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Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
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LIÇÃO 04 –
A TENTAÇÃO DE JESUS - 2º TRIMESTRE 2015 (Lc 4.1-13)
INTRODUÇÃO
Em Lucas
4.1-13 encontramos o registro da tentação de Jesus. O Filho do Homem foi
conduzido pelo Espírito Santo ao deserto, a fim de ser tentado pelo diabo.
Neste ambiente hostil e sobre fortes e sedutoras tentativas diabólicas, o nosso
Senhor conseguiu vencer as artimanhas do Maligno utilizando-se da espada do
Espírito – a Palavra de Deus.
I – A
TENTAÇÃO DE JESUS SEGUNDO O EVANGELHO DE LUCAS
Após ser
batizado por João Batista no Jordão (Lc 3.21,22), Jesus foi conduzido pelo
Espírito Santo ao deserto para ser tentado. Mas alguém pode perguntar: como era
possível que o Jesus sem pecado fosse tentado? Devemos antes de mais nada
observar que o que foi tentado foi sua natureza humana. Jesus não só era Deus;
ele era também homem. O episódio da tentação está registrado nos três
evangelhos sinóticos (Mt 4; Mc 1.13; Lc 4). No entanto, o registro lucano nos fornece
alguns detalhes a respeito desse fato que abaixo iremos destacar:
1.1 O
lugar da tentação (Lc 4.1). O referido texto nos mostra que Jesus foi
tentado no deserto “E Jesus […] foi levado [...] ao deserto”. A
palavra deserto no grego “eremía” e “éremus” significam,
ambos, “deserto” ou “lugar ermo”, ou seja, não
somente um verdadeiro deserto, mas também um lugar desabitado ou escassamente
habitado. “A zona desabitada da Judéia ocupava a parte central que era o
espinho dorsal da parte sul da Palestina. Entre esta zona e o Mar Morto havia
um deserto terrível, de cinquenta quilômetros por vinte e cinco. As colinas
eram como acumulações de pó; a pedra calcária parecia amolada e descascada; as
rochas nuas e trincadas; o solo parecia oco sob os cascos dos cavalos; brilhava
com o calor como uma grande fornalha e terminava em precipícios de quatrocentos
metros de altura, que se precipitavam ao redor do Mar Morto. Nesta aterradora
desolação Jesus foi tentado” (BARCLAY, 1955, p. 39).
1.2 O
tempo da tentação (Lc 4.2-a). O relato de Mateus indica que foi “após
os quarenta dias de jejum” que a tentação teve inicio (Mt 4.1). Mas
Lucas diz especificamente que a tentação durou todo esse tempo “e
quarenta dias foi tentado pelo diabo”. Isso é muito mais vívido e
perturbador. A tentação foi prolongada e severa. Contudo, Jesus, apesar da
tensão e da fome, mostrou-se vitorioso. É interessante destacar que as tentações
que Cristo sofreu não resumiram-se ao deserto (Lc 22.28). O diabo deu uma
trégua temporária depois do episódio no deserto, mas logo retornaria para
importunar o Mestre (Lc 4.13). Como podemos ver, o Salvador viveu
constantemente sob a pressão do diabo, que é uma personalidade real, embora não
seja necessariamente visível.
1.3 O
agente tentador (Lc 4.2-b). O referido texto nos informa que quem tentou
Jesus foi o próprio diabo “e quarenta dias foi tentado pelo diabo”.
Os outros evangelistas também asseveram isso (Mt 4.3; Mc 1.13). A Bíblia nos
mostra que ele é o principal agente da tentação (Gn 3.1; II Co 11.3; I Ts 3.5;
I Pe 5.8). O registro lucano informa quais as artimanhas do Inimigo para esse
fim:
(a) o diabo
chegou-se a Jesus no deserto valendo-se de que ele estava sozinho (Mt 4.1; Lc
4.1);
(b) aproveitou um momento que o Mestre se encontrava debilitado
fisicamente (Mt 4.2; Lc 4.2);
(c) com a expressão “se” talvez
quisesse colocar dúvida na mente de Cristo (Lc 4.3);
(d) tentou
três vezes, pois entendia que a insistência podia fazer o Filho de Deus ceder
(Lc 4.3); e, (e) usou a Palavra de Deus de forma distorcida para
ludibriar (Lc 4.10,11).
II – AS
PROPOSTAS DO INIMIGO NA TENTAÇÃO
Lucas
apresenta uma sequência de tentações diferente da do evangelho de Mateus,
contudo o relato de Lucas não afirma ser cronológico. Não sabemos por que Lucas
inverte a ordem das duas últimas tentações, e não há proveito em especular a
respeito disso. O que deve ser destacado é que a tentação foi uma realidade.
“Jesus é colocado em teste para determinar se possui as qualidades necessárias
para ser o Salvador, o Cristo e o Senhor. O diabo, seu arqui-inimigo, confronta
Jesus e tenta seduzi-lo antes do inicio de seu ministério. Seu objetivo é
frustrar o plano de salvação de Deus logo no principio, induzindo Jesus a
faltar com sua palavra para com Deus” (TOKUMBOH, 2010, p. 1241).
2.1
Duvidar da revelação recebida (Lc 4.3). No batismo, Jesus ouvira do céu a declaração
do Pai dizendo: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Lc
3.22-b). No entanto, no deserto, o diabo o tentou a duvidar dessa declaração, quando
o quis incitar a transformar as pedras em pão como evidência de sua filiação
divina (Lc 4.3). Em primeiro lugar, Jesus não precisava provar para Satanás que
ele era o Filho de Deus, pois Satanás sabia disso (Mc 5.7; Lc 8.28). Em segundo
lugar Jesus não compôs a sua própria resposta para o tentador, mas extraiu a
sua resposta da revelação das Escrituras (Dt. 8.3; Lc 4.4). O homem precisa de
pão, mas o pão não serve para todas as necessidades. A gratificação material
dos apetites não pode nunca satisfazer os mais profundos anseios do espírito
humano.
2.2
Apossar-se de forma prematura dos direitos de Messias (Lc 4.5-8). Lucas
enfatiza o fato de que o Maligno fez aparecer diante de Jesus toda a pompa
deste mundo, alegando ser dele (Jo 12.31; 14.30; 16.11). Na verdade Cristo
Jesus é herdeiro de tudo (Rm 8.17; Hb 1.2). Todavia, a Escritura nos mostra que
todas as coisas lhe estariam sujeitas no devido tempo (Hb 10.13; Ap 11.15).
Querer tomar posse dos reinos antes de passar pela cruz era contrariar o plano
divino. Mas, Jesus estava comprometido plenamente com a vontade divina (Jo
4.34; 5.30; 6.38; Hb 10.7).
2.3 Testar
a revelação recebida (Lc 4.9-12). “A tentação pode ter sido no sentido
de operar um milagre espetacular mas sem razão de ser, a fim de compelir a
maravilha e a crença de certo tipo. A tentação pode ter sido, conforme a
resposta de Jesus parece indicar, a de ser presunçoso com Deus ao invés de
confiar nele humildemente. O Maligno nesta ocasião cita a Escritura (Sl
91.11-12) para assegurar Jesus que Ele ficaria bastante seguro. Este, porém, é
um emprego errôneo da Bíblia. E
torcer um texto para servir um propósito. Jesus rejeita esta tentação, conforme
fizera com as outras duas, ao apelar para o significado verdadeiro da Bíblia
(Dt 6.16). Não cabe ao homem submeter Deus ao teste, nem sequer quando o homem
é o próprio Filho de Deus encarnado” (MORRIS, 2007, p. 98,99).
III – A
IMPECABILIDADE DE JESUS CRISTO
“A
impecabilidade de Cristo, pois, deve significar mais do que a rejeição de atos
pecaminosos; ele nunca favoreceu a atitude do pecado; não pecou em seus desejos
e em seus motivos, muito menos em suas ações. Ele mesmo deixou claro que o
pecado reside nos desejos e motivos dos homens, e não apenas em atos
pecaminosos” (CHAMPLIN, 2006, p. 523). A respeito de Cristo o escritor aos
Hebreus diz que ele “em tudo foi tentado” (Hb 4.15-a). Como Deus
ele não podia ser tentado, mas como homem passou por diversas tentações (Lc
22.28; Hb 2.18). A tentação na vida de Cristo nos ensina que ele era
perfeitamente homem (Jo 1.14; Fp 2.7). Foi tentado a fim de se identificar com
a raça humana e ser constituído o nosso sacerdote (Hb 2.17; 4.15; 5.2). Diz
ainda a Bíblia apesar de em tudo ser tentado, permaneceu “sem pecado” (Hb
4.15-b). Tanto no Antigo quanto o Novo Testamento ensinam claramente a
impecabilidade do Messias (Jr 33.16; Is 53.6; II Co 5.21; Hb 4.15; 7.26; 9.14;
I Pe 1.19). Ele nasceu sem pecado (Lc 1;.26-35). Viveu de forma irrepreensível
durante toda a sua vida (Mt 27.19; Lc 23.47; Jo 18.38). Por isso, sendo
perfeito, tornou-se o sacrifício perfeito pelos pecados do mundo (Is 53.12; Hb
7.26-28).
IV – O
CONTRASTE ENTRE ADÃO E CRISTO
A queda do
homem se deu quando o primeiro Adão, como representante da humanidade, cedeu à
tentação do diabo (Gn 3). Assim começou o pecado (Rm 5.12). Do mesmo modo
agora, quando o ministério público de Jesus estava para ter início, era
oportuno que ele, como o segundo Adão, resistisse à tentação do diabo e
prestasse obediência perfeita a Deus. Na tabela abaixo destacaremos os
contrastes entre Adão e Cristo.
V – APRENDENDO COM JESUS A VENCER AS TENTAÇÕES
Vivendo cheio do
Espírito Santo (Lc 4.1-a).
Orando sempre (Lc
4.2; Mt 26.41).
Praticando regularmente
o jejum (Lc 4.2).
Vigiando (Lc
4.3-13; Mc 14.34).
Usando a Palavra,
a espada do Espírito (Lc 4.4,8,12).
CONCLUSÃO
Que Cristo
tornou-se perfeitamente homem, Lucas deixa evidente pela sua genealogia até
Adão e pela tentação no deserto. Jesus, como o segundo Adão, venceu o diabo e
mostrou ser o homem perfeito apto para
ser o nosso sacerdote e o sacrifício perfeito pelos nossos pecados.
REFERÊNCIAS
ADEYEMO, Tokunboh. Comentário
Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
BARCLAY, William. Comentário do
Novo Testamento. PDF.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo
Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
MORRIS, Leon, L. Lucas: Introdução e
Comentário. VIDA NOVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
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