Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência
das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO
11 – DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS – UM DOM IMPRESCINDÍVEL - (At 16.16-22)
1º
TRIMESTRE DE 2019
INTRODUÇÃO
Nesta
lição introduziremos o assunto definindo o verbo “discernir”; destacaremos as
três fontes das manifestações sobrenaturais; falaremos sobre a importância do
dom de discernir os espíritos a fim de detectarmos a fonte das operações miraculosas;
pontuaremos ainda quais as ferramentas que Deus outorgou a igreja a fim de que
ela pudesse discernir as coisas espirituais; e, concluiremos destacando três
exortações paulinas úteis a vida cristã.
I
– DEFINIÇÃO DA PALAVRA “DISCERNIR”
O
verbo “discernir” segundo o dicionário significa: “perceber claramente;
capacidade de compreender situações; distinguir; diferenciar; compreender;
perceber; entender; formar juízo” (HOUAISS, 2001, p. 1051). O substantivo no
grego “diakrisis” significa: “distinção, discriminação clara, discernimento,
julgamento” (VINE, 2002, p. 568). Segundo Boyd (apud RENOVATO, 2014, p. 40 –
acréscimo nosso), a palavra ‘diakrisis’ tem o sentido de “penetrar por baixo da
superfície, desmascarando e descobrindo a verdadeira fonte dos motivos e da
manifestação”.
II
– CONHECENDO A FONTE DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITUAIS
As
manifestações sobrenaturais podem ter basicamente três origens. Notemos:
2.1
- Divina. A Bíblia não somente afirma a existência de Deus (Gn 1.1; Dn 2.28),
como também fala de suas intervenções miraculosas na terra (1 Sm 2.6-8). Ele
opera sinais e maravilhas (Êx 10.1; Nm 14.22; Dn 6.27).
2.2
- Humana. A Bíblia fala de pessoas que profetizam “falsamente” (Jr 14.14); do “próprio
coração” (Jr 23.16); falam “sonhos mentirosos” (Jr 23.32). Na época do profeta
Isaías e Jeremias havia aqueles que afirmavam predizer o futuro (Is 8.19;
44.25; Jr 27.9; 29.8). Há casos no Novo Testamento de mágicos que iludiam as
pessoas com truques, fazendo seus seguidores crer que eles possuíam algum poder
para fazer milagres (At 8.8-11; 13.6).
2.3
- Diabólica. Quando os demônios agem na vida das pessoas podem fazê-las “operar
sinais” (Êx 7.10,11; 2 Ts 2.9); “profetizar” (1 Rs 22.22); adquirir “grande
força” (Mc 5.3,4); ter “conhecimento da vida íntima das pessoas” (At 16.16). A
Bíblia diz que: (a) Satanás usa as Escrituras e as interpreta para o mal (Mt
4.6; Lc 4.10,11); (b) ele opera grandes sinais e prodígios (Mt 24.24; 2 Ts 2.9;
Ap 16.14; 19.20); e, (c) ele tem a capacidade de transformar-se em anjo de luz
(2 Co 11.14).
II
– A NECESSIDADE DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS
Em
um universo de muita pluralidade religiosa como esta em que vivemos, onde
existem muitas ações malignas, imitações e até supostas ações sobrenaturais
faz-se necessário a manifestação deste dom. É bom dizer que pelo entendimento e
pela lógica humana, nem sempre é possível avaliar a origem das manifestações
espirituais, porque às vezes são muito semelhantes. Abaixo destacaremos alguns
casos, que constam no registro bíblico, e que são muito semelhantes entre si a
fim de entendermos a importância do dom de discernir para sabermos a fonte das
operações sobrenaturais a fim de não sermos enganados pelo diabo. Vejamos:
O
ESPÍRITO SANTO OPERANDO
Moisés
tornou o cajado em serpente (Êx 7.10)
Elias
fez cair fogo do céu (2 Re 1.10)
A
mulher sunamita elogiou Eliseu (2 Re 4.9)
Saul
profetizou (1 Sm 10.11)
Sansão
tinha uma grande força (Jz 16.22)
O
ESPÍRITO MAL OPERANDO
Os
magos tornaram o cajado em serpente (Êx 7.10,11)
O
anticristo fará cair fogo do céu (Ap 13.13)
A
mulher pitonisa elogiou Paulo (At 16.17)
Saul
profetizou (1 Sm 18.10)
O
gadareno tinha uma grande força (Mc 5.4)
III
– O QUE NOS AUXILIA NOS DISCERNIMENTO DAS COISAS ESPIRITUAIS
3.1
- Ser um homem espiritual. A expressão ‘homem espiritual’ no grego ‘pneumatikos
anthrõpos’, é o homem que, nascido de novo, procura andar segundo a natureza
divina recebida por ocasião do novo nascimento (Jo 3.3,7; 2 Co 5.17; Gl 6.15;
Jo 1.12.13; Ef 2.1,5; Cl 2.13; Tt 3.5; Tg 1.18; 1 Pe 1.23). Ao contrário do
homem natural, quanto as coisas espirituais, o homem espiritual “[…] discerne
bem tudo, e ele de ninguém é discernido” (1 Co 2.15-b). Por possuírem o Espírito
Santo, os crentes entendem estas coisas. Eles são capazes de fazer julgamentos
corretos sobre os assuntos espirituais, tais como: a salvação ou as bênçãos
futuras de Deus (APLICAÇÃO PESSOAL, 1995, p. 118 – acréscimo nosso). Todo
cristão nascido de novo deve ter, em certo grau, a capacidade de “provar os
espíritos” (1 Jo 4.1).
3.2
- A Palavra de Deus. Para que pudéssemos discernir as manifestações espirituais
Deus nos concedeu a Sua Palavra. Qualquer manifestação espiritual que não
esteja de acordo com as Escrituras, deve ser descartada. Jesus nos advertiu
sobre os falsos profetas, dizendo que eles fariam até prodígios (Mt 7.15;
24.11,24; Mc 13.22). Os apóstolos Paulo, Pedro e João também nos advertiram
quanto a isso (1 Ts 5.21; 2 Pd 2.1; 1 Jo 4.1).
3.3
- O dom de discernir. Quando da ocasião da vinda do Espírito Santo no Dia de
Pentecostes (At 2), dons espirituais foram concedidos a igreja a fim de
equipá-la para sua tríplice função: “adoração, edificação e evangelização” (1
Co 12.8-10). O dom espiritual é uma: “dotação ou concessão especial e
sobrenatural pelo Espírito Santo, de capacidade divina sobre o crente, para
serviço especial na execução dos propósitos divinos para e através da Igreja” (GILBERTO,
2006, p. 195). O dom de discernir os espíritos (1 Co 12.10) é “uma ação
sobrenatural do Espírito Santo na vida do crente, capacitando-o a discernir as
manifestações sobrenaturais”. Pelo dom de discernimento, o crente pode saber,
por exemplo, se uma determinada profecia vem de Deus, do homem ou dos demônios.
Ou seja, esse dom capacita a “enxergar” todas as aparências exteriores e
conhecer a verdadeira natureza de uma inspiração (At 13.6-12; 16.16-18).
IV
– O QUE A BÍBLIA NOS ORDENA A JULGAR
A
palavra “julgar” segundo o dicionário significa: “emitir parecer, opinião sobre
(alguém ou alguma coisa); formar conceito ou opinião” (HOUAISS, 2001, p. 1691).
A Bíblia nos exorta a submetermos ao julgamento as seguintes coisas. Vejamos:
4.1
- Julgar as profecias. Desde o AT que Deus ensinou o seu povo a julgar as
profecias (Dt 18.20-22). No NT, há o mesmo direcionamento. Na igreja de
Corinto, por exemplo, onde os dons espirituais eram abundantes (1 Co 1.7); e,
faziam parte regularmente dos cultos (1 Co 14.26). Quanto ao dom de profecia, o
apóstolo orientou aos que profetizavam que falassem um após o outro e que a
igreja julgasse o conteúdo das profecias (1 Co 14.29). A palavra “julgar” usada
por Paulo aqui neste texto é a expressão grega “diakrinetosan” que significa “discernir”.
Mas, que aspectos devemos julgar? Notemos alguns:
(a)
a mensagem glorifica a Deus? (1 Co 10.31);
(b)
a mensagem está de acordo com as Escrituras? (1 Pd 4.11);
(c)
a mensagem edifica a igreja? (1 Co 14.3,4,5,12,17,26);
(d)
a pessoa que profetiza se submete ao julgamento dos outros? (1 Co 14.29); a
pessoa que profetiza está no controle de si mesmo? (1 Co 14.32); a pessoa que
profetiza é submissa a Palavra de Deus e a autoridade pastoral? (1 Co 14.37).
4.2
- Julgar a mensagem pregada. Satanás também cria doutrinas heréticas com a
finalidade de destruir a pureza doutrinária da igreja, levando-a a apostasia.
Sabedor disto, Paulo exortou aos presbíteros de Éfeso (At 20.28), e previu, pelo
Espírito Santo, que isto ocorreria em maior abundância nos últimos dias (1 Tm
4.1-3). Paulo elogiou a igreja de Bereia, que examinava as Escrituras para ver
se o que ele estava falando era de fato a verdade (At 17.11). A igreja de Éfeso
foi grandemente elogiada por Jesus, pelo fato de ter rejeitado a mensagem dos
falsos apóstolos (Ap 2.2-b). Exortando as igrejas da Galácia, que estavam sendo
seduzidas por heresias, o apóstolo Paulo disse: “Mas, ainda que nós mesmos ou
um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado,
seja anátema” (Gl 1.8).
4.3
- As manifestações espirituais. Não podemos ignorar que o homem (At 8.8-11;
13.6) ou mesmo Satanás e os demônios (Mt 24.24; 2 Ts 2.9; Ap 16.14; 19.20)
podem realizar coisas que se assemelham as operações miraculosas, com o intuito
de enganar as pessoas e induzi-las ao erro. Diante disto, necessitamos “provar
os espíritos” (1 Jo 4.1). À semelhança do metalúrgico que testa a integridade
do metal por meio do fogo, testar a mensagem com a verdade apostólica, para
saber qual o espírito que está por trás dela.
V
- TRÊS RECOMENDAÇÕES ÚTEIS A VIDA CRISTÃ
5.1
- Não extinguir o Espírito. O Espírito Santo foi concedido a igreja para nela e
por meio dela manifestar a glória do Senhor, realizando proezas sinais e
maravilhas (At 2.1-4; Hb 2.4). Logo, não devemos jamais extinguir o Espírito (1
Ts 5.19); nem atribuir uma obra do Espírito Santo ao diabo, pois isto é um
pecado que não tem perdão (Mc 3.22-30).
5.2
- Não desprezar as profecias. Segundo Paulo não devemos desprezar ou
desacreditar do dom de profecia (1 Ts 5.20). O verbo “desprezeis” no grego é,
literalmente, “contar como nada”. O dom de profecia é de extrema importância
para a igreja,
pois foi concedido para “edificação, exortação e consolação” (1 Co 14.3).
5.3
- Examinar tudo e reter o bem. Paulo orientou a igreja de Tessalônica a
submeter as manifestações espirituais a um exame minucioso para reter somente o
que é bom (1 Ts 5.21). Esta última exortação na passagem equilibra as primeiras
duas. O julgamento cristão, o bom senso, o exame criterioso são ações
imprescindíveis na vida da igreja.
CONCLUSÃO
Satanás
tenta de todas as formas atacar o povo de Deus até mesmo imitando as
manifestações sobrenaturais com a finalidade de ludibriar os salvos. Usemos a
Palavra de Deus e busquemos o dom de discernimento de espíritos, a fim de não
cairmos no erro.
REFERÊNCIAS
BÍBLIA
DE APLICAÇÃO PESSOAL. CPAD.
GILBERTO,
Antônio (Org.); et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
RENOVATO,
Elinaldo. Dons espirituais e ministeriais. CPAD.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE,
W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
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