segunda-feira, 27 de abril de 2015

LIÇÃO 05 – JESUS ESCOLHE SEUS DISCÍPULOS (Lc 14.25-35) - 2º TRIMESTRE 2015

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524
 
LIÇÃO 05 – JESUS ESCOLHE SEUS DISCÍPULOS - 2º TRIMESTRE 2015 (Lc 14.25-35)
 
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre a definição etimológica da palavra discípulo. Também veremos como Jesus escolheu seus primeiros discípulos/apóstolos, e quais as características de um verdadeiro seguidor do Mestre.
 
 
I – DEFINIÇÃO ETIMOLÓGICA DA PALAVRA DISCIPULO
A palavra discípulo do grego "mathetes" significa literalmente: "aprendiz" que é derivado de "manthano" que é "aprender", e é aludido aos discipulos de Jesus (Jo 6.66; 8.31; 13.35; 15.8; 19.38; Lc 6.17) e especialmente aos doze apóstolos (Mt 10.1; Lc 22.11) e em Atos 6.1,2,7; 14.20,22,28; 15.10; 19.1 descreve aqueles que creram em Jesus e confessaram o seu nome. Um discípulo não era somente um aluno, mas um partidário, eram imitadores do seu mestre (Jo 8.31; 15.8) (VINE, 2002, p. 569 – acréscimo nosso). Variantes dessa expressão ocorrem mais de 290 vezes apenas nos evangelhos e em Atos. Embora a palavra “discípulo” seja encontrada apenas duas vezes no AT (Is 8.16; 19.11), o conceito era largamente praticado, Josué foi discípulo de Moisés (Êx 24.13; 33.11), Rute aprendeu com Noemi (Rt 1.16-18), Samuel dirigiu uma escola de profetas (ISm 19.20) e Eliseu foi discípulo de Elias (2Rs 2.1-15). (ADEYEMO, 2010, p. 1252).
 
 
II - COMO JESUS CHAMOU SEUS DISCÍPULOS
Não podemos confundir os apóstolos com os discípulos, pois, todo apóstolo foi um discípulo, mas, nem todo discípulo foi escolhido como um apóstolo. Tornar-se discípulo é bem diferente de tornar-se um aluno, pois, no discipulado, o seguidor passa a conviver com o seu mestre e a viver como ele (1Pe 1.14-19; 2.15,16; 1Jo 2.3-6) e esse aprendizado é exercido diuturnamente. Os homens que Jesus chamou para andar perto eram homens simples e comuns, mas que tinham em suas vidas algo que atraiu o olhar e a atenção de Jesus sobre eles (WESLEY, 2006, p. 7). Analisemos:
 
 
2.1 - Ele buscou a direção do Pai na escolha (Lc 6.12). Jesus passou uma noite orando em favor dessa sublime causa. Ele buscou a vontade e a direção do Pai para fazer essa escolha. Ele escolheu os seus discípulos pela orientação do céu. Devemos submeter a nossa vontade à vontade sábia e soberana de Deus. Os critérios humanos são falhos. As aparências enganam (1Sm 16.7). Se não seguirmos a vontade de Deus, conforme estabelecida em sua Palavra, podemos fazer escolhas erradas.
 
 
2.2 - Ele escolheu homens para andarem com ele (Lc 6.13-16). A palavra “cristão” foi usada originariamente por gentios, para se referir àqueles discípulos que seguiam a Cristo (At 11.26; 26.28; IPe 4.1 6). Jesus designou os doze apóstolos para estarem com ele. O que nos qualifica para a liderança não é o ativismo, mas a intimidade com Deus. O ser vem antes do fazer. Deus está mais interessado em caráter do que em carisma. Jesus chamou os discípulos para estarem com ele. Esse é o primeiro chamado da liderança. Não podemos cuidar do rebanho se não conhecemos intimamente o Senhor do rebanho.
 
 
2.3 - Ele chamou homens simples para fazer parte da liderança da igreja (Mt 4.18-22). Jesus escolheu doze homens totalmente diferentes. Ele não escolheu esses homens porque eram perfeitos ou super-dotados. Jesus investiu neles, trabalhou com eles, gastou tempo com eles. Ensinou-os, corrigiu-os e amou-os. Depois, revestiu-os com o poder do seu Espírito (At 2.4). Suas vidas não continuaram sendo as mesmas. Eles foram transformados pelo Espírito de Deus (At 1.8).
 
 
III - CARACTERÍSTICAS DE UM VERDADEIRO DISCÍPULO
Discípulos fiéis se caracterizam por qualidades como:
a) permanecer na Palavra de Jesus, b) demonstrar fé inabalável e lealdade a ele, c) ter amor uns pelos outros, e) andar na luz, f) produzir frutos e g) prestar serviço humilde uns aos outros (Jo 8.31-36; 13.34-35). O discipulado exige também obediência (Lc 6.46). (ADEYEMO, 2010, p. 1252).
Vejamos algumas características do verdadeiro discípulo:
 
 
3.1 - O verdadeiro discípulo enfrenta os desafios diários (Lc 9.23-27). Jesus falou claramente a respeito do custo do discipulado (Mc 8.34-38; Lc 14.25-33), salientando que envolveria sofrimento (Jo 12.24-26). Ele convocou seus seguidores a negar a si próprios, tomar a cruz, colocá-lo acima de todos os outros relacionamentos e assumir uma posição ao seu lado. O padrão de missão de Jesus como Filho do Homem (Lc 9.22,26) é ser o modelo diário de discipulado. Isso envolve o mesmo caminho de conquista própria e participação no sofrimento.
 
 
3.2 - O verdadeiro discípulo renuncia sua própria vida (Lc 9.23-27). Os seguidores de Jesus são convocados a “tomar sua cruz” dia após dia (Lc 9.23). De acordo com Jesus, tomar diariamente a cruz significa que o discipulado é uma tarefa extremamente dolorosa, pois significa uma autodoação e um esquecimento de si mesmo. Tomar a cruz quer dizer que a vida cristã é um morrer diário para si próprio, assim como faz Paulo quando diz: “Dia após dia, morro...” (ICo 15.31). Mais tarde, Lucas apresenta Simão de Cirene cumprindo literalmente essa convocação de seu Senhor: "... puseram-lhe a cruz sobre os ombros, para que a levasse após Jesus” (Lc 23.26).
 
 
3.3 - O verdadeiro discípulo é disponível (Mt 4.18-22). Sempre que tiver oportunidade, o verdadeiro discípulo está disponível e ansioso por estar com seu líder. Sua disponibilidade demonstra a importância que ele dá ao relacionamento de discipulado e o Reino de Deus em sua vida. Cada convite para o discípulo verdadeiro é uma oportunidade de crescer e servir. Podemos aprender mais sobre discipulado observando o relacionamento entre Jesus e seus discípulos. O discipulado dos doze foi uma resposta pessoal ao chamado de Jesus (Mc 1.16-1 7; Jo 6.60-70) e envolveu o abandono de seus próprios interesses e confortos (Lc 9.57-62).
 
 
3.4 - O verdadeiro discípulo ama seu mestre (Mc 3.14; Lc 6 12.13). Jesus cumpriu as palavras da Antiga Aliança que nos ensinam a amar a Deus acima de tudo (Dt 6.5; Mc 12.30,31). Isso não significa deixar de amar a todos e a tudo, mas sim amar mais a Jesus. Na medida em que o meu amor por Jesus cresce, cresce também o meu amor pelas vidas ao meu redor, pela minha família e por mim mesmo (Jo 21.14; Lc 14.26). Marcos 3.14 nos diz que: "os escolheu para que estivessem com ele". Isto quer dizer que Jesus os chamou para que fossem seus amigos (Jo 15.15). É a palavra no grego "summathetes" que significa: "discípulo companheiro" ou a expressão "mathetes adelphon" que é: "discípulo irmão" (VINE, 2002, p. 569). É surpreendente que Jesus precisasse de amigos humanos e os escolheu. "... e chamou para si os que ele quis..." (Mc 3.13).
 
 
3.5 - O verdadeiro discípulo é submisso (Mc 10.42-45). No Dicionário submisso quer dizer dócil e servo, o verdadeiro discípulo reconhece que Deus não aceita menos que um espírito quebrantado e contrito. (Sl 51.17). A falta de submissão é como um câncer que cresce dentro de alguém, ás vezes a pessoa nem percebe que tem essa doença, mas ele fica quieto, não dá sinais visíveis, mas num determinado instante estoura e destrói tudo que está por perto. (I Sm. 15.24). Existem três áreas que mais claramente é manifestada a rebeldia do homem: Em palavras, argumentação e pensamentos.
 
 
3.6 - O verdadeiro discípulo é fiel e frutifica (Jo 15.7, 8,12). O Aurélio diz que fidelidade significa: “qualidade de fiel; lealdade, constância, firmeza nas afeições, nos sentimentos; perseverança” (FERREIRA, 2004, p. 894). Dar frutos é reproduzir a vida de Jesus em nós e em outras vidas. É ser um gerador de discípulos, um consolidador e um pai espiritual. Um discípulo tem que permanecer na Videira que é Jesus. Assim a seiva, a vida Dele, flui em nós e podemos dar fruto que também permanecerá. Permanecemos Nele por meio da obediência à Sua Palavra, do amor, da adoração, da oração e da comunhão com a Igreja.
 
 
3.7 - O verdadeiro discípulo faz discípulos (Mt 28.19; Jo 15.2). Ser um discípulo implica vinculação pessoal a uma pessoa em particular que molda toda a vida do discípulo. O aprendiz vive com seu professor, aprendendo ao observar, ouvir e participar de tudo o que o mestre faz. O aprendizado termina somente quando o aprendiz pode fazer o que o mestre faz. Essa transmissão de conhecimento e experiência é essencial, pois não existe sucesso sem um sucessor. Um caminho certo para preparar um sucessor é discipulá-lo (2Rs 2.1-14; 2Tm 1.3-6) (ADEYEMO, 2010, p. 1252). A maturidade do discípulo está em se tornar semelhante a Jesus tanto em Seu caráter quanto em Suas obras. Nossa missão é fazer discípulos, mas ninguém pode cumprir esta ordem de Jesus se primeiro não for um discípulo. “Você não será um discípulo de Cristo até que tenha discipulado outro discípulo” (ADEYEMO, 2010, p. 1039).
 
 
3.8 - O verdadeiro discípulo é perseverante, humilde e serviçal (Fl 2.5). Jesus, abrindo mão de sua glória e vivendo como homem, deu-nos o maior exemplo para sermos seus discípulos. Como líder, Ele lavou os pés dos seus discípulos e nos enviou para sermos como Ele. Servir é uma doação de amor ao Senhor e ao próximo. É Deus quem exalta os servos humildes. O caminho para um discípulo crescer em autoridade e honra é a humildade e o serviço. O orgulho, egoísmo, soberba, e altivez não podem pertencer a um caráter semelhante ao de Jesus (Mt 20.28 23.11,12; Mc 9.35; Jo 12.26; 13.12,15; Gl 5.13).
 
 
3.9 - O verdadeiro discípulo imita seu Mestre (1Co 4.16; 11.1; Ef 5.1; Fl 3.17; Hb 6.12; 13.7). O verdadeiro discípulo do Mestre tem uma marca, uma característica que o identifica em qualquer parte do mundo, ou em qualquer cultura. São valores e privilégios inerentes a todos os salvos através da graça do Senhor Jesus Cristo. O verdadeiro discípulo é um imitador de Jesus (1Co 11.1). Discípulos são também imitadores que tentam agir como seus mestres. Recebemos a ordem de imitar a conduta dos nossos mestres (2Ts 3.7,9), a fé confiante dos guias espirituais (Hb 13.7) e aquilo que é bom (3Jo 11). Paulo encorajou aqueles a quem levou a Cristo a imitá-lo (1Co 4.16; 11.1; Ef 5.1; Hb 6.12).
 
 
CONCLUSÃO
Ser discípulo de Jesus é viver como Ele viveu, andar como Ele andou e imitá-lo em todas as áreas do nosso viver! Isso é o que significa discipulado: treinar cristãos até que eles se tomem capazes de servir ao reino. Precisamos ensiná-los a viver corretamente e treiná-los nas armas da guerra espiritual. Muitas vezes, seguir o discipulado de Jesus pode levar ao sofrimento, mais temos a certeza que isso é para uma finalidade, pois, a luz serve para iluminar, indicar a direção no escuro. De igual modo, o discípulo precisa ser visível, por isso, o discipulado cristão exige sinceridade, por mais que lhe seja custoso.
 
 
REFERÊNCIAS
EIMS, LeRoy A arte perdida de fazer discípulos. Editora Atos. 2002.
WESLEY, Jessé. Você Realmente é um Discípulo? Editora No Teu Esconderijo. 2006.
ADEYEMO ,Tokunboh et al. Comentário bíblico africano. Mundo Cristão
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

LIÇÃO 04 – A TENTAÇÃO DE JESUS (Lc 4.1-13) - 2º TRIMESTRE 2015

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524
LIÇÃO 04 – A TENTAÇÃO DE JESUS - 2º TRIMESTRE 2015 (Lc 4.1-13)
INTRODUÇÃO
Em Lucas 4.1-13 encontramos o registro da tentação de Jesus. O Filho do Homem foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto, a fim de ser tentado pelo diabo. Neste ambiente hostil e sobre fortes e sedutoras tentativas diabólicas, o nosso Senhor conseguiu vencer as artimanhas do Maligno utilizando-se da espada do Espírito – a Palavra de Deus.
I – A TENTAÇÃO DE JESUS SEGUNDO O EVANGELHO DE LUCAS
Após ser batizado por João Batista no Jordão (Lc 3.21,22), Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado. Mas alguém pode perguntar: como era possível que o Jesus sem pecado fosse tentado? Devemos antes de mais nada observar que o que foi tentado foi sua natureza humana. Jesus não só era Deus; ele era também homem. O episódio da tentação está registrado nos três evangelhos sinóticos (Mt 4; Mc 1.13; Lc 4). No entanto, o registro lucano nos fornece alguns detalhes a respeito desse fato que abaixo iremos destacar:
1.1 O lugar da tentação (Lc 4.1). O referido texto nos mostra que Jesus foi tentado no deserto “E Jesus […] foi levado [...] ao deserto”. A palavra deserto no grego “eremía” e “éremus” significam, ambos, “deserto” ou “lugar ermo”, ou seja, não somente um verdadeiro deserto, mas também um lugar desabitado ou escassamente habitado. “A zona desabitada da Judéia ocupava a parte central que era o espinho dorsal da parte sul da Palestina. Entre esta zona e o Mar Morto havia um deserto terrível, de cinquenta quilômetros por vinte e cinco. As colinas eram como acumulações de pó; a pedra calcária parecia amolada e descascada; as rochas nuas e trincadas; o solo parecia oco sob os cascos dos cavalos; brilhava com o calor como uma grande fornalha e terminava em precipícios de quatrocentos metros de altura, que se precipitavam ao redor do Mar Morto. Nesta aterradora desolação Jesus foi tentado” (BARCLAY, 1955, p. 39).
1.2 O tempo da tentação (Lc 4.2-a). O relato de Mateus indica que foi “após os quarenta dias de jejum” que a tentação teve inicio (Mt 4.1). Mas Lucas diz especificamente que a tentação durou todo esse tempo “e quarenta dias foi tentado pelo diabo”. Isso é muito mais vívido e perturbador. A tentação foi prolongada e severa. Contudo, Jesus, apesar da tensão e da fome, mostrou-se vitorioso. É interessante destacar que as tentações que Cristo sofreu não resumiram-se ao deserto (Lc 22.28). O diabo deu uma trégua temporária depois do episódio no deserto, mas logo retornaria para importunar o Mestre (Lc 4.13). Como podemos ver, o Salvador viveu constantemente sob a pressão do diabo, que é uma personalidade real, embora não seja necessariamente visível.
1.3 O agente tentador (Lc 4.2-b). O referido texto nos informa que quem tentou Jesus foi o próprio diabo “e quarenta dias foi tentado pelo diabo”. Os outros evangelistas também asseveram isso (Mt 4.3; Mc 1.13). A Bíblia nos mostra que ele é o principal agente da tentação (Gn 3.1; II Co 11.3; I Ts 3.5; I Pe 5.8). O registro lucano informa quais as artimanhas do Inimigo para esse fim:
(a) o diabo chegou-se a Jesus no deserto valendo-se de que ele estava sozinho (Mt 4.1; Lc 4.1);
(b) aproveitou um momento que o Mestre se encontrava debilitado fisicamente (Mt 4.2; Lc 4.2);
(c) com a expressão “se” talvez quisesse colocar dúvida na mente de Cristo (Lc 4.3);
(d) tentou três vezes, pois entendia que a insistência podia fazer o Filho de Deus ceder (Lc 4.3); e, (e) usou a Palavra de Deus de forma distorcida para ludibriar (Lc 4.10,11).
II – AS PROPOSTAS DO INIMIGO NA TENTAÇÃO
Lucas apresenta uma sequência de tentações diferente da do evangelho de Mateus, contudo o relato de Lucas não afirma ser cronológico. Não sabemos por que Lucas inverte a ordem das duas últimas tentações, e não há proveito em especular a respeito disso. O que deve ser destacado é que a tentação foi uma realidade. “Jesus é colocado em teste para determinar se possui as qualidades necessárias para ser o Salvador, o Cristo e o Senhor. O diabo, seu arqui-inimigo, confronta Jesus e tenta seduzi-lo antes do inicio de seu ministério. Seu objetivo é frustrar o plano de salvação de Deus logo no principio, induzindo Jesus a faltar com sua palavra para com Deus” (TOKUMBOH, 2010, p. 1241).
2.1 Duvidar da revelação recebida (Lc 4.3). No batismo, Jesus ouvira do céu a declaração do Pai dizendo: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Lc 3.22-b). No entanto, no deserto, o diabo o tentou a duvidar dessa declaração, quando o quis incitar a transformar as pedras em pão como evidência de sua filiação divina (Lc 4.3). Em primeiro lugar, Jesus não precisava provar para Satanás que ele era o Filho de Deus, pois Satanás sabia disso (Mc 5.7; Lc 8.28). Em segundo lugar Jesus não compôs a sua própria resposta para o tentador, mas extraiu a sua resposta da revelação das Escrituras (Dt. 8.3; Lc 4.4). O homem precisa de pão, mas o pão não serve para todas as necessidades. A gratificação material dos apetites não pode nunca satisfazer os mais profundos anseios do espírito humano.
2.2 Apossar-se de forma prematura dos direitos de Messias (Lc 4.5-8). Lucas enfatiza o fato de que o Maligno fez aparecer diante de Jesus toda a pompa deste mundo, alegando ser dele (Jo 12.31; 14.30; 16.11). Na verdade Cristo Jesus é herdeiro de tudo (Rm 8.17; Hb 1.2). Todavia, a Escritura nos mostra que todas as coisas lhe estariam sujeitas no devido tempo (Hb 10.13; Ap 11.15). Querer tomar posse dos reinos antes de passar pela cruz era contrariar o plano divino. Mas, Jesus estava comprometido plenamente com a vontade divina (Jo 4.34; 5.30; 6.38; Hb 10.7).
2.3 Testar a revelação recebida (Lc 4.9-12). “A tentação pode ter sido no sentido de operar um milagre espetacular mas sem razão de ser, a fim de compelir a maravilha e a crença de certo tipo. A tentação pode ter sido, conforme a resposta de Jesus parece indicar, a de ser presunçoso com Deus ao invés de confiar nele humildemente. O Maligno nesta ocasião cita a Escritura (Sl 91.11-12) para assegurar Jesus que Ele ficaria bastante seguro. Este, porém, é um emprego errôneo da Bíblia. E torcer um texto para servir um propósito. Jesus rejeita esta tentação, conforme fizera com as outras duas, ao apelar para o significado verdadeiro da Bíblia (Dt 6.16). Não cabe ao homem submeter Deus ao teste, nem sequer quando o homem é o próprio Filho de Deus encarnado” (MORRIS, 2007, p. 98,99).
III – A IMPECABILIDADE DE JESUS CRISTO
“A impecabilidade de Cristo, pois, deve significar mais do que a rejeição de atos pecaminosos; ele nunca favoreceu a atitude do pecado; não pecou em seus desejos e em seus motivos, muito menos em suas ações. Ele mesmo deixou claro que o pecado reside nos desejos e motivos dos homens, e não apenas em atos pecaminosos” (CHAMPLIN, 2006, p. 523). A respeito de Cristo o escritor aos Hebreus diz que ele “em tudo foi tentado” (Hb 4.15-a). Como Deus ele não podia ser tentado, mas como homem passou por diversas tentações (Lc 22.28; Hb 2.18). A tentação na vida de Cristo nos ensina que ele era perfeitamente homem (Jo 1.14; Fp 2.7). Foi tentado a fim de se identificar com a raça humana e ser constituído o nosso sacerdote (Hb 2.17; 4.15; 5.2). Diz ainda a Bíblia apesar de em tudo ser tentado, permaneceu “sem pecado” (Hb 4.15-b). Tanto no Antigo quanto o Novo Testamento ensinam claramente a impecabilidade do Messias (Jr 33.16; Is 53.6; II Co 5.21; Hb 4.15; 7.26; 9.14; I Pe 1.19). Ele nasceu sem pecado (Lc 1;.26-35). Viveu de forma irrepreensível durante toda a sua vida (Mt 27.19; Lc 23.47; Jo 18.38). Por isso, sendo perfeito, tornou-se o sacrifício perfeito pelos pecados do mundo (Is 53.12; Hb 7.26-28).
IV – O CONTRASTE ENTRE ADÃO E CRISTO
A queda do homem se deu quando o primeiro Adão, como representante da humanidade, cedeu à tentação do diabo (Gn 3). Assim começou o pecado (Rm 5.12). Do mesmo modo agora, quando o ministério público de Jesus estava para ter início, era oportuno que ele, como o segundo Adão, resistisse à tentação do diabo e prestasse obediência perfeita a Deus. Na tabela abaixo destacaremos os contrastes entre Adão e Cristo.
 

V – APRENDENDO COM JESUS A VENCER AS TENTAÇÕES
Vivendo cheio do Espírito Santo (Lc 4.1-a).
Orando sempre (Lc 4.2; Mt 26.41).
Praticando regularmente o jejum (Lc 4.2).
Vigiando (Lc 4.3-13; Mc 14.34).
Usando a Palavra, a espada do Espírito (Lc 4.4,8,12).
                    
CONCLUSÃO
Que Cristo tornou-se perfeitamente homem, Lucas deixa evidente pela sua genealogia até Adão e pela tentação no deserto. Jesus, como o segundo Adão, venceu o diabo e mostrou ser o  homem perfeito apto para ser o nosso sacerdote e o sacrifício perfeito pelos nossos pecados.
REFERÊNCIAS
ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
BARCLAY, William. Comentário do Novo Testamento. PDF.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
MORRIS, Leon, L. Lucas: Introdução e Comentário. VIDA NOVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
 

segunda-feira, 13 de abril de 2015

LIÇÃO 03 – A INFÂNCIA DE JESUS (Lc 2.46-49; 3.21,22) - 2º TRIMESTRE 2015

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524
LIÇÃO 03 – A INFÂNCIA DE JESUS - 2º TRIMESTRE 2015 (Lc 2.46-49; 3.21,22)
INTRODUÇÃO                                                             
Nesta lição, estudaremos um dos períodos da vida de Jesus, a sua infância. São poucos os registros bíblicos a respeito desta fase de Cristo, por esta razão, devemos extrair o máximo da mais bela história da humanidade. Veremos na perspectiva Lucana, os relatos da infância de Jesus, as dimensões da humanidade de Cristo, bem como, o exemplo que Jesus nos deixou enquanto infante.

 
I – O REGISTRO DA INFÂNCIA DE JESUS CRISTO
Os quatro Evangelhos, são fontes fidedignas de informação a respeito de toda a vida de Jesus aqui na terra. O Evangelho conforme Lucas, em especial, narra os acontecimentos dos dias da infância de Cristo, ainda que de forma sucinta. Aurélio define a palavra infância como: “um período de crescimento, no ser humano, que vai do nascimento até a puberdade” (FERREIRA, 2004, pp. 54, 1101, 1656), ou seja, a passagem progressiva da infância à adolescência, isto é, de 0 a 12 anos.

 
1.1 - Fontes dos registros da infância de Jesus. “Algumas pessoas motivadas pelo fato dos breves registros canônicos (registros dos livros divinamente inspirados e autoritários para a fé e a prática dos cristãos, a saber, os registros bíblicos da Nossa Bíblia), acerca desta faixa etária de Cristo, tem feito deste tema, o objeto dos seus estudos. Contudo, tais estudiosos se atêm a registros não canônicos, alegando a insuficiência dos registros bíblicos. Mas, nós, amantes da Palavra e convictos da sua inspiração, inerrância, infalibilidade, soberania e completude; jamais iremos além daquilo que a Bíblia nos diz acerca do ’Filho do homem’, como também, não daremos voz ao que a Bíblia silencia” (GONÇALVES, 2015, p. 36 – acréscimo nosso).

II – RELATOS DA INFÂNCIA CRISTO
Como estudamos na primeira lição, o evangelista Lucas é um escritor muito minucioso e detalhista. E como um dos seus propósitos era discorrer ordenadamente a história de Jesus, pontuando início, meio e fim, podemos notar esta mesma ordem no traçar da síntese que narra a infância de Jesus Cristo.

2.1 - Um dia de nascido. A narrativa do escritor Lucas nos cap. 2 vv. 6-20 descreve o Cristo com apenas “um dia” de nascido, enrolado com um cobertor, deitado em uma manjedoura, recebendo a visita de alguns simples pastores da Comarca de Belém, cujos mesmos, haviam sidos avisados por um anjo do Senhor, acerca do seu nascimento como Salvador, como Cristo, o Senhor.

 
2.2 - Oito dias de nascido. Lucas narra à sequência dos dias do menino Deus, descrevendo por sua vez o seu oitavo dia de nascido, quando fez a observação da cerimônia de circuncisão do bebê, pois todo menino era circuncidado no oitavo dia após o seu nascimento (Lc 2.21; Lv 12.1-3; Fp 3.5). E naquela ocasião, como era de costume, o ritual reunia a família e amigos e, o infante recebia o seu nome. José e Maria deram-lhe o nome de Jesus, conforme o anjo do Senhor lhes havia dito antes mesmo que Ele nascesse (Lc 2.21).

2.3 - Quarenta e um dia de nascido. Os registros do médico Lucas que se seguem, narram o quadragésimo primeiro dia do nascimento de Jesus, quando descreve o episódio dos dias seguintes da purificação de Maria, pois uma mulher judia que dera a luz a um filho ficava cerimonialmente impura por quarenta dias ou duas vezes esse tempo, se tivesse uma filha (Lv 12.2-5). Maria fizera o que prescrevia a Lei, levando ao Templo a oferta da purificação (Lv 12.6,8). E neste mesmo dia, José e Maria levaram consigo Jesus para também consagrá-lo ao Senhor, cumprindo de igual modo, o rito que está escrito na referida Lei de Moisés, de que o filho primogênito deveria ser dedicado ao Senhor (Lc 2.22; Lv 12.2-4, 6; Êx 13.2; 12-15, 22.29; 34.19; Nm 3.13; 8.17; 18.15).

2.4 - Os últimos dias da infância de Cristo e o início da sua adolescência (Lc 2.39,40). Os demais dias de Jesus foram iguais aos de um menino comum em sua idade, no seio de sua família em Nazaré, um vilarejo da Galileia. Segundo a tradição talmúdica, os períodos distintos da infância segundo os judeus eram da seguinte forma: (1) Três anos. Aos três anos ocorria o desmame, e pela primeira vez era permitido o uso de vestes com borlas, segundo é estipulado em Nm 15.38-41. Era então que começava a educação da criança. (2) Cinco anos. Aos cinco anos, a criança começava a aprender a lei mediante ensino catequético, na escola. (3) Dez anos. Aos dez anos, o menino podia começar a estudar a Mishna (a primeira parte ou texto do Talmude, que consiste em tradições orais e comentários sobre o Pentateuco). (4) Doze anos. Aos doze anos, o menino tornava-se diretamente responsável pela obediência à Lei, incluindo suas ordenanças e festividades prescritas. O registro Lucano mostra exatamente Jesus aos doze anos de idade participando da mais importante festa religiosa em Israel, a saber, à Páscoa (CHAMPLIN, 2014, Vol. 2, p. 48 – acréscimo nosso).

2.5 - Informação Adicional. (Lc 2.39). Nada existe capaz de indicar que Lucas estivesse familiarizado com os acontecimentos registrados no segundo capítulo do Evangelho de Mateus, Lucas nada nos informa sobre a visita dos magos (Mt 2.1-12), e não relata a fuga para o Egito (Mt 2.13-23), mas encerra todas as suas anotações sobre os primeiros dias da infância de Jesus, mencionando a volta da família à Nazaré. Essas distintas informações se suplementam entre si nessas narrativas sobre o início da existência terrena de Jesus, provando que ambos utilizaram o Evangelho conforme Marcos como fonte comum e outra fonte “tal” que estaria informando acerca das declarações de Jesus (CHAMPLIN, 2014, Vol. 2, p. 46 – acréscimo nosso).

III – AS DIMENSÕES DA HUMANIDADE DE JESUS
Os teólogos e educadores Eulálio Figueira e Sérgio Junqueira ao descreverem a educação no antigo Israel no tempo de Jesus, fizeram uma excelente exposição sobre essa dimensão de Cristo. Eles observam que Jesus era semelhante a nós em tudo, menos no pecado (Hb 4.15), e que viveu o mesmo processo de crescimento comum a todos os homens. Como todos os homens ele cresceu nas dimensões biopsicossociais (FIGUEIRA, JUNQUEIRA, 2012, apud, GONÇALVES, 2015, pp. 38, 39).

 
3.1 - O tríplice crescimento de Jesus (Lc 2.52). Lucas distingue didaticamente o crescimento humano de Jesus em sabedoria, estatura (tamanho) e graça, diante de Deus e dos homens e, isso não nos deve surpreender, porquanto ele era homem (humano) autêntico. Enquanto viveu em Nazaré, Jesus “crescia e ficava forte, cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava com ele” (Lc 2.40). “Cada ser humano que nasce neste mundo, destacam esses expositores bíblicos; pertence a um determinado lugar, a uma determinada família e a um determinado povo. Nasce, portanto, sujeito a vários condicionamentos. Com Jesus também foi assim” (FIGUEIRA, JUNQUEIRA, 2012, apud, GONÇALVES, 2015, pp. 38, 39 – acréscimo nosso).

3.2 - Os condicionamentos do crescimento de Jesus. “Ele aprendeu a falar e a escrever (nos dias de Jesus falava-se o hebraico nas escolas e o aramaico nas conversas diárias), a comunicar-se com Deus; Jesus estava sendo 'aperfeiçoado' como também lemos no texto de Hb. 2.10” (CHAMPLIN, 2014, Vol. 2, p. 46 – acréscimo nosso). Não há como negar que fatores culturais, tais como o ambiente familiar, a língua e o lugar onde nascemos marcam a vida de cada uma de nós de forma profunda. Esses fatores são independentes da nossa vontade. No entanto, fazem parte da nossa existência, sendo, portanto, o ponto de partida para tudo aquilo que queremos realizar. Destacam ainda estes autores que Jesus “assumiu este condicionamento lá onde pesam mais, isto é, no meio dos pobres, pois Lucas descreve no ritual da purificação de Maria que sua família era uma família com poucos recursos (Lv 12.8; Lc 2. 22-24; 2 Co 8.9; Mt 13.55; Fp 2.6,7; Hb 4.15; 5.8). (FIGUEIRA, JUNQUEIRA, 2012, apud, GONÇALVES, 2015, pp. 38, 39 – acréscimo nosso).

3.3 - Crescimento em sabedoria. Crescer em sabedoria é assimilar os conhecimentos da experiência humana diária, acumulada ao longo dos séculos nas tradições e costumes do povo. Isso se aprende convivendo na comunidade natural do povoado (FIGUEIRA, JUNQUEIRA, 2012, apud, GONÇALVES, 2015, p. 39).

 
3.4 - Crescimento em estatura. Crescer em tamanho é nascer pequeno, crescer aos poucos e tornar-se adulto. É o processo de todo ser humano; com suas alegrias e tristezas, amores e raivas, descobertas e frustrações. Isto se aprende convivendo na família com os pais, os avós, os irmãos e as irmãs, com os tios e tias, sobrinhos e sobrinhas (FIGUEIRA, JUNQUEIRA, 2012, apud, GONÇALVES, 2015, p. 39).

 
3.5 - Crescimento na graça. Crescer em graça é descobrir a presença de Deus na vida, a sua ação em tudo que acontece, o seu chamado ao longo dos anos da vida, a vocação, a semente de Deus na raiz do próprio ser. Isto se aprende na comunidade de fé, nas celebrações, na família, no silêncio, na contemplação, na oração, na luta de cada dia, nas contradições da via e, em tantas outras oportunidades (FIGUEIRA, JUNQUEIRA, 2012, apud, GONÇALVES, 2015, p. 39).

 
IV – O EXEMPLO DO INFANTE JESUS
José e Maria estavam conscientes da divindade de Jesus, bem como, de sua missão redentora (Lc 1.30-38; 2.8-19, 25-35). Jesus também demonstrou estar consciente da sua divindade ainda na adolescência (Lc 2.49). Contudo,

 
Jesus demonstrou submissão aos seus pais judeus, Ele “era-lhes sujeito” (Lc 2.51), pois Jesus foi obediente em tudo (Hb 5.8). Da infância até a cruz Jesus foi submisso ao Pai eterno e aos seus pais judeus, deixando-nos este memorável exemplo.

 
CONCLUSÃO
Os poucos relatos bíblicos que temos acerca desta fase de Cristo, sua infância, é completamente o bastante para compreendermos a sua vida aqui na terra. Como cristão, o nosso compromisso é com o que está escrito na Palavra e jamais com as especulações.

 
REFERÊNCIAS
 CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
 GONÇALVES, José. Lucas, O Evangelho de Jesus, O Homem Perfeito. CPAD.
 MACARTHUR. Bíblia de Estudo MacArthur. SBB.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Revista Ensinador Cristão Nº 62 - CPAD (2º Trimestre de 2015)


Para o Download, clique na imagem acima.

Com a proposta de oferecer suporte que atenda pastores, superintendentes, líderes, professores de ED e seminaristas, esta revista ajudará você na função de educador e irá renovar a Escola Dominical da sua igreja. Por meio da revista Ensinador Cristão, todos os que militam na área de docência cristã encontram ricos subsídios, dinâmicas e orientações para melhor se equiparem no desempenho de suas atividades na obra de Deus. A revista é a maior deste segmento em todo o país. Entrevistas –Personalidades da área dão sua opinião a respeito da educação nos dias atuais; Subsídios– Conteúdo Adicional para as aulas de Lições Bíblicas. Reportagens – Matérias sobre a importância do ensino e no que a igreja tem feito para desenvolvê-lo; Em Evidência – Igrejas que investem em ED têm aqui o seu destaque; Exemplo de Mestre – Experiências de professores que alcançaram seus objetivos; Boas Ideias- Sugestões de novos métodos educacionais criativos e eficazes.

Traduza Aqui, gostou do Blog divulgue, Leia a Biblia