segunda-feira, 11 de março de 2019

LIÇÃO 11 – DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS – UM DOM IMPRESCINDÍVEL - (At 16.16-22) 1º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO 11 – DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS – UM DOM IMPRESCINDÍVEL - (At 16.16-22)
1º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Nesta lição introduziremos o assunto definindo o verbo “discernir”; destacaremos as três fontes das manifestações sobrenaturais; falaremos sobre a importância do dom de discernir os espíritos a fim de detectarmos a fonte das operações miraculosas; pontuaremos ainda quais as ferramentas que Deus outorgou a igreja a fim de que ela pudesse discernir as coisas espirituais; e, concluiremos destacando três exortações paulinas úteis a vida cristã.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA “DISCERNIR”
O verbo “discernir” segundo o dicionário significa: “perceber claramente; capacidade de compreender situações; distinguir; diferenciar; compreender; perceber; entender; formar juízo” (HOUAISS, 2001, p. 1051). O substantivo no grego “diakrisis” significa: “distinção, discriminação clara, discernimento, julgamento” (VINE, 2002, p. 568). Segundo Boyd (apud RENOVATO, 2014, p. 40 – acréscimo nosso), a palavra ‘diakrisis’ tem o sentido de “penetrar por baixo da superfície, desmascarando e descobrindo a verdadeira fonte dos motivos e da manifestação”.

II – CONHECENDO A FONTE DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITUAIS
As manifestações sobrenaturais podem ter basicamente três origens. Notemos:
2.1 - Divina. A Bíblia não somente afirma a existência de Deus (Gn 1.1; Dn 2.28), como também fala de suas intervenções miraculosas na terra (1 Sm 2.6-8). Ele opera sinais e maravilhas (Êx 10.1; Nm 14.22; Dn 6.27).

2.2 - Humana. A Bíblia fala de pessoas que profetizam “falsamente” (Jr 14.14); do “próprio coração” (Jr 23.16); falam “sonhos mentirosos” (Jr 23.32). Na época do profeta Isaías e Jeremias havia aqueles que afirmavam predizer o futuro (Is 8.19; 44.25; Jr 27.9; 29.8). Há casos no Novo Testamento de mágicos que iludiam as pessoas com truques, fazendo seus seguidores crer que eles possuíam algum poder para fazer milagres (At 8.8-11; 13.6).

2.3 - Diabólica. Quando os demônios agem na vida das pessoas podem fazê-las “operar sinais” (Êx 7.10,11; 2 Ts 2.9); “profetizar” (1 Rs 22.22); adquirir “grande força” (Mc 5.3,4); ter “conhecimento da vida íntima das pessoas” (At 16.16). A Bíblia diz que: (a) Satanás usa as Escrituras e as interpreta para o mal (Mt 4.6; Lc 4.10,11); (b) ele opera grandes sinais e prodígios (Mt 24.24; 2 Ts 2.9; Ap 16.14; 19.20); e, (c) ele tem a capacidade de transformar-se em anjo de luz (2 Co 11.14).

II – A NECESSIDADE DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS
Em um universo de muita pluralidade religiosa como esta em que vivemos, onde existem muitas ações malignas, imitações e até supostas ações sobrenaturais faz-se necessário a manifestação deste dom. É bom dizer que pelo entendimento e pela lógica humana, nem sempre é possível avaliar a origem das manifestações espirituais, porque às vezes são muito semelhantes. Abaixo destacaremos alguns casos, que constam no registro bíblico, e que são muito semelhantes entre si a fim de entendermos a importância do dom de discernir para sabermos a fonte das operações sobrenaturais a fim de não sermos enganados pelo diabo. Vejamos:

O ESPÍRITO SANTO OPERANDO
Moisés tornou o cajado em serpente (Êx 7.10)
Elias fez cair fogo do céu (2 Re 1.10)
A mulher sunamita elogiou Eliseu (2 Re 4.9)
Saul profetizou (1 Sm 10.11)
Sansão tinha uma grande força (Jz 16.22)

O ESPÍRITO MAL OPERANDO
Os magos tornaram o cajado em serpente (Êx 7.10,11)
O anticristo fará cair fogo do céu (Ap 13.13)
A mulher pitonisa elogiou Paulo (At 16.17)
Saul profetizou (1 Sm 18.10)
O gadareno tinha uma grande força (Mc 5.4)

III – O QUE NOS AUXILIA NOS DISCERNIMENTO DAS COISAS ESPIRITUAIS
3.1 - Ser um homem espiritual. A expressão ‘homem espiritual’ no grego ‘pneumatikos anthrõpos’, é o homem que, nascido de novo, procura andar segundo a natureza divina recebida por ocasião do novo nascimento (Jo 3.3,7; 2 Co 5.17; Gl 6.15; Jo 1.12.13; Ef 2.1,5; Cl 2.13; Tt 3.5; Tg 1.18; 1 Pe 1.23). Ao contrário do homem natural, quanto as coisas espirituais, o homem espiritual “[…] discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido” (1 Co 2.15-b). Por possuírem o Espírito Santo, os crentes entendem estas coisas. Eles são capazes de fazer julgamentos corretos sobre os assuntos espirituais, tais como: a salvação ou as bênçãos futuras de Deus (APLICAÇÃO PESSOAL, 1995, p. 118 – acréscimo nosso). Todo cristão nascido de novo deve ter, em certo grau, a capacidade de “provar os espíritos” (1 Jo 4.1).

3.2 - A Palavra de Deus. Para que pudéssemos discernir as manifestações espirituais Deus nos concedeu a Sua Palavra. Qualquer manifestação espiritual que não esteja de acordo com as Escrituras, deve ser descartada. Jesus nos advertiu sobre os falsos profetas, dizendo que eles fariam até prodígios (Mt 7.15; 24.11,24; Mc 13.22). Os apóstolos Paulo, Pedro e João também nos advertiram quanto a isso (1 Ts 5.21; 2 Pd 2.1; 1 Jo 4.1).

3.3 - O dom de discernir. Quando da ocasião da vinda do Espírito Santo no Dia de Pentecostes (At 2), dons espirituais foram concedidos a igreja a fim de equipá-la para sua tríplice função: “adoração, edificação e evangelização” (1 Co 12.8-10). O dom espiritual é uma: “dotação ou concessão especial e sobrenatural pelo Espírito Santo, de capacidade divina sobre o crente, para serviço especial na execução dos propósitos divinos para e através da Igreja” (GILBERTO, 2006, p. 195). O dom de discernir os espíritos (1 Co 12.10) é “uma ação sobrenatural do Espírito Santo na vida do crente, capacitando-o a discernir as manifestações sobrenaturais”. Pelo dom de discernimento, o crente pode saber, por exemplo, se uma determinada profecia vem de Deus, do homem ou dos demônios. Ou seja, esse dom capacita a “enxergar” todas as aparências exteriores e conhecer a verdadeira natureza de uma inspiração (At 13.6-12; 16.16-18).

IV – O QUE A BÍBLIA NOS ORDENA A JULGAR
A palavra “julgar” segundo o dicionário significa: “emitir parecer, opinião sobre (alguém ou alguma coisa); formar conceito ou opinião” (HOUAISS, 2001, p. 1691). A Bíblia nos exorta a submetermos ao julgamento as seguintes coisas. Vejamos:

4.1 - Julgar as profecias. Desde o AT que Deus ensinou o seu povo a julgar as profecias (Dt 18.20-22). No NT, há o mesmo direcionamento. Na igreja de Corinto, por exemplo, onde os dons espirituais eram abundantes (1 Co 1.7); e, faziam parte regularmente dos cultos (1 Co 14.26). Quanto ao dom de profecia, o apóstolo orientou aos que profetizavam que falassem um após o outro e que a igreja julgasse o conteúdo das profecias (1 Co 14.29). A palavra “julgar” usada por Paulo aqui neste texto é a expressão grega “diakrinetosan” que significa “discernir”. Mas, que aspectos devemos julgar? Notemos alguns:

(a) a mensagem glorifica a Deus? (1 Co 10.31);
(b) a mensagem está de acordo com as Escrituras? (1 Pd 4.11);
(c) a mensagem edifica a igreja? (1 Co 14.3,4,5,12,17,26);
(d) a pessoa que profetiza se submete ao julgamento dos outros? (1 Co 14.29); a pessoa que profetiza está no controle de si mesmo? (1 Co 14.32); a pessoa que profetiza é submissa a Palavra de Deus e a autoridade pastoral? (1 Co 14.37).

4.2 - Julgar a mensagem pregada. Satanás também cria doutrinas heréticas com a finalidade de destruir a pureza doutrinária da igreja, levando-a a apostasia. Sabedor disto, Paulo exortou aos presbíteros de Éfeso (At 20.28), e previu, pelo Espírito Santo, que isto ocorreria em maior abundância nos últimos dias (1 Tm 4.1-3). Paulo elogiou a igreja de Bereia, que examinava as Escrituras para ver se o que ele estava falando era de fato a verdade (At 17.11). A igreja de Éfeso foi grandemente elogiada por Jesus, pelo fato de ter rejeitado a mensagem dos falsos apóstolos (Ap 2.2-b). Exortando as igrejas da Galácia, que estavam sendo seduzidas por heresias, o apóstolo Paulo disse: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gl 1.8).

4.3 - As manifestações espirituais. Não podemos ignorar que o homem (At 8.8-11; 13.6) ou mesmo Satanás e os demônios (Mt 24.24; 2 Ts 2.9; Ap 16.14; 19.20) podem realizar coisas que se assemelham as operações miraculosas, com o intuito de enganar as pessoas e induzi-las ao erro. Diante disto, necessitamos “provar os espíritos” (1 Jo 4.1). À semelhança do metalúrgico que testa a integridade do metal por meio do fogo, testar a mensagem com a verdade apostólica, para saber qual o espírito que está por trás dela.

V - TRÊS RECOMENDAÇÕES ÚTEIS A VIDA CRISTÃ
5.1 - Não extinguir o Espírito. O Espírito Santo foi concedido a igreja para nela e por meio dela manifestar a glória do Senhor, realizando proezas sinais e maravilhas (At 2.1-4; Hb 2.4). Logo, não devemos jamais extinguir o Espírito (1 Ts 5.19); nem atribuir uma obra do Espírito Santo ao diabo, pois isto é um pecado que não tem perdão (Mc 3.22-30).

5.2 - Não desprezar as profecias. Segundo Paulo não devemos desprezar ou desacreditar do dom de profecia (1 Ts 5.20). O verbo “desprezeis” no grego é, literalmente, “contar como nada”. O dom de profecia é de extrema importância para a igreja, pois foi concedido para “edificação, exortação e consolação” (1 Co 14.3).

5.3 - Examinar tudo e reter o bem. Paulo orientou a igreja de Tessalônica a submeter as manifestações espirituais a um exame minucioso para reter somente o que é bom (1 Ts 5.21). Esta última exortação na passagem equilibra as primeiras duas. O julgamento cristão, o bom senso, o exame criterioso são ações imprescindíveis na vida da igreja.

CONCLUSÃO
Satanás tenta de todas as formas atacar o povo de Deus até mesmo imitando as manifestações sobrenaturais com a finalidade de ludibriar os salvos. Usemos a Palavra de Deus e busquemos o dom de discernimento de espíritos, a fim de não cairmos no erro.

REFERÊNCIAS
BÍBLIA DE APLICAÇÃO PESSOAL. CPAD.
GILBERTO, Antônio (Org.); et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
RENOVATO, Elinaldo. Dons espirituais e ministeriais. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

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