Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
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LIÇÃO 12 - NÃO COBIÇARÁS - 1º TRIMESTRE 2015
(Êx 20.17; 1 Rs 21.1-5,9,10,15,16)
INTRODUÇÃO
O décimo mandamento, “Não cobiçarás” (Êx 20.17), foi um mandamento instituído por Deus para que a nação
de Israel não violasse nenhum dos mandamentos anteriores do Decálogo. Se o oitavo mandamento, por exemplo, proibia
o roubo, o décimo mandamento proibia o desejo de roubar. Nesta lição, iremos analisar exegeticamente este preceito;
teremos uma visão geral sobre a cobiça no AT e no NT; veremos ainda alguns exemplos bíblicos de pessoas que caíram
neste terrível pecado; e, por fim, como vencer a cobiça pelas riquezas, uma prática nociva tão comum em nossos dias.
I – A EXEGESE DO DÉCIMO MANDAMENTO
“O verbo hebraico que aparece no texto de (Êx 20.17) é “hãmad”, que significa “desejar, ter prazer em, cobiçar,
ter concupiscência de”; já em (Dt 5.21) podemos notar a presença de um outro verbo hebraico “ãwãh”, que significa
“desejar ardentemente, ansiar, cobiçar, anelar” (SOARES, 2014, p. 133 – acréscimo nosso). A Septuaginta, que é a
tradução do AT em hebraico para o grego, traduz estes dois termos, pelo verbo grego “epithyméo”. Logo, o substantivo
grego que expressa um desejo é “epithymia” (Mt 5.28; Lc 15.16; Rm 7.7).
1.1 - “Epithymia”, desejos bons ou maus. “O verbo “epithyméo” significa literalmente “desejar apaixonadamente”. O
vocábulo grego é neutro, podendo fazer referência a qualquer apetite legítimo ou ilegítimo. Portanto, os desejos podem
ser positivos ou negativos. Um desejo pode ser apenas isso, porém, quando não se estabelece limites, este sentimento
primário evolui para a paixão. A paixão por sua vez, é um “sentimento ou uma emoção levados a um alto grau de
intensidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão” (FERREIRA, 2004, p. 1468); quando ela domina o coração do homem, o
sentimento primário eleva-se ao extremo e, esse extremo é exatamente o que a Bíblia chama de cobiça. Existem desejos
(cobiças) tão intensos que envolvem a própria alma (Dt 14.26)” (CHAMPLIN, 2004, vol. 2, pp. 79-80 – acréscimo nosso).
II – A COBIÇA NA PERSPECTIVA DO ANTIGO TESTAMENTO
“A cobiça é definida como o desejo desordenado de adquirir coisas, posição social, fama, proeminência secular
ou religiosa, etc. Pode incluir a tentativa de apossar-se do que pertence ao próximo. Ela geralmente aumenta com a idade,
ao invés de diminuir, dando origem a certos números de males. Esta obra da carne promove a alienação de Deus, a
opressão e a crueldade contra o próximo, a traição e as manipulações e desonestidades de toda espécie. Quase sempre, o
desejo desordenado da cobiça provoca alguma ação para que o cobiçoso adquira o que quer, ou para que persiga o
possuidor do objeto ou da pessoa cobiçada” (CHAMPLIN, 2004, vol. 1, p. 774 – acréscimo nosso).
2.1 - Significado do décimo mandamento. “Não cobiçarás”, não significa que uma pessoa não possa ADMIRAR bens e
aptidões de outros indivíduos. O mandamento proíbe o desejo corrompido que destrói os relacionamentos e pode levar um
indivíduo a desejar o sofrimento daquele que têm a aptidão ou objeto cobiçado”. (ADEYEMO, 2010, p. 114 – grifo
nosso).
2.2 - Objetivo do décimo mandamento. “A posição desse mandamento no final da lista indica que ele trata de qualquer
pendência que ainda resta no âmbito relacional, pois abrange todas as formas possíveis de relacionamento – com Deus,
com a família e com a sociedade mais ampla. A confiabilidade e o respeito por outros são elementos essenciais, pois
nenhuma sociedade construída com base em relacionamentos falsos pode sobreviver à instabilidade e aos problemas
resultantes. Se pessoas e nações tivessem obedecido aos Dez Mandamentos, muitos traumas poderiam ter sido evitados”
(ADEYEMO 2010, p. 114).
2.3 - O que não cobiçar. “O mandamento proíbe cobiçar a casa, a mulher, os servos, os animais ou qualquer coisa do
próximo (Êx 201.17; Dt 521). A casa aqui indicava a família, no sentido antigo da palavra, e a ideia de esposa é primária.
Isto é explicitamente demonstrado em Deuteronômio 5.21, onde a esposa é mencionada em primeiro lugar. Boi e jumento
são a riqueza típica do camponês ou seminômade da Idade do Bronze, para quem as perplexidades da sociedade
desenvolvida ainda não haviam surgido. Os servos ou os “escravos” eram por sua vez, a única outra forma de propriedade
móvel” (COLE, 1981, p. 155).
2.4 - A abrangência do cobiçar. A ideia central é não desejar aquilo que pertence ao próximo, contudo, como Deus não
só vê a ação concreta, mas a motivação que leva a ação, podemos identificar nesta verdade, o lado espiritual do Decálogo,
mostrando que nem tudo é jurídico, e com isto, entendemos que o décimo mandamento é a ponte que leva ao
cumprimento dos demais, isto é, não cobiçar outros deuses, outras formas de culto, a mulher e os bens do próximo (Êx
20.17).
III – ENTENDENDO A COBIÇA NA PRÁTICA
Todos nós externamos vontades e biblicamente há implicações. Existem vontades ou desejos lícitos e ilícitos e, o
décimo mandamento previne o coração exatamente dos desejos ilícitos, isto é, da cobiça.
IV – A COBIÇA NA PERSPECTIVA DO NOVO TESTAMENTO
4.1 - Na perspectiva de Cristo. “Não cobiçarás...” se distingue dos outros nove mandamentos por se tratar da motivação,
e não do ato. Assim, é possível violar esse preceito sem que haja comprovação concreta. É o décimo mandamento que
golpeia a própria raiz do pecado, o coração pecaminoso e o desejo perverso. Cristo aborda a responsabilidade sobre o
pecado do pensamento, pois toda ação humana começa no seu coração, inclusive comparou o desejo de pecar (a cobiça)
ao próprio ato em si” (Mt 5.28; Mc 7.21-23;) (SOARES, 2014, p. 134 – acréscimo nosso).
4.2 - Na perspectiva do apóstolo Paulo. O apóstolo Paulo trata esta obra carnal se utilizando de um sinônimo. Ele destaca
a avareza, o apego demasiado e sórdido ao dinheiro, ou seja, a vontade de adquirir riquezas; os cobiçosos anelam por ter
mais dinheiro (At 20.33; 1 Tm 6.9; Rm 7.7). Este pecado é alistado entre os pecados frisados por Paulo, em Ef 4.19;
aparece na lista dos vícios dos povos pagãos, em Rm 1.29. Apesar da cobiça não ser especificamente alistada entre as
obras da carne em Gl 5.19-21, ela é uma das causas de várias daquelas obras carnais, como o adultério, o ódio, as
dissensões, a beligerância que é a pessoa que suscita guerras, etc., devendo ser incluída entre as “tais coisas” que Paulo
mencionou, e que não permitem que uma pessoa chegue ao Reino de Deus (Gl 5.21).” (CHAMPLIN, 2004, vol. 1, p. 774 –
acréscimo nosso).
V – PERSONAGENS BÍBLICOS QUE CAÍRAM NESTE PECADO
Na tabela abaixo, destacamos alguns exemplos práticos de personagens que caíram neste pecado.
VI – VENCENDO A COBIÇA PELA RIQUEZA
Nas Escrituras encontramos o antídoto para este veneno mortal. Vejamos: (1) Jesus nos ensina que não
precisamos andar ansiosos com as coisas desta vida, Ele supre toda as nossas necessidades (Mt 6.25,26); (2) o apóstolo
Paulo por sua vez, nos ensina que devemos aprender a nos contentarmos com o que temos, desejar apaixonadamente a
riqueza é uma laço que nos leva a perdição e a ruína (Fp 4.11,12; 1 Tm 6.9); e por fim (3) o escritor anônimo da carta aos
Hebreus nos consola com as palavra de Cristo: “Não te deixarei, nem te desampararei” (Hb 13.5).
CONCLUSÃO
A cobiça é uma obra da carne que dá origem a todos os outros pecados. Por meio deste pecado o mal se
introduziu na criação. O mandamento “não cobiçarás” nos protege das ambições erradas, levando-nos a um nível de
relacionamento piedoso para com Deus, com a nossa família e com a sociedade.
REFERÊNCIAS
TOKUNBOH, Adeyemo. ComentárioBbíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblias, Teologia e Filosofia, HAGNOS.
COLE, R. Alan. Êxodo Introdução e Comentário. MUNDO CRISTÃO.
SOARES, Esequias. Os Dez Mandamentos. CPAD.
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