Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
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LIÇÃO 08 – O CUIDADO COM A LÍNGUA (Tg 3.1-12) - 3º TRIMESTRE 2014
INTRODUÇÃO
Veremos nesta lição os ensinamentos do apóstolo Tiago quanto ao uso da língua. E estudaremos sobre o poder que há neste pequeno órgão; e a força tanto destruidora como abençoadora que podem fluir deste minúsculo membro (Tg 3.1-12). Há um provérbio inglês que diz: “Tu és senhor da palavra não dita; a palavra dita é teu senhor”. Por isso, Davi orava a Deus e pedia: “Põe, Senhor, uma guarda à minha boca; vigia a porta dos meus lábios!” (SI 141.3). Tiago se expressa com veemência sobre o poder das nossas palavras negativas, quando diz que a língua usada da forma errada é "um mundo de iniquidade"; que "contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno"; e, que ela é "um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero" (Tg 3.6,8).
I – A CARTA DE TIAGO E O USO DA LÍNGUA
Tiago demonstrou preocupação com os pecados da língua desde o início de sua carta (Tg 1.19; 26). Aqui, no capítulo 3, ele deixa claro que, a exemplo da fé que não evidencia obras generosas, a língua também pode demonstrar uma falta de transformação pelo Amor de Deus. A Bíblia nos mostra que a língua pode ser um instrumento de bênção ou de destruição. Salomão, em Provérbios 6.16-19, elenca seis pecados que Deus aborrece e um que a alma de Deus abomina. Dos sete pecados, três estão ligados ao pecado da língua: “a língua mentirosa, a testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos”. Devemos ter muito cuidado com isso, pois as palavras podem dar vida ou matar: “A morte e a vida estão no poder da língua...” (Pv 18.21); "A língua deles é uma flecha mortal" (Jr 9.8). Jesus disse que é a língua que revela tudo que há no coração (Mt 12.34-37), e ainda ensinou que o que sai da boca contamina o homem (Mt 15.11), e reflete o conteúdo do coração (Mt 15.18-19).
II – O PODER QUE HÁ NA LÍNGUA EM TIAGO 3.3-12
Tiago compara a língua com um cavalo sem freios, com um navio sem leme que pode bater nas rochas, com uma fagulha que incendeia uma floresta, com uma fonte contaminada, com uma árvore que produz frutos venenosos, com um mundo de iniquidade e com uma fera indomável. Assim como o freio determina a direção ao cavalo, e o leme, ao navio, também a língua pode determinar o destino do indivíduo. Vejamos:
2.1 - A língua tem o poder de dirigir (controlar) (Tg 3.3,4). A língua tem o poder de dirigir tanto para o bem como para o mal. Tiago usa duas figuras para mostrar o poder da língua: “o freio e o leme”. Para que serve um cavalo indomável e selvagem? Um animal indócil não pode ser útil, antes, é perigoso. Mas, se você coloca freio nesse cavalo, você o conduz para onde você quer. Através do freio a inclinação selvagem é subjugada, e ele se torna dócil e útil. Tiago diz que a língua é do mesmo jeito. Se você consegue controlar a sua língua, também conseguirá dominar os seus impulsos, a sua natureza e canalizar toda a sua vida para um fim proveitoso (LOPES, 2006, p. 62).
2.2 - A língua tem o poder de destruir (Tg 3.5-8). Tiago lança mão de outras duas figuras “o fogo e o veneno”. Ele diz que uma fagulha pequena incendeia toda uma floresta. Assim como o fogo cresce, espalha, fere, destrói, provoca sofrimento, prejuízo e destruição, assim também é o poder da língua. O que Tiago está querendo nos alertar é que a língua tem o poder do fogo, o poder de destruir. Como o fogo destrói, também a língua destrói. A picada de um escorpião ou de uma cobra pode ser tratada, mas muitas vezes, o veneno da língua é incurável (Ídem, 2006, p. 63).
2.3 - A língua tem o poder de deleitar (Tg 3.9-12). Tiago disse que a língua tem o poder de dirigir e citou dois exemplos:
O freio e o leme. Também disse que a língua tem o poder de destruir e exemplificou com o fogo e o veneno. Mas, agora, Tiago fala que a língua tem, também, o poder de deleitar e citou mais dois exemplos: “uma fonte e uma árvore”. A fonte é um lugar onde os sedentos, os cansados chegam e encontram alento, vida, força, ânimo e coragem para prosseguirem a
caminhada da vida. Assim uma palavra boa: traz alento em meio ao cansaço; traz esperança em meio ao desespero; traz vida no portal da morte (Ídem, 2006, p. 67). Tiago compara também a língua com uma árvore e seu fruto. A árvore fala de fruto e que é alimento. Fruto renova as energias, a força, a saúde e dá capacidade para viver. Nós podemos alimentar as
pessoas com uma palavra boa, uma palavra vinda do coração de Deus, uma palavra de consolo. Isto também fala de um sabor especial. Nós podemos dar sabor à vida das pessoas pela maneira como nos comunicamos.
III - TRÊS COISAS PRECISAM SER DESTACADAS NO PENSAMENTO DE TIAGO 3.6-12
O apóstolo Tiago no texto em apreço está enfatizando o mesmo que Jesus Cristo disse, que a boca fala daquilo que o coração está cheio (Mt 12.34). Se o seu coração é mau, a palavra que vai sair da boca é má. A incoerência da língua está no fato de que com ela bendizemos a Deus e também amaldiçoamos ao irmão, criado à imagem e semelhança de Deus. Vejamos três ensinamentos sobre o uso da língua em Tiago:
• Em primeiro lugar, “a língua é perigosa” (Tg. 3.6). Ela é mundo de iniquidade, ela é fogo, ela coloca em destruição toda a carreira da vida humana.
• Em segundo lugar, “a língua é indomável” (Tg 3.7). O homem, com o seu gênio, consegue domar os animais do campo, os répteis, e também os animais aquáticos. Doma todas as criaturas do ar, da terra e do mar. Porém, o homem não consegue domar a própria língua. Se conseguisse domar sua língua, diz Tiago, então ele seria um perfeito varão (Tg 3.2).
• Em terceiro lugar, “a língua é incoerente” (3.9-12). Não podemos encontrar em uma mesma fonte água salgada e água doce. Não podemos colher figos de um espinheiro nem espinhos de uma figueira, mas podemos falar coisas boas e coisas más com a mesma língua.
IV - A PERSPECTIVA DE TIAGO A RESPEITO DO USO DA LÍNGUA
Tiago ilustra a natureza perigosa de um órgão tão pequeno quanto à língua. Semelhante ao leme responsável por guiar um gigante em alto mar, ao freio na boca dos cavalos para dominar o seu corpo e, bem como, a faísca que pode incendiar uma floresta, assim é a potência da nossa língua tanto para fazer o bem quanto para o mal. A epístola de Tiago, irmão do Senhor, apresenta a sua mensagem seguindo o modelo do Senhor Jesus, recheada de ilustrações. Suas exortações e repreensões se tornam mais claras, a partir da linguagem que faz das comparações. Eis abaixo alguns ensinamentos que podemos extrair da carta do apóstolo Tiago:
4.1 - “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tg 3.2). Obviamente todos nós já falhamos, já tropeçamos em nossa própria língua. Uma palavra falada é como uma seta lançada, não tem jeito de retorná-la. É como um saco de penas soltas do alto de uma montanha, não podemos mais recolhê-las. Se controlamos nossa língua, controlamos nosso corpo inteiro, e dominamos nossa vida. “Nós tropeçamos, e a Bíblia diz que é um laço para o homem o dizer precipitadamente, pois além dos estragos provocados na vida de outros e na nossa própria vida, ainda vamos dar conta no dia do juízo por todas as palavras frívolas que proferimos. Pelas nossas palavras seremos inocentados, ou pelas nossas palavras seremos condenados” (LOPES, 2006, p. 60).
4.2 - Devemos ter muito cuidado com o que falamos para não cometermos injustiças e pecados contra nosso próximo. Sócrates, o pai da filosofia, costumava falar sobre a necessidade de passarmos tudo que ouvimos por três peneiras. Quando alguém chegava para contar-lhe alguma coisa, geralmente perguntava o seguinte: “Você já passou o que está me contando pelas três peneiras? O que você está me falando é verdade? A segunda peneira é: “Você já falou para a pessoa envolvida o que você está me falando?” A terceira peneira: “O que você vai me contar, vai ajudar essa pessoa? Vai ser uma palavra boa, útil, edificante para ajudar na solução do problema?” Se a pessoa não podia responder positivamente ao crivo das três peneiras, então, Sócrates era enfático: “Por favor, não me conte nada, eu não quero saber” (LOPES, 2006, p. 66). Jesus também nos ensinou esta mesma verdade quando disse: “Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, háo de dar conta no dia do juízo. Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado” (Mt 12.36,37).
4.3 - O apóstolo Tiago ensina-nos de forma ilustrada que, para o falar do cristão não ser prejudicial, precisa ser controlado. Pois, pelos freios, os cavalos selvagens podem ser domados (Tg 3.3). Esse freio é domínio próprio, uma das virtudes que compõe o fruto do Espírito - o fruto da disciplina (Gl 5.22). Logo, se o mais desenfreado membro do corpo, a língua, estiver em sujeição a Cristo, então todo o corpo será controlado. Peçamos ao Espírito Santo que ponha guarda na porta dos nossos lábios (Sl 39.1; 141.3).
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, a nossa língua pode ser um instrumento de Deus para abençoar muitas pessoas, ou do diabo para destruição delas. Para que ela seja usada de forma temperante devemos nos submeter ao domínio do Espírito Santo. Por causa dessa tendência da natureza humana de pecar com a língua, a Bíblia exorta a “todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tg 1.19). Tiago chegou a dizer, nessa carta, que ninguém pode se dizer religioso sem primeiro refrear sua língua (Tg. 1.27). Se o homem conseguisse domar sua língua, então ele seria um perfeito varão (Tg 3.2). O apóstolo Paulo diz que antes de abrirmos a boca, precisamos avaliar se a nossa palavra é verdadeira, amorosa, boa e edificante (Ef 4.29).
REFERÊNCIAS
• BARCLAY, W. Comentário Biblico de Tiago. PDF
• COELHO, A; DANIEL, S. Fé e Obras: Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. CPAD.
• CHAMPLIN, R. N. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Hagnos.
• HARPER, A. F. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Vol. 10. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• TENNE, C. M. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã.
Fonte: www.rbc1.com.br
Fonte: www.rbc1.com.br
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