sexta-feira, 21 de outubro de 2016

LIÇÃO 04 – A PROVISÃO DE DEUS NO MONTE DO SACRIFÍCIO (Gn 22.1-3) - 4º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 04 – A PROVISÃO DE DEUS NO MONTE DO SACRIFÍCIO (Gn 22.1-3) - 4º TRIMESTRE DE 2016

INTRODUÇÃO
Nessa lição teremos a oportunidade de refletir sobre a provisão de Deus na experiência do patriarca Abraão, compreender que o sacrifício exigido por Deus, era uma prova para com o seu servo e que Deus revela seus propósitos e atributos no monte do sacrifício. Abraão nos ensina como encarar e tratar as provas de nossa vida para a glória de Deus.

I – PROVAÇÃO DIVINA NA VIDA DE ABRAÃO
A despeito de sua comunhão com Deus, o patriarca Abraão passou por uma experiência nunca antes vivida. Nessa passagem bíblica, encontramos o pai da fé sendo provado. Deus fez um teste com Abraão, não para fazê-lo tropeçar e assistir a sua queda, mas para aprofundar sua capacidade de obedecer a Deus e verdadeiramente desenvolver seu caráter.

1.1 - Definição de provação. Segundo o Aurélio (2004, p. 1649) o termo prova significa: “Aquilo que atesta a veracidade ou autenticidade de alguma coisa”. No hebraico o termo é “nasah” que significa: “testar, tentar, provar, examinar, pôr a prova, fazer uma tentativa”. Na maioria dos contextos a palavra “nasah” tem a ideia de testar ou provar a qualidade de algo ou alguém, às vezes por meio de adversidades ou dificuldades. A tradução “tentar” em geral significa “provar”, “testar”, “pôr a prova”, e não no sentido que a palavra também admite de “atrair para cometer erro” (HARRIS, et all, 1998, p. 1373 – grifo nosso).

1.2 - Diferenças entre provação e tentação. “E aconteceu depois destas coisas, que tentou Deus a Abraão” (Gn 22.1). “A expressão “tentou” no hebraico “nasah” aparece aproximadamente quarenta vezes no Antigo Testamento e de forma frequente se refere a Deus testando a fé e a fidelidade de seres humanos, incluindo Abraão (Gn 22.1); a nação de Israel (Êx 15.25; 16.4; 20.20; Dt 8.2,16; 13.3; Jz 2.22; 3.1,4); Ezequias (2Cr 32.31); e Davi (Sl 26.2) (PALAVRA CHAVE, 2011, p. 800). Embora, a ideia de testar ou pôr a prova, sugere algumas vezes tentar ou atrair alguém ao pecado, dependendo do contexto. Abaixo destacaremos a diferença entre provação e tentação:

1.2.1 - A tentação tem um aspecto negativo. No aspecto negativo, a tentação é totalmente diferente da provação. Enquanto àquela visa o aperfeiçoamento e o crescimento do crente, esta visa a queda, destruição e o afastamento de Deus. É importante lembrar que este tipo de tentação jamais tem origem em Deus, mas no diabo que incita a concupiscência do homem (Gn 3.1,6; 1Cr 21.1; Tg 1.13; 2Pe 2.9). Quando o desejo do mal se levanta na mente, não pára aí. A cobiça dá à luz o pecado, e o pecado produz a morte “a morte é assim o produto amadurecido ou terminado do pecado” (MOFFATT, apud MOODY, sd, p. 7).

1.2.2 - A provação tem um aspecto positivo. A provação é o “sofrimento, angústia ou tribulação que tem por objetivo levar o crente a uma experiência mais profunda com Deus. A provação nas Escrituras, também é vista como aquilo que atesta a veracidade de algo. É o processo pelo qual se afere a legitimidade de uma intenção ou fato (Ml 3.10; At 1.3 Rm 5.8; I Jo 4.1)” (ANDRADE, 2006, p. 307). Na “escola da fé”, precisamos, regularmente, passar por provas. De outro modo, jamais ficaremos sabendo onde nos encontramos em termos espirituais.

II - PROPÓSITOS DE DEUS NA PROVAÇÃO DE ABRAÃO
A ordem para que oferecesse o seu filho em sacrifício dá-se em uma linguagem que faz com que a prova seja ainda mais penosa; aqui, cada palavra é uma espada. Assim como o fogo refina o minério para extrair metais preciosos, Deus nos refina através das circunstâncias difíceis. O sacrifício exigido por Deus, tinha consigo o objetivo de fazer Abraão aprender lições espirituais. O Senhor estava querendo aperfeiçoar quatro virtudes que Abraão já possuía, vejamos quais foram:

2.1 - Deus provou o seu amor (Gn 22.2). Não restam dúvidas de que Abraão amava a Deus, pois ele é chamado de seu amigo (2Cr 20.7; Is 41.8; Tg 2.23). Todavia, este amor precisava ser aperfeiçoado mediante as provações. Esse pedido exigiu muito de Abraão pelos seguintes motivos:

(a) Isaque era o seu filho “toma agora o teu filho”, abrir mão de Ismael foi menos difícil (Gn 21.9-14);
(b) o seu único filho “o teu único filho, Isaque”;
(c) que ele devotava grande afeição “a quem amas”;
(d) por quem esperou mais de vinte e cinco anos (Gn 12.2,4; 21.5);
(e) este filho seria seu sucessor e herdeiro das promessas (Gn 15.4);
(f) Deus estava lhe pedindo em sacrifício “e oferece-o ali em holocausto”.

Como servos do Senhor, devemos amá-lo acima de qualquer coisa (Dt 6.5; Mt 10.37,38; Mc 12.30).

2.2 - Deus provou a sua obediência (Gn 22.2,3). Porque Deus pediu que Abraão oferecesse sacrifício humano? As nações pagãs realizavam esta prática, mas Deus a condenava como um terrível pecado (Lv 20.1-5). Embora Abraão não tenha entendido o motivo da ordem de Deus, obedeceu imediatamente. Parece que enquanto caminhava para o monte Moriá meditava sobre o conflito entre a ordem de sacrificar Isaque e as promessas de perpetuar a aliança por meio dele. Todavia, preferiu obedecer à voz divina sem questionar (Gn 22.18). “Obedecer a Deus costuma ser uma luta porque pode significar abrir mão de algo que realmente desejamos” (APLICAÇÃO PESSOAL, 1995, p. 37).

2.3 - Deus provou a sua fé (Gn 22.5-8). Abraão tinha convicção que Deus lhe faria uma grande nação por meio de Isaque seu filho, como Deus mesmo havia prometido (Gn 12.2; 15.4,5). Para isto precisaria demonstrar essa confiança para si mesmo, estando disposto a sacrificar o seu filho, acreditando que de alguma forma, Deus interviria naquela situação (Gn 22.5). “Porque Abraão já conhecia a fidelidade de Deus – e mesmo o caráter terno – da personalidade de Deus e das promessas de Deus, ele estava confiante de que Deus cumpriria sua promessa, de uma forma ou de outra” (COPAN, 2016, p. 51).

2.4 - Deus provou a sua perseverança (Gn 22.9,10). Abraão e Isaque viajaram aproximadamente 80 a 100 km de Berseba até o Monte Moriá, durante cerca de três dias (Gn 22.3,4). Este foi um momento difícil para Abraão, que estava a caminho de sacrificar o filho amado, Isaque. Sua perseverança estava sendo submetida à prova de obedecer até as últimas consequências. O Senhor o deixou subir ao monte, edificar o altar, pôr a lenha, colocar Isaque sobre o altar, levantar o cutelo e somente na hora final, no limite da perseverança, o Senhor apareceu para intervir (Gn 22.6-13).

III – A PROVISÃO DE DEUS NA PROVAÇÃO
Deus por meio dessa circunstância mostra-nos alguns de seus atributos, pelos quais ficará conhecido não só a Abraão como também aos seus descendentes. Vejamos quais atributos de Deus podem ser vistos no monte do sacrifício:

3.1 - O Deus da provisão. Quando interrogado pelo seu filho Isaque, sobre a falta da vítima para o holocausto, Abraão respondeu “Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho” (Gn 22.8). Providência: “É a resolução prévia tomada por Deus, visando a consecução de seus planos e decretos, a preservação de quanto Ele criou e a salvação” (ANDRADE,2006, p.307)Deus revela-se na história como o Deus da providência, nos levando a crer em sua intervenção por mais difícil que seja a provação. “E chamou Abraão o nome daquele lugar: o Senhor proverá; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá” (Gn 22.14). A declaração: “No monte do Senhor se proverá” nos ajuda a compreender algumas verdades sobre a provisão do Senhor:

(a) é preciso adorar a Deus mesmo tendo falta de alguma coisa (Gn 22.5; Hc 3.17,18);
(b) devemos estar no altar como Abraão, senão não obteremos a sua provisão (Gn 22.9; Jr 33.3; Mt 6.6); e,
(c) é preciso esperar, pois Deus só intervém no momento certo providenciando o necessário (Gn 22.10-13; Fp 4.6; I Pe 5.7).

3.2 - O Deus todo poderoso. Deus já tinha se declarado a Abraão como o Todo poderoso (Gn 17.1). Diante dessa experiência anterior, Abraão se mantém firme diante de um novo desafio, pois tinha a fé para crer que o Onipotente providenciaria o necessário à sua maneira e na hora exata como disse o escritor aos hebreus (Hb 11.17,18).

3.3 - O Deus gracioso. No hebraico “Jeová Jiré”, é uma expressão profética da providência divina de um sacrifício substituto, o carneiro (v.13) (STAMPS, 2012, p. 64). “Moriá – derivada da palavra hebraica “raah”, “fornecer, ver, mostrar.” Assim na própria palavra Moriá “provisão”, temos uma sugestão de salvação e libertação” (COPAN, 2016, p. 52). Ao substituir Isaque por um cordeiro, Deus está proclamando sua graça que seria revelada de maneira plena por meio de seu Filho, que é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Profeticamente Cristo é visto por Abraão no momento da provisão (Jo 8.56). Isaque não chegou a morrer, mas, “figuradamente” (Hb 11.19), morreu e foi ressurreto dentre os mortos. Jesus, porém, morreu de fato e foi sepultado, mas foi ressurreto de modo triunfante, consumando a maior de todas as provisões, o perdão dos pecados.

IV – CRISTO E A PROVISÃO DE DEUS PARA A HUMANIDADE
A vida de Abraão com Deus sempre foi acompanhada pelas promessas divinas: a promessa da terra, descendentes e bênçãos; a promessa de um filho e de que Deus cuidaria de Ismael. Abraão sacrificava, mas sempre à luz de alguma promessa. No entanto, na situação descrita em Gênesis 22, Abraão não recebeu nenhuma promessa divina. Em vez disso, ele foi instruído a sacrificar a promessa viva, seu filho. Podemos dize que quanto ao sacrifício, Abraão compreendeu dois princípios essenciais. Vejamos:

4.1 - Ninguém, senão o próprio Deus pode oferecer o verdadeiro sacrifício e o meio de salvação. Certamente o Senhor proverá. Abraão eternizou esse princípio ao chamar o lugar de Jeová Jiré, que significa ‘O Senhor Proverá’. Moriá, conforme diz o texto, é o lugar para onde Abraão se dirigiu, obedecendo a ordem de Deus, com o fim de oferecer Isaque. (Gn 22:2). Passou a ser chamado de “monte santo”, ou de “monte da provisão” (Gn 22.14).

4.2 - O sacrifício real é de substituição, que salva a vida de Isaque. O carneiro foi oferecido ‘em lugar de’ Isaque (Gn 22.13). Esse animal, que Deus proveu, prefigurou o Cordeiro de Deus, Jesus Cristo, sobre quem ‘o Senhor fez cair [...] a iniquidade de nós todos’ (Is 53.6, 7; At 8.32).

CONCLUSÃO
Aprendamos com pai da fé que a provisão de Deus é garantida para os que nele confiam sem reservas, que agem obedientemente ainda que em detrimento das suas preferências e aspirações. Abraão é o modelo do crente que deseja viver na dependência divina e experimentar as suas grandiosas promessas.

REFERÊNCIA
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
HENRY, Matthew. Comentário Biblico de Gênesis. Pdf
COPAN, Paul. Deus é um mostro moral? SALCULTURAL.

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