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LIÇÃO
11 – MELQUISEDEQUE ABENÇOA ABRAÃO - 4º TRIMESTRE DE 2015
(Gn 14.12-20)
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a ocasião em que
Abraão junto com os seus servos, entrou numa guerra com o intuito de libertar
seu sobrinho Ló, que havia sido levado cativo. Ao retornar da peleja, ele
encontrou-se com Melquisedeque, que era rei de Salém, a antiga Jerusalém, e que
também exercia o sacerdócio antes mesmo da instituição da Lei. Abraão, recebeu
dele pão e vinho, foi abençoado por ele e deu-lhe os dízimos dos despojos. O
sacerdócio de Melquisedeque é uma figura ou tipologia do sacerdócio de Cristo.
I – QUEM FOI MELQUISEDEQUE
“Melquisedeque é a
transliteração, para o português, do termo hebraico “Malkisedeq”, que significa
“rei da justiça”. Ele era rei de Salém (a antiga Jerusalém) e sacerdote de El
Elion (Deus Altíssimo), o que o tornava um rei- sacerdote, o que serviu mui
apropriadamente para ilustrar o mesmo oficio, ocupado em forma muito mais
significativa, pelo Senhor Jesus Cristo” (CHAMPLIN, 2001, p. 210). A história
de Melquisedeque é mencionada nas Escrituras na ocasião em que ele encontrou-se
com o patriarca Abraão (Gn 14.18-20); no Salmo 110; e também na Epístola aos
Hebreus (caps. 5-7). Vejamos, ainda, outras informações sobre ele:
1.1 - Rei de Salém (Gn 14.18-a). Salém é a
forma abreviada de Jerusalém e é encontrada pelo menos cinco vezes nas
Escrituras (Gn 14.18; 33.18; Sl 76.2; Hb 7.1,2). Este título dado a
Melquisedeque significa“rei de paz”. A cidade de Jerusalém recebeu no passado
diversos outros nomes, tais como: Sião (II Sm 5.7); a cidade de Davi (I Rs
2.10); Santa Cidade (Ne 11.1); a cidade de Deus (Sl 46.4); A cidade do Grande
Rei (Sl 48.2), dentre outros. Esta cidade tinha um significado especial para o
povo de Deus no AT, pois era o lugar onde o Senhor reinava sobre Israel (Sl
99.1,2; 48.1-3,12- 14). Nela, reinou Melquisedeque (Gn 14.18) e Davi (I Rs
2.11) no passado, e dela Cristo reinará sobre o mundo, no futuro (Is 2.3; Mq
4.2).
1.2 - Sacerdote do Deus Altíssimo (Gn
14.18-b). Esta é a primeira menção do termo“sacerdote” na Bíblia.
“Melquisedeque era cananeu, e, como Jó, é um exemplo de um não israelita, servo
de Deus. Melquisedeque é um tipo ou figura da realeza e sacerdócio eternos de
Jesus Cristo, que é sacerdote e rei (Sl 110.4; Hb 7.1,3)” (STAMPS, 1995, p.
54). O sacerdócio de Cristo é “segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 6.20),
porque é anterior ao sacerdócio de Arão e da tribo de Levi, que só foi
instituído na Lei (Êx 28.1-29). Abraão não só reconheceu a autoridade desse
sacerdote, a ponto de lhe entregar o dízimo (Gn 14.20), como também foi abençoado
por ele (Gn 14.19).
II – QUEM FOI ABRAÃO
Abraão é um dos
personagens mais marcantes da história bíblica. Ele foi chamado por Deus para
ser o pai dos judeus (Gn 12.1,2), povo de onde viria o Messias (Gn 12.3; Mt
1.1). Sua vida de fé (Hb 11.8-10), obediência (Gn 12.4), fidelidade (Gn 14.14;
23.2), compaixão (Gn 18.23) e coragem (Gn 14.14-16), fez com que ele
alcançasse, não só o título de “pai dos judeus” (Sl 105.6) e “pai da fé” (Rm
4.16); como também, se tornasse o único personagem da Bíblia denominado de
“amigo de Deus” (Is 41.8; Tg 2.23). Vejamos o que a Bíblia diz sobre a sua
chamada:
2.1 - A chamada de Abraão e seus propósitos.
“A chamada de Abraão, conforme a narrativa de Gênesis 12 dá início a um novo
capitulo na revelação do AT sobre o propósito divino de redimir e salvar a raça
humana. A intenção de Deus era que houvesse um homem que o conhecesse e
guardasse os seus caminhos. Dessa família surgiria uma nação escolhida, de
pessoas que se separassem das práticas ímpias doutras nações, para fazerem à
vontade de Deus. Dessa nação viria Jesus Cristo, o Salvador do mundo, o
prometido descendente da mulher (Gn 3.15; Gl 3.8,16,18). Vários princípios
importantes podem ser deduzidos da chamada de Abraão” (STAMPS, 1995, p 50).
Analisemos abaixo:
1 - A chamada de Abraão levou-o a separar-se da
sua pátria, do seu povo e dos seus familiares (Gn 12.1,2), para tornar-se
estrangeiro e peregrino na terra (Hb 11.13);
2 - Deus prometeu a Abraão uma terra, uma
grande nação através dos seus descendentes e uma bênção que alcançariam todas
as nações da terra (Gn 12.2,3);
3 - A chamada de Abraão envolvia, não somente
uma pátria terrestre, mas, também, uma celestial (Hb 11.9-16);
4 - A chamada de Abraão continha não somente promessas,
como também compromissos. Deus requeria de Abraão obediência para receber
aquilo que lhe fora prometido (Gn 15.1-6; 18.10-14);
5 - A promessa de Deus a Abraão, estende-se,
não somente aos seus descendentes físicos (os judeus), pois, todos os que são
da fé como Abraão, são "filhos de Abraão" (Gl 3.7) e são abençoados
juntamente com ele (Gl 3.9);
6 - Por Abraão possuir uma fé em Deus, expressa
pela obediência, dele se diz que é o principal exemplo da verdadeira fé
salvífica (Gn 15.6; Rm 4.1-5,16-24; Gl 3.6-9; Hb 11.8-19; Tg 2.21-23).
III – O ENCONTRO DE ABRAÃO COM MELQUISEDEQUE
O capítulo 14 de Gênesis registra uma guerra envolvendo nove reis (Gn 14.1-17).
Nessa batalha, Ló, sobrinho de Abraão, foi levado cativo (Gn 14.12). Ao saber
disso, Abraão, então, armou seus criados e entrou na peleja para libertar seu
sobrinho. Ao retornar da batalha, ele encontrou-se com Melquisedeque.
3.1 - Melquisedeque trouxe pão e vinho (Gn
14.18). Ao retornar da batalha, o patriarca Abraão recebeu do rei de Salém pão
e vinho. Sem dúvida, este alimento serviu não só como uma refeição para o
patriarca, mas, também, uma figura da Santa Ceia, que foi instituída por
Cristo, milênios depois (Mt 26.26-30; Mc 14.22-26; Lc 22.16-20). “Melquisedeque
traz pão e vinho a Abraão na qualidade de sacerdote, e não como rei de Salém.
Era, pois, uma refeição sacramental, não um banquete oficial” (ANDRADE, 2015,
p. 118,119).
3.2 - Melquisedeque abençoou Abraão (Gn
14.19). Quando Melquisedeque abençoou Abraão demonstrou ocupar uma posição
superior ao patriarca (Hb 7.6,7). “A bênção aqui referida não é a simples
expressão de um desejo relativo a outrem, o que pode ser feito de um inferior
para um superior. Mas, é a ação de uma pessoa ‘autorizada’ a declarar intenções
de Deus, conferindo boas dádivas de prosperidade a outrem. E, tal ação somente
tem validade quando é feita por alguém que é superior” (SILVA, 2002, pp.
122,123). Nesta ocasião, Melquisedeque, que também adorava ao Deus de Abraão,
declarou que o Deus Altíssimo é o possuidor dos céus e da terra, e que foi Ele
quem entregou os adversários nas mãos de Abraão (Gn 14.19).
3.3 - Abraão dá os dízimos a Melquisedeque
(Gn 14.20). O patriarca Abraão deu os dízimos ao sacerdote Melquisedeque dos
despojos da guerra. “Os despojos eram repartidos entre os guerreiros
vitoriosos, e em ocasiões especiais repartia-se também com aqueles cuja
autoridade era considerada superior. Em alguns casos, estes eram compostos não
só de bens materiais, mas também de pessoas (Is 42.24). Mas, neste episódio,
somente está em foco os despojos dos bens materiais” (SILVA, 2002, p. 120).
Esta é a primeira menção de dízimo na Bíblia, o que nos leva a crer que já
existia esta prática entre os servos de Deus (Gn 28.22), antes mesmo da
instituição e formalização da Lei (Lv 27.32; Nm 18.21,24,26,28; Dt 12.6,11,17;
14.22,23,28).
IV – O SIGNIFICADO PROFÉTICO DE MELQUISEDEQUE
O escritor da epístola aos Hebreus declara que o sacerdócio de Melquisedeque
era uma figura do sacerdócio eterno de Cristo, como veremos a seguir:
1 - Jesus é sacerdote segundo a ordem de
Melquisedeque (Hb 5.6,10; 6.20). O que significa que Cristo é anterior e
superior a Abraão, a Levi e aos sacerdotes do Antigo Pacto (Jo 8.56-58);
2 - Melquisedeque, como protótipo de Cristo,
estava revestido de grande dignidade. Por isso, abençoou Abraão e recebeu dele
o dízimo (Hb 7.1,2). Melquisedeque é superior a Abraão, pois recebeu dízimo até
mesmo de Levi, representado figuradamente pelo patriarca (Hb 7.4-10).;
3 - Melquisedeque é descrito como não tendo
genealogia, não que ele não tivesse, mas sim, que ele não foi registrado nas
Escrituras (Hb 7.6). Serve como um tipo de Cristo, que é eterno (Jo 1.1; Hb
13.8);
4 - Melquisedeque era mais importante que Levi
e seus descendentes, cujo sacerdócio era temporário (Hb 7.4-10). Mas, o
sacerdócio de Cristo é eterno (Hb 7.3,17);
5 - A superioridade de Melquisedeque é vista no
fato que ele apresenta uma ordem sumo sacerdotal mais elevada que a do
sacerdócio levítico, que era imperfeito (Hb 7.11-14);
6 - Cristo, tipificado no AT por Melquisedeque
é o nosso sumo sacerdote santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e
feito mais sublime que os céus não precisou oferecer sacrifícios por si mesmo
(Hb 7.26-28).
CONCLUSÃO
O encontro de Abraão com
Melquisedeque não foi um fato comum, e sim, um evento de um profundo
significado profético, pois demonstra que já existia homens que desempenhavam o
ofício sacerdotal antes mesmo da instituição da Lei e da escolha de Arão e seus
filhos para exercerem o ministério sacerdotal, prefigurando o sacerdócio eterno
de Cristo.
REFERÊNCIA
ANDRADE, Claudionor de. O Começo de Todas as
Coisas. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia,
Teologia e Filosofia. HAGNOS.
_______________. O AT Interpretado Versículo
por Versículo. HAGNOS.
HOFF Paul. O Pentateuco. VIDA.
OLSON, Laurence. O Plano Divino Através dos
Séculos. CPAD.
SILVA, Severino Pedro da. Epístola aos
Hebreus. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
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