Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência
das Escolas Bíblicas Dominicais
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Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO
10 – ADORANDO A DEUS EM MEIO A CALAMIDADE (2 Cr 20.1-12) - 4º TRIMESTRE DE 2016
INTRODUÇÃO
O
rei Josafá governou por 25 anos no Reino do Sul e foi um dos poucos bons reis
que administraram sobre o povo de Deus. Nessa lição veremos as peculiaridades
da sua personalidade e seu comportamento. Através de uma das suas experiências,
aprenderemos sobre a adoração a Deus diante das calamidades, bem como
elencaremos alguns elementos pertencentes a verdadeira adoração e os seus
respectivos resultados.
I
– DEFININDO OS TERMOS ADORAÇÃO E CALAMIDADE
Josafá
teve sua história marcada pelo sucesso espiritual, político e militar e esta
prosperidade se deu como resultado de sua vida íntegra diante de Deus e da sua
obediência aos mandamentos divinos. A adoração a Deus e também a calamidade são
duas situações bem evidentes na vida desse monarca. Vejamos uma básica
definição desses dois termos:
1.1
- Adoração. Essa palavra quer dizer: “veneração elevada que se presta a Deus,
reconhecendo-lhe a soberania sobre o universo”. Do hebraico “sãhâ” e do grego
“proskyneo”, enfatizam ambas o ato de prostração e reverência (ANDRADE, 2006,
p.33). À luz do texto sobre a adoração destacamos: a) A verdadeira adoração é
teocêntrica (2Cr 20.3,4,18,19,21; Mt 4.10), pois ela prioriza Deus e não as nossas
necessidades (Jó 1.20-22; Mt 15.25); b) A adoração genuína é ultracircunstancial
(2Cr 20.2,12,15; Hc 3.17,18); ou seja, não se limita às circunstâncias
favoráveis; c) Voluntária: “[...] pôs a buscar... pôs-se em pé [...]” (2Cr
20.3,5); e d) Reverente: “Então, Josafá se prostrou com o rosto em terra [...]”
(2Cr 20.18; Is 6.2; Mc 1.40; 5.33; 7.25).
1.2
- Calamidade. Segundo Aurélio esse termo significa “Desgraça pública;
catástrofe; flagelo; infortúnio; infelicidade” (FERREIRA, 2004, p. 364). A
calamidade é algo possível na trajetória cristã, precisamos entender que não
estamos imune aos infortúnios dessa vida. Tragédias, crises financeiras,
problemas de saúde e etc, são naturais a essa vida e comum ao crente e ao não
crente (Jó 1.18,19; 2Rs 4.1,2; Mt 7.24-27; Jo 11.1-5). Porém para os que servem
a Deus a calamidade será superada (Pv 24.16; Sl 57.1).
II
– CARACTERÍSTICAS DA ADORAÇÃO DE JOSAFÁ
Josafá
cujo nome significa: “o Senhor tem julgado” (GARDNER, 2005, p. 376); apesar da
sua piedade descrita nas Escrituras (2Cr 17.3-6), passou por uma experiência
calamitosa proveniente de uma confederação de inimigos. É importante lembrar
como inicia o capítulo: “E sucedeu que, depois disto os filhos de Moabe, e os
filhos de Amom, e com eles outros dos amonitas, vieram à peleja contra Josafá”
(2Cr 20.1). Embora toda a reforma produzida pela liderança do rei (2Cr 19.4-
11), agora encontra-se em uma situação adversa. Apesar de ter muitos aliados
políticos, o monarca se põe a buscar a Deus, ensinando qual deve ser a atitude
a tomar diante das dificuldades. Como veremos a seguir:
2.1
- Oração (2Cr 20.3-12). A oração é um dos elementos da adoração do monarca,
segundo Matthew Henry sobre essa oração de Josafá destaca:
a)
Ele reconhece o domínio soberano da Providência divina (v.6);
b)
Josafá se apegou à relação de aliança que tinham com Deus: “Tu, que és o Deus
nos céus, és o Deus dos nossos pais […] e o nosso Deus” (vs. 6, 7);
c)
Josafá mostrou o direito que eles tinham a esta boa terra em cuja posse
estavam: “Deste à semente de Abraão, teu amigo” (v. 7-b);
d)
Ele fez menção do santuário, o templo que eles haviam edificado para o nome de
Deus (v. 8);
e)
Ele protestou contra a ingratidão e a injustiça dos seus inimigos (vs. 10,11);
e
f)
Josafá professou toda a sua dependência de Deus por livramento (v.12). (HENRY,
2006, p.738 – acréscimo nosso).
Diversos
textos das Sagradas Escrituras incentivam o crente a orar (1Cr 16.11; Sl 105.4;
Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24; Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17).
A oração feita pelo rei nos mostra que, ele confiava mais em Deus do que nos
seus recursos militares. A oração coletiva e a comunhão são elementos
indispensáveis para a vitória (At 4.31).
2.2
- Jejum (2Cr 20.3-b). A reação espiritual de Josafá foi apropriada e também
didática, o rei e a nação clamaram a Deus em oração e jejum, que nesse caso foi
nacional incluindo até as crianças (2Cr 20.13). O jejum era um sinal de pesar
(Jz. 20.26; Jl 2.12). Ele é definido como a abstinência parcial ou total de
alimentos com finalidades específicas. Essa prática vem desde o AT, onde o povo
de Israel jejuava por diversas razões (Sl 69.10; 2Sm 12.16). Do período de
Samuel em diante, vemos o jejum sendo uma prática para enfatizar a sinceridade
das orações do povo de Deus quando Israel enfrentava problemas especiais (1Sm
7.6; At 13.2). Jejuns específicos às vezes eram feitos assim como também os
regulares (Lv 16.29,31; Zc 8.19), para buscar a ajuda de Deus em circunstâncias
especiais (Jz 20.26; Ed 8.21-23; Jl 1.14; 2.15-16). A prática do jejum foi incorporada
ao NT, entre outros casos, a igreja de Antioquia é uma clara demonstração de
que os crentes da igreja primitiva observavam essa prática (At 13.2,3; 2Co 6.5)
por isso nós devemos também praticar (Mc 9.29; Mt 9.15).
2.3
- Louvor (2Cr 20.18-21). Além da oração e jejum podemos encontrar o louvor como
um outro elemento utilizado por Josafá na adoração. Louvar, significa:
“adorar”, “glorificar”, “magnificar”, “oferecer ações de graças”. O louvor
brota do coração que sente gratidão, ação de graças ou admiração. O homem que
se regozija em seu coração, profere palavras de louvor em meio as batalhas
desta vida (Sl 50.23; 103.3; 148.1; 150.1-6; Tg 5.13). Em direção ao campo de
batalha por meio do louvor a Deus, Josafá expressa sua confiança na intervenção
divina.
III
– OS RESULTADOS DA ADORAÇÃO EM MEIO A CALAMIDADE
Diante
de um verdadeiro adorador não se sustentam barreiras ou impossibilidades, a
adoração é o caminho para o coração de Deus (Sl 51.17), é um dos segredos da
vitória do cristão. Notemos as ações de Deus como resultados da adoração:
3.1
- A resposta de Deus (2Cr 20.14,15). No momento da adoração coletiva Deus entra
em ação, quando o rei ainda estava falando, Deus ouviu, e por meio de um
profeta o povo é encorajado a confiar em Deus, embora a ira do inimigo era
ameaçadora; essa é uma das grandes promessas para os que o servem com
fidelidade: “Ele me invocará, e eu lhe responderei [...]” (Sl 91.15). “Clama a
mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes”
(Jr 33.3). A mensagem profética entregue por Jaasiel começou com um apelo à
atenção: “Dai ouvidos”, esse apelo foi acompanhado por um encorajamento, “Não
temais”, e finalmente por um convite à ação: “Amanhã descereis contra ele”
(ADEYEMO, 2010, p.519). Foi por meio da adoração a Jesus que a mulher cananéia
recebeu a atenção e respectivamente o milagre que precisava (Mt 15.25,28). O
homem leproso que se encurvou diante de Cristo, a mão graciosa lhe é estendida
restaurado plenamente sua saúde (Mc 1.40-42).
3.2
- A garantia da vitória (2Cr 20.15-17). Por meio de Jaaziel o Senhor dos
Exércitos transmite a Josafá e a todo povo uma mensagem garantindo a vitória
contra os inimigos. A notável profecia desse servo de Deus centra-se no duplo
pronunciamento de que é o Senhor e não Israel quem terá de pelejar. No todo há
quatro coisas principais. Notemos:
a)
uma ordem repetida para não temer (v. 15, 17);
b)
declarações repetidas de que a batalha não é vossa, mas de Deus (v. 15, 17);
c)
uma promessa repetida de que Deus estará convosco (v. 17); e
d)
instruções para amanhã sobre onde ir e ver o “livramento”, “vitória” ou
“salvação”.
A
promessa básica, de fato, combina várias antigas passagens do Antigo Testamento
que afirmam que o Senhor luta por Israel (Êx 14.13-14; Dt 20.4; 1Sm 17.37)
(SELMAN, 1994, p.336 – acréscimo nosso). Josafá e seu povo receberam essa
garantia com fé, reverência e gratidão; o rei curvou a cabeça, e depois, todo o
povo se prostrou diante do Senhor e adorou, levantando a voz em louvor a Deus.
3.3
- Os inimigos derrotados e o regresso triunfal (2Cr 20.22-27). Subordinados a
orientação divina o povo começa a cantar louvores sem utilizar armas de guerra,
mostrando que a fé em Deus é mais segura do que o poder bélico. Mediante esse
ato de adoração o Senhor “pôs emboscadas” e “desbaratou” os inimigos; uma
contenda interna provoca a autodestruição do exército oponente, sem ser
necessário nenhum confronto físico por parte de Judá, conforme Deus havia
prometido (2Cr 20.17; Sl 91.8). Quando Judá chegou, restou-lhe apenas juntar os
despojos da guerra, tarefa que durou três dias. Jubilando pela vitória voltam
pra Jerusalém da mesma forma como saíram louvando a Deus (Sl 126.2,3,6; 30.5).
As misericórdias públicas merecem reconhecimento público nos átrios da casa do
Senhor. “Em sinal de reconhecimento, um culto de louvor foi realizado no local
da vitória, foi dado ao lugar um nome comemorativo: ‘beraca’, que em hebraico
quer dizer: ‘vale da benção’ (v.26). Outro culto de louvor foi conduzido no
templo ao retornarem a capital do reino” (vs. 27,28) (ADEYEMO, 2010, p.519).
3.4
- Deus glorificado entre os reinos e a paz em Jerusalém (2Cr 20.29,30). Diante
da ação soberana de Deus ao livrar o seu povo, o temor tomou conta dos povos à
volta de Judá. Quando eles ouviram que Deus pelejou desse modo espantoso por
Jerusalém, isto gerou nos vizinhos uma reverência a Deus e um temor cauteloso
de fazer algum mal ao seu povo, estabelecendo Deus a paz no reino de Judá. Ter
descanso no livro das Crônicas é resultado das bênçãos provenientes da
obediência (2Cr 14.5-7; 15.15; 1Cr 22.8,9,18). Os servos de Deus não devem se
deixar levar pelas calamidades desta vida, pois podemos experimentar em meio as
lutas a paz que excede todo o entendimento: “Não estejais inquietos por coisa
alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela
oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o
entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo
Jesus” (Fp 4.6,7).
CONCLUSÃO
Podemos
concluir por meio dessa belíssima história, que apesar das calamidades serem
comuns na vida cristã temos a condição de reagir de forma correta, como quem
tem a confiança que Deus tem o controle de todas as coisas e poder para agir em
favor de seus servos: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para
o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito” (Rm 8.28).
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
ADEYEMO,
Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
SELMAN,
Martin J. Série Cultura Bíblica. VIDA NOVA.
GARDNER,
Paul. Quem é Quem na Bíblia Sagrada. VIDA.