Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
07 – FOGO ESTRANHO DIANTE DE DEUS - (Lv 10.1-11)
3º TRIMESTRE DE 2018
INTRODUÇÃO
Arão
e seus filhos foram separados para o sacerdócio. No entanto, apesar de tamanho
privilégio, Nadabe e Abiú cometeram grande pecado contra Deus desonrando-o no
exercício do ministério sacerdotal, e, por causa desta atitude profana, eles
foram punidos com a morte. Esta história serve como advertência para a igreja
nos dias atuais.
I
– ARÃO E SEUS FILHOS FORAM CHAMADOS PARA O SACERDÓCIO
Arão
e seus quatro filhos foram separados para o ministério sacerdotal (Êx 28.1). O
sacerdócio era uma instituição divina (Hb 5.4-a); uma grande honra dada por
Deus ao homem (Hb 5.4); e, uma grande responsabilidade (Lv 8.35). Abaixo
destacaremos alguns detalhes sobre os dois primeiros filhos de Arão. Vejamos:
1.1
- Quem foi Nadabe. Este foi o filho primogênito de Arão com sua esposa Eliseba
(Êx 6.23; Nm 26.60). Seu nome no hebraico significa: “disposto”. Foi chamado
para o sacerdócio (Êx 28.1). Teve o privilégio de junto com os anciãos
contemplar a glória de Deus (Êx 24.1-9).
1.2
- Quem foi Abiú. Este foi o segundo filho de Arão com sua esposa (Êx 6.23; Nm
3.2; 1 Cr 6.3; 24.1). Seu nome no hebraico significa: “Deus é Pai”. Foi chamado
para o sacerdócio (Êx 28.1). Também teve o privilégio de junto com os anciãos
contemplar a glória do Deus de Israel (Êx 24.1-9).
II
- O PECADO DE NADABE E ABIÚ
Logo
após a consagração de Arão e seus filhos para o sacerdócio (Lv 8.1-36), oito
dias depois eles contemplaram a glória de Deus (Lv 9.1-24). No entanto, logo em
seguida os filhos de Arão: Nadabe e Abiú cometeram um pecado contra Deus (Lv
10.1-7). O Livro de Levítico nos mostra que eles “ofereceram fogo estranho
perante o SENHOR” (Lv 10.1-b). Há vários elementos neste procedimento que
violavam todas as instruções para o sacrifício que Moisés recebeu da parte de
Deus. Vejamos:
2.1
- Um pecado de ordem litúrgica. O culto levítico tinha uma liturgia devidamente
orientada por Deus. O sacerdote devia comparecer perante o Senhor no tempo
aprazado, pela manhã e a tarde, para oferecer incenso (Êx 30.7); apenas um
ministro e não dois de uma vez (Êx 30.7; Lc 1.8,9). Nadabe e Abiú erraram
porque foram juntos (Lv 10.1).
2.2
- Um pecado de ordem cúltica. O sacerdote havia sido ordenado a queimar o
incenso com brasas tiradas do altar de bronze (Lv 9.24; 16.12), porém Nadabe e
Abiú forneceram fogo de outra fonte, e Deus o rejeitou (Lv 10.1). A expressão
para “fogo estranho”, isto é, fogo comum, não-fogo de origem celestial. Talvez
uma possível alusão a um fogo externo que não procedia do altar e que não tinha
sido aceso por Deus (Lv 9.24). Também tinha sido advertidos de não oferecem um
incenso estranho, ou seja, que não tivesse os ingredientes exigidos por Deus
(Êx 30.9,34-38).
2.3
- Um pecado de ordem moral. Em seguida da punição dada aos sacerdotes Nadabe e
Abiú, o registro bíblico nos mostra uma advertência de Moisés para aos
sacerdotes quanto a uso do vinho, dando a entender que estes filhos de Arão
procederam de forma equivocada no culto a Deus, porque estavam sob a influência
do álcool (Lv 10.8-11). Eles não santificaram ao Senhor com o seu procedimento
e por isso foram punidos com a morte (Lv 10.2,3).
III
– A MORTE DE NADABE E ABÍU
Apesar
da alegria e da honra que assinalaram o início dos serviços sacerdotais
descritos em Levítico 9.23,24, por parte de Arão e seus descendentes, estes
foram manchados pelo ato imprudente de Nadabe e Abiú, filhos mais velhos de
Arão, os quais contaminaram o tabernáculo ao efetuarem um rito que não
concordava com as instruções elaboradas dadas por Deus. O ato aos olhos de Deus
foi merecedor do castigo da morte. Não se sabe exatamente como o fogo matou
Nadabe e Abiú, ou se a palavra “fogo” era um sinônimo para um raio de relâmpago
(Êx 9.23; Jó 1.16). O mesmo poder que havia abençoado (Lv 9.23,24) agora tirava
a vida (Lv 10.2).
3.1
- Morreram tragicamente. Quando compareceram perante o Senhor de forma
inadequada, Nadabe e Abiú foram mortos tragicamente (Lv 10.2). Arão e seus
outros filhos Eleazar e Itamar foram impedidos de fazer luto pelos irmãos
falecidos, porque Deus havia advertido que havia fulminado estes dois jovens,
por que não honraram o Seu Nome (Lv 10.3). Se chegassem a lamentar assim por
seus irmãos mortos, dando a entender que não concordavam com o severo juízo que
haviam recebido, também morreriam (Lv 10.6,7).
3.2
- Morreram prematuramente. Estes jovens sacerdotes tinham toda uma vida para
servir ao Senhor na beleza da Sua santidade, visto que o sacerdócio era
vitalício, no entanto, eles tiveram sua existência abreviada por causa da
rebeldia a Palavra do Senhor (Lv 10.1,2).
3.3
- Morreram sem deixar descendentes. Nem Nadabe e nem Abiú tinham filhos, pelo
que a sucessão sacerdotal continuou através de seus irmãos mais novos: “Mas
Nadabe e Abiú morreram perante o SENHOR, quando ofereceram fogo estranho
perante o SENHOR no deserto de Sinai, e não tiveram filhos; porém Eleazar e
Itamar administraram o sacerdócio diante de Arão, seu pai” (Nm 3.4).
3.4
- Morreram vergonhosamente. A morte destes dois filhos de Arão, por causa da
desobediência, ficou na memória da sua geração e das gerações posteriores,
sendo um ato vergonhoso e de advertência para que outros não caíssem no mesmo
erro (Nm 26.60,61; 1 Cr 24.2).
IV
– UMA ADVERTÊNCIA PARA A IGREJA
Os
fatos que ocorreram no Antigo Testamento além de nos fornecer informações,
foram escritos para aviso nosso, como afirmou o apóstolo Paulo (1 Co 10.11). A
palavra “aviso” no grego é “nouthesia”, que significa: “admoestação”,
“instrução”, “aviso”, que é utilizada tanto no sentido positivo quanto
negativo, ou seja, uma atitude que pode ser reproduzida ou evitada” (CHAMPLIN,
1995, p. 396). Portanto, tanto os bons exemplos quanto os maus exemplos de
personagens das Escrituras também foram registrados para nos trazer
advertências. Mas, quais as advertências que podemos extrair do caso de Nadabe
e Abiú como ensino para a nossa vida? Vejamos:
4.1
- O perigo da falta de santidade no serviço ao Senhor. Deus exige um
comportamento santo de todo aquele que professa o Seu nome (1Ts 4.7; Tt 2.12;
Hb 12.14; 1Pe 1.15,16). Muito mais se espera daqueles que exercem alguma função
na obra de Deus, pois a santidade é um pré-requisito fundamental para o serviço
(Êx 18.21; Is 6.5-7; Jr 1.5; At 6.3; 2 Pe 1.21). Portanto, falta de santidade
torna qualquer pessoa inapta para cooperar na obra de Deus (Lv 10.1-3; At
1.16-20).
4.2
- Abuso no uso dos dons espirituais. Infelizmente não são poucas as pessoas que
abusam dos dons espirituais, cometendo excessos, ou imitando as manifestações
de Deus, apresentando-se com “fogo estranho” diante do Senhor. Por isso,
metaforicamente, “fogo estranho passou a indicar aquele fervor, zelo, sistema
religioso e práticas místicas e religiosas que são estranhas ao cristianismo
bíblico” (CHAMPLIN, 2004, p. 509). Notemos:
4.2.1
- No Antigo Testamento. Moisés preveniu o povo dizendo que os falsos profetas deveriam
receber como punição a morte (Dt 13.1-5). Deus repreendeu severamente os falsos
profetas e os sonhadores mentirosos (Jr 23.32; 27.15; 29.9). Pedro nos diz que
os profetas verdadeiros não produziram por si mesmos a profecia, mas falaram
inspirados pelo Espírito Santo (2 Pd 1.21).
4.2.2
- No Novo Testamento. A igreja de Corinto era abundante nos dons espirituais (1
Co 1.7). No entanto, havia muitos excessos no uso deles. E, isto levou o
apóstolo Paulo a trazer informação e orientação sobre o correto uso dos dons (1
Co 12-14), dizendo que:
(a)
não podemos nos julgar superiores aos outros por causa de alguns dons, pois
todos procedem do Espírito e tem a devida utilidade (1 Co 12.12-27);
(b)
que não podemos utilizar os dons sem o fruto do amor, pois os dons são
temporais, mas o amor é eterno (1 Co 13.1-13);
(c)
que a manifestação dos dons deve estar subordinada a Palavra e não o contrário
(1 Co 14.37); e,
(d)
nenhuma pessoa tem o controle dos dons do Espírito Santo, pois Ele é quem dá a
cada um como quer (1 Co 12.11); e, manifesta quando quer (1 Co 12.7).
Eis
algumas outras advertências que devemos procurar praticar no uso dos dons:
-Zelar
pelos dons – “Portanto, procurai com zelo os melhores dons [...]” (1 Co 12.31).
-Ter
autodisciplina nos dons – “E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos
profetas” (1 Co 14.32);
-Ter
decência e ordem no exercício dos dons – “Mas faça-se tudo decentemente e com
ordem” (1 Co 14.40).
4.3
- Inovações no culto ou na liturgia. Deus deu um culto a Israel (Rm 9.4; Hb
9.1); e, este culto tinha uma liturgia divina instruída (Êx 25.9; Lv 1-4).
Portanto, proceder de forma diferente consistia numa afronta a Deus (2 Sm
6.3-8; 1 Cr 15.1,2; 2 Cr 26.19; Ml 1.7-8). Paulo orientou que o culto ao Senhor
também deveria seguir uma liturgia decente ordeira (1 Co 14.26), pois Deus é
Deus de paz e não de confusão (1 Co 14.33).
4.4
- Profanação das coisas sagradas. Os filhos de Eli tratavam as coisas sagradas
como coisa qualquer (1 Sm 2.12-17; 28,29), e por isso foram severamente punidos
(1 Sm 2.34). Paulo orientou que os cristãos de Corinto deveriam se comportar na
Ceia com a consciência de que o pão e o vinho simbolizavam o corpo e o sangue
do Senhor (1 Co 11.20-26). O apóstolo ensinou que comer indignamente, ou seja,
não dando a devida consideração ao que é sagrado, resultaria em punições (1 Co
11.27-30). Lembremos que Deus é um fogo consumidor (Hb 12.29); e que o seu
juízo começa pela Sua casa (1 Pe 4.17).
CONCLUSÃO
A
trágica morte de dois filhos de Arão, Nadabe e Abiú nos servem de exortação
quanto ao cuidado que devemos ter com a nossa vida moral e com o serviço
sagrado. Deus não deixará impune aqueles que se portam de maneira leviana,
desonrando o Seu santo e bendito Nome.
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS GARDNER,
Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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