segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

LIÇÃO 01 – AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO (Gl 5.16-26) - 1º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 01 – AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO (Gl 5.16-26) - 1º TRIMESTRE DE 2017 

INTRODUÇÃO
Neste primeiro trimestre de 2017 estudaremos sobre: “As Obras da Carne e o Fruto do Espírito: como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente”. Nesta lição introduziremos o assunto trazendo importantes informações sobre a epístola aos Gálatas; trataremos sobre as duas naturezas existentes no crente e o combate que há entre elas; e, por fim, quais as obras da carne e o fruto do Espírito e como estão classificadas.

I – A EPÍSTOLA AOS GÁLATAS
1.1 - Sobre a Galácia. “O termo 'Galácia' podia descrever seja o distrito geográfico ao norte da província, ou a província inteira. Esta ambiguidade deu origem às duas teorias diferentes para o destino da epístola, a da Galácia do Norte, e a da Galácia do Sul, sendo que a primeira restringe o termo 'Galácia' à área geográfica, e a última o interpreta no sentido provincial, abrangendo a área ao sul” (GUTHRIE, 2011, p. 27). A maioria dos intérpretes opina que esta carta foi enviada as igrejas da Galácia do Sul.

1.2 - O surgimento da Igreja nas regiões da Galácia. Temos o registro claro de Paulo ter fundado igrejas nas cidades de Derbe, Listra, Icônio e Antioquia durante sua primeira viagem missionária (At 13.13,14; 14.16,21- 24). Ele mesmo pregara a eles o evangelho (Gl 1.8,9; 4.13). No começo da segunda viagem, Paulo voltou a estas cidades “confirmando as igrejas” (At 15.41; 16.5). Lucas acrescenta que o grupo missionário “percorreu a região frígia e gálata” (At 16.6).

II - INFORMAÇÕES SOBRE A EPÍSTOLA AOS GÁLATAS
2.1 - Autoria. Há evidências internas e externas acerca da autoria paulina de Gálatas. A epístola reivindica a autoria paulina (Gl 1.1; 5.2). Praticamente todo o capítulo 1 e 2 são autobiográficos; os debates do capítulo 3 (Gl 3.1-6,15) foram postos na primeira pessoa do singular; os apelos do capítulo 4 se referem diretamente às relações existentes entre os destinatários da epístola e o seu autor (Gl 4.11,12-20); a intensidade do testemunho de Paulo aparece no capítulo 5 (Gl 5.2,3); e a conclusão, no capítulo 6, termina com uma alusão aos sofrimentos do autor por amor a Cristo (Gl 6.17). Quanto as referências externas, segundo Lopes (2011, p. 14) “os principais Pais da igreja nos primeiros séculos confirmam a autoria paulina de Gálatas, tais como: Irineu, Orígenes e Jerônimo”.

2.2 - Destinatários. A Epístola aos Gálatas é uma missiva circular do apóstolo Paulo. Ela foi dirigida “às igrejas da Galácia” (Gl 1.2). Essa epístola fazia o rodízio nas reuniões cristãs de uma região e era lida em público, prática comum no século 1º (lTs 5.27; Cl 4.16). Portanto, Gálatas é a única carta de Paulo escrita a um grupo de igrejas, em vez de a uma única e determinada igreja. Segundo estudiosos chegou-se a conclusão de que “essa epístola foi escrita às igrejas do Sul da Galácia fundadas por Paulo e Barnabé quando de sua primeira viagem missionária, ou seja, Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe (At 13.13-14.25).

2.3 - Data e Lugar. Segundo Beacon (2006, p. 21 – acréscimo nosso), “nenhuma evidência determina com certeza quando e onde Paulo escreveu esta epístola. Há, porém, algumas referências na carta que ajudam a fixar claramente a data dentro de certos limites. O relato do Concílio de Jerusalém (Gl 2.1-10; At 15) e o conflito subsequente com Pedro em Antioquia (Gl 2.11-18) determinam que a data mais recuada possível seja durante a permanência de Paulo em Antioquia, entre sua primeira e segunda viagens missionárias — aproximadamente 48-50 d.C.”. Esta é portanto, cronologicamente, a epístola mais antiga do apóstolo Paulo.

2.4 - Assunto. O tema da epístola aos Gálatas é: “Salvação pela graça mediante a fé”. Merril (1995, p. 275 – acréscimo nosso) nos diz que: “Gálatas pode ser chamada 'a Magna Carta da emancipação espiritual' por declarar que “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós [...] para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito” (Gl 3.13,14)”. Lutero a considerava o melhor dos livros da Bíblia. Essa carta tem sido chamada “o grito de guerra da Reforma Protestante” (LOPES, 2011, p. 13). Segundo Champlin (2004, p. 847) a “epístola aos Gálatas tem sido corretamente intitulada de Declaração da Independência Cristã. No entanto, é ao mesmo tempo uma missiva que nos mostra a nossa completa dependência de Deus”.

2.5 - Propósitos. “A Epístola aos Gálatas constitui um protesto contra a distorção do Evangelho de Cristo. A verdade essencial da justificação pela fé em vez de pelas obras da lei fôra obscurecida pela insistência dos judaizantes em como os crentes em Cristo deviam guardar a lei, se esperavam ser perfeitos perante Deus. Quando Paulo soube que esta doutrina começava a penetrar nas igrejas gálatas afastando-as do seu patrimônio de liberdade escreveu o protesto apaixonado contido nesta epístola” (MERRIL, 1995, pp. 279,280 – acréscimo nosso).

III – A VELHA E A NOVA NATUREZA
3.1 - A velha natureza. Também chamada de carne, no grego “sarx”. Nas Sagradas Escrituras, o termo é usado tanto para descrever a natureza humana, como para qualificar o princípio que está sempre disposto a opor-se ao Espírito. Tal propensão para as práticas pecaminosas herdamos de Adão, que quando transgrediu afetou toda a raça humana (Gn 4.7; 8.21; Sl 51.5; Rm 7.18). Barclay (1988, p. 24) diz que “a carne é aquilo que o homem fez de si mesmo em contraste com aquilo que Deus fez”. É preciso destacar que a carne não pode ser confundida com o corpo, no grego “soma”, visto que este é uma dádiva divina (Gn 2.7) e é o Templo do Espírito Santo (I Co 6.19). A cerca dessa “natureza” a Bíblia nos orienta a não andarmos segundo seus impulsos (Rm 8.1-a); nos despojarmos dela (Ef 4.22); e, fazer morrer seus desejos (Cl 3.5).

3.2 - A nova natureza. Esta nova natureza é fruto da regeneração ou novo nascimento, ato que se dá na vida de quem aceita a Cristo, tornando-o participante da vida e da natureza divinas. Esta nova vida nos é transmitida pelo Espírito (Jo 3.8; Tt 3.5). Tal ato é concedido ao crente quando pelo Espírito, ele desliga o pecador de Adão e o conecta com Cristo (I Co 12.13). Paulo ilustra tal mudança de condição quando diz que éramos zambujeiro, mas fomos enxertados na boa oliveira que é Cristo, e por meio da sua seiva, o Espírito Santo, podemos produzir bons frutos (Rm 11.17-24; Gl 5.22).

3.3 - A guerra interior. Fomos salvos da condenação e do poder do pecado, mas não ainda da presença do pecado (Rm 7.18,23). No campo do nosso interior ainda se trava uma guerra, um conflito permanente entre a carne e o Espírito. Eles são o opostos entre si. Paulo tratou da guerra interior que existe em cada cristão com as suas duas naturezas (Rm 7.22.23; Gl 5.17). Nessa batalha “carne versus espírito”, vencerá aquele que dermos a maior preferência (Gl 5.16).

IV – AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO
Nenhum trecho da Bíblia apresenta um mais nítido contraste entre o modo de vida do crente cheio do Espírito e aquele controlado pela natureza humana pecaminosa do que Gálatas 5.16-26. Paulo inclui uma lista específica tanto das obras da carne, como do fruto do Espírito. Vejamos quais são e como podem ser classificados:


CONCLUSÃO
A Lei apenas denomina o pecado e o condena, mas não é capaz de operar transformação no pecador, esta é uma atribuição exclusiva do Espírito. É andando n’Ele que o cristão produzirá as virtudes de Cristo, contra as quais coisas não há condenação da Lei.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
BARCLAY, William. As obras da carne e o fruto do Espírito. VIDA NOVA.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
GUTHRIE, Donald. Gálatas: introdução e comentário. VIDA NOVA.
HOWARD, R.E et al. Comentário Bíblico. CPAD.
LOPES, Hernandes Dias. Comentário Expositivo Gálatas. HAGNOS.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
TENNEY, Merril C. O Novo Testamento, sua origem e análise. VIDA NOVA

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

LIÇÃO 13 – A FIDELIDADE DE DEUS (Fp 4.10-20) - 4º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 13 – A FIDELIDADE DE DEUS (Fp 4.10-20) - 4º TRIMESTRE DE 2016

INTRODUÇÃO
Chegamos ao final desse último trimestre de 2016, e nessa última lição teremos a oportunidade de destacar o que significa o termo fidelidade no que diz respeito ao ser de Deus, também pontuar a fidelidade divina na condução da história; bem como ressaltar a gratidão de Paulo aos filipenses pela sua cooperação, e sobre tudo notar que em meio aos sofrimentos podemos contar com a fidelidade de Deus.

I – DEFININDO O TERMO FIDELIDADE
1.1 - Fidelidade. O Aurélio diz que esta palavra significa: “qualidade de fiel; lealdade. Constância, firmeza nas afeições, nos sentimentos; perseverança. Observância rigorosa da verdade; exatidão” (FERREIRA, 2004, p. 894). Do hebraico “aman” e do grego “aletheia”, ambos os termos significam: “o firme compromisso de Deus em manter as alianças por Ele estabelecidas com seu povo”. Sua fidelidade advém da natureza absoluta e infinitamente justa (2 Ts 3.3) e do exercício destes atributos: onipotência, onisciência e onipresença (ANDRADE, 2006, p. 190).

1.2 - Fidelidade como atributo divino. A fidelidade como um atributo de Deus, denota a certeza que tudo quanto Ele declarou ser sua vontade, terá pleno cumprimento. O Senhor não é arbitrário e nem displicente, antes, é sempre confiável em tudo que diz e promete (Hb 6.18; 10.23; Ap 1.5; 3.7, 14). Sobre a fidelidade divina ainda podemos destacar:

(a) Sua fidelidade é grande (Lm 3.23);
(b) Permanente (Sl 100.5; 2 Tm 2.13); e
(c) Extensa (Sl 36.5) (CHAMPLIN, 2004, p.725 – acréscimo nosso).

II – A FIDELIDADE DE DEUS AO CONDUZIR A HISTÓRIA
Esta carta aos Filipenses foi escrita em circunstâncias difíceis enquanto o apóstolo Paulo estava preso. Apesar dessa condição podemos perceber em cada momento dessa epístola e também fora dela, a fidelidade de Deus reafirmada na história humana.

2.1 - Direcionando os seus servos na obra missionária. Em sua segunda viagem missionária a intenção do apóstolo Paulo era ir para Ásia, e depois para Bitínia, mas foi impedido pelo Espírito Santo (At 16.6,7). Estando em Trôade, Lucas conta que Paulo teve uma visão, que lhe deu nova rota para sua tarefa missionária (At 16.9). Após esta visão, o apóstolo concluiu que Deus o chamava para ali pregar o evangelho (At 16.10-12).

2.2 - Na fundação da igreja em Filipos. “A primeira igreja estabelecida na Europa, na colônia romana de Filipos, nos revela o poder do evangelho em alcançar pessoas de raças diferentes, de contextos sociais diferentes, com experiências religiosas diferentes (Lídia asiática, a escrava era grega e o carcereiro romano), dando a elas uma nova vida em Cristo; formando uma igreja multicultural, mostrando que o evangelho de Cristo alcança a todas as pessoas” (LOPES, 2004, p.13 – acréscimo nosso) (At 16.14-18, 27-33). Embora Paulo tenha encontrado dificuldades (At 16.19-24); Deus conduziu em triunfo a pregação do evangelho naquela cidade, tornado-se “a porta de entrada para o evangelho na Europa” (At 16.12).

2.3 - Através da prisão de Paulo. Paulo estava preso, impedido de viajar, de visitar as igrejas e de abrir novos campos. O apóstolo não cria na casualidade nem no determinismo, antes, na fidelidade de Deus. Ele sabia que a mão soberana da providência guiava o seu destino e que os seus sofrimentos estavam incluídos nos planos do Eterno para o cumprimento de propósitos mais elevados (Fp 1.12-14; Is 55.9). Paulo diz que as coisas que lhe aconteceram, em vez de desmotivá-lo, decepcioná-lo ou ainda, atrapalhar o projeto missionário, contribuíram para o progresso do evangelho. O termo proveito do grego “prokope” significa: “avanço pioneiro”; é um termo militar que se referia aos engenheiros do exército que avançavam à frente das tropas para abrir caminho em novos territórios […] “O mesmo Deus que usou o bordão de Moisés, os jarros de Gideão e a funda de Davi usou as cadeias de Paulo” (WIERSBE, 2006, p.85). Mesmo na prisão os planos de Deus não foram frustrados, Paulo aproveita-se da oportunidade para evangelizar a guarda pretoriana (Fp 1.13); que era a guarda imperial, a tropa de elite de Roma. Segundo Lopes “Dia e noite, durante dois anos, Paulo era preso a um soldado dessa guarda por uma algema. Visto que cada soldado cumpria um turno de seis horas, a prisão de Paulo abriu caminho para a pregação do evangelho no regimento mais seleto do exército romano. Paulo, no mínimo, podia pregar para quatro homens todos os dias. Toda a guarda pretoriana sabia a razão pela qual Paulo estava preso, e muitos desses soldados foram alcançados pelo evangelho” (Fp 4.22) (LOPES, 2004, p.72). As cadeias de Paulo não apenas o colocaram em contato com os perdidos, mas também serviram para encorajar os salvos (Fp 1.14).

III– A FIDELIDADE DEUS ATRAVÉS DOS FILIPENSES
Não há dúvida de que havia um carinho especial do apóstolo Paulo em relação à igreja de Filipos, isso se dá pela demostração do cuidado de Deus para com Paulo por meio daqueles irmãos.

3.1 - A gratidão do apóstolo. É interessante a forma suave como Paulo agradece aos filipenses por terem lhe enviado o sustento necessário: “Ora, muito me regozijei no Senhor por, finalmente, reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade” (Fp 4.10). A preocupação daqueles irmãos com o seu líder nada mais era do que uma retribuição à sua dedicação para com eles, ou seja, havia uma reciprocidade amorosa entre o pastor e as ovelhas. Isso está claro nas palavras de Paulo em toda a epístola (Fp 1.3-8; 2.19; 4.1).

3.2 - O cuidado da igreja para com Paulo. A igreja em Filipos era dotada de uma profunda consciência no que dizia respeito ao sustento dos obreiros. Quando o evangelho começou a avançar na Macedônia e adjacências, foram esses crentes que proveram as necessidades do apóstolo Paulo (Fp 4.15); depois, quando estava em Tessalônica, por duas vezes foi ajudado pelos filipenses (Fp 4.16). Quando escreveu a epístola, Paulo agradeceu novamente por mais uma ajuda a ele enviada (Fp 4.10). Muito diferente da consciência dos filipenses, era a dos crentes de Corinto. Alguns deles chegavam a duvidar do apostolado de Paulo e se esqueciam de que fora ele quem fundara aquela igreja (1 Co 9.1). Paulo teve ainda que justificar o direito que ele tinha como apóstolo, de ser sustentado pela igreja (1 Co 9.2-10). Ele fez isso traçando um paralelo entre a Antiga e a Nova Aliança. Paulo demonstrou que o princípio válido para os levitas (mais especificamente para os sacerdotes), que eram, por determinação divina, sustentados pela nação de Israel, continuava válido no período da Igreja em relação àqueles que se dedicam integralmente à obra do Senhor (Nm 18.20-24; 1 Co 9.13,14).

IV – A FIDELIDADE DE DEUS EM MEIOS AOS SOFRIMENTOS
É inspirador observar o contentamento do apóstolo Paulo em meio às mais variadas provações. A carta aos filipenses é uma prova incontestável dessa verdade. Em vários trechos, Paulo manifesta sua alegria e a recomenda aos crentes, mesmo estando ele preso (Fp 1.3,4; 2.2,17,18; 3.1; 4.4). O apóstolo deixa claro que, apesar de estar grato pelo envio do sustento, o seu bem-estar não dependia disso, pois a sua suficiência estava em Cristo.

4.1 - “Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi […]” (Fp 4.11-a). O termo utilizado, traduzido por “aprendi” é “manthano”, que dentre outros significados aponta para: “aprender ou compreender de uma vez por todas através da experiência”. O apóstolo teve experiências de atravessar as mais terríveis provações e sair vitorioso, porque entendia que o sofrimento tem objetivo pedagógico (Fp 4.12). Confira também (Sl 119.67,71).

4.2 - “[…] a contentar-me com o que tenho” (Fp 4.11-b). A palavra “contente”, no grego “autarkes”, era muito utilizada naquela época pelos filósofos estoicos. Eles diziam que “um homem que em quaisquer circunstâncias conseguisse permanecer contente, era um homem verdadeiramente feliz”. No contexto desta e de outras passagens Paulo condena a ambição, que é o antônimo (contrário) do contentamento (Rm 12.16; 1 Tm 6.8). Aqueles que não sabem se contentar com o que tem “caem em tentação, em laço, em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína” (2 Tm 6.9). São bastante adequadas as palavras do sábio Agur para nos vacinar contra isso (Pv 30.8,9). Não é demais lembrar que o apóstolo Paulo estava preso quando escreveu a mais alegre de todas as suas epístolas (Fp 1.12,13,17; Fp 1.3,4; 2.2,17,18; 3.1; 4.4). Então ele tinha autoridade para ensinar acerca do contentamento cristão.

4.3 - “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece” (Fp 4.13). Antes de Paulo fazer esta declaração, ele diz o que podia em Cristo: “Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade” (Fp 4.12). Percebe-se claramente aqui o que realmente Paulo queria dize: “ele podia em cristo viver sob qualquer condição”. A Bíblia NTLH (Nova Tradução da Linguagem de Hoje), traz uma tradução bastante interessante deste versículo é a seguinte: “Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação”. Logo, o apóstolo apoiava-se na dependência de Cristo, e não em si mesmo.

CONCLUSÃO
Concluímos portanto, por meio da experiência do apóstolo Paulo, que a fidelidade de Deus é garantida em quaisquer situações aos crentes que lhe são fiéis. Aprendemos também que Deus possui o controle da história em sua mão e tudo faz para a glória do Seu Nome. De modo que, podemos nos alegrar em meio aos sofrimentos, crendo que Ele é poderoso para suprir todas as nossas necessidades, em Cristo Jesus (Fp 4.19).

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
CHAMPLIN, Norman. Enciclopédia de Bíblia e Teologia e Filosofia. HAGNOS.
LOPES, Hernandes Dias. Comentário Expositivo Filipenses. HAGNOS.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. GEOGRÁFICA.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

LIÇÃO 12 – SABEDORIA DIVINA PARA A TOMADA DE DECISÕES (I Re 4.29-34) - 4º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 12 – SABEDORIA DIVINA PARA A TOMADA DE DECISÕES (I Re 4.29-34) - 4º TRIMESTRE DE 2016

INTRODUÇÃO
Veremos nesta lição a definição da palavra sabedoria; estudaremos algumas informações sobre o rei Salomão pontuando aspectos da sua habilidade; veremos exemplos de sabedoria em alguns personagens bíblicos; analisaremos o ensino bíblico sobre a busca do saber; e por fim, concluiremos citando os dois tipos de sabedoria, a terrena e a celestial.

I – DEFINIÇÃO DO TERMO SABEDORIA
1.1 - Definição de Sabedoria. O termo grego para sabedoria é “sophia” e significa: “habilidade nas questões da vida”, “sabedoria prática”, “administração sábia e sensata” ou “uso correto do conhecimento” (Lc 21.15; At 6.3; 7.10; Cl 1.28; 3.16; 4.5). A sabedoria é a capacidade espiritual de ver e avaliar nossa vida e conduta do ponto de vista de Deus. Inclui fazer escolhas acertadas e praticar as coisas certas de conformidade com a Palavra de Deus e na direção do Espírito Santo (STAMPS, 1995, p. 1926). Ter sabedoria é pensar bem e agir bem em qualquer empreendimento realizado, seja secular ou espiritual (CHAMPLIN, 2004, p. 7). A Bíblia diz que a sabedoria é:

a) um atributo divino (1Rs 3.28; Dn 2.20; Sl 104.24; Rm 11.33);
b) uma dádiva de Deus (Dt 34.9; Ed 7.25; Pv 2.6,7);
c) o temor do Senhor (Jó 28.28; Sl 111.10; Pv 9.10);
d) é dada por Deus (Sl 19.7; 119.98; Pv 8.33; Cl 3.16);
e) somos exortados a buscá-la (Pv 4.5,7; 23.23; Tg 1.5); e,
f) é mais valiosa que pedras preciosas (Pv 8.11; 16.16).

II – O REI SALOMÃO
2.1 - O rei Salomão. Era filho do rei Davi e o seu nome foi escolhido pelo próprio Deus (1Cr 22.9), e aparece na genealogia de Jesus (Mt 1.6,7). É mencionado quase trezentas vezes no AT e uma dúzia de vezes no NT. É citado como um exemplo de esplendor (Mt 6.29; Lc 12.27), e de sabedoria (Mt 12.42; Lc 11.31), e reinou em Israel durante quarenta anos (1Rs 11.42). É identificado também como o construtor do templo (At 7.47), e uma das colunas do templo recebeu seu nome (Jo 10.23; At 3.11; 5.12). Salomão passou sete anos construindo o templo de Deus, e treze anos construindo seus palácios para si mesmo (1Rs 6.37 até 7.1). Construiu uma casa em Jerusalém para sua esposa egípcia, a filha do Faraó (2Cr 8.11). Edificou ainda cidades para servir de celeiro em locais estratégicos (1Rs 9.15-19; 2Cr 8.1-6). O esplendor dessas construções era motivo de admiração para os visitantes do reino (1Rs 10.4-7) (WIERSBE, 2010, p. 401).

2.2 - O significado do seu nome. Salomão vem do termo hebraico “shalom”, que significa “paz”, e, durante seu reinado, Israel teve paz com seus vizinhos (1Rs 5.1-10). Seu pai, Davi, havia arriscado a vida no campo de batalha e derrotado as nações inimigas a fim de tomar suas terras para Israel, mas Salomão usou uma abordagem diferente em relação a diplomacia internacional. Fez tratados de paz com outros governantes casando-se com suas filhas, o que ajuda a explicar o fato de ele ter setecentas esposas princesas bem como trezentas concubinas (1Rs 11.3). No entanto, a lei de Moisés advertia que os reis de Israel não deveriam multiplicar esposas para si (Dt 17.14-20) (WIERSBE, 2010, p. 401).

III - A SABEDORIA DO REI SALOMÃO
Sem dúvida, uma das grandes virtudes do rei Salomão foi sua sabedoria. Quando o Senhor lhe apareceu em Gibeão e lhe disse: “pede-me o que queres que eu te dê” (1Rs 3.5) ele respondeu: “A teu servo, pois, dá um coração entendido para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo?”. Esta palavra pareceu boa aos olhos do Senhor, e Ele lhe deu não apenas sabedoria, mas, também, riqueza e glória (1Rs 3.1-12). A oração de Salomão foi curta, direta e proferida com humildade, pois três vezes se referiu a si mesmo como “teu servo” (1Rs 3.6-9). É provável que, nessa época, Salomão tivesse cerca de 20 anos de idade. Referiu-se a si mesmo como “uma criança” (1Cr 22.5; 29.1).

3.1 - Salomão sentiu o peso da responsabilidade de governar um povo. Por esse motivo, não pediu riqueza ou outra coisa que lhe trouxesse vantagens pessoais. Ele pediu sabedoria para governar com justiça. O rei Salomão compôs três mil provérbios e mil e cinco cânticos (1Rs 4.31,32), e é autor de três livros: Provérbios, Eclesiastes e Cantares. As Escrituras afirmam que pessoas de todas as nações vinham a Jerusalém para ouvir suas palavras de sabedoria (1Rs 4.34; 10.6,7). Salomão buscou, em Deus, sabedoria para reinar (RICHARDS, 2010, p. 223).

3.2 - Salomão pediu a Deus a verdadeira sabedoria e não simplesmente inteligência. O texto bíblico destaca que Salomão “falou das árvores, desde o cedro que está no Líbano até ao hissopo que nasce na parede; também falou dos animais, e das aves, e dos répteis, e dos peixes. E vinham de todos os povos a ouvir a sabedoria de Salomão e de todos os reis da terra que tinham ouvido da sua sabedoria” (1Rs 4.33,34). De onde vinha tanta sabedoria? O texto bíblico revela que Salomão orou pedindo a Deus sabedoria (1Rs 3.9), e que o Senhor respondeu-lhe integralmente (1Rs 3.10-12). Esta é a fonte da sabedoria de Salomão e explica o porquê de ninguém conseguir superá-la.

IV – ALGUNS EXEMPLOS DE SABEDORIA NA BÍBLIA
A sabedoria é o reconhecimento que tudo que temos e somos vem do Senhor: “[...] porque dele é a sabedoria e a força [...] ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos” (Dn 2.20,21). A Bíblia registra diversos exemplos de pessoas que usaram a sabedoria. Vejamos alguns:

a) Abigail. Sua sabedoria fez com que Davi poupasse a sua vida e de sua família (1Sm 25.1-35);
b) A mulher anônima. Sua sabedoria fez com que Joabe poupasse uma cidade (2Sm 20.15-22);
c) O sábio anônimo. Com sua sabedoria ele livrou a sua cidade de um grande e poderosos exército (Ec 9.14,15);
d) Daniel. Ele era mais sábio do que todos em Babilônia; mas, atribuía sua sabedoria a Deus (Dn 1.17-20; 2.23-30);
e) Jesus. Sua sabedoria causava admiração em todos que lhe ouviam (Mt 13.54; Mc 6.2); e,
f) Paulo. Pregou e ensinou de acordo com a sabedoria de Deus (1Co 2.6,7; 2Pe 3.15).

V - O ENSINO BÍBLICO SOBRE A BUSCA DA SABEDORIA
5.1 - Precisamos desejar a sabedoria (Tg 1.5,6). O desejo de Deus é que andemos em sabedoria (Cl 1.9,28). O apóstolo Tiago ensina que a única maneira de alcançá-la é pedindo a Ele (Tg 1.5). Por isso, sempre que precisarmos de sabedoria devemos recorrer a Ele, que é a fonte de toda sabedoria (Dn 2.20; Rm 11.33; Tg 1.17). É interessante observar que o termo grego para pedir neste texto é “aiteõ” e tem o sentido de “implorar”, “desejar ardentemente”, ou seja, devemos recorrer a Deus pedindo-lhe sabedoria, tendo ardente desejo no coração, pois, ela é concedida a pessoas que reconhecem o seu valor e a buscam com diligência (Pv 4.5-7; 8.17).

5.2 - Precisamos pedir a sabedoria (2Cr 1.10; 1Rs 3.8). O apóstolo ensina ainda que Deus tem prazer em dar sabedoria. Ele dá liberalmente, ou seja, sem limites ou reservas (Êx 28.3; 31.3,6; 35.31; Dt 34.9; I Rs 3.28; 5.12; Ed 7.25; Pv 2.6). “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?” (Rm 8.32).

5.3 - Precisamos procurar a sabedoria (Pv 2:4-5). O maior exemplo bíblico pela busca da sabedoria é o do rei Salomão, que diante da grande responsabilidade de reinar sobre todo o povo de Israel, não hesitou em pedir um coração sábio e entendido (1Rs 3.7-9). O Senhor, então, lhe deu sabedoria, mais do que a todos os homens (1Rs 3.10-14; 4.29,30,34; 10.24; 1Cr 1.10-12). E, mesmo quando o rei pecou, Deus não lançou-lhe em rosto a sabedoria que lhe havia dado (1Rs 11.1-13). O verdadeiro tesouro não está exposto e não é tão fácil de se conseguir. Ele está escondido esperando para ser descoberto (Pv 2.6).

VI – DOIS TIPOS DE SABEDORIA
A sabedoria que vem de Deus, e o apóstolo Tiago fala desta sabedoria que vem do alto para distingui-la da humana de origem terrena e má (Tg 3.13-17). Irrefutavelmente, a sabedoria que vem de Deus é o meio pelo qual o homem alcança o discernimento da boa, agradável e perfeita vontade divina (Pv 2.10-19; 3.1-8,13-15; 9.1-6; Rm 12.1,2). Sem esta sabedoria, o ser humano vive à mercê de suas próprias iniciativas, dominado por suas emoções, sujeitando-se aos mais drásticos efeitos das suas reações. Vejamos a diferença entre a sabedoria terrena e a divina:

6.1 - A sabedoria que é de baixo (Tg 3.15). Esta sabedoria não procede de Deus e possui três características principais. Vejamos:

a) terrena: É a sabedoria deste mundo, em contraste com a que procede do céu (Jo 3.12; I Co 1.20,21; Tg 1.5). É uma sabedoria limitada, egocêntrica, como a dos inimigos da cruz de Cristo, que só pensam nas coisas terrenas (Fp 3.19);
b)animal: É uma sabedoria totalmente à parte do Espírito de Deus; e
c)diabólica: Essa foi a sabedoria usada pela serpente para enganar Eva, induzindo-a a querer ser igual a Deus e fazendo-a descrer de Deus para crer nas mentiras do diabo (Gn 3.1-5).
6.2 - A sabedoria que é do alto (Tg 3.17). A verdadeira sabedoria vem de Deus (Tg 1.5; 17). Essa sabedoria está em Cristo (1Co 1.30; Cl 2.3). Essa sabedoria está na Palavra, visto que ela nos torna sábios para a salvação (2Tm 3.15). Ela nos é dada como resposta de oração (Ef 1.17; Tg 1.5).

Podemos ver algumas características desta sabedoria:

a)Ela é pura: A sabedoria que vem do alto não pode conduzir o homem ao pecado e impureza (Pv 2.7; 4.11);
b) Ela é pacífica: A sabedoria divina não é contenciosa, nem facciosa (Pv 3.17; Mt 5.9; Tg 3.14);
c)Ela é moderada. A sabedoria do alto trata de não criar conflitos;
d)Ela é tratável: Essa sabedoria faz uma pessoa comunicável e de fácil acesso (Fp 3.7);
e)Ela é cheia de misericórdia: A verdadeira sabedoria produz profundo sentimento de misericórdia no homem (Rm 12.30; Cl 2.12); e
f)Ela é justa e sem parcialidade. Quando a temos julgamos conforme a verdade (1Rs 3.16-28).

CONCLUSÃO
Podemos entender que Deus dá inteligência aos homens para que estes possam analisar as situações da vida e tirar delas conclusões que servirão para si mesmos e para outras pessoas, em forma de conselhos e advertências, como ocorreu na vida de Salomão. Ninguém pode ser considerado sábio se os seus conselhos não revelarem princípios do saber divino. O sábio não se caracteriza apenas por ter muita informação ou inteligência, mas é alguém que aprendeu o temor do Senhor como a base de toda sua vida e, por isso, sabe viver e conviver (Tg 3.13-18).

REFERÊNCIAS
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
ELLISEN, Stanley. Conheça Melhor o Antigo Testamento. VIDA.
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

LIÇÃO 11 - O SOCORRO DE DEUS PARA LIVRAR O SEU POVO (Et 5.1-6) - 4°TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 11 - O SOCORRO DE DEUS PARA LIVRAR O SEU POVO (Et 5.1-6) - 4°TRIMESTRE DE 2016

INTRODUÇÃO
Deus sempre cuidou do povo judeu dando-lhe livramento em toda a sua trajetória, por causa da promessa que fez a Abraão seu amigo. Nesta lição, veremos um momento histórico em que este povo se viu diante de um possível massacre promovido por um dos seus inimigos. Diante do aperto, os judeus clamaram, Deus ouviu-lhes o clamor, e interviu na situação transformando a tristeza em alegria e o luto em festa.

I – PERSONAGENS DO LIVRO DE ESTER
1.1 - Assuero (Et 1.1). Rei da Pérsia, mais conhecido como Assuero (chamado de Xerxes em algumas versões bíblicas) é mencionado no livro de Ester e em Esdras 4.6. Um dos maiores reis do Império Persa, governou de 486 a 465 a.C. Era filho de Dario I, o Grande. No livro de Ester, Assuero é retrato como um rei poderoso, com um grande império “que reinou desde a Índia até Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias” (Et 1.1-b).

1.2 - Vasti (Et 1.9). Rainha da Pérsia, esposa do rei Assuero. No último dia do banquete oferecido por este monarca, Vasti foi convocada para mostrar sua beleza diante dos convidados. Ela recusou o convite e essa atitude gerou controvérsias entre os conselheiros do rei. Receosos de que a desobediência da rainha desacreditasse todos os homens do reino diante de suas esposas. Eles aconselharam o rei que depusesse Vasti do cargo e mandasse trazer as donzelas do reino para delas escolher uma nova rainha. O rei anuiu ao conselho e assim o fez (Et 1.9-22; 2.1-4).

1.3 - Mardoqueu (Et 2.5). Da tribo de Benjamin, filho de Jair, pai adotivo de Ester, também chamado Mordecai em algumas versões bíblicas. Vivia na fortaleza de Susã durante o exílio do povo judeu, reinado de Assuero, onde criou Ester como se fosse sua própria filha (Et 2.5-7).

1.4 - Ester (Et 2.7). O nome hebraico dessa mulher era “Hadassah”, que significa “murta”, o nome de uma planta. Ester era o nome persa que lhe foi dado, quando ela tornou-se parte do harém real. Era uma jovem judia, da tribo de Benjamin, cujos pais morreram na época do exílio babilônico. Foi criada por seu primo Mardoqueu (Et 2.5-7). Estavam entre os judeus que habitavam na fortaleza de Susã, sob o reinado de Assuero. A vida de Ester mudou, quando foi levada para o harém real junto com outras donzelas de Susã. Depois de um ano de embelezamento, ela foi eleita pelo rei como a mais linda jovem entre todas as que foram apresentadas (Et 2.8-17).

1.5 - Hamã (Et 3.1). Era Filho de Hamedata e tinha um alto cargo político no reinado de Assuero, na Pérsia. Josefo, historiador judeu, diz que Hamã era um amalequita (2004, p. 522). “Ele é descrito como 'agagita', talvez por causa da sua descendência de Agague, o rei amalequita (I Sm 15.8,33)” (BEACON, p. 550 – acréscimo nosso). Ele desfrutava de muita confiança do rei (Et 3.10). Hamã tinha um grande ódio de Mardoqueu, bem como de todos os judeus (Et 3.5-6;10).

II – O PROJETO DIABÓLICO PARA DESTRUIÇÃO DOS JUDEUS
2.1 - A nomeação de Hamã (Et 3.1). O livro de Rute nos informa que Assuero engrandeceu a um homem chamado Hamã. Segundo Beacon (2008, p. 550): Hamã “foi elevado à posição de primeiro ministro. Esta posição lhe trouxe a maior condição entre os príncipes da corte persa, e tornou-se o segundo abaixo do rei em poder. De acordo com a ordem do monarca, segundo o costume dos governos orientais antigos, as princesas e nobres, assim como o povo em geral, todos precisavam inclinar-se perante o grão-vizir quando ele passava pelo palácio e pelas ruas de Susã”. De fato, todos os servos do rei se inclinavam diante de Hamã, no entanto, Mardoqueu o judeu, descumpria esta ordem (Et 3.2). Josefo (2004, p. 503) diz que: “Mardoqueu era o único que não lhe prestava essa homenagem, porque a lei de Deus o proibia”. Talvez uma alusão ao Decálogo, que condenava a adoração a qualquer coisa em lugar de Deus (Êx 20.3-6; Dt 5.7-10).

2.2 - O ódio de Hamã (Et 3.5,6). Ao ver que Mardoqueu não se prostrava diante de si, contrariando a ordenação real, Hamã encheu-se de furor. Sua atitude em seguida deste sentimento foi de executar Mardoqueu e também todo o povo judeu a quem ele pertencia. O registro bíblico nos diz que Hamã se tornou adversário dos judeus (Et 3.10).

2.3 - O decreto de Hamã (Et 3.7-15). Para levar adiante o seu plano de provocar um genocídio dos judeus, Hamã, que tinha acesso direto ao rei, lhe propôs exterminar e saquear os bens de um povo que segundo ele tinha leis e costumes diferentes dos povos que estavam sob o domínio de Assuero (Et 3.8). Além de Hamã estar propondo varrer do reino um povo “insubmisso ao rei”, prometeu-lhe também que pagaria ao rei por esta prestação de serviço (Et 3.9). Ao que o rei consentiu, colocando-lhe na mão o seu anel com o qual o decreto poderia ser assinado (Et 3.10). O decreto de morte então foi assinado, para ser colocado em prática no dia 13 do mês de Adar, segundo consultou os seus deuses (Et 3.7,12-14).

III – A REAÇÃO DO POVO JUDEU ANTE A AMEAÇA DE EXTINÇÃO
Depois que o edito real assinado por Hamã começou a ganhar notoriedade, a cidade de Susã “estava confusa” (Et 3.15). Mardoqueu e os judeus que estavam na Pérsia, resolveram agir (Et 4.3). Vejamos quais foram as suas atitudes:

3.1 - Oração (Et 4.1-3). Diante da ameaça iminente, os judeus se puseram a orar. Mardoqueu foi o primeiro (Et 4.1). Todo o povo começou a clamar também (Et 4.3). A oração é uma prece dirigida pelo homem ao seu Criador, com o objetivo de adorá-Lo, pedir-lhe perdão pelas faltas cometidas, agradecer-lhe pelos favores recebidos, buscar proteção e, acima de tudo, uma comunhão mais íntima com Ele. Essa atividade é descrita como: invocar a Deus (Sl 17.6); invocar o nome do Senhor (Gn 4.26); clamar ao Senhor (Sl 3.4); levantar nossa alma ao Senhor (Sl 25.1). Este deve ser o primeiro e não o último recurso utilizado pelo crente em todo tempo e principalmente diante das dificuldades (Sl 4.1; 18.6; 77.2; 91.15).

3.2 - Quebrantamento (Et 4.1-3). Além de os judeus orarem, o registro sagrado diz de que forma eles oraram: “e em todas as províncias aonde a palavra do rei e a sua lei chegava, havia entre os judeus grande luto, com jejum, e choro, e lamentação; e muitos estavam deitados em saco e em cinza” (Et 4.3). Segundo Champlin (2004, p. 620), “o ato de rasgar as próprias vestes era uma maneira comum e simbólica de exprimir alguma emoção forte, como ira, tristeza ou consternação”. O que Deus requer de cada um de nós é um espírito quebrantado (II Cr 7.14; Sl 34.18; 51.17; Is 57.15).

3.3 - Jejum (Et 4.15-17). Ester ficou sabendo por meio dos seus servos que o seu parente Mardoqueu estava a porta do rei clamando por misericórdia, mandou procurar saber do próprio Mardoqueu o porque daquela atitude (Et 4.4-7). Ele deu a ela uma cópia do decreto assinado de morte assinado pelo rei e mandou dizer-lhe que como era a rainha e estava no palácio, deveria comparecer diante do rei para suplicar em favor do seu povo (Et 4.7-9). Ester sabia que não podia comparecer ante o rei sem ser chamada (Et 4.11). Diante desta dificuldade, Ester propôs que junto com ela os demais judeus recorressem a Deus em jejum para que Ele pudesse intervir nesse caso (Et 4.10-16). O jejum é a abstinência parcial ou total de alimentos com finalidades específicas. Prática comum entre os judeus em ocasiões específicas, sendo a principal delas os momentos de aflição (II Cr 20.3; Dn 9.3; Jl 1.1-14).

IV – A AÇÃO DE DEUS PARA PROTEGER O SEU POVO
O livro de Ester descreve a soberania e o cuidado de Deus para com o seu povo. Ele relata o grande livramento dado por Deus ao povo judeu na Pérsia. Embora o nome de Deus não seja mencionado no livro, cada página está cheia dEle. Mattew Henry (2010, p. 845), diz: “Ainda que o nome de Deus não se encontre nele, o mesmo não se pode dizer da sua mão, guiando minuciosamente os fatos que culminaram na libertação de seu povo”. Vejamos:

4.1 - Agindo previamente. O livro de Ester nos mostra Deus agindo antes que o mal se levantasse sobre o seu povo, por exemplo: (a) a nomeação de Ester a rainha (Et 2.17), se deu antes da nomeação de Hamã para primeiro ministro (Et 3.1); (b) a recompensa pelo livramento que Mardoqueu deu ao rei Assuero (Et 2.21-23), somente aconteceu na ocasião que Hamã intentava lhe pendurar numa forca. Deus fez que ao invés de morto, Mardoqueu fosse honrado pelo próprio opositor (Et 5.14; 6.1-12).

4.2 - Agindo providencialmente. O povo de Israel é a semente de Abraão, a qual Deus fez a seguinte promessa: “e abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3-b). Portanto, pelejar contra a nação de Israel só resultará em desvantagem. Tal concepção foi assimilada pela própria mulher de Hamã, após ele ter chegado frustrado de sua tentativa de executar o judeu Mardoqueu (Et 6.13). Embora Satanás tente através de governantes e nações aniquilar a semente abraâmica jamais conseguirá (Zc 14.1-15). Mardoqueu estava convicto de que Deus providenciaria livramento de uma forma ou de outra (Et 4.14).

4.3 - Agindo sabiamente. Por certo, Deus orientou a Ester que junto com os judeus orassem e jejuassem por três dias, para que no no terceiro dia, mesmo sem ser chamada, ela comparecesse diante do trono real arriscando a sua própria vida (Et 4.11-16). No terceiro dia, Ester corajosamente compareceu diante do rei, o qual estendeu sobre ela o cetro dizendo que estava disposto a lhe conceder o que pedisse. Ester convidou o rei e Hamã para dois banquetes e neste a rainha revelou o propósito de Hamã de destruição de todos os judeus, do qual povo ela também pertencia (Et 7.1-6). Na mesma hora, o rei também ficou sabendo que Hamã intentava enforcar Mardoqueu, o benfeitor do rei (Et 7.9). Diante disto, o rei enfurecido mandou que Hamã fosse enforcado nela (Et 7.10). Quanto ao decreto real de destruição de todos os judeus, que foi assinado por Hamã com o anel do rei, e era irrevogável (Et 8.8), Deus sabiamente colocou no coração de Mardoqueu que assumiu o cargo de Hamã (Et 8.1,2), que se fizesse outro decreto dando aos jdeus o direito de se defenderem (Et 8.9-12). O luto dos judeus terminou em alegria, pois Deus mudou-lhes a sorte (Et 8.16,17; 9.17-32).

CONCLUSÃO
O livro de Ester nos ensina que o povo de Deus não está a deriva neste mundo tenebroso. O Senhor, Deus único e verdadeiro intervém na história, de forma que, antes mesmo do mal ser planejado para prejudicar os seus servos, Ele dispõe previamente do livramento. Diante desta verdade, devemos descansar no cuidado providencial de Deus.

REFERÊNCIAS
GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
HOWARD, R.E et al. Comentário Bíblico. CPAD.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.


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