segunda-feira, 25 de agosto de 2014

LIÇÃO 09 – A VERDADEIRA SABEDORIA SE MANIFESTA NA PRÁTICA (Tg 3.13-18) - 3º TRIM. 2014

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524
LIÇÃO 09 – A VERDADEIRA SABEDORIA SE MANIFESTA NA PRÁTICA - 3º TRIM. 2014 
(Tg 3.13-18)


INTRODUÇÃO
Nos dias de Tiago, muitos mestres se diziam sábios, mas, viviam em contendas, se auto gloriando e eram invejosos. Por isso, o apóstolo adverte que a verdadeira sabedoria não se manifesta, necessariamente, em discursos e palavras, mas, principalmente, em obras: “Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria” (Tg 3.13). Em outras palavras: aquele que é sábio não é invejoso e nem contencioso. Nesta lição veremos a definição de sabedoria; estudaremos o contraste entre a sabedoria que vem de Deus e a que vem do diabo; e, finalmente, a diferença entre o mestre que é carnal e o que é espiritual.

I – DEFINIÇÃO 
 O termo grego para sabedoria é “sophia” e significa “habilidade nas questões da vida”, “sabedoria prática”, “administração sábia e sensata” ou “uso correto do conhecimento” (Lc 21.15; At 6.3; 7.10; Cl 1.28; 3.16; 4.5). “A sabedoria é a capacidade espiritual de ver e avaliar nossa vida e conduta do ponto de vista de Deus. Inclui fazer escolhas acertadas e praticar as coisas certas de conformidade com a Palavra de Deus e na direção do Espírito Santo (STAMPS, 1995, p. 1926). “Ter sabedoria é pensar bem e agir bem em qualquer empreendimento realizado, seja secular ou espiritual” (CHAMPLIN, 2004, p. 7). 

II – DOIS TIPOS DE SABEDORIA
No capítulo 3 de sua epístola, o apóstolo Tiago enumera dois tipos de sabedoria. Vejamos: 

2.1 - A sabedoria que não vem do alto (Tg 3.15). Esta sabedoria não procede de Deus e possui três características principais: é terrena, animal e diabólica. É a sabedoria que produz maus frutos e não promovem a paz e a comunhão. Vejamos:

• É terrena. O termo deriva-se do grego “epigeios” e significa “da terra”, “terrestre”. É a sabedoria deste mundo, em contraste com a que procede do céu (Jo 3.12; I Co 1.20,21; Tg 1.5). É uma sabedoria limitada, egocêntrica, como a dos inimigos da cruz de Cristo, que só pensam nas coisas terrenas (Fp 3.19).

• É animal. Ou seja, não é espiritual. A palavra grega para animal é “psykikos” e é traduzida por natural em contraste com a sobrenatural ou espiritual (ICo 2.14; 15.44,46). É uma sabedoria totalmente à parte do Espírito de Deus. 

• É diabólica. O termo grego é “daemon” e significa “demoníaca” ou “diabólica”. Essa foi a sabedoria usada pela serpente para enganar Eva, induzindo-a a querer ser igual a Deus e fazendo-a descrer de Deus para crer nas mentiras do diabo (Gn 3.1-5). O diabo tenta os homens de várias formas: pela cobiça (Lc 22.3); pelo ódio (Jo 8.44) e pelo engano e pela malícia (II Co 11.3).

2.2 - A sabedoria que vem do alto (Tg 3.17). “A verdadeira sabedoria vem de Deus, do alto, visto que ela é fruto de oração (Tg 1.5), ela é dom de Deus (Tg 1.17). Essa sabedoria está em Cristo: Ele é a nossa sabedoria (ICo 1.30). Em Jesus temos todos os tesouros da sabedoria (Cl 2.3). Essa sabedoria está na Palavra, visto que ela nos torna sábios para a salvação (2Tm 3.15). Ela nos é dada como resposta de oração” (Ef 1.17; Tg 1.5). (LOPES, 2006, p. 77)

É pura. A sabedoria de Deus é incontaminada, sem qualquer defeito moral e livre de impureza. O termo deriva-se de “hagnos” e pode ser traduzido por “limpo”, “puro”, “inocente”. A sabedoria que vem do alto não pode conduzir o homem ao pecado e impureza (Pv 2.7; 4.11).

É pacífica. A palavra deriva-se de dois termos gregos “eirene”, que significa “paz” e “poeiõ”, que quer dizer “fazer” e pode ser traduzida por “pacificador” ou “fazer a paz”. A sabedoria divina não é contenciosa, nem facciosa (Pv 3.17; Mt 5.9). Logo, aquele que é sábio não vive em contendas e dissenções (Tg 3.14).

É moderada. O termo grego traduzido por moderada é “piekes”, e significa: “cheio de consideração”, “gentil”, qualidades essas que os homens facciosos e ambiciosos não possuem (Tg 3.14,16). Essa característica da sabedoria do alto trata da atitude de não criar conflitos nem comprometer a verdade para manter a paz. • 
É tratável. A palavra grega é eupeithes e significa “facilmente persuadido” ou “contrário de obstinado”. Essa
sabedoria é aberta à razão. É ser uma pessoa comunicável, de fácil acesso, que é capaz de mudar de opinião quando necessário (Fp 3.7). 

É cheia de misericórdia. A palavra misericórdia significa lançar o coração na miséria do outro. É inclinar-se para socorrer o aflito e sentir ternura pelo necessitado e estender-lhe a mão, ainda que ele nada mereça. A 
verdadeira sabedoria produz profundo sentimento de misericórdia no homem interior (Rm 12.30; Cl 2.12).

É cheia de bons frutos. A sabedoria de Deus é prática. Ela muda a vida e produz bons frutos para a glória de Deus. Nesse texto, os bons frutos tem o sentido de boas obras (Gl 5.22; Ef 5.8; Fp 1.11). Uma das principais características da epístola de Tiago é o ensino sobre a teoria e a prática. Ele já havia ensinado sobre a necessidade de ouvir e praticar a Palavra (Tg 1.19-27); e entre a fé e as obras (Tg 2.14-16). Agora ele fala da necessidade de demonstrar a sabedoria pelas obras (Tg 3.13-18). 

É sem parcialidade. A palavra grega é adiákritos e significa “não dividido em julgamento”. Quando temos a sabedoria de Deus, julgamos conforme a verdade e não conforme a pressão ou conveniência (I Rs 3.16-8).

É sem hipocrisia. A palavra traduzida por hipocrisia é “anypokritos” e significa “sinceridade”, “sem fingimento”, “sem disfarce”, “não fingido”. O hipócrita é como um ator que representa um papel diferente ao da sua vida real. Onde existe a verdadeira sabedoria não há lugar para hipocrisia (Rm 12.9; II Co 6.6).

III - A DIFERENÇA ENTRE O MESTRE CARNAL E O ESPIRITUAL
“Quem dentre vós é sábio e inteligente?...” (Tg 3.13-a). Essa pergunta de Tiago evidencia que entre os membros da igreja do primeiro século a quem ele dirigiu esta epístola havia aqueles que se consideravam mestres e sábios, mas, suas obras não demonstravam a prática da sabedoria. Por isso, o apóstolos os exorta a demonstrarem sua “sabedoria” pelo seu proceder “...mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria?” (Tg 3.13-b). Para Tiago, o mestre carnal difere do espiritual a partir dos seus frutos, conforme destacaremos abaixo:

O MESTRE CARNAL (TG 3.14-16) 
a) É invejoso. Considera os outros mestres como inimigos que têm que ser aniquilados e não como amigos que devem ser persuadidos. A inveja é obra da carne (I Co 3.3; Gl 5.16-21).

b) Promove facção. Está mais disposto a dividir, atraindo discípulos para si, do que para Cristo. Este era um dos problemas da igreja de Corinto (I Co 1.11-13; 3.1-4).

c) Auto gloria-se. Toda sua atitude é orgulhar-se de seu próprio conhecimento, antes, que humilhar-se por sua ignorância. A Bíblia ensina que ninguém deve gloria-se, a não ser em conhecer ao Senhor (I Co 1.29,31; II Co 10.17).

d) É mentiroso. Está mais interessado em exibir-se a si mesmo do que mostrar a verdade. A mentira é um mal que não deve existir no meio do povo de Deus (Jo 8.44; Ef 4.25).

O MESTRE ESPIRITUAL (TG 3.13;17-18)
a) É moderado. Trata os outros mestres como superiores a ele, tendo-os em máxima consideração. A Palavra de Deus nos diz que devemos considerar os outros como superiores a nós mesmos (Fp 2.3).

b) Promove unidade. Empenha-se ao ensino com o objetivo de unir, conduzindo as pessoas a Cristo. A comunhão é uma característica do povo de Deus (At 2.42; Ef 4.1-6).

c) É humilde. O verdadeiro erudito está muito mais consciente daquilo que não sabe, do que aquilo que já aprendeu. Sabedoria e humildade são duas virtudes que devem andar juntas (Pv 11.2; Jr 9.23).

d) Fala a verdade. Tem maior interesse na verdade do que em suas próprias opiniões. A Bíblia nos exorta a falar sempre a verdade (Ef 4.15; 6.14).

CONCLUSÃO
Como pudemos ver, a verdadeira sabedoria não deve ser demonstrada por discursos e palavras, e sim, pelas ações. Alguém que se diz sábio e inteligente e vive em contendas, invejas e auto glorificação, não pode ter a sabedoria de Deus, e sim, a que é terrena e diabólica. A verdadeira sabedoria consiste em viver de acordo com os preceitos divinos e é pura, pacífica, cheia de misericórdia e de bons frutos. Assim, podemos identificar os verdadeiros e falsos mestres pelas suas obras, assim como podemos identificar as árvores pelos seus frutos.

REFERÊNCIAS
• Bíblia de Estudo Palavras Chave. CPAD.
• CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
• CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
• COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Fé & Obras. CPAD.
• LOPES, Hernandes Dias. Tiago - transformando provas em triunfo. HAGNOS. 
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: www.rbc1.com.br

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

LIÇÃO 08 – O CUIDADO COM A LÍNGUA (Tg 3.1-12) - 3º TRIMESTRE 2014

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 08 – O CUIDADO COM A LÍNGUA (Tg 3.1-12) - 3º TRIMESTRE 2014 


INTRODUÇÃO
Veremos nesta lição os ensinamentos do apóstolo Tiago quanto ao uso da língua. E estudaremos sobre o poder que há neste pequeno órgão; e a força tanto destruidora como abençoadora que podem fluir deste minúsculo membro (Tg 3.1-12). Há um provérbio inglês que diz: “Tu és senhor da palavra não dita; a palavra dita é teu senhor”. Por isso, Davi orava a Deus e pedia: “Põe, Senhor, uma guarda à minha boca; vigia a porta dos meus lábios!” (SI 141.3). Tiago se expressa com veemência sobre o poder das nossas palavras negativas, quando diz que a língua usada da forma errada é "um mundo de iniquidade"; que "contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno"; e, que ela é "um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero" (Tg 3.6,8).

I – A CARTA DE TIAGO E O USO DA LÍNGUA
Tiago demonstrou preocupação com os pecados da língua desde o início de sua carta (Tg 1.19; 26). Aqui, no capítulo 3, ele deixa claro que, a exemplo da fé que não evidencia obras generosas, a língua também pode demonstrar uma falta de transformação pelo Amor de Deus. A Bíblia nos mostra que a língua pode ser um instrumento de bênção ou de destruição. Salomão, em Provérbios 6.16-19, elenca seis pecados que Deus aborrece e um que a alma de Deus abomina. Dos sete pecados, três estão ligados ao pecado da língua: “a língua mentirosa, a testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos”. Devemos ter muito cuidado com isso, pois as palavras podem dar vida ou matar: “A morte e a vida estão no poder da língua...” (Pv 18.21); "A língua deles é uma flecha mortal" (Jr 9.8). Jesus disse que é a língua que revela tudo que há no coração (Mt 12.34-37), e ainda ensinou que o que sai da boca contamina o homem (Mt 15.11), e reflete o conteúdo do coração (Mt 15.18-19).

II – O PODER QUE HÁ NA LÍNGUA EM TIAGO 3.3-12
Tiago compara a língua com um cavalo sem freios, com um navio sem leme que pode bater nas rochas, com uma fagulha que incendeia uma floresta, com uma fonte contaminada, com uma árvore que produz frutos venenosos, com um mundo de iniquidade e com uma fera indomável. Assim como o freio determina a direção ao cavalo, e o leme, ao navio, também a língua pode determinar o destino do indivíduo. Vejamos:

2.1 - A língua tem o poder de dirigir (controlar) (Tg 3.3,4). A língua tem o poder de dirigir tanto para o bem como para o mal. Tiago usa duas figuras para mostrar o poder da língua: “o freio e o leme”. Para que serve um cavalo indomável e selvagem? Um animal indócil não pode ser útil, antes, é perigoso. Mas, se você coloca freio nesse cavalo, você o conduz para onde você quer. Através do freio a inclinação selvagem é subjugada, e ele se torna dócil e útil. Tiago diz que a língua é do mesmo jeito. Se você consegue controlar a sua língua, também conseguirá dominar os seus impulsos, a sua natureza e canalizar toda a sua vida para um fim proveitoso (LOPES, 2006, p. 62).

2.2 - A língua tem o poder de destruir (Tg 3.5-8). Tiago lança mão de outras duas figuras “o fogo e o veneno”. Ele diz que uma fagulha pequena incendeia toda uma floresta. Assim como o fogo cresce, espalha, fere, destrói, provoca sofrimento, prejuízo e destruição, assim também é o poder da língua. O que Tiago está querendo nos alertar é que a língua tem o poder do fogo, o poder de destruir. Como o fogo destrói, também a língua destrói. A picada de um escorpião ou de uma cobra pode ser tratada, mas muitas vezes, o veneno da língua é incurável (Ídem, 2006, p. 63).

2.3 - A língua tem o poder de deleitar (Tg 3.9-12). Tiago disse que a língua tem o poder de dirigir e citou dois exemplos: 

O freio e o leme. Também disse que a língua tem o poder de destruir e exemplificou com o fogo e o veneno. Mas, agora, Tiago fala que a língua tem, também, o poder de deleitar e citou mais dois exemplos: “uma fonte e uma árvore”. A fonte é um lugar onde os sedentos, os cansados chegam e encontram alento, vida, força, ânimo e coragem para prosseguirem a 
caminhada da vida. Assim uma palavra boa: traz alento em meio ao cansaço; traz esperança em meio ao desespero; traz vida no portal da morte (Ídem, 2006, p. 67). Tiago compara também a língua com uma árvore e seu fruto. A árvore fala de fruto e que é alimento. Fruto renova as energias, a força, a saúde e dá capacidade para viver. Nós podemos alimentar as 
pessoas com uma palavra boa, uma palavra vinda do coração de Deus, uma palavra de consolo. Isto também fala de um sabor especial. Nós podemos dar sabor à vida das pessoas pela maneira como nos comunicamos.

III - TRÊS COISAS PRECISAM SER DESTACADAS NO PENSAMENTO DE TIAGO 3.6-12
O apóstolo Tiago no texto em apreço está enfatizando o mesmo que Jesus Cristo disse, que a boca fala daquilo que o coração está cheio (Mt 12.34). Se o seu coração é mau, a palavra que vai sair da boca é má. A incoerência da língua está no fato de que com ela bendizemos a Deus e também amaldiçoamos ao irmão, criado à imagem e semelhança de Deus. Vejamos três ensinamentos sobre o uso da língua em Tiago:

• Em primeiro lugar, “a língua é perigosa” (Tg. 3.6). Ela é mundo de iniquidade, ela é fogo, ela coloca em destruição toda a carreira da vida humana. 

• Em segundo lugar, “a língua é indomável” (Tg 3.7). O homem, com o seu gênio, consegue domar os animais do campo, os répteis, e também os animais aquáticos. Doma todas as criaturas do ar, da terra e do mar. Porém, o homem não consegue domar a própria língua. Se conseguisse domar sua língua, diz Tiago, então ele seria um perfeito varão (Tg 3.2).

• Em terceiro lugar, “a língua é incoerente” (3.9-12). Não podemos encontrar em uma mesma fonte água salgada e água doce. Não podemos colher figos de um espinheiro nem espinhos de uma figueira, mas podemos falar coisas boas e coisas más com a mesma língua.

IV - A PERSPECTIVA DE TIAGO A RESPEITO DO USO DA LÍNGUA
Tiago ilustra a natureza perigosa de um órgão tão pequeno quanto à língua. Semelhante ao leme responsável por guiar um gigante em alto mar, ao freio na boca dos cavalos para dominar o seu corpo e, bem como, a faísca que pode incendiar uma floresta, assim é a potência da nossa língua tanto para fazer o bem quanto para o mal. A epístola de Tiago, irmão do Senhor, apresenta a sua mensagem seguindo o modelo do Senhor Jesus, recheada de ilustrações. Suas exortações e repreensões se tornam mais claras, a partir da linguagem que faz das comparações. Eis abaixo alguns ensinamentos que podemos extrair da carta do apóstolo Tiago:

4.1 - “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tg 3.2). Obviamente todos nós já falhamos, já tropeçamos em nossa própria língua. Uma palavra falada é como uma seta lançada, não tem jeito de retorná-la. É como um saco de penas soltas do alto de uma montanha, não podemos mais recolhê-las. Se controlamos nossa língua, controlamos nosso corpo inteiro, e dominamos nossa vida. “Nós tropeçamos, e a Bíblia diz que é um laço para o homem o dizer precipitadamente, pois além dos estragos provocados na vida de outros e na nossa própria vida, ainda vamos dar conta no dia do juízo por todas as palavras frívolas que proferimos. Pelas nossas palavras seremos inocentados, ou pelas nossas palavras seremos condenados” (LOPES, 2006, p. 60).

4.2 - Devemos ter muito cuidado com o que falamos para não cometermos injustiças e pecados contra nosso próximo. Sócrates, o pai da filosofia, costumava falar sobre a necessidade de passarmos tudo que ouvimos por três peneiras. Quando alguém chegava para contar-lhe alguma coisa, geralmente perguntava o seguinte: “Você já passou o que está me contando pelas três peneiras? O que você está me falando é verdade? A segunda peneira é: “Você já falou para a pessoa envolvida o que você está me falando?” A terceira peneira: “O que você vai me contar, vai ajudar essa pessoa? Vai ser uma palavra boa, útil, edificante para ajudar na solução do problema?” Se a pessoa não podia responder positivamente ao crivo das três peneiras, então, Sócrates era enfático: “Por favor, não me conte nada, eu não quero saber” (LOPES, 2006, p. 66). Jesus também nos ensinou esta mesma verdade quando disse: “Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, háo de dar conta no dia do juízo. Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado” (Mt 12.36,37).

4.3 - O apóstolo Tiago ensina-nos de forma ilustrada que, para o falar do cristão não ser prejudicial, precisa ser controlado. Pois, pelos freios, os cavalos selvagens podem ser domados (Tg 3.3). Esse freio é domínio próprio, uma das virtudes que compõe o fruto do Espírito - o fruto da disciplina (Gl 5.22). Logo, se o mais desenfreado membro do corpo, a língua, estiver em sujeição a Cristo, então todo o corpo será controlado. Peçamos ao Espírito Santo que ponha guarda na porta dos nossos lábios (Sl 39.1; 141.3). 

CONCLUSÃO
Como pudemos ver, a nossa língua pode ser um instrumento de Deus para abençoar muitas pessoas, ou do diabo para destruição delas. Para que ela seja usada de forma temperante devemos nos submeter ao domínio do Espírito Santo. Por causa dessa tendência da natureza humana de pecar com a língua, a Bíblia exorta a “todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tg 1.19). Tiago chegou a dizer, nessa carta, que ninguém pode se dizer religioso sem primeiro refrear sua língua (Tg. 1.27). Se o homem conseguisse domar sua língua, então ele seria um perfeito varão (Tg 3.2). O apóstolo Paulo diz que antes de abrirmos a boca, precisamos avaliar se a nossa palavra é verdadeira, amorosa, boa e edificante (Ef 4.29).

REFERÊNCIAS
• BARCLAY, W. Comentário Biblico de Tiago. PDF
• COELHO, A; DANIEL, S. Fé e Obras: Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. CPAD.
• CHAMPLIN, R. N. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Hagnos.
• HARPER, A. F. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Vol. 10. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• TENNE, C. M. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã.

Fonte: www.rbc1.com.br

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

LIÇÃO 07 – A FÉ SE MANIFESTA EM OBRAS (Tg 2.14-26) - 3º TRIMESTRE 2014

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
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LIÇÃO 07 – A FÉ SE MANIFESTA EM OBRAS - 3º TRIMESTRE 2014 
(Tg 2.14-26)

INTRODUÇÃO
Em Tiago 2.14-26 vemos o apóstolo chamando a atenção dos cristãos quanto a práticas das boas obras como demonstração da fé que professavam ter em Cristo. Tiago é enfático ao asseverar que a fé sem as obras é morta. Na verdade a exortação quanto a prática da fé não é apenas um ensinamento peculiar do apóstolo, mas que faz parte do Novo Testamento e é perfeitamente aplicável a todo e qualquer servo de Deus.

I – DEFINIÇÕES 

1.1 Fé. A palavra fé no hebraico é “heemim” e no grego é “pisteuõ”. A Bíblia diz que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” (Hb 11.1). “É a confiança que depositamos em todas as providências de Deus. É a crença de que Ele está no comando de tudo, e que é capaz de manter as leis que estabeleceu. É a convicção de que a sua Palavra é a verdade. Enfim, é a tranquilidade que depositamos no plano de salvação por Deus estabelecido, e executado por seu Filho no Calvário” (ANDRADE, 2006, p. 188). 

1.2 Obras. A palavra obra no grego “ergon” denota “trabalho, ação, ato”. Ocorre frequentemente indicando as ações humanas, boas ou ruins (Mt 23.3; 26.10; Jo 3.20,21; Rm 2.7,15; I Ts 1.3; 2 Ts 1.11). Pode-se dizer que as obras de que Tiago se refere é “tudo quando se faz, pela fé, visando a expansão do Reino de Deus. É a maior evidência de uma fé viva e eficaz. Pelas obras atesta-se a qualidade da fé” (ANDRADE, 2006, p. 282). 

II – FÉ E OBRAS NA PERSPECTIVA DE TIAGO E DE PAULO
A passagem de Tiago 2.14-26 é a mais conhecida e mais debatida da epístola. Estes versículos, mais do que quaisquer outros, levaram Martinho Lutero (século XVI), a descrever este livro como “uma epístola que não passa de palha” por não mencionar a justificação pela fé mas pelas obras. A maior das dificuldades na interpretação surgiram por não se entender que Tiago não estava refutando a doutrina paulina da justificação pela fé, mas antes uma distorção dela o que Paulo também o fez (Rm 6.1,2). Na verdade, o que Paulo rejeita são obras sem fé (Gl 2.16); o que Tiago rejeita é a fé sem obras (Tg 2.14); Paulo nega a eficácia das obras antes da conversão (Ef 2.9); Tiago apela à necessidade das obras depois da conversão (Tg 2.18); Paulo declara como alguém é justificado (Rm 8.33); Tiago enfatiza como alguém deve viver depois de justificado (Tg 2.15-17); Paulo confirma a declaração por Deus da nossa retidão (Rm 5.1); Tiago fala da demonstração da nossa retidão (Tg 2.22); Abraão foi justificado porque creu em Deus (Rm 4.3); Abraão foi justificado porque obedeceu a Deus (Tg 2.21-24).

III – O ENSINO DO NT SOBRE AS OBRAS COMO EVIDÊNCIA DA FÉ
Tiago falou que nascemos da Palavra (Tg 1.18), ouvimos a Palavra (Tg 1.19), acolhemos a Palavra (Tg 1.21), mas devemos também praticar a Palavra (Tg 1.23). Ouvir a Palavra e falar a Palavra não substitui o praticar a Palavra.“O fato é que ninguém pode ser salvo mediante as obras, mas tampouco ninguém pode ser salvo sem produzir obras” (BARCLAY, sd, p. 87). A ênfase de Tiago sobre as obras que devem acompanhar a fé, tem a mesma característica de 
todo o ensino do Novo Testamento. Abaixo destacaremos alguns exemplos: 

João Batista - Foi levantado por Deus para preparar o caminho do Senhor, chamando os homens ao arrependimento e exigindo deles frutos dignos disso (Mt 3.8). Confira também (Lc 3.11-14).
Jesus Cristo - Conclamou os seus seguidores a praticarem a justiça que os escribas e fariseus não observavam (Mt 5.20). Segundo Jesus, proceder conforme a justiça glorifica o Pai (Mt 5.16).
Paulo - Embora ensinou que os homens são justificados diante de Deus pela fé, Paulo exortou também que aqueles que estão em Cristo são novas criaturas (II Co 5.17), não devem mais andar segundo a carne (Rm 8.1), mas na prática das boas obras que Deus preparou para que praticássemos (Ef 2.10; Tt 2.14).
Pedro - Nas palavras do apóstolo Pedro, aqueles que se dirigem a Deus como Pai, devem andar em santidade e temor durante o período em que estiverem aqui na terra (I Pe 1.17).
João - Seguindo a mesma linha de exortação dos demais apóstolos, João também é contundente ao afirmar que “aquele que diz estar nele deve andar como ele andou” (I Jo 2.6). Leia ainda (I Jo 3.17-18)

IV – OS CINCO TIPOS DE FÉ SEGUNDO O APÓSTOLO TIAGO 
TIPOS DE FÉ DEFINIÇÃO

Fé fingida - (Tg 2.14)
Pela exortação de Tiago, percebemos que nos seus dias haviam pessoas que se diziam cristãs “se alguém disser que tem fé”, no entanto, suas atitudes diziam o contrário (Tg 2.20). O apóstolo é contundente ao afirmar que se tal pessoa diz ter fé, mas não a demonstra através do seu comportamento, tal fé é fingida e insuficiente para salvar “porventura a fé pode salvá-lo?”.

Fé morta (Tg 2.17)
Para o apóstolo, ter fé e não ter obras, é possuir uma fé morta (Tg 3.17,20,26). A expressão “morta” usada por Tiago no grego é “nekrós” adjetivo de “nekys”, que quer dizer um cadáver. Por isso para ilustrar esta verdade, o apóstolo faz uma comparação com um corpo sem espírito (Tg 2.26).

Fé incompleta (Tg 2.19)
A crença na unicidade de Deus (que Deus é um só) era artigo fundamental do credo dos judeus (Dt 6). Tiago assegura que tal crença é boa. No entanto, somente a fé não é suficiente, pois sem as obras ela é incompleta (Tg 2.17-20). Este tipo de fé até os demônios possuem. A Bíblia diz que eles creem na unicidade de Deus (Tg 2.19); também acreditam na divindade de Cristo (Mc 3.11,12). Uma fé meramente intelectual e emocional põe o indivíduo apenas no patamar dos demônios.

Fé provada (Tg 1.3)
A fé de um salvo passa por testes a fim comprovar sua legitimidade (Tg 1.3). Assim como o patriarca Abraão creu em Deus, mas quando provado confirmou a sua fé na obediência total ao Senhor (Tg 2.21-24). O salvo não deve se alegrar com a tribulação mas com o que ela produz.

Fé aperfeiçoada (Tg 2.22)
Na concepção do apóstolo é a fé que se evidencia com boas obras em relação a Deus e no serviço ao próximo (Tg 2.14-26). A fé, somente Deus vê que o ser humano a possui, mas as obras são a parte visível da fé que pode ser contemplada pelos homens. 

V – A RESPONSABILIDADE DO CRENTE NO CUIDADO COM OS POBRES E NECESSITADOS

Do ponto de vista de Tiago o cristianismo autêntico é aquele que se mostra, na prática, pela perseverança nas tribulações (Tg 1.3-20), pela obediência a Palavra em vez de meramente ouvir (Tg 1.21-25), pelo controle da língua (Tg 1.26), pelo amor de Deus ao próximo (Tg 1.27), pelo exercício da misericórdia para com todos, especialmente para com os necessitados (Tg 2.1-13). Em Tiago 2.14-26 ele nos fala sobre a fé sem as obras. O fato do apóstolo mencionar como ilustração desse assunto o despedir somente com palavras as pessoas carentes de vestes e comida, indica claramente que, ele ainda não terminou de lidar com a questão do desprezo pelos pobres (Tg 2.15,16). Nos ensinos de Tiago, vemos as seguintes observações quanto aos pobres: a) eles não deviam se achar inferior aos ricos (Tg 1.9); (b) não deveriam sofrer acepção (Tg 2.1-9); e, c) deveriam ser assistidos em suas necessidades (Tg 1.27; 2.15-17). Quanto a prática da benevolência com os carentes, Tiago deu as seguintes exortações: 

5.1 Exortação a assistência aos órfãos e viúvas (Tg 1.27). Nos dias do NT, os órfãos e as viúvas tinham poucos meios de auto sustento; em muitos casos, não tinham ninguém para cuidar deles. Esperava-se da parte dos crentes que lhes demonstrassem o devido cuidado. Devemos procurar aliviar suas aflições e sofrimentos (Lc 7.13; Gl 6.10). “O termo visitar usado pelo apóstolo em Tiago 1.27 no grego “episkeptomai” indica mais que uma mera visita. Também indica a manifestação de simpatia e as dádivas para aliviar as necessidades” (CHAMPLIN, 2005, p. 33). 

5.2 Exortação a caridade para com os pobres (Tg 2.15-17). Nos referidos versículos Tiago cita agora um outro exemplo: o “mal vestido e o faminto” que provavelmente alude a um irmão ou irmã, isto é, um membro da comunidade cristã que também pode passar por privações, mas que aquele que diz que “crê em Deus” deve socorrer estes irmãos necessitados não apenas orando por eles, mas agindo suprindo-lhes as devidas necessidades (Tg 2.15,16). Do contrário a fé que professa é inoperante e morta (Tg 2.19,20). 

5.3 Exortação a prática da hospitalidade (Tg 2.25,26). Quando Tiago cita o exemplo de Raabe, a mulher prostituta de Jericó que acolheu em paz os espias, porque creu no Deus de Israel (Js 2.11). O apóstolo Tiago e o escritor aos hebreus citam-na como um exemplo de hospitalidade (Tg 2.25; Hb 11.31). O Aurélio diz que a palavra hospitaleiro “é a pessoa que dá hospedagem por bondade ou caridade”. O escritor estimula os cristãos a serem hospitaleiros sob a advertência de que “por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos” (Hb 13.2). Confira também (Rm 12.13; I Tm 5.10; Tt 1.7,8).

CONCLUSÃO
Como pudemos ver, a fé cristã não é estática, mas prática. Aqueles que professam ser cristãos são exortados pelo apóstolo Tiago a atestarem a sua fé em obediência total ao Senhor e no serviço ao próximo. Pois, a fé que não se preocupa, através de participação ativa, com as necessidades dos outros não é fé nenhuma. 

REFERÊNCIAS
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• BARCLAY, William. Comentário do Novo Testamento. PDF.
• MOODY, D. L. Comentário Biblico de Tiago. PDF.

Fonte: www.rbc1.com.br

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

LIÇÃO 06 – A VERDADEIRA FÉ NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS (Tg 2.1-13) 3º TRIM. 2014

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
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LIÇÃO 06 – A VERDADEIRA FÉ NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS (Tg 2.1-13)
3º TRIM. 2014 

INTRODUÇÃO
Nos primeiros séculos da era cristã, alguns cristãos estavam discriminando os pobres e honrando aqueles que eram ricos. Por isso, o apóstolo Tiago abordou esse importante ensino em sua epístola. Nesta lição, veremos a definição do termo acepção; analisaremos o ensino do apóstolo Tiago sobre este tema tão relevante e atual; e explicaremos porque não devemos fazer acepção de pessoas.
I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA
O termo acepção deriva-se do grego “prosõpolepteõ” e significa: “favorecer um indivíduo”, “mostrar parcialidade” ou “fazer acepção de pessoas”. “Esta expressão significa demonstrar atenção especial, ou favoritismo, a uma pessoa por causa da sua riqueza, roupas ou posição” (STAMPS, 1995, p. 1927). “A acepção de pessoas no Novo Testamento significa uma parcialidade injusta; significa lisonjear, mostrar espírito servil ou prestar atenção especial a alguém porque se trata de uma pessoa rica, influente, poderosa ou famosa” (BARCLAY, sd, p. 74). A Bíblia está repleta de ensinos contra a acepção de pessoas, tanto no Antigo como no Novo Testamento, como veremos a seguir:

- Exortando os hebreus sobre a obediência aos mandamentos divinos, Moisés lembra ao povo que Deus não faz acepção de pessoas e nem aceita recompensas (Dt 10.17);

- Nas leis acerca dos deveres dos juízes, Deus ordenou que eles não fizessem acepção de pessoas quando julgassem as causas do povo (Dt 16.18,19);
- Deus não faz acepção de pessoas, nem estima o rico mais do que o pobre, pois todos são obras de suas mãos (Jó 34.19; Pv 22.2);
- Depois da visão do lençol com os animais impuros, e da descida do Espírito Santo sobre os gentios na casa de Cornélio, a lição que o apóstolo Pedro aprendeu foi que Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34);

- Paulo estava convencido de que tanto judeus como gentios estavam igualmente debaixo do juízo divino, porque para Deus não há diferença de pessoas, nem favoritismo (Rm 2.11);
- O apóstolo Pedro diz que Deus julga a cada um sem fazer acepção de pessoas (I Pe 1.17).

II – O ENSINO DE TIAGO SOBRE ACEPÇÃO DE PESSOAS
No capítulo dois de sua epístola, o apóstolo Tiago condena o favoritismo, em relação aos mais ricos; e a discriminação, em relação aos pobres; prática comum na sociedade, que, aos poucos estava se infiltrando na igreja:
2.1 “Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas” (Tg 2.1). Tiago ensina que a verdadeira fé também é conhecida pelo relacionamento imparcial com as pessoas, pois, o favoritismo e a acepção de pessoas não são atitudes de um verdadeiro cristão. Todos que estão em Cristo são igualmente herdeiros da graça da vida (I Pe 3.7); tendo todos uma só fé, um só Senhor, um só Espírito, um só Deus e uma só esperança (Ef 4.4-6). Por isso, não deve haver distinção entre judeu e gentio, servo e livre, macho e fêmea, pois todos são um em Cristo Jesus (Gl 3.26-28).
2.2 “Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com vestes preciosas, e entrar também algum pobre com sórdida vestimenta” (Tg 2.2). Agora o apóstolo cita uma ilustração para reforçar a ideia.
Durante um culto entra um homem rico com anéis de ouro no dedo e muito bem vestido; e depois, entra também um homem pobre maltrapilho. Qual deve ser a atitude do cristão? Ambos devem ser tratados com imparcialidade? Claro que sim! Mas, não era isso que estava ocorrendo na igreja, pois, o favoritismo, ou seja, a preferência por alguns em detrimento de outros, estava se tornando cada vez mais comum. Por isso, o apóstolo adverte acerca desse pecado.

2.3 “E atentardes para o que traz a veste preciosa e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé ou assenta-te abaixo do meu estrado, porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?” (Tg 2.3,4). Com essas palavras, Tiago condena o favoritismo. Embora fosse comum as pessoas bem vestidas e de boa aparência terem um tratamento especial e serem mais bem recepcionadas do que àquelas que são aparentemente pobres, esta atitude não deveria ocorrer entre o povo de Deus, principalmente na igreja! Tiago condena esse comportamento por duas razões: primeiro, porque eles estavam fazendo distinção entre eles mesmos; e, em segundo lugar, porque eles se tornaram juízes de maus pensamentos, ou seja, pessoas que julgam equivocadamente, conforme a aparência (Jo 7.24).

2.4 “Ouvi, meus amados irmãos. Porventura, não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?” (Tg 2.5). O Senhor Jesus veio a este mundo para evangelizar os pobres (Is 61.1; Lc 4.18). Ele mesmo disse: “Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus” (Lc 6.20). Por isso, Tiago diz que Deus escolheu os pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do reino. Não que um rico não possa ser salvo (I Tm 2.4; Tt 2.11); mas, os pobres e humildes de espírito são mais sensíveis ao chamado divino para a salvação, e, consequentemente, mais acessíveis ao evangelho (Mt 5.3; 11.5; Lc 7.22; I Co 1.26; Mt 19.23). Para o cristão, a verdadeira riqueza consiste na fé e no amor que se expressam na atitude de seguir ao Senhor (Sl 72.2,12,13; Lc 6.20; Ap 2.9). Por esta razão eles se tornam ricos na fé e herdeiros do reino!

2.5 “Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não vos oprimem os ricos, e não vos arrastam aos tribunais?” (Tg 2.6). Deus expressou claramente na Lei sobre o dever de cuidar dos pobres e necessitados (Êx 23.11; Lv 19.10; 23.22; Dt 15.4;
Sl 132.15) e que os ricos não poderiam obter qualquer favoritismo diante dos pobres (Êx 23.2,3,6 Dt 1.17; Pv 31.9). Mas, nem sempre estas leis foram obedecidas e Deus advertiu o povo por intermédio dos profetas (Is 1.21-25; Jr 17.11; Am 4.1-3; 5.11-13; Mq 2.1-5; Hc 2.6-8; Zc 7.8-14). Tal qual os profetas do AT, o apóstolo Tiago lembra que os pobres estavam sendo desonrados pelos próprios irmãos, e que eles não deveriam esquecer que eram os ricos que os levavam aos tribunais quando eles não podiam pagar suas dívidas e muitas vezes diminuíam o salário dos pobres (Tg 5.4-6).

2.6 “Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redarguidos pela lei como transgressores” (Tg 2.9). Nesse texto, o apóstolo Tiago demonstra claramente que a acepção de pessoas deve ser evitada, pois é um pecado contra
Deus e contra o próximo (Jó 13.8,10; 32.21; Cl 3.25). Aquele que trata as pessoas com preconceito ou favoritismo está transgredindo a lei de Deus (Lv 19.15; Dt 1.17; 16.19). Portanto, se queremos agradar a Deus, devemos tratar a todos sem distinção.

III – PORQUE NÃO DEVEMOS FAZER ACEPÇÃO DE PESSOAS
Dentre as várias razões pelas quais não devemos tratar as pessoas com  acepção, citaremos algumas:

3.1 Deus não faz acepção de pessoas. Diversos textos da Bíblia mostram que Deus não faz acepção de pessoas (Dt 10.17; II Cr 19.7; Jó 34.19; At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9), pois ele não olha para a aparência das pessoas, mas para o coração (I Sm 16.7). Ora, se Deus não trata as pessoas como indiferença, pois ele ama a todos, independente de cor, sexo ou classe social (Jo 3.16; Rm 5.8); nós, como seus filhos, também não devemos tratar as pessoas com dois pesos e duas medidas, ou seja, honrando uns e desprezando outros (Dt 16.19; Jó 13.8);
3.2 Jesus nunca fez acepção de pessoas. Durante o seu ministério terreno, o Senhor Jesus chamou Levi, que era um publicano para ser seu discípulo, e foi até a casa dele (Mt 9.9-13); entrou na casa de Zaqueu para hospedar-se em sua casa, que também era coletor de impostos, e, consequentemente, odiado pelos judeus (Lc 19.1-10); Ele evangelizou mulheres pecadoras (Jo 8.1-11), inclusive uma samaritana (Jo 4.1-30; 8.1-11) para demonstrar que ele veio desfazer todas
as barreiras sociais e culturais, e que ele não trata as pessoas com indiferença ou favoritismo (Mt 22.16; Mc 12.14; Lc 20.21). Jesus ensinou que não devemos julgar as pessoas pela aparência, e sim, pela reta justiça (Jo 7.24).

3.3 A acepção de pessoas é uma atitude contrária à lei do amor. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos são os dois maiores mandamentos na Lei (Mt 22.34-40; Mc 12.28-34; Lc 10.25-27). Quando o
doutor da Lei perguntou a Jesus: “quem é o meu próximo”, Jesus contou-lhe então a Parábola do Bom Samaritano, demonstrando que o verdadeiro amor não faz acepção de pessoas; pois, o homem que havia sido assaltado e espancado não foi ajudado pelo sacerdote e nem pelo levita, mas, foi socorrido por um samaritano, que não olhou para sua nacionalidade (Lc 10.25-37). Por isso, devemos amar a todos (Gl 6.10; I Ts 3.12), inclusive nossos inimigos (Mt 5.44; Lc 6.27,35). “O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.10).

CONCLUSÃO
Uma vez que Deus não faz acepção de pessoas, a igreja também não deve agir com imparcialidade ou favoritismo. Os ricos não devem ser mais honrados do que os pobres, simplesmente por possuírem mais bens ou por fazerem parte de uma classe mais elevada. Como servos de Deus e imitadores de Cristo, devemos honrar a todos, independente de cor, sexo, raça ou posição social.

REFERÊNCIAS

ADEYMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
BARCLAY, William. Comentário do Novo Testamento. PDF.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Fé & Obras. CPAD.
TAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: www.rbc1.com.br

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