terça-feira, 4 de outubro de 2016

LIÇÃO 02 – A PROVISÃO DE DEUS EM TEMPOS DIFÍCEIS (Êx 16.1-15) - 4º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 02 – A PROVISÃO DE DEUS EM TEMPOS DIFÍCEIS (Êx 16.1-15) - 4º TRIMESTRE DE 2016 
INTRODUÇÃO
Vivemos em tempos difíceis na atual sociedade, essa condição foi predita pelo apóstolo Paulo (2Tm 3.1), como sendo uma característica dos tempos finais; por motivos diversos a crise tem sido instaurada em todas as áreas da humanidade, no entanto, há provisão de Deus para os que tem depositado nele sua confiança. Nesse esboço veremos o que significa a provisão divina, o alcance dessa provisão e alguns propósitos da provisão de Deus.

I – DEFINIÇÃO DE PROVISÃO
A palavra “providência” vem do latim “providentia”, e a palavra “prover” do latim “providere” (CAMPOS, 2001, p. 7). Segundo Aurélio provisão é: “ato ou efeito de prover; fornecimento, abastecimento” (2004, p. 1650). Sendo assim, podemos definir a provisão divina como a atividade do Deus Soberano, em provê as necessidades da sua criação, intervindo para sua preservação (CAMPOS, 2001, p. 8). Diante das crises que nos cercam é natural nos preocuparmos como será o nosso futuro, a orientação do nosso Salvador é que não devemos estar ansiosos, mas, entender o cuidado do Pai Celestial para com seus filhos (Mt 6.25-34); não significa dizer que o cristão deva ser omisso quanto as suas responsabilidades, antes deve lembrar de que Deus suprirá em meio aos tempos difíceis, as suas necessidades (Sl 10.14; 68.10; 132.15). Segundo o Dicionário vine (2002, p. 815) "necessidade" no grego é a palavra "ananke" que refere-se a: "dificuldade, angústia, sofrimento, dor" (1Co 7.37; 9.16; 2Co 9.7; 6.4; 12.10). A palavra grega "chreia" denota "ter necessidade de algo, precisar de alguma coisa" (Mt 3.14; 6.8; 9.12; 14.16; Mc 14.63; Lc 5.31; 22.71; Ef 4.28; 1Ts 4.9). Já a palavra para "necessitado" no hebraico é: "ebyon" é alguém que é pobre em sentido material (Êx 23.11; Jó 30.25; 31.19; Sl 132.15).

II – DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS TEMPOS DIFÍCEIS
Da expressão “tempos difíceis”, no grego, temos o adjetivo “chapelos”, que significa 'difícil', 'árduo', dando a entender um período de 'tensão', de 'maldade'; serão tempos difíceis de suportar, perigosos e problemáticos para a igreja em geral (CHAMPLIN, 2014, p 502 – acréscimo nosso). Paulo focaliza a proliferação de falsas doutrinas (2Tm 3.1), e enfatiza a degeneração social, a perversidade das pessoas que se tornam totalmente egoístas e buscam apenas satisfazer seus próprios desejos (antropocentrismo), sem nenhuma consideração pelos outros (2Tm 3.3); elas tem pouco interesse na religião e zombam das coisas de Deus (ateísmo), mas gostam de cultivar uma falsa espiritualidade (2Tm 3.4-5), amam os prazeres da carne (hedonismo) (2Tm 3.6), e se interessam por novas idéias apenas pelo fato de serem novas (relativismo), porém, não estão dispostas a chegar ao conhecimento da verdade (2Tm 3.7) (SIMPSON apud BARCLAY, sd, p. 67 – acréscimo e grifo nosso). Vejamos ainda:

2.1 - Apostasia. O termo apostasia vem do grego “apostásis” e significa “o abandono premeditado e consciente da fé cristã”. O termo grego “aphistemi” é definido por: “apartar, decair, desertar, retirar, rebelião, abandonar, afastar-se daquilo que antes se estava ligado” (STAMPS, 1995, p. 1903).

2.2 - Escarnecedores (Jd 1.17,18). O apóstolo Pedro predisse que nos últimos dias surgiriam escarnecedores que andariam segundo a sua própria concupiscência e negariam a vinda do Senhor (2Pe 3.3,4). Escarnecer: significa “zombar”, “criticar”, “ridicularizar”. Embora muitos escarnecedores tenham surgido no passado (Mt 27.29,31,41; Lc 23.11,36; At 17.32) eles estão se tornando cada vez mais comum em nossos dias, principalmente por parte dos ateus, céticos e incrédulos, que zombam da Bíblia e escarnecem do evangelho.

2.3 - Perda da identidade cristã. Em tempos passados, o cristão era conhecido pela forma de andar, falar e se trajar (Mt 26.73; At 4.13). Por essa razão, os discípulos foram em Antioquia, chamados cristãos (At 11.26). Nos dias atuais, devido à influência desta sociedade relativista, antropocêntrica e secular, é notório que muitos perderam as características que o identificam como cristãos, alegando que “Deus só quer o coração”. Mas, a palavra de Deus nos diz que devemos ser santos em toda maneira de viver (1Pe 1.15,16; 1Ts 5.23).

III – PROPÓSITOS DA PROVISÃO DE DEUS EM TEMPOS DIFÍCEIS
A provisão de Deus é um ensino claro na Bíblia Sagrada. Apesar das crises que enfrentamos em nossa nação temos uma promessa garantida, o soberano do universo permanecerá com suas fortes mãos derramando das suas copiosas bênçãos; outro ensino claro nas Escrituras é que, na provisão divina Deus possui propósitos pedagógicos. Vejamos algumas lições aprendidas na provisão divina:

3.1 - Ressaltar a dependência do homem de seu Criador (Sl 40.17; Pv 16.1). Embora vivamos em uma sociedade extremamente antropocêntrica, em que o homem tende a alimentar a sensação de total independência, sempre terá um momento em que o homem precisará da provisão divina (Mc 5.25,26).

3.2 - Manifestar o controle absoluto de Deus (Rm 11.36; Rm 8.28; Sl 24.1). Deus é o soberano da história, que tem não só o domínio geral, mas também o individual das coisas: “[...] eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente” (1Rs 19.9).

3.3 - Demostrar seu grande amor. Através de sua Palavra, o Senhor demonstra todo o seu amoroso cuidado para com os seus filhos (Sl 145.9; Mt 6.26). Deus embora sendo auto suficiente e transcendente também se revela imanente já que se mostra preocupado com todos, individual e particularmente: “E até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos” (Lc 12.7).

3.4 - Exercitar a fé no provedor (Hb 11.6). A ação providencial de Deus se dá mediante a fé obediente: “Foi pois, e fez conforme a palavra do SENHOR...” (1Rs 17.5); “ Então, ele se levantou e foi [...]” (1Rs 17.10).

IV - O ALCANCE DA PROVISÃO DIVINA EM TEMPOS DIFÍCEIS
Os seres humanos são essencialmente dependentes de Deus (Jo 15.5); como seres limitados por natureza a nossa subsistência está na provisão divina (At 17.25,28), que tem como alcance todas as dimensões da vida humana (1Ts 5.23; Fp 4.19). Tomando como exemplo o profeta Elias, veremos a providência de Deus em tempos difíceis. Notemos:

4.1 - Necessidades físicas. Após apresentar-se ao ímpio Rei Acabe e profetizar um período de estiagem na nação de Israel (1Rs 17.1) encontramos a ordem de Deus para o profeta: “Vai-te daqui, e vira-te para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do jordão” (1Rs 17.3). Para motivar a sua obediência, Deus antecipa a informação de que proverá as necessidades físicas de Elias (1Rs 17.4); e como prometido Deus lhe envia pão e carne diuturnamente por meio de corvos e bebia da água do ribeiro (1Rs 17.6). Enquanto a nação começava a sentir os efeitos da seca, pois a Escritura afirma que: “a fome era extrema em Samaria” (1Rs 18.2), Elias recebia as bênçãos da provisão, que Deus havia prometido para os que são obediente (Lv 26.3-5). Durante o longo período de estiagem de três anos e meio no Reino do Norte (Tg 5.17), observamos o cuidado pessoal do Senhor com o profeta e Aprendamos que Deus é um Deus provedor. Há sempre uma provisão de Deus para aquele que o serve obedientemente em tempos difíceis (Sl 23.1; Sl 37.3, 25).

4.2 - Necessidades emocionais. A provisão de Deus não se limita apenas no aspecto físico ou material, mas alcança também as necessidades emocionais e/ou psíquicas ou ainda afetivas (Sl 34.4, 19; Sl 55.22). O profeta Elias após a grande experiência no monte Carmelo (1Rs 18); demonstra sua fragilidade emocional e a necessidade da provisão divina:

· Elias fugiu. “E ele se foi ao deserto” (1 Rs 19.4);
· Elias quis ficar sozinho. “... e de Judá deixou ali o seu moço.” (1Rs 19.3);
· Elias sentiu-se fracassado. “Já basta, toma agora, ó Senhor, a minha alma...” (1Rs 19.4);
· Elias sentiu-se desanimado. “... e assentou-se debaixo de um zimbro” (1Rs 19.4);
· Elias perdeu o sentido de viver. “... e pediu em seu ânimo a morte” (1Rs 19.4);
· Elias sentiu solidão. “Eu fiquei só...” (1Rs 19.10;14);
· Elias enfrentou perigo físico. “... e procuraram tirar-me a vida” (1Rs 19.14);
· Elias sentiu-se menosprezado. “... pois não sou melhor do que meus pais” (1Rs 19.4); 

Elias se revela fisicamente exausto e emocionalmente abatido (Sl 42.5); Elias era um homem comum, ele não era um anjo, ou um semideus, mas um homem que mesmo com todas as suas fragilidades amava a Deus (1Rs 19.3). Devemos ser crentes espirituais, mas não esquecendo de que ainda habitamos neste tabernáculo (2Pe 1.14). Elias também era humano ele estava sujeito aos “mesmos sentimentos”. Elias, portanto, precisava urgentemente da ajuda do Senhor; para tanto o Deus da provisão, age em seu benefício mostrando a preocupação divina também pela área emocional do ser humano, vejamos ainda:

· Deus lhe permite um momento de descanso e refrigério “... e tornou a deitar-se” (1Rs 19.5,6);
· Deus quebra o silêncio e fala com Elias. “... e eis que a palavra do SENHOR veio a ele e disse: ...” (1Rs 19.9,11,13);
· Deus renovou sua vocação. “E o SENHOR lhe disse: Vai, volta pelo teu caminho...” (1Rs 19.15,16);
· Deus lhe providencia um amigo próximo e pessoal. “Partiu, pois, Elias dali e achou a Eliseu”... ; “... então, se levantou, e seguiu a Elias, e o servia”... (1Rs 19.19, 21);

4.3 - Necessidades espirituais. Deus sabia das necessidades de Elias, da forma como ele se encontrava abalado fisicamente, emocionalmente e espiritualmente, Elias estava no seu limite, num esgotamento espiritual; o homem que havia orado a Deus e ele lhe havia respondido de maneira sobrenatural (1Rs 18.36, 38) agora está dentro de uma caverna vivenciado uma crise. Elias é um homem de Deus, mas tem os pés de barro. À semelhança de Elias, é comum ao crente passar por momentos difíceis na vida espiritual, diante dos desafios pertencentes a esta vida, isso acontece quando as coisas fogem do nosso controle ou quando não saem como gostaríamos. A provisão divina se manifesta quando vemos Deus dizendo: “... Sai e põe-te neste monte perante a face do Senhor”. O Senhor renova espiritualmente o profeta Elias, chamando-o a comunhão. É no altar da oração que Deus supri as necessidades espirituais (Sl 37.23, 24; 1Sm 1.10, 18; 1Pe 5.7; Fp 4.6, 7).

CONCLUSÃO
Que estamos enfrentando no Brasil e no mundo uma crise sem precedentes é uma realidade, no entanto, baseados nas Escrituras, podemos crer que Deus nos ajuda em nossas dificuldades, pois a Bíblia apresenta os precedentes necessários a essa certeza. Ele tem o poder de providenciar os recursos necessários à nossa subsistência (Êx 16.15; 2Rs 4.42-44; 1Rs 17.8-16). Aprendemos nesta lição, que devemos confiar em Deus independentemente de qualquer situação em nossa vida, pois, a sua Palavra nos garante que Deus cuida de cada um de nós.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
SWINDOLL, Charles R. Elias. série heróis da fé. MC.

CAMPOS, Heber. A Provisão e a sua realização histórica. CULTURA CRISTÃ.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.

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