Igreja Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente Ailton José Alves
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LIÇÃO
01 – A FORMAÇÃO DO CARÁTER CRISTÃO (Ef
4.17-24) - 2º TRIMESTRE 2017
INTRODUÇÃO
Neste
segundo trimestre de 2017 estudaremos sobre:
“O Caráter do Cristão – Moldado pela Palavra de Deus e provado como o
ouro”. Nesta primeira lição traremos algumas definições de caráter; falaremos
da natureza do caráter do homem antes e depois do pecado, e de como ele pode
ser restaurado mediante a operação do Espírito Santo; trataremos ainda de quais
os instrumentos que Deus usa para moldar o homem já regenerado; e, finalizaremos
destacando três figuras que mostram como Deus pode modificar aqueles que se
submetem a Ele.
I
– DEFINIÇÕES
1.1
- Caráter. Esta palavra é definida pelo Aurélio (2004, p. 402) como sendo “o
conjunto dos traços particulares, o modo de ser de cada indivíduo, ou de um
grupo”. Champlin (2004, p. 648 – acréscimo nosso) diz que “alguns estudiosos supõem
que o caráter e as características da personalidade são frutos do
desenvolvimento, com base na experiência de cada um, condicionadas pelo meio
ambiente do lar; da comunidade; da
escola; do trabalho, da religião e sua prática; da comunicação em massa”.
1.2
- Caráter cristão. Esse tipo de caráter
é implantado no crente por ocasião da regeneração. Este termo se origina da expressão
grega “paliggenesia”, que significa: “novo nascimento, renovação, recriação”
(Jo 3.5; 2 Co 5.17; Tt 3.5). É por meio do novo nascimento que a imagem de Deus
é restaurada no homem, o Espírito Santo passa a residir nele, produzindo as
virtudes de Cristo, a medida que este se deixa conduzir pelo Espírito (Gl
5.22).
II
- A NATUREZA DO CARÁTER DO HOMEM
A
criação de todas as coisas chegou a seu ápice quando, no sexto dia, o Senhor
criou o primeiro homem, o qual, juntamente com sua esposa, teria domínio sobre
a Terra e suas criaturas (Gn 1.26,27).
Antes de registrar a criação do homem, o escritor inspirado nos leva de
volta, por assim dizer, ao conselho de Deus, pondo-nos em conhecimento do decreto
divino com as palavras: “Façamos o homem [...]”(Gn 1.26). Portanto, a criação
do homem segundo as Escrituras adveio de um ato imediato de Deus. Quanto aos
animais o relato bíblico nos informa que Deus os fez conforme a sua espécie, já
quanto ao homem, o Criador o fez distinto das demais criaturas, o fez a “sua
imagem e semelhança” (Gn 1.26,27). Abaixo destacaremos a natureza do caráter do
homem em três fases:
2.1
- Antes da Queda. De acordo com o livro de Gênesis, Adão e Eva foram criados em
total inocência. Não havia nenhum tipo de malícia na sua natureza ou no
ambiente onde eles foram inseridos. Eles
“não se envergonhavam”(Gn 2.25), e ainda não conheciam o “bem e o
mal”(Gn 3.5). Salomão diz que “Deus fez
o homem reto”(Ec 7.29). Segundo Geisler (2010, p. 12), apalavra hebraica para
designar “reto” é “yashar”, e significa “retidão” “honestidade” ou
“integridade”. O homem era perfeito em santidade, retidão e justiça, e essas
qualidades eram reflexo dos atributos morais e imanentes de Deus no homem (Lv
20.7; Ef 4.24; 1 Jo 2.29). Cabral (2008, p. 306) acrescenta dizendo: “o homem,
como imagem de Deus, foi dotado de atributo moral, isto é, de justiça original.
Porém, essa justiça não era imutável; havia a possibilidade de pecado. Ele foi
dotado de livre-arbítrio”.
2.2
- Depois da Queda. Após a Queda, a natureza moral do homem foi corrompida pelo
pecado (Rm 1.18-32; 3.23), e o homem que era santo e perfeito, tornou-se
pecador e imperfeito (Gn 6.3,5; Rm 3.9-23; Gl 5.19-22). Portanto, “a imagem de Deus
foi obscurecida, mas não completamente erradicada pela Queda; ela foi
corrompida (afetada), mas não eliminada (aniquilada)” (GEISLER, 2010, p. 109).
A respeito do pecado é importante destacar duas verdades, a saber:
(a) não foi a mulher a culpada pelo pecado de
Adão, nem Deus, nem o diabo (Gn 3.12,13). O homem é um ser livre, por isso é responsável
pelos seus atos, logo, Adão pecou por sua livre-vontade (Os 6.7; Rm 5.12; Tg
1.13). É bom destacar também que o pecado de Adão não apenas o afetou, mas
estendeu-se a toda a raça humana, é o que chamamos de “culpa herdada ou
imputada” (Rm 5.12). Sendo assim, toda a raça humana passou a ser pecadora por
natureza a partir de Adão. Aos olhos de
Deus, o pecado de Adão foi o pecado de todos os seus descendentes, de modo que
nós já nascemos pecadores (Rm 3.23; 7.23; Ef 2.1-2; Mt 15.18-19; Hb 6.1; 9.14).
2.3
- A partir do novo nascimento. A partir da obra de Cristo na cruz do Calvário,
mediante a ministração do Espírito Santo, é que o homem poderá ser revestido de
uma “nova natureza”, criada segundo
Deus, “em justiça e retidão procedentes
da verdade” (Ef 4.24; 1 Co 1.30). Portanto, embora o pecado tenha desfigurado a
imagem de Deus no homem, através do novo nascimento que é uma mudança interior
(Tt 3.5), o homem recebe a natureza divina (2 Pe 1.4), e por meio da
santificação que é um processo, este mesmo homem é transformado paulatinamente
(1 Ts 5.23; I Pe 1.15,16).
III
– O QUE DEUS UTILIZA PARA FORMAR O CARÁTER DOS SEUS SERVOS
3.1
- O Espírito Santo. O Espírito de Deus ocupa-se da tarefa de nossa
transformação espiritual, desde o convencimento do pecado (Jo 16.8), a
regeneração (Jo 3.5; Tt 3.5), e a santificação (2 Ts 2.13; 1 Pe 1.2). O Espírito Santo é mencionado no AT como “Espírito” (Gn 1.2; Êx 31.3; 104.30; Is 44.3;
37.14). Já no NT, onde se dá especificamente a dispensação do Espírito, Ele é
mais citado como “Espírito Santo”, o que destaca seu principal ministério na
igreja: santificar o crente. Essa distinção de ofício do Espírito Santo no
Antigo e NT é claramente percebida em 2 Corintios 3.7,8. Segundo Champlin (2004, p. 649) “o Espírito
Santo trabalha no caráter básico de todos nós, porém, o nosso próprio
desenvolvimento, apressa ou
retarda essa atuação do Espírito”.
3.2
- A Palavra. A Palavra de Deus tem a função de santificar o homem (Sl 119.9; Jo
15.3; 17.17). Paulo disse a Timóteo que
“a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para
redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus
seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” . Os símbolos da
Palavra também aludem a sua capacidade de moldar o caráter humano, tais como:
(a)
o fogo que derrete o ferro (Jr 23.29-a);
(b)
o martelo que esmiúça a pedra (Jr 23.29-b); e,
(c)
a tesoura que poda os ramos frutíferos (Jo 15.2).
3.3
- As provações. Os termos empregados na Bíblia para provação são no hebraico é
“massah”e no grego “peirasmos” que
significam respectivamente: “prova, provação, teste da fé”. Já o verbo correspondente,“peirazein”
é traduzido por “tentação
dirigida para um fim proveitoso”, em alusão as tentações com propósitos e
efeitos benéficos (VINE, 2002, p.1014).
A estrada da maturidade da fé é um teste constante, no qual as pressões da vida
cooperam em forma de “provações”(Tg
1.2), as quais quando enfrentadas com fé e perseverança, nos tornam “maduros e completos”(Tg 1.4). Diversos
personagens da Bíblia tiveram seu caráter moldado pelas situações adversas que
enfrentaram, a saber:
(a) Abrão
amadureceu na fé através circunstâncias difíceis pelas quais foi submetido (Gn
12.1-3; 10-20; 22.1-18);
(b)
as aflições que José enfrentou o prepararam e o conduziram para o que Deus
prometeu (Gn 45.5-8); e,
(c)
o deserto e a escassez de alimentos serviram para moldar a nação de Israel (Dt
8.1-3).
Paulo
tinha essa consciência, por isso asseverou: “E sabemos que todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).
IV
– FIGURAS QUE DEMONSTRAM A MANEIRA COMO DEUS MOLDA O NOSSO CARÁTER
4.1
- O oleiro. O oleiro é um profissional capaz de transformar um pedaço de barro
informe, em peças úteis para as mais diversas funções. Em Jeremias 18.1-6,
observamos Deus orientando Jeremias a ir a Casa do Oleiro para observar este trabalhando,
pois queria lhe transmitir uma mensagem acerca de Judá. Deus lhe disse que
assim como o oleiro refez o vaso que se quebrou em suas mãos, de igual forma,
Ele poderia restaurar seu povo ou qualquer nação que arrependida reconhecesse
seus pecados (Jr 18.6-a). Três lições importantes aprendemos neste texto:
(a) a
figura do oleiro nos mostra como Deus pode moldar o caráter de uma pessoa (Jr
18.6-a);
(b) o barro ilustra a nossa
fragilidade (Jr 18.6-b); e,
(c) o
barro necessita estar nas mãos do oleiro, completamente rendido a sua vontade;
se se quebrar poderá ser refeito, se endurecer será rejeitado (Jr 18.4; 7-10).
4.2
- O ourives. O ourives é aquele que trabalha em ouro e prata retirando a
escória e moldando estes metais. O ourives
senta-se diante do cadinho com os olhos
fitos no metal fundido. Toma cuidado para que o fogo não esteja muito quente. Permanece
nessa posição até que a sua imagem seja refletida na brilhante massa. Então, e
somente então, sabe que a prata está pronta para ser moldada. Em Malaquias 3.3
observamos Deus utilizando-se dessa profissão para transmitir através do profeta
Malaquias a mensagem de que como o ouvires purifica a prata, Deus purificaria o
caráter dos filhos de Levi. O apóstolo Pedro também diz aos cristãos que a fé é
provada pelo sofrimento, como o ouro é provado pelo fogo (1 Pe 1.7).
4.3
- O agricultor. Em João 15, Jesus ilustra como o Pai trata os ramos que estão
ligados na videira que é Cristo. Além de cortar os ramos que não dão frutos, é
responsabilidade do agricultor limpar os ramos que dão fruto “e limpa toda aquela que dá fruto” (Jo
15.2-b). Esse ato é chamado de poda, e que pode ser comparado com o processo da
santificação progressiva, onde Deus retira dia a dia da nossa vida, algumas
coisas que não se coadunam com a conduta de um cristão verdadeiro. E isto, é
claro exige a nossa participação (Lv 20.27; I Pe 1.15-16; 2 Tm 2.21; Hb 12.14;
Ap 22.11). A palavra é como a tesoura do
agricultor que remove áreas infrutíferas da nossa vida (Hb 4.12; Ef 6.17).
CONCLUSÃO
Depois
de alçançados pelo evangelho do Senhor Jesus Cristo, fomos regenerados, e a
imagem de Deus em nós foi restaurada, isto foi um ato instantâneo. Todavia, a
santificação é um processo, no qual Deus como um oleiro, ourives e agricultor
nos aperfeiçoa dia a dia, a fim de aperfeiçoar e moldar o nosso caráter, a fim
de que pareçamos com Cristo Jesus. Nossa participação consiste em nos rendermos
completamente à Sua vontade.
REFERÊNCIAS
CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia.HAGNOS.
FERREIRA,
Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO.
GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
GILBERTO,
Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.