “lição principal”, sem entrar em maiores detalhes, que servem somente para preencher uma história aceitável, mas que nem sempre se revestem de qualquer sentido especial. Por exemplo: na parábola do semeador (Mt 13.18-30), os quatro tipos de solos significam tipos diferentes de receptividade ao evangelho, o semeador se refere a Jesus e a semente, ao evangelho. Aqui, a maioria dos detalhes é alegorizada. Já na parábola do filho pródigo (Lc 15.11-32), porém, os personagens possuem um significado (o pai = Deus, o filho pródigo = os cobradores de impostos e pecadores, o filho mais velho = os escribas e fariseus; Lc 15.1), mas os detalhes (como a fome, os porcos e as alfarrobas) acrescentam vivacidade, não um significado espiritual. Pastor Elienai Cabral em seu livro “Parábolas de Jesus” (2005, pp. 11,12) pontua pelo menos dois princípios que auxiliam na interpretação das párabolas. Vejamos:

3.1 - O princípio do contexto. Todas as parábolas foram precedidas de situações históricas que induziram Jesus a usar esse método para aclarar verdades morais e espirituais. Uma das leis que regem a interpretação de um texto, seja ele sagrado ou secular, é o seu contexto. O contexto cultural e histórico pode facilitar a compreensão do ensino principal da parábola. Nesta, o seu contexto pode ser aquela situação histórica que obrigou o Mestre a contar uma parábola para esclarecer uma verdade discutida. O contexto imediato, antes e depois, oferece ao intérprete a luz sobre o que se queria ensinar.

3.2 - O princípio teológico. As parábolas não têm a finalidade de estabelecer doutrina ou teologia, mas visam a confirmar algum elemento teológico contido numa parábola. O princípio teológico que rege qualquer parábola bíblica é aquele que se insere nos conceitos e verdades espirituais ensinadas. Uma das regras simples de hermenêutica é “o ensino geral da Bíblia” sobre determinado assunto ou doutrina. Por isso, os ensinos das parábolas de Cristo devem ser interpretados sob o princípio do “ensino geral das Escrituras”.

IV – JESUS E AS PARÁBOLAS
Jesus foi um exímio contador de parábolas. Ele aproveitava algum evento do cotidiano de sua época e explorava aspectos especiais daquele acontecimento para ensinar alguma verdade espiritual. Mateus disse que “nada lhes falava sem parábolas” (Mt 13.34). Marcos acrescenta que Ele: “[...] ensinava-lhes muitas coisas por parábolas [...]” (Mc 4.2). E, acrescentou ainda: “E sem parábolas nunca lhes falava” (Mc 4.34-b). Mas, porque Jesus ensinava por meio de parábolas? Vejamos:

4.1 - Esclarecer as verdades do Reino para os que queriam ouvi-lo. Os discípulos estavam curiosos sobre a razão pela qual Jesus ensinava as multidões por parábolas. Quando eles lhe perguntaram, Ele respondeu que, embora fosse um privilégio deles conhecer os mistérios do Reino dos céus “Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus” (Mt 13.11). A palavra “mistério” no grego “musterion” significa: “aquilo que, estando fora do âmbito da apreensão natural sem auxílio, só pode ser conhecido pela revelação divina, e é conhecido do modo e no tempo designado por Deus e só àqueles que são iluminados pelo Seu Espirito” (VINE, 2002, p. 795). A palavra mistério é frequentemente usada na Bíblia para indicar alguma coisa que, parcialmente revelada no Antigo Testamento, é plenamente mostrada no Novo (Cl 1.26,27; 2.2) (HORTON, p. 109). Paulo, que recebeu o evangelho por revelação, foi o apóstolo que mais falou a respeito dos mistérios de Deus (1 Co 11.23; Gl 1.12). Aos efésios ele disse: “Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas” (Ef 3.5). Vejamos algumas coisas que a Paulo denomina de mistério e que foram revelados pelo Espírito Santo, por meio dos apóstolos:

O mistério do arrebatamento (1 Co 15.51-54);
O mistério da iniquidade (2 Ts 2.7);
O mistério da cegueira de Israel (Rm 11.25);
O mistério da fé (1 Tm 3.9);
O mistério da piedade (1 Tm 3.16).

4.2 - Ocultar as verdades do Reino para os resistentes. Algumas parábolas também foram utilizadas por Jesus com o intuito de ocultar verdades aos que não tinham predisposição para ouvir, aprender e se converter (Mt 13.11,13). Nesse texto Jesus fez referência ao profeta Isaías que foi avisado da resistência do povo de Israel ao seu clamor profético (Is 6.9,10) que prefigurou o intenso endurecimento que este mesmo povo teria contra o Seu Messias (Mt 13.13-15). Perceba que Jesus disse que: “[…] o coração deste povo está endurecido, e ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos” (Mt 13.15-a). Alguns até entendiam o que o Mestre ensinava mas a reação não era positiva (Mc 12.12). O escritor da epístola aos Hebreus disse que aos hebreus da época de Moisés foram pregadas as boas novas como a nós “[…] mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé […]” (Hb 4.2). Portanto, não existe nenhuma possibilidade em Deus agir de forma arbitrária selecionando alguns para salvação e outros não. Ele “amou o mundo” (Jo 3.16); “quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2.4); e, por meio da Sua graça concede “salvação a todos os homens” (Tt 2.11), no entanto, como este homem reage ao convite divino é uma questão pessoal, pois uma coisa é “conceder” (parte de Deus) outra coisa é “receber” (parte do homem). Isto Jesus deixou isso claro quando falou da Parábola do Semeador (Mt 13.1-9). A semente é a Palavra de Deus que foi semeada em quatro tipos terrenos (Lc 8.11), no entanto, a forma como cada terreno se comportou ao receber a semente, ilustra a forma individual com que cada pessoa reage a pregação do evangelho (Mt 13.19-23). “Portanto, inferir alguma espécie de fatalismo ou determinismo dessa história seria como desviar-se das Escrituras como um todo, pois elas assumem em toda parte uma responsabilidade individual” (BEACON, 2006, p. 102 – acréscimo nosso).

CONCLUSÃO
As parábolas estão recheadas de ensinamentos acerca das coisas espirituais que Deus deseja transmitir ao Seu povo. Portanto, devemos nos debruçar diante da Bíblia com a finalidade de aprofundar nosso conhecimento acerca dos mistérios do Reino dos céus.

REFERÊNCIAS
CABRAL, Elienai. Parábolas de Jesus: advertências para os dias atuais. CPAD.
EARLE, Ralph et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
HORTON, Stanley M. Apocalipse: as coisas que brevemente devem acontecer. CPAD.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
LAHAYE, Tim. Enciclopédia Profecia Bíblica. CPAD.
LOCKYER, John. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

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