Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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das Escolas Bíblicas Dominicais
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Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO
07 – JOSÉ: FÉ EM MEIO ÀS INJUSTIÇAS (Gn 37.1-11) - 4º TRIMESTRE DE 2016
INTRODUÇÃO
O
livro do Gênesis contém cinquenta capítulos, sendo que treze são dedicados a
história de José, igualando-se até mesmo a história do patriarca Abraão. Nessa
lição teremos a oportunidade de aprender informações adicionais sobre José;
pontuaremos algumas injustiças que ele viveu; e acima de tudo e veremos a
importância da sua fé em Deus para superar as injustiças e também pontuaremos
que muitos tomam José como um tipo de Cristo; uma pessoa inocente que sofreu
por causa da maldade dos outros e, através do qual, o povo escolhido foi
liberto da morte certa. O silêncio de José enquanto seus irmãos deliberam seu
destino (Gn 37.12-35) prefigura o silêncio de Cristo perante seus juízes (1Pe
2.23).
I
– DEFININDO FÉ E INJUSTIÇA
1.1
- Fé. A palavra fé no hebraico é “heemim” e no grego é “pisteuõ”. A Bíblia diz
que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas
que se não vêem” (Hb 11.1). “É a confiança que depositamos em todas as
providências de Deus. É a crença de que Ele está no comando de tudo, e que é
capaz de manter as leis que estabeleceu. É a convicção de que a sua Palavra é a
verdade. Enfim, é a tranquilidade que depositamos no plano de salvação por Deus
estabelecido, e executado por seu Filho no Calvário.” (ANDRADE, 2006, p. 188).
A palavra “Fé” possui diversos significados, que serão definidos de acordo com
o contexto onde está inserida. O dicionário Houaiss (2010, p.) define a palavra
como:“crença religiosa, confiança absoluta, comprovação e testemunho”. No AT a
palavra "emunah" é traduzida por fidelidade, certeza. De modo geral é
aplicada na relação entre Deus e Israel onde se exige de Israel uma atitude de
fidelidade para com o Senhor (2 Cr 19.9; Dt 32.4; Sl 33.4; 119.30,86; Pv.
28.20). Já no NT a palavra "pistis" é traduzida primariamente por
persuasão firme, convicção fundamentada no ouvir, sendo sempre usada no NT
acerca da fé em Deus, Jesus ou coisas espirituais, podendo ser utilizada como
confiança (Rm 3.25; 1 Co. 2.5; 15.14,17; 2 Co 1.24; Gl 3.23); fidedignidade,
fidelidade e lealdade (Mt 23.23; Rm 3.3; Gl 5.22; Tt 2.10); crença, corpo de
doutrina (At 6.7; 14.22; Gl 1.23; 3.25).
1.2
- Injustiça. O Aurélio diz que injustiça é: “falta de justiça, ação ou coisa
injusta, atitude sem fundamento” (FERREIRA, 2004, p.1108). Ser injustiçado é
uma das coisas mais dolorosas de se enfrentar. Ao lermos a história desse
patriarca, perceberemos de que ele foi vítima de várias injustiças:
a)
Invejado e vendido por seus irmãos (Gn 37.11, 26 – 28);
b)
Acusado e preso injustamente (Gn 39.13-20);
c)
Esquecido por quem lhe devia gratidão (Gn 40.23), etc.
Apesar
de tudo, José não nutriu em seu coração, o sentimento de indignação e revolta
que geralmente toma conta de quem é alvo de injustiças, antes, revelou sua fé
em Deus não permitindo que nenhuma raiz de amargura crescesse em seu coração
(Hb 12.15; Ef 4.31).
II
- INFORMAÇÕES SOBRE JOSÉ
José
com certeza é um dos grandes exemplos que encontramos na Bíblia, quando pensamos
sobre a necessidade de vencer as injustiças de nossos dias. Seu nome reflete o
papel de sua vida na nação de Israel. Foi o agente de Deus na preservação e na
prosperidade de seu povo no Egito, durante o período de fome na terra de Canaã”
(GARDNER, 1999, p. 377 – acréscimo nosso).Vejamos ainda algumas informações que
devemos considerar sobre ele:
2.1
- Seu nascimento. José era filho de Raquel, a esposa amada de Jacó (Gn
29.18-20,30). Seu nascimento foi celebrado por sua mãe (Gn 30.22-24). José é
descendente de um clã de patriarcas escolhido por Deus para iniciar a linhagem
piedosa da qual nasceria o Messias (Gl 3.8,16,18). A primeira referência a José
se dá como resposta da oração de Raquel e como consolo divino diante do
opróbrio que ela vivia por não gerar filhos (Gn 29.31; 30.22-24); O nome José
vem de uma palavra hebraica que significa: “Yahweh acrescentará” ou “Yahweh
adicionará”; ele foi o décimo primeiro filho de Jacó e o primeiro de sua esposa
favorita, Raquel.
2.2
- A predileção de seu pai. Em função de ser José filho de sua amada esposa
Raquel (Gn 29.20, 30); bem como ser filho de sua velhice, Jacó destina um amor
diferenciado a José em relação aos demais filhos (Gn 37.3); e declara-o ao lhe
presentear como uma “túnica de várias cores”. A túnica chegava aos calcanhares
e tinha mangas longas. Era a vestimenta usada por governantes ricos, e nem o
pastor mais bem vestido, precisaria de algo do gênero para trabalhar nos
campos. É provável que fosse a forma de dizer que havia escolhido José para ser
seu herdeiro (WIERSBE, 2006, p.181).
2.3
- Sua conduta em contraste a de seus irmãos. Ainda jovem José se destaca no
ambiente familiar em razão de sua conduta exemplar como filho, já que seus
irmãos não tinham uma boa reputação (Gn 37.2). Essa má “fama” que se divulgava
de seus irmãos, por certo eram baixas qualidades morais, pelas quais seus
irmãos eram conhecidos; fato que pode ser visto na conduta de Judá, que
casou-se com uma cananeia e todo o seu procedimento é descrito no capítulo 38.
A integridade de José pode ser vista em várias fases de sua vida, e em função
disso vemos Deus revelando desde cedo, o grande projeto para com ele (Gn 37.2;
5-11).
2.4
- Sua comunhão com Deus. Além de ser alvo da promessa divina, vemos José
experimentando uma comunhão estreita com Deus. Em meio às dificuldades que
marcaram a sua trajetória, notamos a companhia de Deus em cada momento
mostrando a sua pessoalidade (Gn 39.2,3,21,23; At 7.9). Deus não impede as
lutas na vida de José, mas garante sua presença fazendo-o prosperar. Quem serve
a Deus prospera até mesmo na servidão. Não sabemos o preço que Potifar ofereceu
por José. Mas logo descobriria ter adquirido um bem mui valioso, pois tudo o
que o jovem hebreu punha-se a fazer prosperava (Gn 39.6,7). Quem serve a Deus
prospera em qualquer circunstância (Sl 1.3).
III
– A FÉ COMO MEIO DE SUPERAR AS INJUSTIÇAS
José
era bisneto de Abraão, amigo de Deus. À semelhança de seu pai, Jacó, e do avô,
Isaque, era um homem de profundas experiências com o Senhor. A seu modo, era um
profeta e um especialista em sonhos. Por causa da sua Fé em Deus, José triunfou
em meio as injustiças das quais foi alvo. Seu nome foi elencado na galeria dos
“Heróis da Fé” da epístola aos Hebreus (Hb 11.22). Notemos atitudes que tornam
evidente a sua fé:
3.1 Fé tendo integridade na casa dos pais. A família de Jacó
passou por diversas crises:
a)
rixas entre as irmãs, Léia e Raquel (Gn 29.33; 30.1,8);
b)
injustiças (Gn 31.41) e intrigas financeiras (Gn 31.1);
c)
propensão à idolatria (Gn 31.34); e
d)
traição, violência, imoralidade e invejas (Gn 34.25-30; 35.22; 37.11).
Diante
desse contexto, que tipo de caráter José poderia ter? Entretanto, ele é um
exemplo de que é possível, com a graça divina, manter-se puro e íntegro, mesmo
convivendo com pessoas de comportamento reprovável (Fp 2.15).
3.2 - Fé para se
manter fiel (Gn 39.7-12). Sua fidelidade a Deus e ao seu patrão eram o
suficiente para ele não ceder a tentação (Gn 39.8,9). A esposa de Potifar
insistiu em convidá-lo a pecar, mas ele resistiu “[…] falando ela cada dia a
José, e não lhe dando ele ouvido”[...] (Gn 39.10). Não se dando por satisfeita,
a mulher de Potifar tramou ficar sozinha com ele em determinada ocasião; foi ao
seu encontro para forçá-lo a coabitar com ela, mas a resolução de José o fez
fugir daquela investida (Gn 39.12-b). A mulher ardendo em ira acusou-o diante
de seu marido e funcionários dizendo que José havia tentado molestá-la. Ele foi
sentenciado a cadeia por este tão grande mal (Gn 39.14-20). “A punição menor,
dada a José, de acordo com os intérpretes judeus, significou que Potifar
acreditou em José, mas, a fim de poupar sua esposa de maior embaraço,
sacrificou-o, embora por meio de um castigo mais brando do que seria de se
esperar” (CHAMPLIN, 2001, p. 246). Sejamos fiéis a Deus custe o que custar (Pv
3.3; Dn 3.17,18; 6.3,4,22; Ap 2.10).
3.3
- Fé para testemunhar (Gn 41.33-36). Após dois anos na cadeia, José foi chamado
por Faraó para interpretar o sonho que este monarca teve. José, quando
interpelado por Faraó se tinha a habilidade de interpretar sonhos ele
respondeu:“Isso não está em mim; Deus dará resposta de paz a Faraó” (Gn 41.16).
Deus é proclamado diante do temido Faraó, por aquele que tinha tudo para se
omitir em virtude do que havia passado. O Soberano do universo é quem domina
sobre tudo e sobre todos, foi a mensagem de José: [...]“porque esta coisa é
determinada de Deus, e Deus se apressa a fazê-la” (Gn 41.32).
3.4
- Fé para perdoar (Gn 45.1-5). Os sete anos de abundância sobrevieram a terra
do Egito como fora predito, e agora, os sete anos de fome começavam a chegar.
Segundo o que estava previsto, a fome foi tão grave que superou os anos de
prosperidade. Ela atingiu não somente o Egito, como também todas as terras (Gn
41.57). Segundo o Dr. Norman Champlin (2001, p. 257): “Não foi o globo
terrestre inteiro, mas a terra conhecida pelo autor do livro de Gênesis, ou
seja, o Egito, a Arábia, a Palestina e a Etiópia, as nações que pediriam
socorro ao Egito”. É nesse momento que a descendência de Jacó vem ao Egito a
fim de pedir socorro a Faraó, sem saber que José era o seu administrador. José
reconhece os seus irmãos, beneficia-os e depois de prová-los revela-se como
irmão deles e os perdoa por sua maldade (Gn 45.1-5). O perdão é uma
característica presente na vida daquele que tem o amor de Deus em seu coração
(Mc 11.25; Ef 4.32; Cl 3.13).
3.5
- Fé para crer nas promessas. Apesar de ter abrigado Jacó e seus descentes
confortavelmente em Gósen no Egito, José sabia que o seu povo não ficaria ali
para sempre. Já próximo da sua morte, José deu duas declarações que merecem ser
destacadas: 1) a profecia de José (Gn 50.25a). Este servo do Senhor
conscientizou os hebreus que no tempo certo Deus interviria tirando-os do
Egito, para conduzi-los de fato a uma terra permanente; e, 2) a esperança de
José (Gn 50.25-b). José deixou o mundo dando testemunho de sua fé na promessa
de que Israel voltaria a Canaã, pois ordenou que seu corpo fosse embalsamado a
fim de ser levado para a Palestina. Isto foi realizado anos mais tarde por
Moisés e Josué (Êx 13.19; Js 24.32).
CONCLUSÃO
A
biografia do patriarca José é uma das mais belas e inspiradoras. “A sua
história é tão notavelmente dividida entre a sua humilhação e a sua exaltação,
que podemos ver nela alguma semelhança com Cristo, que primeiro foi humilhado e
depois exaltado. Em muitos casos, José tipificou o Senhor Jesus” (HENRY, 2010,
p. 178). “A história de José nos revela como os descendentes de Jacó vieram a
ser uma nação dentro do Egito. Esta seção de Gênesis não somente nos prepara
para a narrativa do êxodo do Egito, como também revela a fidelidade que José
sempre teve para com Deus, e as muitas maneiras como Deus protegeu e dirigiu a
sua vida para o bem doutras pessoas. Ressalta a verdade de que os justos podem
sofrer num mundo mau e iníquo, mas que, por fim, triunfará o propósito de Deus
reservado para eles” (STAMPS, 2006, p. 90).
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
GARDNER,
Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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