domingo, 26 de março de 2017

LIÇÃO 01 – A FORMAÇÃO DO CARÁTER CRISTÃO (Ef 4.17-24) - 2º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente Ailton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP 50040-000 - Fone: 3084 1524

LIÇÃO 01 – A FORMAÇÃO DO CARÁTER CRISTÃO (Ef 4.17-24) - 2º TRIMESTRE 2017


INTRODUÇÃO
Neste segundo trimestre de 2017 estudaremos sobre:  “O Caráter do Cristão – Moldado pela Palavra de Deus e provado como o ouro”. Nesta primeira lição traremos algumas definições de caráter; falaremos da natureza do caráter do homem antes e depois do pecado, e de como ele pode ser restaurado mediante a operação do Espírito Santo; trataremos ainda de quais os instrumentos que Deus usa para moldar o homem já regenerado; e, finalizaremos destacando três figuras que mostram como Deus pode modificar aqueles que se submetem a Ele. 

I – DEFINIÇÕES
1.1 - Caráter. Esta palavra é definida pelo Aurélio (2004, p. 402) como sendo “o conjunto dos traços particulares, o modo de ser de cada indivíduo, ou de um grupo”. Champlin (2004, p. 648 – acréscimo nosso) diz que “alguns estudiosos supõem que o caráter e as características da personalidade são frutos do desenvolvimento, com base na experiência de cada um, condicionadas pelo meio ambiente  do lar; da comunidade; da escola; do trabalho, da religião e sua prática; da comunicação em massa”.

1.2 - Caráter cristão.  Esse tipo de caráter é implantado no crente por ocasião da regeneração. Este termo se origina da expressão grega “paliggenesia”, que significa: “novo nascimento, renovação, recriação” (Jo 3.5; 2 Co 5.17; Tt 3.5). É por meio do novo nascimento que a imagem de Deus é restaurada no homem, o Espírito Santo passa a residir nele, produzindo as virtudes de Cristo, a medida que este se deixa conduzir pelo Espírito (Gl 5.22).

II - A NATUREZA DO CARÁTER DO HOMEM
A criação de todas as coisas chegou a seu ápice quando, no sexto dia, o Senhor criou o primeiro homem, o qual, juntamente com sua esposa, teria domínio sobre a Terra e suas criaturas (Gn 1.26,27).  Antes de registrar a criação do homem, o escritor inspirado nos leva de volta, por assim dizer, ao conselho de Deus, pondo-nos em conhecimento do decreto divino com as palavras: “Façamos o homem [...]”(Gn 1.26). Portanto, a criação do homem segundo as Escrituras adveio de um ato imediato de Deus. Quanto aos animais o relato bíblico nos informa que Deus os fez conforme a sua espécie, já quanto ao homem, o Criador o fez distinto das demais criaturas, o fez a “sua imagem e semelhança” (Gn 1.26,27). Abaixo destacaremos a natureza do caráter do homem em três fases:

2.1 - Antes da Queda. De acordo com o livro de Gênesis, Adão e Eva foram criados em total inocência. Não havia nenhum tipo de malícia na sua natureza ou no ambiente onde eles foram inseridos. Eles  “não se envergonhavam”(Gn 2.25), e ainda não conheciam o “bem e o mal”(Gn 3.5). Salomão diz que  “Deus fez o homem reto”(Ec 7.29). Segundo Geisler (2010, p. 12), apalavra hebraica para designar “reto” é “yashar”, e significa “retidão” “honestidade” ou “integridade”. O homem era perfeito em santidade, retidão e justiça, e essas qualidades eram reflexo dos atributos morais e imanentes de Deus no homem (Lv 20.7; Ef 4.24; 1 Jo 2.29). Cabral (2008, p. 306) acrescenta dizendo: “o homem, como imagem de Deus, foi dotado de atributo moral, isto é, de justiça original. Porém, essa justiça não era imutável; havia a possibilidade de pecado. Ele foi dotado de livre-arbítrio”.

2.2 - Depois da Queda. Após a Queda, a natureza moral do homem foi corrompida pelo pecado (Rm 1.18-32; 3.23), e o homem que era santo e perfeito, tornou-se pecador e imperfeito (Gn 6.3,5; Rm 3.9-23; Gl 5.19-22). Portanto, “a imagem de Deus foi obscurecida, mas não completamente erradicada pela Queda; ela foi corrompida (afetada), mas não eliminada (aniquilada)” (GEISLER, 2010, p. 109). A respeito do pecado é importante destacar duas verdades, a saber:

(a) não foi a mulher a culpada pelo pecado de Adão, nem Deus, nem o diabo (Gn 3.12,13). O homem é um ser livre, por isso é responsável pelos seus atos, logo, Adão pecou por sua livre-vontade (Os 6.7; Rm 5.12; Tg 1.13). É bom destacar também que o pecado de Adão não apenas o afetou, mas estendeu-se a toda a raça humana, é o que chamamos de “culpa herdada ou imputada” (Rm 5.12). Sendo assim, toda a raça humana passou a ser pecadora por natureza a partir de Adão.  Aos olhos de Deus, o pecado de Adão foi o pecado de todos os seus descendentes, de modo que nós já nascemos pecadores (Rm 3.23; 7.23; Ef 2.1-2; Mt 15.18-19; Hb 6.1; 9.14).

2.3 - A partir do novo nascimento. A partir da obra de Cristo na cruz do Calvário, mediante a ministração do Espírito Santo, é que o homem poderá ser revestido de uma  “nova natureza”, criada segundo Deus,  “em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24; 1 Co 1.30). Portanto, embora o pecado tenha desfigurado a imagem de Deus no homem, através do novo nascimento que é uma mudança interior (Tt 3.5), o homem recebe a natureza divina (2 Pe 1.4), e por meio da santificação que é um processo, este mesmo homem é transformado paulatinamente (1 Ts 5.23; I Pe 1.15,16).

III – O QUE DEUS UTILIZA PARA FORMAR O CARÁTER DOS SEUS SERVOS
3.1 - O Espírito Santo. O Espírito de Deus ocupa-se da tarefa de nossa transformação espiritual, desde o convencimento do pecado (Jo 16.8), a regeneração (Jo 3.5; Tt 3.5), e a santificação (2 Ts 2.13; 1 Pe 1.2).  O Espírito Santo é mencionado no AT como  “Espírito” (Gn 1.2; Êx 31.3; 104.30; Is 44.3; 37.14). Já no NT, onde se dá especificamente a dispensação do Espírito, Ele é mais citado como “Espírito Santo”, o que destaca seu principal ministério na igreja: santificar o crente. Essa distinção de ofício do Espírito Santo no Antigo e NT é claramente percebida em 2 Corintios 3.7,8.  Segundo Champlin (2004, p. 649) “o Espírito Santo trabalha no caráter básico de todos nós, porém, o nosso próprio desenvolvimento, apressa ou retarda essa atuação do Espírito”.

3.2 - A Palavra. A Palavra de Deus tem a função de santificar o homem (Sl 119.9; Jo 15.3; 17.17). Paulo disse a Timóteo que  “a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” . Os símbolos da Palavra também aludem a sua capacidade de moldar o caráter humano, tais como:

(a) o fogo que derrete o ferro (Jr 23.29-a);
(b) o martelo que esmiúça a pedra (Jr 23.29-b); e,
(c) a tesoura que poda os ramos frutíferos (Jo 15.2).

3.3 - As provações. Os termos empregados na Bíblia para provação são no hebraico é “massah”e no grego “peirasmos” que significam respectivamente: “prova, provação, teste da fé”. Já o verbo correspondente,“peirazein” é  traduzido por “tentação dirigida para um fim proveitoso”, em alusão as tentações com propósitos e efeitos benéficos (VINE, 2002, p.1014). A estrada da maturidade da fé é um teste constante, no qual as pressões da vida cooperam em forma de “provações”(Tg 1.2), as quais quando enfrentadas com fé e perseverança, nos tornam  “maduros e completos”(Tg 1.4). Diversos personagens da Bíblia tiveram seu caráter moldado pelas situações adversas que enfrentaram, a saber:

(a) Abrão amadureceu na fé através circunstâncias difíceis pelas quais foi submetido (Gn 12.1-3; 10-20; 22.1-18);
(b) as aflições que José enfrentou o prepararam e o conduziram para o que Deus prometeu (Gn 45.5-8); e,
(c) o deserto e a escassez de alimentos serviram para moldar a nação de Israel (Dt 8.1-3).

Paulo tinha essa consciência, por isso asseverou: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).

IV – FIGURAS QUE DEMONSTRAM A MANEIRA COMO DEUS MOLDA O NOSSO CARÁTER
4.1 - O oleiro. O oleiro é um profissional capaz de transformar um pedaço de barro informe, em peças úteis para as mais diversas funções. Em Jeremias 18.1-6, observamos Deus orientando Jeremias a ir a Casa do Oleiro para observar este trabalhando, pois queria lhe transmitir uma mensagem acerca de Judá. Deus lhe disse que assim como o oleiro refez o vaso que se quebrou em suas mãos, de igual forma, Ele poderia restaurar seu povo ou qualquer nação que arrependida reconhecesse seus pecados (Jr 18.6-a). Três lições importantes aprendemos neste texto:

(a) a figura do oleiro nos mostra como Deus pode moldar o caráter de uma pessoa (Jr 18.6-a);
(b) o barro ilustra a nossa fragilidade (Jr 18.6-b); e,
(c) o barro necessita estar nas mãos do oleiro, completamente rendido a sua vontade; se se quebrar poderá ser refeito, se endurecer será rejeitado (Jr 18.4; 7-10).

4.2 - O ourives. O ourives é aquele que trabalha em ouro e prata retirando a escória e moldando estes metais.  O ourives senta-se  diante do cadinho com os olhos fitos no metal fundido. Toma cuidado para que o fogo não esteja muito quente. Permanece nessa posição até que a sua imagem seja refletida na brilhante massa. Então, e somente então, sabe que a prata está pronta para ser moldada. Em Malaquias 3.3 observamos Deus utilizando-se dessa profissão para transmitir através do profeta Malaquias a mensagem de que como o ouvires purifica a prata, Deus purificaria o caráter dos filhos de Levi. O apóstolo Pedro também diz aos cristãos que a fé é provada pelo sofrimento, como o ouro é provado pelo fogo (1 Pe 1.7).

4.3 - O agricultor. Em João 15, Jesus ilustra como o Pai trata os ramos que estão ligados na videira que é Cristo. Além de cortar os ramos que não dão frutos, é responsabilidade do agricultor limpar os ramos que dão fruto  “e limpa toda aquela que dá fruto” (Jo 15.2-b). Esse ato é chamado de poda, e que pode ser comparado com o processo da santificação progressiva, onde Deus retira dia a dia da nossa vida, algumas coisas que não se coadunam com a conduta de um cristão verdadeiro. E isto, é claro exige a nossa participação (Lv 20.27; I Pe 1.15-16; 2 Tm 2.21; Hb 12.14; Ap 22.11).  A palavra é como a tesoura do agricultor que remove áreas infrutíferas da nossa vida (Hb 4.12; Ef 6.17).

CONCLUSÃO
Depois de alçançados pelo evangelho do Senhor Jesus Cristo, fomos regenerados, e a imagem de Deus em nós foi restaurada, isto foi um ato instantâneo. Todavia, a santificação é um processo, no qual Deus como um oleiro, ourives e agricultor nos aperfeiçoa dia a dia, a fim de aperfeiçoar e moldar o nosso caráter, a fim de que pareçamos com Cristo Jesus. Nossa participação consiste em nos rendermos completamente à Sua vontade.

REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia.HAGNOS.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO.
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 20 de março de 2017

LIÇÃO 13 – UMA VIDA DE FRUTIFICAÇÃO (Jo 15.1-6) - 1º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 13 – UMA VIDA DE FRUTIFICAÇÃO  (Jo 15.1-6) - 1º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta última lição deste trimestre, destacaremos à luz de João 15 que Jesus se identificou com uma videira, o Pai como o agricultor e os crentes como os ramos que estão nele ligados. Tal metáfora tem o propósito de nos mostrar que a partir do momento que aceitamos a Cristo fomos enxertados nele e que estando nessa posição podemos gerar os frutos que glorificam o Pai que está nos céus.

I – A METÁFORA DA VIDEIRA
O Evangelho de João registra sete vezes a declaração de “Eu Sou” proferidas por Jesus. Ele usa essa construção para fazer asserções sobre si mesmo como o “pão da vida” (Jo 6.35), a “luz do mundo” (Jo 8.12), “a porta” (Jo 10.7), “o bom Pastor” (Jo 10.11), “a ressurreição e a vida” (Jo 11.25), o “caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14.6), “a videira” (Jo 15.1). Zuck (2008, p. 202) diz que “cada uma dessas metáforas ilustra algum aspecto da pessoa e da obra de Jesus”. Analizemos João 15.1, quando Jesus disse: “Eu sou a videira verdadeira [...]” . Vejamos nesta metáfora quais a figuras que a compõe e seus significados:

1.1 - Cristo é a videira. Jesus identifica-se nesta metáfora como a videira (Jo 15.1-a). Esta é uma planta cultivada no mundo inteiro por seus deliciosos frutos, as uvas. Talvez Ele tenha proferido este sermão logo após a comemoração da Páscoa e instituição da Ceia, onde junto com os seus discípulos haviam tomado “o fruto da vide” – o vinho (Mt 26.27-29; Mc 14.25; Lc 22.18). Sobre essa ilustração Champlin (2004, p. 652) diz: “a videira é um organismo vivo, que supre vida a outros organismos vivos. Assim também sucede no caso de Cristo, que vive mas também outorga vida a outros. Wycliffe (2007, p. 722), por sua vez acrescenta dizendo: “como a videira verdadeira”, Ele provê a vitalidade necessária para a frutificação”. Quando Jesus usa a expressão “videira verdadeira” para descrever a si mesmo, implicitamente faz também alusão a “videira falsa”. Em Habacuque 3.17 é dito que as árvores frutíferas que não dão fruto “mentem”.

1.2 - O Pai é o lavrador. O lavrador ou agrilcultor dessa ilustração é uma figura do Pai: “[...] meu Pai é o lavrador”. A expressão “lavrador” segundo Aurélio (2004, p. 1189) significa: “aquele que trabalha na lavoura”. Champlin (2004, p. 539) diz que “Deus Pai é comparado aqui ao proprietário da vinha, que pessoalmente pode ocupar-se em podar as videiras”. Para se cultivar uma vinha era necessário bastante esforço. Isaías fez uma descrição vívida do trabalho envolvido no preparo, plantio e cultivo de uma vinha (Is 5.1-7). Deus é o proprietário e tratador da videira. Henry (2008, p. 988) diz que: “Deus tem não somente a propriedade da videira e de todos os ramos, mas também o cuidado deles. Ele cuidou de Cristo, a raiz, e o sustentou, e o fez florescer em uma terra seca. Ele cuida de todos os ramos, e os poda, e os vigia, para que nada os danifique”.

1.3 - Os crentes são os ramos. Aqueles que nasceram de novo são comparados aos ramos ou galhos desta videira: “Eu sou a videira, vós as varas” (Jo 15.5-a). A princípio não estávamos enxertados em Cristo, mas quando recebemos a Cristo como nosso Salvador fomos enxertados pelo Espírito Santo em Cristo. Paulo usando outra metáfora tratou desta verdade dizendo: “e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado […], e feito participante da raiz e da seiva da oliveira” (Rm 11.17). Este ato é chamado de Batismo (1 Co 12.13; Gl 3.27). Gilberto (2008, p. 187) diz: “o Espirito Santo realiza esse batismo espiritual no momento da nossa conversão, inserindo o crente na Igreja”.

1.4 - O Espírito Santo é a seiva. Embora não encontremos diretamente a citação da participação do Espírito na metáfora da videira verdadeira proferida por Jesus, por inferência, vemos a sua atuação na figura da seiva que corre por dentro da árvore espalhando-se para os ramos. Paulo nos diz que fomos feitos participantes da seiva (Rm 11.17). A palavra “seiva” segundo Aurélio (2004, p. 1823) é “um líquido que círcula no organismo vegetal”. A função da seiva é transmitir a vida da árvore para os ramos a fim de que possam produzir frutos. Semelhantemente o Espírito Santo em nós comunica-nos a vida de Cristo, habitando em nós (Jo 3.6-8; Jo 14.17; I Co 6.19), nos levando a produzir frutos (Gl 5.22).

II – AS ATITUDES DO AGRICULTOR EM RELAÇÃO A VIDEIRA
Além de plantar a videira, é responsabilidade do agricultor cuidar dela, afim de que seus ramos possam atingir o objetivo da frutificação. Vejamos quais as atitudes do agricultor que ilustram o cuidado do Pai em relação à sua igreja:

2.1 - Corta a que não dá fruto. O propósito do ramo é dar fruto; se o ramo não faz isso, não tem valor algum para o lavrador, tornando-se inútil: “toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira” (Jo 15.2-a). Diversas vezes a Bíblia exorta quanto a possibilidade de Deus cortar pessoas que não dão fruto. Vejamos:

(a) João Batista afirmou que o machado está posto a raiz das árvores que não produzem bons frutos (Mt 3.10);
(b) Jesus também exortou aos falsos profetas sobre isso (Mt 7.19,20); em forma de parábola o Mestre exortou aos judeus, comparando-os como uma figueira que há três anos não dava frutos ao seu proprietário, correndo o risco de ser cortada (Lc 13.1-9). Paulo, por sua vez, disse que embora os judeus fossem ramos naturais, por causa da incredulidade foram desligados da oliveira (Rm 11.7-a; 11.20-a). O apóstolo aproveitou para exortar aos gentios que não se ensoberbecessem por terem sido enxertados na oliveira, mas que considerassem a bondade e a severidade de Deus. Pois se Deus cortou os naturais por causa da rebeldia, quanto mais não o fará com os enxertados (Rm 11.20-22). Não podemos ser estéreis nem dar frutos maus (2 Pe 1.8; Ef 2.10).

2.2 - Limpa a que dá fruto. Além de cortar os ramos que não dão frutos, é responsabilidade do agricultor limpar os ramos que dão fruto “e limpa toda aquela que dá fruto” (Jo 15.2-b). Esse processo é chamado de poda. O Aurélio (2004, p. 1584) diz que “podar” significa: “cortar ramos ou folhas de plantas”. Esse processo pode ser chamado de santificação progressiva, onde Deus retira dia a dia da nossa vida, algumas coisas que não se coadunam com a conduta de um cristão verdadeiro. E isto, é claro exige a nossa participação (Lv 20.27; I Pe 1.15-16; 2 Tm 2.21; Hb 12.14; Ap 22.11). Jesus deixou claro que a poda com o ramo frutífero tem um objetivo definido: “para que dê mais fruto” (Jo 15.2-c). Jesus disse que somos limpos pela palavra “vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3). A palavra é como a tesoura do agricultor que remove áreas infrutíferas da nossa vida (Hb 4.12; Ef 6.17). Champlin, (2004, p. 654) diz: “não pode haver fruição, presente ou futura, sem a poda, isto é, a disciplina (Hb 12.5-7)”.

III – TRÊS CONDIÇÕES PARA DAR FRUTO
Já vimos que o agricultor proporciona todas as condições necessárias para que o ramo produza frutos, no entanto ele pode ainda assim não produzir. Este portanto, é um problema do ramo (Jo 15.2). De igual forma, o Pai, nos dá todas as condições para que possamos produzir o fruto do Espírito. Ele nos ligou a Cristo, nos fazendo participantes da raiz e da seiva (Rm 11.17). Todavia, se faz necessário a nossa colaboração (Gl 5.16). Champlin (2004, p. 654) afirma que: “a produção espiritual se dá pelo labor do Espírito, mas deve contar com a cooperação da vontade humana (Gl 5.22; Fp 2.12; Tg 2.22)”. Portanto, os ramos só podem dar os devidos frutos se atenderem alguns pré-requisitos, a saber:

3.1 - Estar na videira. Assim como os ramos não podem frutificar se não estiverem ligados a videira, Jesus explica que o homem por si só não pode produzir suas características morais sem estar nele “Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim” (Jo 15.4). Paulo chama as virtudes de Gálatas 5.22 de fruto do Espírito, corroborando com o ensinamento de Cristo de que tais qualidades são produzidas pelo Espírito no homem quando este nasce de novo (2 Co 5.17; Tg 1.18; 1 Pe 1.23). A expressão “estai em mim, e eu em vós”, fala de ligação, comunhão. Isto significa dizer que: um ramo separado da árvore, seca e morre. De igual forma se não estivermos em Cristo cultivando diariamente uma vida de comunhão nossa vida secará e não conseguiremos produzir os devidos frutos “se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem” (Jo 15.6).

3.2 - Depender da videira. Dentre as muitas lições que Jesus quis ensinar com esta metáfora a mais destacável delas foi a humildade: “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Assim como o ramo é totalmente dependente da árvore para existir e produzir frutos, seus discípulos também são. Sem Cristo, o que produzimos é obra da carne (Gl 5.19-21). Somente com ele produzimos o fruto (Gl 5.22). É necessário entender que a parte mais importante da árvore não é o ramo para gerar o fruto, mas a árvore e principalmente a raiz, pois a árvore sobrevive sem ramo, mas o ramo não sobrevive sem a árvore. Todos os membros do corpo são importantes mas nenhum deles supera a importância da cabeça. Pois nenhum corpo sobrevive sem cabeça. Cristo é chamado de raiz e de cabeça, devido a sua importância vital (Is 11.1; 53.2; Rm 11.18; Ef 1.22; 4.15; 5.23; Cl 1.18; 2.10).

3.3 - Permanecer na videira. Jesus disse que era necessário o ramo permanecer na videira para poder frutificar (Jo 15.9,10). O verbo “permanecer” segundo o Aurélio (2004, p. 1542) significa: “persistir, perseverar, insistir”. Na parábola do semeador Jesus disse que a semente que caiu em boa terra “são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança” (Lc 8.15). Se descuidarmos do nosso contato constante com Cristo, deixaremos de frutificar. A Bíblia está repleta de exortações quanto à perseverança, por exemplo: a perseverar na fé (2 Co 13.5; Hb 10.38.39); na oração (Rm 12.12; Ef 6.18); na santificação (Fp 3.13,14; 2 Jo 1.9); no amor (Jo 15.9); no verdadeiro evangelho (I Tm 4.16); e, por fim, em Cristo (1 Jo 2.28).

CONCLUSÃO
Estar, depender e permanecer são três atitudes que todos aqueles que professam a sua fé em Cristo devem tomar, a fim de que possam pelo Espírito Santo produzir os frutos que revelam que de fato estamos nele e Ele em nós. Esta aula nos ensinou: qual a nossa posição: “somos ramos”; condição: “somos dependentes”; e, responsabilidade: “dar frutos”.

REFERÊNCIAS
BRUCE, F.F. João: Introdução e comentário. MUNDO CRISTÃO
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO.
GILBERTO, Antonio. O fruto do Espírito: a plenitude de Cristo na vida do crente. CPAD.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. CPAD.

segunda-feira, 13 de março de 2017

LIÇÃO 12 – QUEM AMA CUMPRE PLENAMENTE A LEI DIVINA (Rm 12.8-14) – 1º TRIMESTRE DE 2017

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LIÇÃO 12 – QUEM AMA CUMPRE PLENAMENTE A LEI DIVINA (Rm 12.8-14) – 1º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição aprenderemos com o apóstolo Paulo, que o amor é a suprema virtude cristã e não um mero sentimento como é difundido pela sociedade hodierna; que o amor como fruto do Espírito, só encontra guarida na vida daquele que é nascido de novo (1Jo 4.7,8); também destacaremos a abrangência dessa virtude na vida cristã, e por fim, veremos algumas das suas características.

I – O AMOR E O SEU SIGNIFICADO À LUZ DA BÍBLIA
Em função de conceitos errôneos a respeito dessa palavra em nossos dias, e em virtude de que há alguns termos que também são traduzidos por amor nas Escrituras, precisamos ter em mente o conceito empregado por Paulo, quando fala do amor como virtude do fruto do Espírito. Notemos:

1.1 - Definição do termo. Do grego “agape”, como substantivo aparece 116 vezes, e como verbo “agapao” aparece 142 vezes no Novo Testamento (CHAMPLIN, 2004, p. 139); trata-se de: “uma virtude que predispõe alguém desejar o bem de outrem; uma preocupação altruísta”. É a palavra característica do cristianismo, usada no Novo Testamento para descrever:

(a) a atitude de Deus para com o seu Filho (Jo 17.26), para com o gênero humano, em geral (Jo 3.16; Rm 5.8), e para com aquele que crê no Senhor Jesus Cristo, em particular (Jo 14.21);
(b) a atitude que deve haver entre os irmãos (Jo 13.34: 1Jo 4.21) e para com todos os homens (1Ts 3.12; 1Co 16.14; 2Pe 1.7); e
(c) a natureza essencial de Deus (1Jo 4.8,16) (VINE, 2002, p. 395 – acréscimo nosso).

1.2 - Como atributo Divino. Esse é o atributo de Deus mais “conhecido” e infelizmente também mal entendido por muitos, pois, fundamentados em um conceito errado justificam suas práticas pecaminosas, apoiando-se no amor divino “[…] Deus é amor” (1Jo 4.8); usando em alguns casos de forma errônea, a conhecida expressão: “Deus ama o pecador e aborrece o pecado”, como se essa frase estivesse afirmando absolutamente, que Deus abomina apenas a prática e não pune o praticante. A Bíblia declara que a ira de Deus é revelada contra toda impiedade (Rm 1.18); também fala da ira Divina contra os indivíduos que vivem na prática do pecado (Sl 5.5,6; Rm 2.5). O amor de Deus não pode ser separado nem isolado da Sua santidade (Rm 11.22). A Bíblia destaca alguns aspectos do amor de Deus:

(a) Ele é imparcial (Dt 10.17; At 10.34; Rm 2.11);
(b) universal (Jo 3.16);
(c) eterno (Jr 31.3);
(d) inesgotável (Ef 3.17-19);
(e) sacrificial (Ef 5.25; Hb 7.27)
(WILLMINGTON, 2015, p. 39).

1.3 - Como fruto do Espírito. Paulo declara que o amor como é a maior das virtudes cristãs (1Co 13.13; Cl 3.14); por esse motivo, instruiu os crentes de Éfeso sobre a importância do amor como alicerce da vida do cristão (Ef 3.17; 4.2,16; 5.2; 6.23). Numa análise do fruto do Espírito, apontando o amor como o aspecto destacado do mesmo fruto, escreve o Dr. Boyde: “Gozo é o amor obedecendo. Paz é o amor repousando. Longanimidade é o amor sofrendo. Benignidade é o amor mostrando compaixão. Bondade é o amor agindo. Fé é o amor confiando. Mansidão é o amor suportando. Temperança é o amor controlando” (OLIVEIRA, 1987, p. 140 – acréscimo nosso). O amor é o solo onde são cultivadas as demais virtudes espirituais (Gl 5.22); é a prova da verdadeira espiritualidade e tem início na regeneração (1Jo 4.7,8); é uma marca distintiva de quem pertence à família de Deus (Mt 5.44,45; Jo 14.21; 15.10). O amor como característica do fruto do Espírito, consiste de querer para os outros, aquilo que queremos para nós mesmos, é a dedicação ao próximo e isso por meio do Espírito Santo (Rm 5.2); o amor inspira e vitaliza a fé (Gl 5.6); de sorte que o cumprimento da lei é o amor “O amor não faz mal ao próximo […]” (Rm 13.10).

II – AS TRÊS DIMENSÕES DO AMOR
2.1 - A dimensão vertical: amor em direção a Deus. Amar a Deus é nosso maior dever e privilégio; pois, devemos amar a Deus de todo o nosso coração, alma, forças e entendimento (Dt 6.5; Mt 22.37; Mc 12.29,30,33; Lc 10.27). A palavra “coração”, como é usada na Bíblia, não se refere ao órgão físico; diz respeito ao nosso ser interior, envolvendo nosso espírito e alma. Devemos amar a Deus com toda a nossa mente, intelecto, vontade, força e emoções. Quando amamos a Deus com amor “agape”, também amamos tudo o que é dEle e tudo o que Ele ama. Amamos sua Palavra, seus filhos, sua obra, sua igreja, etc (Sl 26.8; 119.97,159; 1Jo 5.1). O teste deste amor é a obediência, o amor cristão tem Deus por seu objeto primário, e se expressa em obediência aos Seus Mandamentos (Jo 14.15,21,23; 15.10; 1Jo 2.5). Jesus disse: “Se me amardes, guardareis [obedecereis] os meus mandamentos” (Jo 14.15). “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda [obedece], este é o que me ama […]” (Jo 14.21). “[…] se alguém me ama, guardará [obedecerá] a minha palavra […] Quem não me ama não guarda [obedece] as minhas palavras” (Jo 14.23,24).

2.2 - A dimensão horizontal: amor em Direção ao próximo. Não podemos amar ao próximo com amor “agape”, a menos que amemos a Deus primeiramente. É o Espírito Santo que produz o fruto em nós; que nos capacita a cumprir o segundo maior mandamento da lei: “[…] Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19.18-b). Em sua primeira epístola, o apóstolo João enfatizou a importância do amor na dimensão horizontal (1Jo 4.7,8,12,20). É pelo amor ao próximo que somos conhecidos como discípulos: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13.35). É pelo amor como fruto do Espírito que demonstramos que passamos da morte para a vida: “Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte” (1Jo 3.14). É pelo amor que demonstramos que somos nascidos de Deus: “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1Jo 4.7). É pelo amor que demonstramos que conhecemos a Deus: “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor” (1Jo 4.8); também nos impulsiona a ajudar o próximo (1Jo 3.17,18). O amor “agape” nos capacita a amar não apenas os nossos amigos, mas até nossos inimigos (Lc 6.27-36).

2.3 - A dimensão interior: amor a si mesmo. Talvez pareça estranho e até egoísta para alguém a verdade de que devemos amar a nós mesmos, contudo, o amor “agape” implica em amar a si, pois quando Jesus disse que devemos amar nosso próximo como a nós mesmos (Mt 22.39; Mc 12.33; Lc 10.27); ele reconheceu que é natural cuidarmos de nossas necessidades humanas (Mt 6.31,32); e que o amor como fruto do Espírito, faz também com que nos preocupemos com o nosso eu espiritual (1Tm 4.16). Devemos nos ver como Cristo nos vê, como pecador salvo pela graça, como ser humano feitos à semelhança de Deus, criado para glorificá-lo. Cada uma destas três dimensões do amor são dependentes uma das outras (GILBERTO, 1995, pp. 38,39 – acréscimo nosso).

III – CARACTERÍSTICAS DO AMOR
3.1 - Sincero (Rm 12.9). O amor como fruto do Espírito tem como marca a sinceridade e pureza; por essa razão sua manifestação dever ter esse traço sem fingimento ou hipocrisia (2Co 6.6); não deve possuir máscara, o amor não deve ser teatral, antes deve ser autêntico, genuíno. O apóstolo João expressa esse mesmo pensamento quando escreve: “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (1Jo 3.18). De acordo com Champlin: “O crente deve ser sincero, e não um ator na vida. Seu amor precisa ser autêntico, genuíno, sem fraude e espetaculosidade, não desempenhando meramente um ato conveniente, que exiba por alguma razão inerentemente egoísta” (2005, p. 816).

3.2 - Afetuoso (Rm 12.10). Paulo usa neste versículo duas palavras gregas para amor respectivamente: “philadelphia” e “philostorgos”; a primeira descreve o amor fraternal, ou seja, o amor de irmãos e irmãs uns pelos outros; a segunda descreve a afeição natural que sentimos pelos nossos familiares, tipicamente o amor dos pais pelos filhos. Ambas as palavras eram aplicadas a relações de sangue dentro da família humana. Devemos amar nossos irmãos em Cristo como amamos os membros da nossa família de sangue (LOPES, 2010, pp. 408,409). O amor aos irmãos é sinal de que possuímos a vida eterna, conforme aprendemos: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte” (1Jo 3.14; 1 Ts 5.9; Hb 13.1; 1Pe 1.22; 2 Pe.1.7).

3.3 - Sofredor ou Paciente (1Co 13.4). A palavra grega “makrothumia” é paciência esticada ao máximo. O amor é paciente ou “longânimo” e lento para irar-se, e não se ofende ante o primeiro insulto. Quem ama tem um ânimo longo. O amor é paciente com as pessoas. Ele tem a capacidade de andar a segunda milha; quando alguém o fere, ele dá a outra face; ele não paga ultraje com ultraje (1Pe 2.23; Ef 4.2); “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Co 13.7).

3.4 - Benigno (1Co 13.4). A palavra “benigno” dá a ideia de reagir com bondade aos que nos maltratam e ser doce para com todos. Ser benigno do grego “chrestotes” é ter um tipo de bondade e de cortesia que vem do coração e que representa a contrapartida ativa da paciência. (BEACON, 2006, p. 345). A pessoa que a lei da amabilidade está em seus lábios; seu coração é grande e sua mão está aberta. Ela está pronta para mostrar favores e praticar o bem; procura ser útil; e não somente aproveita oportunidades para fazer o bem, mas as busca (Rm 2.4; 2 Co 6.6; Gl 5.22; Tt 3.4).

CONCLUSÃO
Todas as nossas atitudes se não estiverem fundamentadas no verdadeiro amor, não tem valor algum, pois ele é vínculo da perfeição (Cl 3.14); uma dívida que temos para com o próximo “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros […]” (Rm 13.8-a); e quem exercita o amor como fruto do Espírito cumpre a lei (Rm 13.8,10).

REFERÊNCIAS
BEACON. Comentário Bíblico Romanos a 1e 2 Coríntios. CPAD.
CHAMPLIN, Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. HAGNOS.
LOPES, Hernandes dias. Comentário Expositivo Romanos. HAGNOS.
OLIVEIRA, Raimundo. As Grandes Doutrinas da Bíblia. CPAD
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E et al. Dicionário Vine. CPAD.
WILLMINGTON, Harold L. Guia de Willmington para a Bíblia-Vol.2. ACADÊMICO.

segunda-feira, 6 de março de 2017

LIÇÃO 11 – VIVENDO DE FORMA MODERADA (1Jo 2.12-17) - 1º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 11 – VIVENDO DE FORMA MODERADA (1Jo 2.12-17) - 1º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição traremos uma definição de moderação; veremos que o domínio próprio é a capacidade efetiva que o cristão deve ter de controlar seu corpo e sua mente; pontuaremos que a dimensão final do fruto do Espírito é a temperança ou autocontrole, isto é, a autodisciplina; e, por fim mostraremos que o auto-controle é a capacidade de ser moderado e equilibrado, de dominar o ego e controlar a si próprio.

I – DEFINIÇÃO
No grego, a palavra temperança é “enkráteia”, que significa: “moderação, temperança, equilíbrio, autocontrole, disciplina, domínio próprio”. A palavra vem do grego cuja raiz significa “pegar”, segurar”, designa uma pessoa que segura a si mesma, que se mantém no pleno controle de si mesmo sobre os próprios desejos e paixões (1Co 7.9; Tt 1.8; 2.5; 2Pe 1.6) (LOPES, 2011, p. 250). O crente, que aceita que o Espírito Santo o transforme segundo a imagem de Jesus, desenvolverá esta virtude em todas as áreas da vida (2Co 3.18). O fruto da temperança, domínio próprio ou autocontrole como é conhecido, não é simplesmente natural ou aprendido por meios de cursos, mas somente é concedido através da presença real do Espírito Santo na vida da pessoa (2Tm 1.7). Paulo afirma que “todo atleta em tudo se domina” (1Co 9.25) quando está treinando (HORTON, 1996, p. 492).

II - MODERAÇÃO: O DOMÍNIO PRÓPRIO
Em contraste com as obras da carne, o fruto do Espírito possibilita uma vida digna e honrosa diante de Deus e da sociedade: “buscai ao Senhor, vós todos os mansos da terra […] buscai a mansidão [...]” (Sf 2.3; ver Ef 4.2). Vejamos:

2.1 - A temperança implica dominar os desejos e moderar os hábitos diários. O fruto da temperança abrange a renúncia aos desejos ou prazeres pecaminosos. O domínio próprio aplica-se à disciplina que os atletas exercem sobre o próprio corpo (1Co 9.25) e do domínio cristão do sexo (1Co 7.9). No grego corrente aplica-se à virtude de um imperador que jamais permite que seus interesses privados influam no governo do povo. É a virtude que faz ao homem tão dono de si, que é capaz de ser servo de outros. A moderação baseia-se no autocontrole e nas moderações encontradas naqueles que vivem para a Glória de Deus (2Co 5.15; Cl 3.1-3) (BARCLAY, 1988, p. 56).

2.2 - O domínio próprio é a capacidade de governar nossos próprios desejos. Diferente da pessoa que anda na carne, o servo do Senhor deve mostrar o domínio próprio (Gn 4.7; Pv 16.32; 25.28; At 24.25; 1Tm 3.2; Tt 2.2; 2Pd 1.6). “As três últimas qualidades do fruto do Espírito dizem respeito ao ser interior: a) fidelidade (confiabilidade); b) mansidão (o uso correto de poder e autoridade); e, c) domínio próprio (autocontrole). Paulo adverte que o fruto precisa do ambiente certo para se desenvolver (Gl 5.25, 26). Assim como determinado fruto na natureza não cresce em todo tipo de clima, também o fruto do Espírito não pode se desenvolver na vida de todos os cristãos” (WIERSBE, 2007, p. 941).

2.3 - A temperança realiza no cristão o inverso das maquinações e obras iníquas da carne. A velha natureza é até capaz de simular algum fruto do Espírito, mas a carne jamais será capaz de produzir esse fruto. Uma das diferenças é que, quando o Espírito produz fruto, Deus é glorificado… mas quando é a carne que opera, a pessoa orgulha-se interiormente e se sente realizada com os elogios de outros. O trabalho do Espírito é nos tornar mais semelhantes a Cristo para a glória dele, não para o louvor dos homens (WIERSBE, 2007, p. 941).

2.4 - O domínio próprio é o controle que o cristão exerce sobre sua vida. É a autodisciplina sobre suas palavras e atos (Tg 3.2). É a virtude que nos dá as condições para controlar nossa vida, nos capacitando a negar nossos desejos carnais. A pessoa que aprende a se auto-dominar é capaz de vencer os vícios e maus hábitos que governam suas vidas. O domínio próprio nos induz a refrear a sensualidade e a usar todas as coisas com moderação (1Co 6.12), e quem tem domínio próprio se auto-domina (1Co 9.25), e não permite que sentimentos e desejos o controlem; antes, controla-os, não se permitindo dominar por atitudes, costumes e paixões.

2.5 - O domínio próprio é o controle de si mesmo sob a orientação do Espírito Santo. Deus anela que o crente tenha domínio próprio: “Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens [...]” (Fp 4.5), pois este fruto capacita o crente a renunciar a impiedade (Tt 2.11,12; 1Pd 4.2; 1Jo 2.16,17). Ele nos ajuda a dominar nossas fraquezas, e submetermo-nos à sua vontade (Jo 3.6; Rm 8.5-9). Sem o auxílio do Espírito de Deus, nossas inclinações naturais cedem facilmente aos desejos pecaminosos. O propósito divino é que os cristãos tenham uma vida equilibrada espiritual, físico e emocional.

III – MODERAÇÃO: A TEMPERANÇA SOB O CONTROLE DO ESPÍRITO
Essa temperança, autocontrole ou domínio próprio não é algo natural, é uma ação do Espírito Santo em nossas vidas como um delimitador para nós; é deixar ser controlado pelo Espírito Santo. Notemos:

3.1 - Moderação: controlando os desejos e paixões. Todos nós estamos sujeito aos desejos pecaminosos; a fim de podermos seguir a orientação do Espírito Santo, devemos, decididamente, enfrentá-los e crucificá-los (Gl 5.24). Esses desejos incluem pecados evidentes como imoralidade sexual, incluem, também, outros que são menos óbvios, como hostilidade, ciúme e ambição egoísta. Para se viver de modo que agrade ao Senhor, é preciso crucificar as paixões que brotam na carne e as concupiscências, e ter a certeza de que Deus sempre nos dá o êxito (1Co 15.57; Gl.5.24).

3.2 - Temperança: vivendo no equilíbrio do Espírito. Ser temperante é ter uma vida equilibrada, é viver com moderação. Isto significa que devemos evitar os extremos de comportamento ou expressão, conservando os apropriados e justos limites. O único caminho para nos libertarmos de nossos desejos pecaminosos é deixar-nos ser guiados por intermédio do poder recebido do Espirito Santo (Rm 8.9; Ef 4.23,24; Cl 3.3-8).

3.3 - Autocontrole: andando segundo o Espírito. Andar “segundo o Espírito” é estar sempre consciente de que estamos na presença de Deus, e nEle confiarmos para que nos assista e conceda a graça de que precisamos para que a sua vontade se realize em nós e através de nós. É impossível obedecer à carne e ao Espírito ao mesmo tempo (Gl 5.17,18). Se alguém deixa de resistir, pelo poder do Espírito Santo, a seus desejos pecaminosos e, pelo contrário, passa a viver segundo a carne, torna-se inimigo de Deus (Tg 4.4).

IV – A MODERAÇÃO E OS DESEJOS DA CARNE
4.1 - O domínio próprio neutraliza os desejos da carne. O desejo de Deus é que todos vivam de modo correto, exercendo o autodomínio, não cedendo as tentações, procurando ter um coração mais puro e santo. Ter o pensamento voltado nas coisas de Deus é indispensável para sufocar os desejos da carne. Pois, são tantos os meios que podem nos distanciar da presença de Deus. Quando não há domínio próprio nos pensamentos, nas palavras e ações, logo aparecerá o mau
testemunho (Pv 15.1; 1Co 10.31; Fp 4.8).

4.2 - O domínio próprio conduz a santificação. Para termos domínio próprio temos que deixar ser primeiramente dominados pelo Espírito Santo que é agente de santificação na vida do homem. A santificação é uma obra de Deus, com a cooperação do homem (Fp 2.12,13; 2Co 7.1). Para cumprir a vontade de Deus quanto à santificação, o crente deve participar da obra santificadora do Espírito Santo, ao cessar de praticar o mal (Is 1.16), ao se purificar “de toda imundícia da carne e do espírito” (2Co 7.1; Rm 6.12; Gl 5.16-25) e ao se guardar da corrupção do mundo (Tg 1.27; Rm 6.13,19; 8.13; Ef 4.31; 5.18; Tg 4.8).

4.3 - O domínio próprio conduz a transformação. A santificação requer que o crente mantenha profunda comunhão com Cristo (Jo 15.4), mantenha comunhão com os crentes (Ef 4.15,16), dedique-se à oração (Mt 6.5-13; Cl 4.2), obedeça à Palavra de Deus (Jo 17.17), tenha consciência da presença e dos cuidados de Deus (Mt 6.25-34), ame a justiça e odeie a iniquidade (Hb 1.9), mortifique o pecado (Rm 6), submeta-se à disciplina de Deus (Hb 12.5-11), continue em obediência e seja cheio do Espírito Santo (Rm 8.14; Ef 5.18).

V - A MODERAÇÃO EM ÁREAS ESPECÍFICAS DE NOSSA VIDA
A temperança pode significar virtude pela qual o homem consegue refrear a sua língua como também a moderação no comer e no beber. A temperança é uma necessidade para o bom viver do cristão e uma demonstração de que realmente provamos o novo nascimento (1Pd 3.4).

5.1 - Controle da língua. A temperança começa com o controle da língua (Sl 34:13; Pv 13:3; Tg 1.26; 3.1-12). O cristão não deve se envolver em conversação torpe nem em palavras vãs (Ef 4.29; 5.4; 2Tm 2.25; Tg 1.21; 3.13).

5.2 - Controle do tempo. O cristão não deve ocupar-se com atividades inúteis, mas deve ocupar-se com atividades edificantes (1Co 10.23). Jesus destacou a importância de usar nosso tempo (Lc 12.15-21,35-48). O crente equilibrado o dividirá entre a família, o trabalho, o estudo da Bíblia, a igreja, a oração, o descanso e o lazer. O indivíduo que desperdiça tempo em atividades inúteis, não tem domínio próprio (1Ts 5.6-8).

5.3 - Controle da mente. O crente não deve pensar coisas vãs e infrutíferas, mas pensar tudo que é puro, justo e verdadeiro (Rm 13.14; Fp 4.8). No mundo de hoje, há muitas atrações e passatempos aparentemente inofensivos com o objetivo de
afastar-nos de nossas responsabilidades para com Deus (1Ts 5.22). O que lemos, vimos, ou ouvimos causa impacto em nossa mente (2Sm 11.1-4), por isso precisamos da ajuda do Espírito Santo a fim de conservá-la pura (Sl 101.3).

CONCLUSÃO
O fruto da temperança suscitado pelo Espírito Santo opõe-se a todas as obras da natureza pecaminosa carnal e humana. Ao longo da vida terrena, precisamos exercer o governo disciplinado sobre os desejos da carne. O melhor antídoto contra as obras da carne é estar cheio do Espírito Santo, porque desta maneira estaremos sob o seu controle.

REFERÊNCIAS
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
BARCLAY, Willian. As obras da carne e o fruto do Espírito. Edições Vida Nova.
LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. Hagnos.
WIERSBE, Warren W. Comentario Biblico Expositivo Mateus a Galátas. Geográfica.

sexta-feira, 3 de março de 2017

LIÇÃO 10 - MANSIDÃO: TORNA O CRENTE APTO PARA EVITAR AS PELEJAS (Ef 4.1-7) - 1º Trimestre de 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 10 - MANSIDÃO: TORNA O CRENTE APTO PARA EVITAR AS PELEJAS (Ef 4.1-7) - 1º Trimestre de 2017

INTRODUÇÃO
Na lição de hoje falaremos sobre a mansidão - um dos aspectos do fruto do Espírito; traremos uma definição desta virtude; explicaremos que ela está arraigada no caráter divino e que o Espírito a produz naquele que nasceu de novo; veremos também o que a Bíblia nos diz sobre a mansidão; pontuaremos dois grandes exemplos bíblicos de pessoas com esta característica; e, por fim, a sua utilidade nas mais diversas situações que possamos enfrentar na vida.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA MANSIDÃO
A oitava virtude do Espírito elencada por Paulo em Gálatas 5.22 é a mansidão. O adjetivo “manso” segundo o Aurélio (2004, p. 1269) quer dizer: “de gênio brando ou índole pacífica; bondoso; pacato; sereno, sossegado,    tranquilo”. A palavra grega usada para esta virtude do Espírito é “prautes” que segundo Barclay (1988, p. 105) significa: “suavidade”. Pode-se dizer que é o antônimo de aspereza e/ou rispidez.

1.1 - Como atributo divino. O AT nos revela que o caráter de Deus é manso (Sl 18.35; 45.4). Cristo é revelado no NT como alguém manso (Mt 11.29; Mt 21.5; II Co 10.1). A figura de Cristo como cordeiro e ovelha apontam diretamente para a sua mansidão (Is 53.7; At 8.32; Jo 1.29; I Pe 1.19; Ap 5.6). O Espírito Santo, por sua vez, é simbolizado na Bíblia por uma pomba, destacando-se a sua natureza mansa (Mt 3.16; Gl 5.22). Acerca disso afirma Gilberto (2004, p. 122), “Todas estas figuras são símbolos de mansidão  - o fruto espiritual da submissão”.

1.2 - Como fruto do Espírito. A mansidão como fruto do Espírito, trata-se da virtude gerada por Ele no crente, proporcionando a habilidade de ser “gentil, humilde, cortês, amável, suave, tolerante” (1 Co 4.21; Gl 5.22,23; Ef 4.2; Cl 3.12; Tt 3.2; 1 Pe 3.15). Matthew Henry (2008, p. 45) diz que os mansos: “podem suportar provocações sem se irritar, sem se deixar levar a qualquer indecência; que conseguem ficar tranquilos quando os outros estão acalorados, que preferem perdoar vinte ofensas a vingar uma”. Na Bíblia, metaforicamente, os servos do Senhor são comparados com a ovelha por causa da mansidão (Sl 95.7; 100.3; Jr 23.3; Jo 10.14,15).

II – O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE A MANSIDÃO
2.1 - No AT. Nas páginas veterotestamentárias, tem diversas promessas feitas aos mansos, tais como: Deus atende as suas orações (Sl 10.17); não lhes deixa faltar o necessário (Sl 22.26); os guia por caminhos corretos (Sl 25.9); os fará herdar a terra (Sl 37.11); os livra (Sl 76.9); os vestirá de salvação (Sl 149.4); lhes dá graça (Pv 3.34); terão alegria sobre alegria (Is 29.19); serão poupados da ira do Senhor (Sf 2.3).

2.2 - No NT. A mansidão no NT aparece nos ensinos de Jesus, como uma característica daqueles que “herdarão a terra” (Mt 5.5). Paulo faz diversas alusões a esta virtude, dizendo que ela é uma característica na vida daqueles que nasceram de novo (Gl 5.22); que precisa estar presente no seio da igreja (Gl 6.1); que como filhos de Deus, precisamos imitá-lo, agindo com mansidão (Ef 4.1,2); como nascidos de novo, devemos nos revestir dessa virtude (Cl 3.12); exortou Timóteo a buscá-la (1 Tm 6.11); e a ensinar com mansidão as que resistem a verdade (2 Tm 2.25); orientou a Tito que exortasse os cristãos a serem mansos com todos os homens (Tt 3.2). Tiago afirmou que a verdadeira sabedoria se manifesta em mansidão (Tg 3.13); Pedro exortou aos cristãos que respondessem com mansidão aqueles que questionassem a sua fé (1 Pe 3.15).

III – DOIS GRANDES EXEMPLOS DE MANSIDÃO
3.1 - Moisés no Antigo Testamento. O AT diz que “[...] era o homem Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra” (Nm 12.3). A ocasião em que se asseverou isto acerca desse servo de Deus, foi quando Miriã e Arão murmuraram contra Moisés por dois motivos, a saber: por sua esposa estrangeira (Nm 12.1); e, também, porque alegavam ser também porta-vozes de Deus tanto quanto Moisés (Nm 12.2). O servo do Senhor em nenhum momento tentou se defender. No entanto, Deus falou por Moisés, mostrando aos seus irmãos que apesar de também comunicar-se com eles, havia colocado Moisés sobre eles e com este servo do Senhor tinha um relacionamento diferenciado (Nm 12.4-9). Como punição pela rebeldia, Deus puniu Miriã com lepra (Nm 12.10); talvez por ser a que mais murmurou – nesse texto vemos primeiro o nome dela depois de Arão (Nm 12.1). Moisés, agindo com mansidão, em nenhum momento procurou prevalecer contra seus irmãos, muito pelo contrário, ao ver sua irmã sendo punida pelo Senhor com uma enfermidade, rogou para que Deus a curasse, e o Senhor o ouviu, limitando a punição por apenas sete dias (Nm 12.13-15). 

3.2 - Jesus no Novo Testamento. Evidentemente que Jesus é insuperável a qualquer exemplo de mansidão até mesmo de  Moisés (Hb 3.3,4). O profeta Isaías anunciou que o Messias seria manso de caráter e agiria com mansidão em seu ministério (Is 42.1-4). Paulo faz alusão a esta virtude oriunda de Cristo (2 Co 10.1-a). Abaixo destacaremos algumas verdades sobre a mansidão e/ou humildade de Cristo:

3.2.1 - A mansidão de Cristo na encarnação. Exortando os cristãos filipenses que não se deixassem dominar pela contenda, vanglória e egoísmo, Paulo os exortou a agirem com mansidão e humildade, citando como exemplo a pessoa de Jesus Cristo  (Fp 2.5-8). Paulo diz que Jesus mesmo sendo “em forma de Deus” (Fp 2.6); “forma de homem” (Fp 2.8); e, por fim, a “forma de servo” (Fp 2.7). Essa atitude de Cristo foi oposta a de Adão. Cristo sendo Deus se fez homem (Fp 2.6,7); Adão sendo homem, queria ser como Deus (Gn 3.4-6).

3.2.2 - A natureza mansa de Cristo. Quando convidou as pessoas para serem libertas (Mt 11.28), Jesus disse que, os que O seguissem, deveriam aprender com Ele sendo humildes e mansos “aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração [...]” (Mt 11.29). Acerca de Jesus, Matthew Henry (2008, p. 146) disse: “Ele é manso, e pode ter compaixão dos ignorantes, com quem os outros poderiam ter algum aborrecimento. Sua maneira de lidar com os seus doze discípulos foi um exemplo disso. Ele era manso e gentil com eles, e aproveitou o máximo deles. Embora eles fossem desatentos e esquecidos, Ele não era extremado, a ponto de destacar as suas tolices” (Mt 14.31; 18.1-4; 26.31,34; Mc 10.35-41; Lc 8.24,25). Por exemplo: a mansidão de Cristo transformou o vingativo João, no apóstolo do amor (Lc 9.54; I Jo 3.18).

3.2.3 - O exemplo manso de Cristo. O profeta Isaías, denominado de profeta Messiânico, em suas profecias fez alusões ao Messias como Servo (Is 42.1; 52.13; 53.11). Jesus sempre identificou-se como tal (Mt 20.28; Lc 22.27; Fp 2.7). Jamais algum servo serviu com mais imutável lealdade, abnegada devoção e irrepreensível obediência do que Jesus (Fp 2.8; Hb 5.8). Seus discípulos precisavam entender que eles deveriam servir uns aos outros. O Mestre ensinou isso de várias formas e a mas bela delas foi quando lhes lavou os pés (Jo 13.1-5). Matthew Henry (2008, p. 959) diz que “este era o serviço degradante e servil, e para o qual servos do mais baixo posto eram utilizados” (1 Sm 25.41). Com esta atitude Jesus demonstrou que se Ele sendo Mestre e Senhor lavou-lhes os pés, nós devemos ter a mesma atitude (Jo 13.13-15).

IV – USANDO A MANSIDÃO PARA EVITAR AS PELEJAS
A palavra “peleja” segundo o Aurélio (2004, p. 1525) significa: “combate, luta, batalha”. A palavra no grego é “erithéia” que quer dizer: “rivalidade, ambição egoísta, discórdias, espírito partidário que se fundamenta no egoísmo” (GOMES, 2016, p. 128). A Bíblia nos exorta a agirmos com mansidão nas seguintes situações: 

4.1 - Mansidão para ensinar os resistentes. A igreja de Éfeso estava sendo contaminada por ensinos estranhos ao evangelho, como Paulo havia previsto (At 20.29,30; I Tm 1.3,4). Preocupado com a saúde da igreja, o apóstolo enviou o jovem obreiro Timóteo, para que ficasse nesta cidade a fim de advertir tais ensinadores (1 Tm 1.3). Paulo aconselhou também que Timóteo fosse manso não provocando pelejas (2 Tm 2.23,24), mas que agisse com mansidão com aqueles que resistem a verdade a fim de que estes se arrependessem (2 Tm 2.25), pois os tais estavam sob o laço do diabo (2 Tm 2.26). Sempre existiu na  igreja pessoas imaturas na fé que facilmente se deixam levar por novidades (Gl 1.6; Ef 4.14). Para corrigir isso, Deus deu ensinadores a igreja (Ef 4.11,12). E, dentre as muitas virtudes que o ensinador precisa ter, é imprescindível a mansidão a fim de que possa persuadir os que se opõem a sã doutrina (Rm 12.12; 1 Tm 4.13).

4.2 - Mansidão para corrigir os faltosos. Em Gálatas 6.1, Paulo exorta os irmãos maduros a restaurarem todo aquele que for supreendido em alguma falta ou erro. A orientação apostólica é que os irmãos devem empreender esta ação em espírito de mansidão, porque eles também estão sujeitos às tentações. Este compartilhamento de cargas cumpre a lei do amor de Cristo. É bom lembrar que corrigir os faltosos não é concordar com o seu pecado, mas ser paciente com o pecador, a fim de que este seja recuperado e sua comunhão com a igreja restaurada (1 Co 5.1-7).

4.3 - Mansidão da esposa para com o cônjuge não crente. A mansidão é indispensável também nos relacionamentos familiares, sejam os cônjuges crentes ou não (Sl 133.1). Tratando especificamente de um marido não crente, o apóstolo Pedro orienta as mulheres que estejam nessa condição que tenha esse comportamento a fim de evitar atritos, entendendo também que tal atitude poderá persuadir o marido e levá-lo a conversão (1 Pe 3.1-4). Uma mulher richosa não contribui para a evangelização dos seus parentes por causa do seu mau comportamento (Pv 14.1; 21.19).

4.4 - Mansidão no uso da apologética. O apóstolo Pedro orientou aos cristãos que, quando fosse interrogados pelos incrédulos acerca da fé que haviam abraçado “[...] estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (I Pe 3.15). Infelizmente, há pessoas que não tem mansidão na evangelização dos não crentes, muitas vezes, não respeitam a pessoa nem a sua religião e usam palavras agressivas, resumindo a discutir doutrinas. Tal atitude em nada contribui para a salvação de uma alma, senão em confusão (2 Tm 2.23; Tt 3.9). Precisamos falar de Cristo, a verdade que liberta e o único caminho que leva ao Pai (Jo 8.32-36; 14.6).

CONCLUSÃO
A virtude da mansidão está diretamente ligada as virtudes da humildade e da submissão e nosso exemplo maior de mansidão é Cristo que mesmo sendo Deus tomou a forma de servo, a fim de nos ensinar como devemos nos comportar uns com os outros: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também”  (Jo 13.15).

REFERÊNCIAS
BARCLAY, William. As obras da carne e o fruto do Espírito. VIDA NOVA.
GILBERTO, Antonio. O fruto do Espírito: a plenitude de Cristo na vida do crente. CPAD.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.  CPAD.

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