Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência
das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor
Presidente: Aílton José Alves
Av.
Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524
LIÇÃO
04 – A PROVISÃO DE DEUS NO MONTE DO SACRIFÍCIO (Gn 22.1-3) - 4º TRIMESTRE DE 2016
INTRODUÇÃO
Nessa
lição teremos a oportunidade de refletir sobre a provisão de Deus na
experiência do patriarca Abraão, compreender que o sacrifício exigido por Deus,
era uma prova para com o seu servo e que Deus revela seus propósitos e
atributos no monte do sacrifício. Abraão nos ensina como encarar e tratar as
provas de nossa vida para a glória de Deus.
I – PROVAÇÃO DIVINA NA VIDA DE
ABRAÃO
A
despeito de sua comunhão com Deus, o patriarca Abraão passou por uma
experiência nunca antes vivida. Nessa passagem bíblica, encontramos o pai da fé
sendo provado. Deus fez um teste com Abraão, não para fazê-lo tropeçar e
assistir a sua queda, mas para aprofundar sua capacidade de obedecer a Deus e
verdadeiramente desenvolver seu caráter.
1.1 - Definição de provação. Segundo o
Aurélio (2004, p. 1649) o termo prova significa: “Aquilo que atesta a
veracidade ou autenticidade de alguma coisa”. No hebraico o termo é “nasah” que
significa: “testar, tentar, provar, examinar, pôr a prova, fazer uma
tentativa”. Na maioria dos contextos a palavra “nasah” tem a ideia de testar ou
provar a qualidade de algo ou alguém, às vezes por meio de adversidades ou
dificuldades. A tradução “tentar” em geral significa “provar”, “testar”, “pôr a
prova”, e não no sentido que a palavra também admite de “atrair para cometer
erro” (HARRIS, et all, 1998, p. 1373 – grifo nosso).
1.2
- Diferenças entre provação e tentação. “E aconteceu depois destas coisas, que
tentou Deus a Abraão” (Gn 22.1). “A expressão “tentou” no hebraico “nasah”
aparece aproximadamente quarenta vezes no Antigo Testamento e de forma
frequente se refere a Deus testando a fé e a fidelidade de seres humanos,
incluindo Abraão (Gn 22.1); a nação de Israel (Êx 15.25; 16.4; 20.20; Dt
8.2,16; 13.3; Jz 2.22; 3.1,4); Ezequias (2Cr 32.31); e Davi (Sl 26.2) (PALAVRA
CHAVE, 2011, p. 800). Embora, a ideia de testar ou pôr a prova, sugere algumas
vezes tentar ou atrair alguém ao pecado, dependendo do contexto. Abaixo destacaremos
a diferença entre provação e tentação:
1.2.1
- A tentação tem um aspecto negativo. No aspecto negativo, a tentação é
totalmente diferente da provação. Enquanto àquela visa o aperfeiçoamento e o
crescimento do crente, esta visa a queda, destruição e o afastamento de Deus. É
importante lembrar que este tipo de tentação jamais tem origem em Deus, mas no
diabo que incita a concupiscência do homem (Gn 3.1,6; 1Cr 21.1; Tg 1.13; 2Pe
2.9). Quando o desejo do mal se levanta na mente, não pára aí. A cobiça dá à
luz o pecado, e o pecado produz a morte “a morte é assim o produto amadurecido
ou terminado do pecado” (MOFFATT, apud MOODY, sd, p. 7).
1.2.2
- A provação tem um aspecto positivo. A provação é o “sofrimento, angústia ou
tribulação que tem por objetivo levar o crente a uma experiência mais profunda
com Deus. A provação nas Escrituras, também é vista como aquilo que atesta a
veracidade de algo. É o processo pelo qual se afere a legitimidade de uma
intenção ou fato (Ml 3.10; At 1.3 Rm 5.8; I Jo 4.1)” (ANDRADE, 2006, p. 307).
Na “escola da fé”, precisamos, regularmente, passar por provas. De outro modo,
jamais ficaremos sabendo onde nos encontramos em termos espirituais.
II
- PROPÓSITOS DE DEUS NA PROVAÇÃO DE ABRAÃO
A
ordem para que oferecesse o seu filho em sacrifício dá-se em uma linguagem que
faz com que a prova seja ainda mais penosa; aqui, cada palavra é uma espada.
Assim como o fogo refina o minério para extrair metais preciosos, Deus nos
refina através das circunstâncias difíceis. O sacrifício exigido por Deus,
tinha consigo o objetivo de fazer Abraão aprender lições espirituais. O Senhor
estava querendo aperfeiçoar quatro virtudes que Abraão já possuía, vejamos
quais foram:
2.1
- Deus provou o seu amor (Gn 22.2). Não restam dúvidas de que Abraão amava a
Deus, pois ele é chamado de seu amigo (2Cr 20.7; Is 41.8; Tg 2.23). Todavia,
este amor precisava ser aperfeiçoado mediante as provações. Esse pedido exigiu
muito de Abraão pelos seguintes motivos:
(a)
Isaque era o seu filho “toma agora o teu filho”, abrir mão de Ismael foi menos
difícil (Gn 21.9-14);
(b)
o seu único filho “o teu único filho, Isaque”;
(c)
que ele devotava grande afeição “a quem amas”;
(d)
por quem esperou mais de vinte e cinco anos (Gn 12.2,4; 21.5);
(e)
este filho seria seu sucessor e herdeiro das promessas (Gn 15.4);
(f)
Deus estava lhe pedindo em sacrifício “e oferece-o ali em holocausto”.
Como
servos do Senhor, devemos amá-lo acima de qualquer coisa (Dt 6.5; Mt 10.37,38;
Mc 12.30).
2.2
- Deus provou a sua obediência (Gn 22.2,3). Porque Deus pediu que Abraão
oferecesse sacrifício humano? As nações pagãs realizavam esta prática, mas Deus
a condenava como um terrível pecado (Lv 20.1-5). Embora Abraão não tenha
entendido o motivo da ordem de Deus, obedeceu imediatamente. Parece que
enquanto caminhava para o monte Moriá meditava sobre o conflito entre a ordem
de sacrificar Isaque e as promessas de perpetuar a aliança por meio dele.
Todavia, preferiu obedecer à voz divina sem questionar (Gn 22.18). “Obedecer a
Deus costuma ser uma luta porque pode significar abrir mão de algo que
realmente desejamos” (APLICAÇÃO PESSOAL, 1995, p. 37).
2.3
- Deus provou a sua fé (Gn 22.5-8). Abraão tinha convicção que Deus lhe faria
uma grande nação por meio de Isaque seu filho, como Deus mesmo havia prometido
(Gn 12.2; 15.4,5). Para isto precisaria demonstrar essa confiança para si
mesmo, estando disposto a sacrificar o seu filho, acreditando que de alguma
forma, Deus interviria naquela situação (Gn 22.5). “Porque Abraão já conhecia a
fidelidade de Deus – e mesmo o caráter terno – da personalidade de Deus e das
promessas de Deus, ele estava confiante de que Deus cumpriria sua promessa, de
uma forma ou de outra” (COPAN, 2016, p. 51).
2.4
- Deus provou a sua perseverança (Gn 22.9,10). Abraão e Isaque viajaram
aproximadamente 80 a 100 km de Berseba até o Monte Moriá, durante cerca de três
dias (Gn 22.3,4). Este foi um momento difícil para Abraão, que estava a caminho
de sacrificar o filho amado, Isaque. Sua perseverança estava sendo submetida à
prova de obedecer até as últimas consequências. O Senhor o deixou subir ao
monte, edificar o altar, pôr a lenha, colocar Isaque sobre o altar, levantar o
cutelo e somente na hora final, no limite da perseverança, o Senhor apareceu
para intervir (Gn 22.6-13).
III
– A PROVISÃO DE DEUS NA PROVAÇÃO
Deus
por meio dessa circunstância mostra-nos alguns de seus atributos, pelos quais
ficará conhecido não só a Abraão como também aos seus descendentes. Vejamos
quais atributos de Deus podem ser vistos no monte do sacrifício:
3.1
- O Deus da provisão. Quando interrogado pelo seu filho Isaque, sobre a falta
da vítima para o holocausto, Abraão respondeu “Deus proverá para si o cordeiro
para o holocausto, meu filho” (Gn 22.8). Providência: “É a resolução prévia
tomada por Deus, visando a consecução de seus planos e decretos, a preservação
de quanto Ele criou e a salvação” (ANDRADE,2006, p.307)Deus revela-se na
história como o Deus da providência, nos levando a crer em sua intervenção por
mais difícil que seja a provação. “E chamou Abraão o nome daquele lugar: o
Senhor proverá; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá”
(Gn 22.14). A declaração: “No monte do Senhor se proverá” nos ajuda a
compreender algumas verdades sobre a provisão do Senhor:
(a)
é preciso adorar a Deus mesmo tendo falta de alguma coisa (Gn 22.5; Hc
3.17,18);
(b) devemos estar no altar como Abraão, senão não obteremos a sua
provisão (Gn 22.9; Jr 33.3; Mt 6.6); e,
(c)
é preciso esperar, pois Deus só intervém no momento certo providenciando o
necessário (Gn 22.10-13; Fp 4.6; I Pe 5.7).
3.2
- O Deus todo poderoso. Deus já tinha se declarado a Abraão como o Todo
poderoso (Gn 17.1). Diante dessa experiência anterior, Abraão se mantém firme
diante de um novo desafio, pois tinha a fé para crer que o Onipotente
providenciaria o necessário à sua maneira e na hora exata como disse o escritor
aos hebreus (Hb 11.17,18).
3.3
- O Deus gracioso. No hebraico “Jeová Jiré”, é uma expressão profética da
providência divina de um sacrifício substituto, o carneiro (v.13) (STAMPS,
2012, p. 64). “Moriá – derivada da palavra hebraica “raah”, “fornecer, ver,
mostrar.” Assim na própria palavra Moriá “provisão”, temos uma sugestão de
salvação e libertação” (COPAN, 2016, p. 52). Ao substituir Isaque por um
cordeiro, Deus está proclamando sua graça que seria revelada de maneira plena
por meio de seu Filho, que é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo
1.29). Profeticamente Cristo é visto por Abraão no momento da provisão (Jo
8.56). Isaque não chegou a morrer, mas, “figuradamente” (Hb 11.19), morreu e
foi ressurreto dentre os mortos. Jesus, porém, morreu de fato e foi sepultado,
mas foi ressurreto de modo triunfante, consumando a maior de todas as
provisões, o perdão dos pecados.
IV
– CRISTO E A PROVISÃO DE DEUS PARA A HUMANIDADE
A
vida de Abraão com Deus sempre foi acompanhada pelas promessas divinas: a
promessa da terra, descendentes e bênçãos; a promessa de um filho e de que Deus
cuidaria de Ismael. Abraão sacrificava, mas sempre à luz de alguma promessa. No
entanto, na situação descrita em Gênesis 22, Abraão não recebeu nenhuma
promessa divina. Em vez disso, ele foi instruído a sacrificar a promessa viva,
seu filho. Podemos dize que quanto ao sacrifício, Abraão compreendeu dois
princípios essenciais. Vejamos:
4.1 - Ninguém, senão o próprio Deus pode oferecer
o verdadeiro sacrifício e o meio de salvação. Certamente o Senhor proverá.
Abraão eternizou esse princípio ao chamar o lugar de Jeová Jiré, que significa
‘O Senhor Proverá’. Moriá, conforme diz o texto, é o lugar para onde Abraão se
dirigiu, obedecendo a ordem de Deus, com o fim de oferecer Isaque. (Gn 22:2).
Passou a ser chamado de “monte santo”, ou de “monte da provisão” (Gn 22.14).
4.2
- O sacrifício real é de substituição, que salva a vida de Isaque. O carneiro
foi oferecido ‘em lugar de’ Isaque (Gn 22.13). Esse animal, que Deus proveu,
prefigurou o Cordeiro de Deus, Jesus Cristo, sobre quem ‘o Senhor fez cair
[...] a iniquidade de nós todos’ (Is 53.6, 7; At 8.32).
CONCLUSÃO
Aprendamos
com pai da fé que a provisão de Deus é garantida para os que nele confiam sem
reservas, que agem obedientemente ainda que em detrimento das suas preferências
e aspirações. Abraão é o modelo do crente que deseja viver na dependência
divina e experimentar as suas grandiosas promessas.
REFERÊNCIA
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
HENRY,
Matthew. Comentário Biblico de Gênesis. Pdf
COPAN,
Paul. Deus é um mostro moral? SALCULTURAL.
Nenhum comentário:
Postar um comentário