sábado, 29 de setembro de 2018

LIÇÃO 14 – ENTRE A PÁSCOA E O PENTECOSTES - (Êx 34.18-29) 3º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 14 – ENTRE A PÁSCOA E O PENTECOSTES - (Êx 34.18-29)
3º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos informações sobre a Festa da Páscoa como o seu nome, sua data, seus participantes bem como os elementos desta cerimônia judaica e sua aplicabilidade para a Igreja hoje. Estudaremos também sobre a quarta festa de Israel que é Pentecostes onde pontuaremos informações sobre o seu nome, o seu objetivo, e a sua comemoração para o povo judeu com sua correlação com a noiva de Cristo.

I - A FESTA DA PÁSCOA
1.1 - O nome da festa. A palavra portuguesa “Páscoa” é usada para designar a festa dos judeus que, no hebraico, é chamada “Pêssach”, que significa: “saltar por cima”, ou “passar por sobre”. Esse nome surgiu em face do registro bíblico de que o anjo da morte, ou anjo destruidor, passou por sobre as casas marcadas com o sangue do cordeiro pascal, e matou os primogênitos do Egito: “E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito” (Êx 12.23 ver Dt 6.20-25).

1.2 - A data da festa. O nome hebraico do mês que aconteceu a primeira Páscoa foi em Abibe, que significa “espigas verdes”. Corresponde a Março-Abril em nosso calendário. Durante o Exílio babilônico foi substituído pelo nome Nissã que significa “começo, abertura” (Ne 2.1). Ainda hoje o ano civil começa no outono, com a Festa das Trombetas (Lv 23.24; Nm. 29.1), chamado “Rosh hashanah” que significa “cabeça do ano”, “ponta do ano”, ou “início novo” (ano novo).

1.3 - Os participantes da festa. O registro bíblico nos mostra que a Páscoa era uma cerimônia familiar:“Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família” (Êx 12.3). Quando a família fosse pequena demais deveria unir-se a outra. De acordo com a tradição judaica, a expressão “pequena demais” significava com menos de dez pessoas. Eles deviam calcular quanto cada um poderia comer e assim determinar se deviam se reunir com alguma outra família (Êx 12.4). O estrangeiro também poderia participar desde que fosse circuncidado (Êx 12.43-49).

1.4 - Os elementos da festa. Os participantes da Páscoa deveriam ter os lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. Conforme o registro bíblico, a festa da Páscoa deveria ser preparada com os seguintes elementos: um cordeiro ou cabrito, pães asmos, ervas amargas e o sangue do cordeiro que deveria ser aplicado na verga e nos umbrais da porta. Cada um dos componentes desta celebração tinha um sentido literal e espiritual (Êx 12.24-27). Notemos:

ELEMENTOS
1 Cordeiro
2 Sangue
3 Pães asmos
4 Ervas amargas

EXIGÊNCIAS PARA A FESTA DA PÁSCOA
1 Este animal deveria ser: macho, de um ano, e sem mancha (Êx 12.5). Os hebreus deveriam avaliar o cordeiro durante quatro dias (Êx 12.3,6).
2 Os hebreus deveriam sacrificar o cordeiro no décimo quarto dia no período da tarde (Êx 12.6) e colocar o sangue na verga e nos umbrais da porta (Êx 12.7).
3 Os pães asmos é um pão assado sem fermento e feito somente de farinha de trigo e água (Êx 12.8).
4 A tradição judaica menciona alface, escarola, chicória, hortelã e dente-de-leão (Êx 12.8).

TIPOLOGIA
1 Este cordeiro substituiria o primogênito de cada família dos hebreus (Êx 12.12,13) e dos animais (Êx 13.1,2,12-15 ver Mt 27.45-50).
2 O sangue no umbral e nas vergas das portas serviria como sinal para livramento (Êx 12.12,13). O Sangue representa a expiação (Hb 9.22; 11.28).
3 A farinha amassada sem ter recebido o fermento simboliza pureza (Mt 16.11; Mc 8.15).
4 As ervas amargas deveriam ser comidos para recordar a opressão do Egito (Êx 1.14; 12.8).

II - APLICABILIDADE DA FESTA DA PÁSCOA PARA A IGREJA
Embora a celebração da festa da Páscoa seja uma ordenança divina para aos judeus (Êx 12; Nm 9.2,4; Dt 16), ela tem um profundo significado para o cristão por representar a obra de Cristo para a nossa redenção, pois as festas de Israel eram “sombras das coisas futuras […]” (Cl 2.17). Observemos algumas similaridades entre a Páscoa e Cristo:

2.1 - O significado profético da páscoa. Assim como um cordeiro foi sacrificado no dia da páscoa para a libertação dos judeus no Egito, Cristo foi sacrificado para a libertação dos nossos pecados: “[…] Ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21); “…pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados” (Ap 1.5); “[…] Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado” (1Co 5.7). Há uma perfeita identificação entre o pecado do crente e a oferta pelo pecado (Jo 3.14 ver Jo 1.29).

2.2 - O poder profético do sacrifício de Cristo. Este era o método usado por Deus, desde os tempos de Adão, para perdoar os pecados: O sangue deveria ser derramado: “Porque a vida da carne está no sangue” (Lv 17.11). “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez (oferta pelo) pecado por nós […]” (2Co 5.21). Por isso: “[…] sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” (Hb 9.22). No tempo do AT o sangue dos animais apenas cobria os pecados, no NT o sangue de Cristo tira o pecado do mundo (Jo 1.29; Hb 10.10-12). Vejamos alguns detalhes do cordeiro pascoal e Cristo:

A PÁSCOA JUDAICA
1 A perfeição do cordeiro (Êx 12.5)
2 O exame do cordeiro (Êx 12.3,6).
3 sacrifício do cordeiro (Êx 12.6,23; 12.8).

JESUS CRISTO
1 Jesus é comparado a um cordeiro (Is 53.4; Jo 1.29; At 8.32-35). O Messias nasceu e viveu uma vida imaculada e irrepreensível (1Pd 1.19; 2.22; Hb 7.26).
2 Jesus foi examinado pelos religiosos (Mt 22 15-46); pelo sumo sacerdote (Jo 18.29), por Herodes (Lc 23.7-11), por Pilatos (Jo 18.28; 19.4,6), e pelo soldado ao pé da cruz (Lc 23.47).
3 Jesus foi morto pelos judeus (Mc 15.11-14; At 2.23,36); e o seu sangue foi derramado para livrar a todos os homens da ira divina (Rm 3.25; 5.1; 1Ts 1.10).

III - A FESTA DE PENTECOSTES
Das sete festas comemoradas por Israel, três eram realizadas no primeiro mês (Abibe) do calendário judaico: Festa da páscoa (Êx 12.5; Lv 23.4-5; Dt 16.1); Festa dos pães asmos (Êx 12.8,18; 13.7; Lv 23.6-8); e, Festa das primícias (Lv 23.9-14). A celebração destas três festas é realizada entre os dias 14 e 22 do primeiro mês. A festa da páscoa (14 de Abibe) é um dia antes dos pães asmos (15 de Abibe) e dois dias antes das Primícias (16 de Abibe) (Lv 23.4-6). A Festa dos Pães Asmos era a continuação da Festa Páscoa (Lc 22.1) e durante essas duas, ainda tinha entre elas a Festa das Primícias. As três últimas festas eram realizadas no sétimo mês (Tishrei): Festa das trombetas (Lv 23.23-25); Festa do dia da expiação (Lv 23.26-32); e, Festa dos tabernáculos (Lv 23.33-44) e uma festa era realizada “no meio” (no mês de Sivan) que é a Festa de pentecostes (Lv 23.15-22) onde é celebrada durante sete semanas (49 dias) contadas a partir do primeiro dia depois da “páscoa”, ou seja, no 50º dia. Era uma festa abrangente sem acepção de grau parentesco, raça, nação, idade, sexo ou statos social (Dt 16.9-11,14).

3.1 - O nome da festa. Esta festa é chamada “shavuot” que quer dizer “semanas” (Dt 16.16). Esta festividade possui alguns nomes diferentes:

a) Festa das semanas que se refere a sete semanas após a oferta das primícias (Êx 34.22; Dt 16.10; 2Cr 8.13);
b) Festa da colheita referindo-se à conclusão das colheitas de grãos (Êx 23.16), e por fim,
c) Festa de pentecostes referindo-se ao período de cinquenta dias após a oferta das primícias que acontecia junto com a festa dos pães asmos (Lv 23.16-18).

3.2 - O objetivo da festa. A festa de pentecoste era uma festa basicamente agrícola que era celebrada no fim da primavera, quando a nova colheita de trigo era colhida (Êx 23.14-16). Como podemos ver, esta festa segue o mesmo princípio da Festa das Primícias que é o de agradecer a Deus por tudo que Ele tem providenciado, reconhecendo a sua bênção (Dt 16.10).

3.3 - A comemoração da festa. A Bíblia nos mostra que no dia da festa todas as atividades normais deviam ser suspensas a fim de que o povo se reunisse para uma “santa convocação” (Lv 23.21). Além do caráter de agradecimento, a festa tinha um propósito caridoso, pois as necessidades dos pobres e estrangeiros também deveriam ser lembradas nessa ocasião (Lv 23.22).

IV - APLICABILIDADE DA FESTA DE PENTECOSTES PARA A IGREJA
Jesus foi sacrificado durante a Festa da Páscoa (Mt 26.2; Mt 27.15), foi sepultado durante a Festa dos pães asmos (Mt 26.17; Mc 14.1,12; Lc 22.1), ressuscitou na Festa das Primícias (Mc 5.16), e cinquenta dias depois, no dia da Festa de Pentecostes, veio o derramar do Espírito Santo sobre os discípulos (At 2.1-4 ver Jl 2.28,29). Vejamos:

4.1 - O alcance da festa. Pentecostes fala de uma promessa:

a) segura “derramarei o meu Espírito” (Lc 24.49; At 1.4; 2.17);
b) abundante “sobre toda a carne” (At 2.4,39; 10.44);
c) abrangente pois ela quebra toda acepção racial: “toda a carne”, sexual: “filhos e filhas”, etária: “jovens e velhos”, e social: “servos e servas” (Jl 2.28,29); e,
d) atual “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At 2.39).

Um dos propósitos desta festa era também a aproximação de todos que estavam distantes: “Todos reunidos no mesmo lugar” (At 2.1); “Todos foram cheios do Espírito Santo” (At 2.4); “Todos os que estão longe; tantos quanto…” (At 2.39); e “Todos os que criam estavam juntos” (At 2.44).

4.2 - A abrangência da festa. Na Festa das Primícias era movido perante o Senhor um molho (feixe) de espigas de trigo (Lv 23.9- 11), já na Festa de Pentecostes eram movidos perante o Senhor dois pães de trigo (Lv 23.15-17). Isso falava da Igreja, que seria formada de judeus e gentios, formando, assim, um só corpo (Ef 2.14; Jo 11.52). O feixe de espigas fala da união, mas os pães vão além, pois eles falam de unidade (Ef 4.3). Em um feixe de espigas, os grãos estão simplesmente presos às espigas, porém isolados uns dos outros, mas, em um pão é diferente: o trigo é o mesmo, mas os grãos passaram por um multiforme processo e formam agora um todo, um corpo único. O derramamento pentecostal fez isso na formação da Igreja em Atos 2.

4.3 - A colheita da festa. Após sua ressurreição Jesus ficou na terra por 40 dias quando foi ascendido ao céu e dez dias depois na Festa de Pentecostes, no 50º dia depois da páscoa, cumpriu-se a promessa do “derramamento do Espírito Santo” (Jl 2.28,29; At 1.4,5; 2.1), e durante a festa de Pentecostes os discípulos ficaram cheios do Espírito Santo (do hebraico “Ruah Kadosh” e do grego “Hagios Pneumathos”) e logo após, os apóstolos colheram os primeiros frutos de (At 2.37-41).

CONCLUSÃO
Concluímos que assim como a Festa da Páscoa para o judeu lembra o livramento físico da escravidão do Egito, para os cristãos existe uma recordação do livramento espiritual do reino das trevas, e assim como a Festa de Pentecostes para Israel era para entregar ao Senhor os primeiros frutos da colheita, para a igreja fala também da primeira “colheita” com a conversão dos gentios e do derramamento do Espírito Santo.

REFERÊNCIAS
MCMURTRY, Grady Shannon. As Festas Judaicas do Antigo Testamento. ADSantos. HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
SITTEMA, John. Encontrei Jesus Numa Festa de Israel. Mundo Cristão.

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