Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO
03 – JÓ E A REALIDADE DE SATANÁS - (JÓ 1.6-12; 2.4,5)
4º
TRIMESTRE DE 2020
INTRODUÇÃO
Na
lição de hoje iremos estudar o significado do termo Satanás, iremos analisar a
expressão filhos de Deus aplicadas aos anjos no livro de Jó, e por fim veremos
quais as recomendações bíblicas para resistir as astutas ciladas do reino das
trevas.
I
– QUEM É SATANÁS
1.1
- Significado do termo: O termo heb. Satan, “adversário”, “acusador”, humano ou
angelical (Sl 109.6,29; Nm 22.22) e o termo gr. Satan(as) é o líder de
espíritos caídos ou demônios (Mt 12.24). Mais do que outros anjos, Satanás é
“magnífico em poder” (Sl 103.20; Jd 9), porém é limitado em termos de espaço
(Jó 1.7), e só pode operar tendo a permissão divina (Jó 1.12; Cf. 1 Co 10.13).
(WICLIFFE, 2010, p. 1772). Além do fato de ser espiritual, capaz de agir
sobrenaturalmente (Jó 1.7), Satanás, por exemplo, também demonstra ser
possuidor de inteligência e conhecimento (Jó 1.7; 9). Ele demonstra conhecer Jó
e a sua forma de comportar-se (Jó 1.7). Essas mesmas características são
demonstradas por Satanás quando tentou a Cristo. Ele sabia, por exemplo, quem
era Jesus e foi capaz de argumentar com Ele (Mt 4.1-11). O Diabo do livro de Jó
e o do Novo Testamento são, portanto, a mesma pessoa (GONÇALVES, 2020, p.58).
1.2
- Origem e queda de Lúcifer. No AT há dois textos clássicos que são aceitos
pela maioria dos estudiosos como reveladores da origem e da queda de Lúcifer. O
primeiro, na ordem aqui utilizada (Ez 28.11-19), enfatiza mais a sua origem, e
o segundo (Is 14.12-16) trata mais da sua queda. Embora haja muitas discussões
sobre a identidade de Satanás nesses textos, após uma exegese bíblica que
considera os aspectos literários da época tais como poesia, figura de retórica própria
da literatura hebraica e a duplicidade profética (dupla referência em uma só
mensagem), chega-se à conclusão de que, sem sombra de dúvida, ambos os textos
fazem menção clara à figura de Satanás, e isso por algumas razões:
(a)
a Bíblia exalta Daniel por sua sabedoria, integridade e justiça (Ez 14.14),
porém o rei de Tiro, é referido como mais sábio do que o profeta (Ez 28.3);
(b)
que homem no mundo, além do Filho Unigênito de Deus, foi considerado por Ele um
ser perfeito? (Ez 28.15), um rei humano de carne e osso e ainda pagão seria
assim declarado por Deus?
(c)
quando Deus quer fazer referência ao início da vida de alguém, se é dito:
“desde o dia em que nasceste” (Rt 2.11; Jr 22.26), mas nunca: “desde o dia em
que foste criado” (Ez 28.15), isso porque os anjos não nascem e não procriam,
eles foram criados um a um; e,
(d)
esse personagem é chamado de “querubim ungido” (Ez 28.14), categoria angelical
mais elevada; nos dando a entender que há uma relação entre o rei de Tiro e
Lúcifer que forma um paralelismo, da mesma forma como Daniel identifica Antíoco
Epifânio ao homem do pecado, o anticristo (Dn 9.27; 12.11; Mt 24.15; 2Ts 2.3,4)
(BRUNELLI, 2016, pp. 439-441 – acréscimo nosso).
1.3
- Os seus nomes: O texto bíblico apresenta vários nomes para esse ser caído,
que expressa a sua natureza maldosa e perversa: Diabo (Ap 12.9). Satanás (Ap
20.2). Dragão (Ap 12.3). O príncipe deste mundo (Jo 12.31). O príncipe das
potestades do ar (Ef 2.2). O príncipe dos demônios (Mt 12.24). O rei dos
terrores (Jó 18.14). O deus deste século (2 Co 4.4). De "ave do céu"
no sentido enigmático (Mt 13.4,19). O tentador (Mt 4.3). O inimigo (Mt 13.39).
O adversário (1 Pe 5.8). O anjo do abismo (Ap 9.11). A antiga serpente (Ap
12.9). Apoliom (Ap 9.11). Abadom (Ap 9.11). Estrela da manhã (Is 14.12). Esta
palavra chegou até nós através da Vulgata Latina que traduziu o hebraico
“hêbêl” (LXX -"heõsphoros") em Isaías 14.12 por "Lúcifer",
literalmente este vocábulo significa "aquele que brilha" ou o
"resplandecente". Então a ARA traduziu por a "estrela da
manhã". A referência é aplicada ao rei de Babilônia e da inferência a
Satanás (Is 14.12; Ez 28.13). O pai da mentira (Jo 8.44). O homicida (Jo 8.44).
A mortalha (Is 14.19). O espanto (Ez 28.19). Belial (2Co 6.15). Belzebu (Mt
12.24). Querubim ungido (Ez 28.14). Querubim protetor (Ez 28.16). Esses últimos
títulos foram perdidos na queda. (SILVA, 1987).
II
– SATANÁS E O ACESSO AS REGIÕES CELESTES
2.1
- Satanás tinha acesso aos céus? Muitos expositores bíblicos admitem essa
ideia, mas que se tratava de um acesso com certa restrição. Essas evidências
aparecem em algumas passagens do Antigo Testamento (1Rs 22.23; Jó 1.6-9; 2.1-6;
Zc 3.1,2). É com base nessas passagens que Satanás é chamado de “o acusador de
nossos irmãos” (Ap 12.10). A Bíblia de Estudo Pentecostal deixa transparecer
essa interpretação: “Satanás é derrotado, precipitado, na Terra” (cf. Lc 10.18)
e não lhe é mais permitido acesso aos céus”. Stanley M. Horton segue também
nessa mesma linha de pensamento em seu comentário sobre o livro de Apocalipse.
Mas, com a chegada vitoriosa de Jesus ao céu, não se achou lugar para o
acusador dos irmãos, e assim não foi mais possível o acesso de Satanás e seus
correligionários ao céu, pois eles "não prevaleceram; nem mais o seu lugar
se achou nos céus" (Ap 12.8) (SOARES, 2018, p.57).
2.2
- Satanás entre os filhos de Deus. A expressão “filhos de Deus”, em (Jó 1.6) é
interpretada por alguns como sendo homens e por outros como sendo Anjos. Temos
que lembrar que a frase, filhos de Deus, tanto pode ser aplicada a pessoas (Mt
5.9, Lc 20.36, Jo 1.12; 11.52, Rm 8.14, Gl.3.26; Fp 2.15;1 Jo 3.1) como a Anjos
(Jó 38.7), pois é uma palavra polissêmica, podendo ter vários significados. O
contexto da passagem bíblica precisa ser observado nesses casos. Em Gênesis
6.2,4 faz referência a homens, ou seja, a linhagem piedosa de Sete (Dt 14.1;
32.5; Sl 73.15; Os 1.10. No versículo em estudo no livro de Jó: “E vindo um dia
em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também
Satanás entre eles.” (Jó 1.6.). Norman Geisler entende que sejam anjos
(GEISLER, 2010, p. 223). O reconhecimento dos “filhos de Deus” como anjos fica
também transparente na Bíblia de Estudo Pentecostal (1995, p. 769). Embora
existam opiniões diferentes devemos ter em mente três verdades extraídas dos textos
seguintes ao verso seis.
2.3
- Satanás não é onipresente. Isto é confirmado no texto “Dons vens? e Satanás
respondeu ao SENHOR e disse: De rodear a terra e passear por” (Jó 1.7). O ato
de rodear a terra para averiguar os homens, demonstra limitação, provando assim
ser essa criatura inferior ao Senhor dos Exércitos. O atributo da Onipresença,
isto é, o espaço material não o limita em ponto algum. (Gn. 28.15,16; Dt 4.39;
Js 2.11; Sl 139.7-10; Pv 15.3,11; Is 66.1; Jr 23.23,24; Am 9.2-4,6; At 7.48,49;
Ef 1.23.) pertence exclusivamente a Deus. Da mesma forma todos os atributos
incomunicáveis – aqueles que Deus não partilha com nenhuma criatura
(onipotência, onisciência e onipresença, entre outros) torna o Senhor único. “A
quem, pois, fareis semelhante a Deus ou com que o comparareis? (Is 40.18 cf. Is
46.5; At 17.29).
2.3 - Satanás não é onipotente. O adversário não podia tocar em Jó sem a permissão de Deus. Diz o texto bíblico: “...somente contra ele não estendas a tua mão...” O controle e o governo desse mundo estão nas mãos do Deus todo poderoso (Gn 1.1; 17.1; 18.14; Êx 15.7; Dt 3.24; 32.39; 1Cr 16.25; Jó 40.2; Is 40.12-15; Jr 32.17; Ez 10.5; Dn 3.17; 4.35; Am 4.13; 5.8; Zc 12.1; Mt 19.26; Ap 15.3; 19.6). O inimigo de nossas almas não pode tocar em um crente fiel, a não ser sob permissão do Senhor Jeová. “.... mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca (1 Jo 5.18).
2.4 - Ele é o acusador de nossos
irmãos. Quando mente e acusa faz o que lhe é próprio de sua natureza caída. A
Bíblia de Estudo Pentecostal (1995, p.769) recomenda como devemos vencer: “...o
crente pode eliminar essas acusações por meio do sangue de Cristo, de uma boa
consciência e da palavra de Deus” (Mt 4.3-11; Tg 4.7; Ap 12.11). Nossa
confiança é reforçada pelo fato de termos como nosso Advogado perante o Pai, o
Senhor Jesus Cristo (1Jo 2.1) que está a sua destra, intercedendo (Hb 7.25).
III
– RESISTINDO AO DIABO
3.1
- Revestir-se de toda a armadura de Deus. Paulo exorta a que nos revistamos das
armas pertencentes a Deus: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus […]” (Ef
6.11), notemos que este ato implica na responsabilidade humana: “[...]
Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz” (Rm
13.12) E certo que Satanás é o tentador (1 Ts 3.5), mas cada um é tentado
"quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência" (Tg 1.14)
[...] Não pode, porém, levar a efeito nenhum ato desse tipo sem a participação
(e até mesmo a iniciativa) humana. Ressaltar demasiadamente o papel dos demônios
(segundo a nossa opinião) naquilo que se opõe a Deus, tende a amainar a
responsabilidade humana e a denegrir a responsabilidade de Deus (HORTON, 2010).
3.2
- Viver em constante vigilância. Uma recomendação não menos importante é que o
cristão deve ficar firme: “[…] para que possais estar firmes contra as astutas
ciladas do diabo” (Ef 6.11), do grego “histemi”, que significa: “ficar de pé,
manter-se no lugar, continuar seguro, continuar pronto ou preparado”, isso
indica estar de olhos abertos, atento, de prontidão para o combate visto o
perigo a volta e sagacidade do inimigo (1Pd 5.8,9).
3.3
- Perseverar em oração. Paulo faz referência a uma ferramenta imprescindível
que nos proporciona a energia necessária para sermos vitoriosos, a oração:
“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando
nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6.18). Podemos
concluir que a oração faz parte permanente de todo o equipamento de guerra
exposto nos versículos precedentes (Ef 6.14-17). Cada uma das armas
espirituais, desde o “cinto” até a “espada”, deve ser vestida com a oração
(CABRAL, 1999, p. 92).
CONCLUSÃO
Estudamos na lição de hoje que Satanás é um ser real e o acusador de nossos irmãos (Ap 12.11). Porém temos um Advogado que nos defende diante de Deus, Jesus Cristo. A Palavra de Deus nos garanti que podemos resistir ao Diabo através da oração e meditação na palavra e uma vida de comunhão com o Senhor.
REFERÊNCIAS
BRUNELLI,
Walter. Teologia para pentecostais. Vl 02. CENTRAL GOSPEL.
CABRAL,
Elienai. Comentário Bíblico: Efésios. CPAD.
GONÇALVES,
Josué. A Fragilidade Humana e a Soberania Divina: o sofrimento e a restauração
de Jó. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
SILVA,
Severino Pedro da. Os Anjos, sua natureza e ofício. CPAD.
PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
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