Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência
das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor
Presidente: Aílton José Alves
Av.
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LIÇÃO
09 – O MILAGRE ESTÁ EM SUA CASA (2 Rs 4.1-7) - 4º TRIMESTRE DE 2016
INTRODUÇÃO
Veremos
nesta lição o que motivou o milagre na casa daquela viúva de 2Reis 4, e
pontuaremos que Deus sempre age a partir da necessidade humana mostrando seu
amor e sua misericórdia. Falaremos dos meios pelos quais o Senhor utiliza-se
para prover o socorro necessário no momento da necessidade, e por fim,
estudaremos os instrumentos que Deus usa para a realização do milagre e quais
os propósitos deste na vida de seus servos.
I
– O QUE MOTIVOU O MILAGRE
Eliseu
conhecia o homem em questão e sabia que era reputado por sua piedade. O
historiador judeu Flávio Josefo explica que essa mulher era a viúva do profeta
Obadias (HAYFORD, 2001, p. 388). Era viúva de um dos “filhos dos profetas” (2Rs
4.1-a), essa expressão é referente à organização dos que eram profetas
verdadeiros, aqueles chamados por Deus, em escolas em Gibeá e Naiote, onde
talvez fossem supervisionados por Samuel (1Sm 10.10; 19.20). Em 2Rs 6.1-4 há um
relato sobre a edificação de tal escola, e Elias foi o líder desse grupo em
particular. De acordo com a lei hebraica, um credor poderia tomar um devedor e
seus filhos como servos, mas não deveria tratá-los como escravos (Êx 21.1-11;
Lv 25.29-31; Dt 15:1-11; Jr 34.9). Seria uma grande tristeza para essa mulher
perder o marido para a morte e os dois filhos para a servidão, mas Deus é
aquele que “faz justiça ao órfão e à viúva” (Dt 10.18; Sl 68.5; 146.9) e enviou
Eliseu para ajudá-la (WIERSBE, 2010, p. 503). Vejamos:
1.1
- A necessidade humana. As bênçãos de Deus vêm em resposta a uma necessidade
humana. O milagre ocorrido na casa da viúva de um dos discípulos dos profetas
confirma esse fato (2Rs 4.1-7). O texto expõe a extrema penúria na qual essa
pobre mulher havia ficado. Perdera o marido, que havia falecido, e agora corria
o risco de perder também os filhos para os credores se não quitasse a dívida.
Essa mulher, portanto, necessitava urgentemente que alguma coisa fosse feita
para tirá-la daquela situação. A Escritura mostra que o Senhor sempre socorre o
necessitado (Sl 12.5; 40.17; 69.33; Is 25.4; Jr 20.13). Devemos apresentar as
nossas petições a Deus, pois Ele cuida de nós (Êx 22.22-23; Fp 4.6; 1Pe 5.7).
1.2
- O amor divino. O milagre ocorrido na casa da viúva aconteceu como resposta a
uma carência humana, mas não apenas isso: ocorreu também graças à compaixão
divina. Não foi apenas por ser pobre que a viúva foi socorrida, nem tampouco
por haver sido esposa de um dos discípulos dos profetas (2Rs 4.1). O texto diz
que ela “clamou” ao profeta Eliseu (2Rs 4.1). O termo hebraico que traduz essa
palavra é “tsaaq”, que possui o sentido de “clamar por ajuda, chorar em voz
alta”. O profeta ficou sensibilizado e Deus compadeceu-se daquela mulher
sofredora. O Senhor é compassivo, misericordioso e longânimo para com seus
servos e servas (Êx 34.6; 2Cr 30.9; Sl 116.5).
1.3
- A misericórdia divina. A Lei de Moisés permitia aos credores levar os filhos
dos endividados como escravos para pagar a dívida, mas colocava um limite de
seis anos de escravidão e exigia que os sujeitados fossem tratados como
trabalhadores dignos (Êx 21.1-6; Lv 25.39-55; Dt 15.12-18). Por este motivo, a
viúva não viu outra saída, a não ser clamar pela misericórdia divina. A palavra
misericórdia, “hesedh”, no hebraico, aponta para uma característica do caráter
de Deus e significa: “benevolência, benignidade, compaixão, bondade,
fidelidade, amor e beneficência”. É dessa forma que Deus olha para os
necessitados (Sl 12.5). O clamor daquela viúva sensibilizou o coração de Deus,
que se moveu para ajudá-la (2Rs 4.1-7). Ninguém recebe um milagre por
merecimento, senão, por misericórdia. O Senhor Deus é o nosso defensor, ele
mesmo revela ser o refúgio (Sl 14.6; Is 25.4), o socorro (Sl 40.17; 46.1; 70.5;
Is 41.14), o libertador (1Sm 2.8; Sl 12.5; 34.6; 113.7; 35.10; cf. Lc 1.52,53)
e provedor (Sl 10.14; 68.10; 132.15).
II
– OS MEIOS PARA O MILAGRE
Como
seres humanos, temos muita dificuldade em valorizar coisas pequenas. Mas esse
milagre nos ensina a preciosidade de observar essas coisas (1Co 1.27). Na
lógica e na visão humana é a vasilha que enche a botija. Porém aqui as posições
estão inversas. É costume primeiro pensar que o pequeno sempre receberá do
grande. Todavia, nesse milagre, é o pequeno quem dá a vida, quem é a fonte, é o
pequeno que visto como nada é quem se sobressai. Notemos:
2.1
- Um pouco de azeite. Diante do clamor da viúva, o profeta Eliseu
perguntou-lhe: “Que te hei de eu fazer? Declara-me que é o que tens em casa. E
ela disse: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite” (2Rs
4.2). Duas coisas precisam ser observadas aqui: Em primeiro lugar, o milagre
acontece na esfera familiar: “o que tens em casa”. O lar e a família são
importantes para Deus. Em segundo lugar, um pouco pode tornar-se muito se vem
com a bênção de Deus. De fato o texto destaca que a porção de azeite da mulher
era tão minguada que ela quase esqueceu que o possuía. No entanto, foi esse
pouco que o Senhor usou para operar o grande milagre. O que possuímos pode ser
bem pouco, mas é suficiente para Deus operar os seus propósitos (1Rs 17.12-16;
2Rs 4.42-44; Mt 14.15-21).
2.2
- Uma fé obediente. A instrução dada pelo profeta Eliseu para solucionar o
problema da viúva é bastante reveladora sobre a dinâmica desse milagre (2Rs
4.3-5). Num primeiro momento, o profeta chamou a mulher à ação: “Vai, pede para
ti vasos emprestados”. Isso nos mostra que a fé é demonstrada pela ação (Tg
2.17). Jesus também viu a fé do paralítico e dos homens que o conduziram em
Cafarnaum (Mc 2.1-12). Em segundo lugar, o milagre deveria acontecer de portas
fechadas: “fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos...”, disse o profeta.
Como a necessidade da viúva era particular, a provisão também seria privado.
Além disso, a ausência de Eliseu demonstrou que o milagre aconteceu apenas pelo
poder de Deus e não por causa do profeta (MACARTHUR, 2010, p. 479 – acréscimo
nosso).
2.3
- Um milagre tirado daquilo que não é aparente. Uma atitude de fé sempre estará
alicerçada na espiritualidade e na sensibilidade (Gl 5.16; Tg 2.18). Essa
mulher estava desesperada, com medo de perder seus filhos, por isso, não pôde
ver que o pouco azeite daquela botija era a fonte para sanar suas dívidas. O
milagre partiu de onde ela menos imaginava, e aconteceu quando ela tirou de
onde aparentemente não havia nada, um sinal de que não podemos esperar ter para
depois entregar, e isso nos ensina que é do nada que Deus tira o tudo que
precisamos (Rm 4.17-b; Hb 11.3).
III
- OS INSTRUMENTOS DO MILAGRE
A
lei israelita permitia, como forma de proteção ao credor, que se tomasse os
filhos dos devedores, para que trabalhassem até que a dívida fosse paga. Mas em
Deuteronômio 15.1-18, há uma ressalva para que isto não fosse feito em tempos
de fome ou grandes necessidades (WIERSBE, 2010, p. 503). Pontuemos como Deus
atua para o milagre:
3.1
- O instrumento humano. Por várias vezes, no livro de 2 Reis, o profeta Eliseu
é chamado de “Homem de Deus” (2 Rs 4.7,9,16; 6.9). Sem dúvida esses textos
demonstram que Eliseu era um instrumento de Deus para a operação de milagres.
Esse é um fato fartamente demonstrado na Bíblia. Para formar uma nação e
através dela revelar seu plano de salvação à humanidade, o Senhor chamou Abraão
(Gn 12). Para tirar os israelitas do Egito, Deus usou Moisés (Êx 4.1- 17). Para
levar a mensagem do Evangelho aos gentios, o Senhor usou a Pedro (At 10 - 11).
Deus também chamou a Paulo para ser “um instrumento escolhido” para levar seu
nome perante os nobres (At 9.15). Para salvar-nos, Deus humanizouse na pessoa
bendita de Jesus Cristo (Jo 1.1,14,18; Fp 2.1-11).
3.2
- O instrumento divino. Quando uma grande fome assolava Samaria, o profeta
Eliseu profetizou abundância de alimentos (2Rs 7.1). O cumprimento dessa
profecia parecia pouco provável naqueles dias, a ponto de o capitão, em cujo
braço o rei se apoiava, haver ironizado: “Ainda que o Senhor fizesse janelas no
céu, poder-se-ia fazer isso?” (2Rs 7.2). Mas a profecia cumpriu-se exatamente
como Eliseu havia predito (2Rs 7.16-20). O texto põe a Palavra do Senhor como
agente causador do milagre. O cronista observa que esses fatos ocorreram
“segundo a palavra do Senhor” (2Rs 7.16). O que o Senhor faz, Ele o faz através
de sua Palavra (Gn 1.3; Is 55.10,11; Lc 5.4-6; Hb 4.12).
IV
- OS PROPÓSITOS DO MILAGRE
4.1
- Uma resposta ao sofrimento. Todos os milagres realizados por Eliseu deixam
bem claro que eles ocorreram em resposta a uma necessidade humana e também ao
sofrimento (2Rs 4.1-38; 5.1-19; 6.1-7). O NT mostra-nos que o Senhor Jesus
libertava e curava porque se compadecia do sofrimento humano (Lc 13.10-17; Mc
1.40-45). Todos os milagres autênticos são operados por Deus, pois somente Ele
é poderoso para realizá-los. Há ocasiões em que Ele interfere diretamente em
determinada situação, sem a instrumentalidade humana (Nm 11.18-23; 31-32; Jo
5.1-9).
4.2
- Um consolo nas nossas dificuldades. O fato de sermos cristãos não nos isenta
de passarmos por necessidades e tribulações. “...no mundo tereis aflições...”
(Jo 16.33). Por isso, Paulo disse: “Em tudo somos atribulados, mas não
angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados;
abatidos, mas não destruídos” (2Co 4.8,9 ver 1Co 1.4-a). “E faço misericórdia a
milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.” (Êx 20.6). Ver
ainda textos como (Nm 20.7-11).
4.3
- Uma maneira de glorificar a Deus. Os milagres, portanto, são uma resposta de
Deus ao sofrimento humano. Todavia, eles não se centralizam no homem, mas em
Deus. Os milagres narrados nas Escrituras objetivam a glória de Deus. Em nenhum
momento, encontramos os profetas buscando chamar a atenção para si através dos
milagres que realizavam nem tirar proveitos deles. Quem tentou fazer isso e
beneficiar-se de forma indevida foi Geazi, o servo de Eliseu. Entretanto,
quando assim procedeu foi severamente punido (2Rs 5.20-27). Em o NT observamos
Pedro e Paulo pondo em destaque esse fato e mostrando que Deus, e não os
homens, é quem deve ser glorificado (At 3.8,12; 14.14,15).
CONCLUSÃO
O
milagre da multiplicação do azeite é um testemunho do poder de Deus, que se
compadece dos sofredores que o buscam de todo o coração. O foco, portanto,
dessa bela história não é a viúva nem tampouco o profeta Eliseu, mas o Senhor
que através da instrumentalidade do seu servo abençoa essa pobre mulher. A
história faz-nos lembrar um outro feito extraordinário e muito mais relevante
do que esse: a multiplicação dos peixes e pães por nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo. Ele foi, é e sempre será a resposta consoladora a todo sofrimento
humano.
REFERÊNCIAS
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
BARNETT,
T. Há um milagre em sua casa. CPAD.
ZUCK,
R. B. Teologia do Antigo Testamento. CPAD.
VINE, W.E, et
al. Dicionário Vine.
CPAD.
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