Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO
10 – OFERTAS PACÍFICAS PARA UM DEUS DE PAZ – (Lv 7.11-21)
3º
TRIMESTRE DE 2018
INTRODUÇÃO
Nesta
lição falaremos detalhadamente de uma das cinco ofertas do sistema levítico – a
oferta pacífica; trataremos de três aspectos desta oferta, a saber: ações de
graças, voto e a oferta voluntária; pontuaremos quais as especificações da
oferta de paz; e, por fim, traremos as devidas aplicações para a igreja.
I
– DEFINIÇÃO DE OFERTA PACÍFICA
A
expressão “oferta pacifica” no hebraico: “shalom” significa: “paz, bem, feliz,
tranquilo, saúde e prosperidade”. Era também chamada de “oferta de paz” ou de
“ofertas de comunhão”. Josefo (historiador judeu do primeiro século) também
chamava-a de “ofertas de agradecimento” (JOSEFO apud CHAMPLIN, 2001, p. 487).
Tais termos denotam que esta oferta não era para pacificar a Deus, mas era
apresentada pelo ofertante que já estava em comunhão com Deus. Nesta oferta,
podia se oferecer “gado” (Lv 3.1); ou “gado miúdo” (Lv 3.6) tais como:
“cordeiro” (Lv 3.7) ou “cabra” (Lv 3.12); podendo ser “macho ou fêmea” (Lv 3.1,7,12),
desde que fosse “sem defeito” (Lv 3.1,6). O ofertante tinha de impor a mão
sobre a cabeça da sua oferta (Lv 3.2,8,13), matar o animal e apresentar ao
sacerdote os pedaços a serem oferecidos (Lv 3.3,4,9,10,14,15). Em seguida, o
sacerdote ministrante os queimava no altar (Lv 3.5,11,16). A outra parte da
carne fazia parte da refeição (Lv 7.14,15,16). Quanto a “gordura” e ao
“sangue”, estes dois, não poderiam jamais ser comidos, mas oferecidos ao Senhor
como oferta queimada (Lv 3.16,17).
II
– TIPOS DE OFERTA PACÍFICA
Os
sacrifícios pacíficos tinham três variedades, a saber: “ofertas de ações de
graças” (Lv 7.12), “ofertas votivas” (Lv 7.16) e “ofertas voluntárias” (Lv
7.29). Vejamos cada um destas detalhamente:
2.1
- Ações de graças. O primeiro tipo era oferecido por benefícios recebidos de
Deus. A dádiva de ações de graças no hebraico “tôdâ” representava o
reconhecimento do ofertante quanto às misericórdias de Deus para com ele (Lv
7.12-21). Embora todas as coisas pertençam a Deus em última análise, seu relacionamento
com o crente exige que este último transfira a Deus uma certa proporção
daquelas coisas que foram confiadas a ele (1 Cr 29.14). Esta exigência remove o
relacionamento espiritual de um nível puramente verbal, e exige esforço do
participante humano para sua dedicação ser posta em prática. Juntamente com a
oferta de ações de graças vários tipos de “bolos asmos”, “coscorões ázimos”, e,
“bolos de flor de farinha” deviam ser apresentados (Lv 7.12,13), um dos quais
era a porção do Senhor e era dado ao sacerdote oficiante (Lv 7.14). Nesta
oferta o adorador não tinha licença de deixar qualquer parte da carne do animal
sacrificial para outro dia mas, sim, era-lhe exigido que a comece na ocasião em
que foi oferecida (Lv 7.15).
2.2
- Voto. Esta oferta é chamada no hebraico “neder” era feita para cumprir um
voto (Lv 7.16; 22.21). O sacrifício do seu voto “oferta votiva” era prometido a
Deus na esperança de receber ajuda divina (Sl 66.13,14; 116.1-19). Um voto é
“um juramento ou um compromisso de caráter religioso, e também uma transação
qualquer entre o homem e Deus, de acordo com a qual o individuo dedica a si
mesmo ou o seu serviço ou alguma coisa valiosa a Deus (Gn 28.20; Nm 6.2; 1 Sm
1.11). Essa era uma característica comum entre os israelitas (Lv 7.16; 22.18,21;
Nm 6.2,5; 15.3,8; 21.2; 29.39; 30.2-9,11-14; Dt 12.6,11,17,26; 23.18,21; Jz
11.30,39; 1 Sm 1.21; 2 Sm 15.7,8; Jó 22.27; Sl 22.25; 50.14; 56.12; Pv 7.14; Ec
5.4; Is 19.21; Jr 44.25; Jn 1.16; Na 1.15)” (CHAMPLIN, 2004, p. 689 – acréscimo
nosso).
2.3
- Oferta voluntária. A oferta “voluntária” (Lv 7.28-30) ou oferta “movida” (Lv
7.30), no hebraico “nedãbâ” consistia em um ato de homenagem e obediência ao
Senhor num caso em que nenhum voto tinha sido feito, mas que o ofertante
desejava voluntariamente ofertar ao Senhor: “as suas próprias mãos trarão
[...]” (Lv 7.30-a). Embora os sacerdotes receberam instruções no sentido de se
assegurarem que todas ofertas sejam sem defeito, e o catálogo das incapacidades
físicas que desqualificavam os descendentes do serviço no santuário é aplicado
aos animais sacrificiais (Lv 22.22,24). A única exceção é a dos animais que
aparentemente exibem danos “genéticos”, ou seja, “não físicos”, e até mesmo
estes podem ser sacrificados somente por oferta voluntária (Lv 22.21,23). Para
uma oferta voluntária ou uma que era feita para cumprir um voto, o ofertante
tinha licença de usar um dia adicional para completar a festa, e, nesta ocasião
provavelmente convidaria amigos para participarem da refeição (Dt 12.12).
Especificamente qualquer carne que permanecia depois daquele tempo tinha de ser
queimada, mais provavelmente como uma medida higiênica (Lv 7.17). O
descumprimento desta ordem consistia em pecado resultando em morte (Lv 7.18).
III – CARACTERÍSTICAS DA OFERTA PACÍFICA
No Livro de Levítico há instruções
detalhadas sobre quando as ofertas pacíficas eram comidas (Lv 7.15-17), quem
poderia comê-las (Lv 7.20,21), o que podia ser comido (Lv 7.24-26) e, quais
porções pertenciam a quem (Lv 7.31-35). Abaixo, destacaremos algumas
características da oferta de paz que a diferencia das outras. Vejamos:
3.1
- Uma oferta queimada ao Senhor. A oferta pacífica era “oferta queimada ao
Senhor”, no entanto, apenas parte da oferta deveria ser queimada (Lv
3.3,4,9,10,14,15). A especificação é que a “gordura, os rins e o redenho”
deveriam ser oferecidos para o Senhor (Lv 3.3,4).
3.2
- Uma oferta que o sacerdote ministrante se alimentava. Algumas ofertas, apesar
de serem oferecidas ao Senhor, serviam de alimento para os sacerdotes (Lv
2.3,10). Deus, como sempre, se preocupou com o sustento daqueles que vivem
exclusivamente para a obra. Falando especificamente da “oferta pacífica” como
havia muitos sacerdotes, aquele que ministrava esta oferta era quem deveria
comer dela, como uma recompensa pelo seu trabalho (Lv 7.14,31,32,34-35).
3.3
- Uma oferta que o ofertante se alimentava com sua família. Na oferta pacífica
apenas uma parte era queimada ao Senhor (Lv 3.5,11,16), enquanto que a outra
parte o adorador reunia-se ao sacerdote na refeição sacrificial, daquilo que
restava. Portanto, este era o único sacrifício em que o ofertante tinha licença
de participar (Lv 7.14,15).
3.4
- Uma oferta que os pobres podiam participar e outros convidados. Além do
sacerdote oficiante, o adorador, os membros de sua família; as pessoas pobres
que fossem convidadas podiam também participar “E vos alegrareis perante o
SENHOR vosso Deus, vós, e vossos filhos, e vossas filhas, e os vossos servos, e
as vossas servas, e o levita que está dentro das vossas portas; pois convosco
não tem parte nem herança” (Dt 12.12).
IV
– A OFERTA PACÍFICA E A SUA APLICAÇÃO PARA A IGREJA
Em
Levítico, são listados cinco tipos de sacrifícios (Lv 1.3-17; 2.1-16; 3.1-17;
4.1-5; 5.14-16). Todos estes sacrifícios podem ser reduzidos a somente dois:
(a)
o primeiro, abrangendo aqueles sacrifícios oferecidos antes da reconciliação e
os que visavam obtê-la; e,
(b)
o segundo, os sacrifícios oferecidos depois da reconciliação e para celebrá-la.
Isto
aponta para uma verdade bem clara no NT, o sacrifício pelo pecado foi efetuado
por Cristo (Gl 1.4; 2.20; Ef 5.2,25; 1 Tm 2.6; Tt 2.14; Hb 9.14), por meio do
qual temos paz com Deus (Rm 5.1; Cl 1.20); o sacrifício por gratidão pela
absolvição é feita pelo pecador redimido. Vejamos:
4.1
- Ações de graças. O termo “ações de graças” ou seja é o ato de dar “graças a
Deus”. Jesus deixou-nos o grande exemplo de ações de graças (Mt 11.25; 26.27;
Jo 6.11; 11.41). Os seres celestiais ocupam-se desse ato de devoção (Ap 4.9;
7.11,12; 11.16,17). Trata-se de um ato de devoção ordenado por Deus (Sl 50.25;
Fp 4.6 e 1 Ts 5.18). Trata-se de coisa boa, sendo benéfica para quem se mostra
grato ao Senhor (Sl 92.1). Deve ser expressa a gratidão a Deus (Sl 50.14), a
Cristo (1 Tm 1.12), em nome de Cristo (Ef 5.20), na adoração pública (Sl
35.18), na adoração individual (Dn 6.10), em tudo (1 Ts 5.18), por todas as
coisas (Ef 5.20). Devem ser expressas contínuas ações de graças (Ef 1.16; 5.20
e 1 Ts 1.2). Devem ser expressas ações de graças pela bondade e pela
misericórdia de Deus (Sl 106.1; 107.1; 136.1-3). Devem ser dadas ações de
graças ante o sucesso em qualquer empreendimento (Ne 12.31,40). Também pelo
suprimento das necessidades físicas, e antes das refeições (Jo 6.11; At 27.35).
Por causa do grande dom de Cristo (2 Co 9.15).
4.2
- Voto. A prática do “voto” não é exclusivamente judaica, mas também cristã.
Ainda hoje nós podemos fazer votos ao Senhor. É bom destacar que:
(a)
o voto não obriga Deus a conceder o que pedimos, pois Deus não faz nada contra
a Sua vontade (1 Jo 5.14);
(b)
o voto não pode ser confundido com barganha, pois Deus não se submete a isso
(Dt 10.17; 2 Cr 19.7);
(c)
não devemos votar e não cumprirmos (Pv 20.25; Ec 5.4); e,
(d)
o voto, deve ser feito como expressão de gratidão a Deus, por uma bênção que se
almeja receber (Sl 22.25; 61.8; 76.11; 116.14,18; Pv 7.14).
Quanto
ao voto de consagração da própria vida ao Senhor, há uma grande diferença entre
os votos do AT e do NT. Os primeiros eram uma obrigação passageira (Nm 6.1-21),
ao passo que na Nova Aliança sempre envolve uma relação permanente com Cristo e
sua cruz até a morte: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que
apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que
é o vosso culto racional” (Rm 12.1). Veja também: (Mt 16.24; Rm 6.13; 1 Co
6.20; 1 Pd 1.15-19).
4.3
- Oferta voluntária. A expressão “oferta voluntária” indica que as demais
ofertas eram exigidas por Deus, enquanto que estava ficava a cargo da
voluntariedade do ofertante (Lv 22.21; 23.38; 15.3). Esta oferta voluntária tem
diversas aplicações para a vida cristã. Por exemplo:
(a)
devemos ofertar o nosso louvor, não como uma obrigação religiosa, mas com
voluntariedade (Sl 54.6; 119.108);
(b)
o crente não deve se limitar apenas a entregar os seus dízimos o que é uma
exigência bíblica (Gn 14.18-20; 28.18-22; Nm 18.21-32; Dt 12.1-14; 14.22-29; Pv
3.9; Ml 3.10; Mt 23.23; 1 Co 9.9-14); ele também deve ofertar com liberalidade
e alegria: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza,
ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2 Co 9.7).
CONCLUSÃO
O
sacrifício pelo pecado foi provido pelo próprio Deus, quando nos enviou Cristo
Jesus. Agora, tendo paz com Deus, nós cristãos podemos lhe oferecer ações de
graças, como gratidão por todos os benefícios que dEle temos recebido.
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
CHAMPLIN,
R. N. O Antigo Testamento Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS. HARRISON, R.K. Levítico: MUNDO CRISTÃO.
HOWARD,
R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa.
OBJETIVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.