segunda-feira, 18 de abril de 2016

LIÇÃO 03 – JUSTIFICAÇÃO, SOMENTE PELA FÉ EM JESUS CRISTO (Rm 4.17-22) - 2º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 03 – JUSTIFICAÇÃO, SOMENTE PELA FÉ EM JESUS CRISTO 2º TRIM/2016 (Rm 4.17-22)

INTRODUÇÃO
Nesta lição, traremos a definição da palavra justificação; estudaremos a doutrina da justificação pela fé; analisaremos a insuficiência da Lei para a justificação; pontuaremos Abraão e a doutrina da justificação; e concluiremos vendo os elementos da justificação.

I - DEFINIÇÃO DE JUSTIFICAÇÃO NA BÍBLIA
O sentido de “justiça” no AT procede de dois termos hebraicos: “tsedeq”, cujo sentido primário é “ser retilíneo”, “ser reto”, “retidão”; e, “mishpat”, traduzido por “justiça” e “juízo” (2Cr 12.6; Ec 12.14; Sl 1.5; Sl 11.7). O NT emprega a palavra “dikaiosyne” para designar os termos “justiça”, “retidão”, “justo”, “reto” e “justificação”. No AT embora o termo “justificar” tenha, às vezes, uma conotação moral ou ética, grande parte de sua ocorrência deixa evidente o aspecto forense (jurídico) do termo, onde uma pessoa é declarada judicialmente justa por ter uma vida coerente com as exigências da Lei (Êx 23.7; Is 5.23; Dt 25.1; Pv 17.15). Já o sentido no NT do termo “justificar” é mais amplo, pois se trata de uma pessoa declarada justa ante o tribunal de Deus, com base na justiça de Cristo (VINE, 2006, p. 733).

II – A DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ
Podemos definir a justificação como um ato judicial de Deus, no qual ele declara, com base na justiça de Cristo, que todas as reivindicações da Lei são satisfeitas com vistas ao pecador (Rm 5.1-10; At 26.18). A justificação traz a absolvição da culpa por sermos declarados justos, e, está claramente associada à expiação dos nossos pecados (Rm 4.25).

2.1 - A doutrina da justificação pela fé. A doutrina da justificação pela fé é o cerne da teologia paulina, utilizada especialmente quando em confronto direto com o ensino judaico ou dos judeus cristãos, que defendiam que o homem encontra a graça de Deus quando cumpre a vontade divina por meio da Lei judaica (legalismo). Paulo contra-argumenta que basta ao ser humano ter fé na eficácia do sacrifício de Cristo na cruz para Deus o declarar justo (Gl 1.6,9). A Escritura nos ensina que somos justificados pela fé (At 13.39; Rm 3.26,28,30; 4.3,5; 5.1; Gl 2.16; 3.8) ou mediante a fé (Rm 5.1; Gl 2.16;
Fp 3.9), mostrando, assim, que existe uma estreita relação entre a justificação e a fé (GILBERTO, 2004, p.147).

2.2 - O aspecto forense da doutrina da justificação pela fé. O termo forense está relacionado ao “sistema e práticas judiciais”. Neste caso, a justificação tem como base a justiça de Cristo. Sendo o homem incapaz de se auto justificar, Deus o justifica. Surge então a questão: como Deus, sendo absolutamente justo, pode justificar o homem injusto e pecador? Paulo responde e deixa claro que Cristo se fez justiça por nós (Rm 3.24-26; 4.5; 1Co 1.30). Portanto, Deus não é injusto ao justificar o injusto, pois o fundamento é a justiça de Cristo e Deus considera a justiça dEle pertencente ao homem.

2.3 - Jesus e a doutrina da justificação pela fé. A doutrina da justificação pela fé está presente na mensagem propagada por Jesus, como pode ser constatada em diversas parábolas e também no seu próprio estilo de vida. Paulo apresenta uma compreensão da mensagem de Jesus maior do que qualquer outro autor do NT. Um ensinamento tão crucial como a doutrina da justificação não poderia estar ausente nos ensinamentos do “Mestre dos mestres”, o Senhor Jesus Cristo (Lc 23.43; Lc 18.9-14). O pecador é justificado gratuitamente pela graça de Deus (Rm 3.4) e não há nenhuma possibilidade de justificação pelas obras da lei (Rm 3.28; Gl 2.16; 3.11). A base da justificação só pode ser encontrada na justiça perfeita de Cristo, imputada ao pecador na justificação e apropriada pela fé (Rm 3.24; 5.9,19; 8.1; 10.4; 1Co 1.30; 6.11; Fp 3.9).

III - A INSUFICIÊNCIA DA LEI PARA A JUSTIFICAÇÃO
A justificação é uma providência tomada por Deus de nos declarar justificados em Cristo Jesus para todo o sempre. Éramos pecadores, filhos da ira e condenados. Agora, passamos à posição de filhos de Deus (Jo 1.11-12; Fl. 3.20-21).

3.1 - A justiça do homem é como trapo de imundícia. Como poderia um pecador, um ser humano decaído e miserável, sobreviver diante do tribunal de um Deus absolutamente santo e justo? A justiça inerente do homem é insuficiente para a justificação, considerada como trapos de imundícia (Is 64.6; Fp 3.8,9), sendo necessária uma justiça superior que está fora do homem e que lhe seja atribuída. A essência da justificação é de que o homem é perdoado com justiça, entretanto, é preciso entender que tal justiça é alcançada por Cristo por sua perfeita obediência e o sacrifício de si mesmo, sendo
posteriormente atribuída ao crente. Essa justificação traz como efeito o perdão, a paz com Deus e a certeza da salvação. As boas obras não são consideradas como causa, mas como consequências da justificação (Rm 5.19; 1Co 1.30; 2Co 5.21).

3.2 - A justificação pela fé e a santificação. A justificação pela fé não significa que uma vez justificado, o crente pode fazer o que bem entender. Precisa-se tomar cuidado com algumas afirmações teológicas, como por exemplo, a que ensina que “uma vez salvo, salvo para sempre”. A justificação, como já vimos, é imediata, instantânea. No entanto, uma vez justificado, o crente deve manter sua vida de comunhão com Deus e desenvolver a santificação, que é progressiva. Na verdade, na justificação, Deus realmente remove de nós a culpa pelo pecado, isto é, a sujeição do pecador à punição eterna, mas não a culpabilidade inerente a qualquer pecado que seja praticado (Sl 25.7; 51.5-9).

IV - ABRAÃO E A DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO
Paulo inicia o tema da Justificação em Romanos 1.18 e só o conclui em Romanos 4.25. Estes capítulos incluem: a necessidade da justificação (Rm 1.18-20), o meio da justificação (Rm 3.21-31) e, exemplos da justificação (Rm 4.1-25). O assunto principal dos quatro primeiros capítulos de Romanos é a Revelação da Justiça Salvífica de Deus. A fim de provar a universalidade do pecado (Rm 3.9-20,23), e a necessidade de justificação geral (Rm 3.22) (GILBERTO, 2004, p.148).

4.1 - A justificação de Abraão não foi por obras meritórias. Os judaizantes do passado pregavam que a justiça provinha das obras (At 15.1; Gl 2.21). O apóstolo Paulo diz pela inspiração que somos salvos pela fé e não pelas obras (Ef 2.8-10). Paulo retrocede no tempo, para além de Moisés, e toma Abraão como exemplo de fé. Abraão tinha fé em Deus, isto é, cultivava um dedicado e leal relacionamento com seu Deus, cria nas suas promessas (Rm 4.20,21; Gn 12.1-3; 15.5,6) e vivia em obediência ao Senhor (Gn 12.1-4; 22.1-19; Hb 11.8-19; Tg 2.21,22;). A fé de Abraão foi “imputada” por justiça. A expressão “imputar” significa creditar na conta da pessoa. A Escritura nos ensina que somos justificados pela fé (Rm 3.28,30) ou mediante a fé (Rm 5.1; Gl 2.16; Fp 3.9), mostrando, assim, que existe uma estreita relação entre a justificação e a fé.

4.2 - A justificação de Abraão não foi por meio da circuncisão. Um dos argumentos mais fortes utilizados pela epístola aos Romanos é da paternidade de Abraão de todos aqueles que creem (Rm 4.9-12). O período em que Abraão foi declarado justo pela sua fé na Palavra de Deus, conforme descrito em Gênesis 15.6, correspondia a uma época bem anterior à sua circuncisão. Se a fé e a justificação de Abraão ocorrem antes da circuncisão, ele também é pai dos gentios, que creem independentes de circuncisão. A lei mosaica foi estabelecida depois da promessa e justificação de Abraão pela fé (430 anos depois). Portanto, não influenciou na justificação. Dessa forma, Abraão foi justificado antes da circuncisão e do estabelecimento da Lei (Rm 4.12; Ef 2.8) (GILBERTO, 2004, p.148).

V - ELEMENTOS DA JUSTIFICAÇÃO
A justificação é uma das mais importantes doutrinas da salvação, pois sem ela não haveria salvação. Tanto o arrependimento como a fé, o perdão e a regeneração conduzem à justificação. Há quatro elementos da obra de justificação que são:
(a) a remissão dos pecados;
(b) a imputação da justiça de Cristo;
(c) a adoção de filhos; e,
(d) o direito a vida eterna ao pecador. Vejamos:

5.1 - A remissão dos pecados. A remissão dos pecados está baseada na obediência completa e absoluta de Cristo, isto é, em seu perfeito cumprimento da Lei (Sl 32.1; Is 43.25; 44.22; Jr 31.34). O perdão concedido por Deus na justificação aplica-se a todos os pecados, passados, presentes e futuros, e, por isso, envolve a remoção da culpa e de toda a penalidade. Passagens como Romanos 5.21; 8.1,32-34; Hebreus 10.14; Salmos 103.12; Isaías 44.22 nos asseguram que ninguém pode lançar nada na conta da pessoa justificada, que está isenta de condenação e é herdeira da vida eterna.

5.2 - A imputação da justiça de Cristo. Na justificação, Cristo não apenas tira de nós a nossa iniquidade, mas também nos nos reveste com a sua própria santidade (At 26.18; Rm 5.1-2; Gl 4.5). A justificação é uma necessidade para que o crente tenha certeza absoluta de que está salvo, seguro, aceito por Deus e para criar uma relação de Pai para filho e filho para Pai entre o crente e Deus. A salvação e a justificação são só pela graça mediante a fé (Rm. 3.20,28; 11.6; Ef. 2.8-9).

5.3 - Adoção de filhos. Os crentes são, antes de tudo, filhos de Deus por adoção. Por intermédio dessa adoção, Deus coloca o pecador no estado de filho e passa a tratá-lo como filho. Em virtude de sua adoção, os crentes são inseridos na família de Deus, ficam sob a lei da obediência filial e passam a ter direito a todos os privilégios da filiação. A adoção como filhos e a filiação moral dos crentes andam de mãos dadas. Por um lado, eles são adotados por Deus como filhos. Por outro, eles passam a se comportar como filhos de Deus (Gl 4.4-6).

5.4 - O direito à vida eterna. Quando os pecadores são adotados por Deus, eles passam a ter todos os direitos de filhos e, por isso, tornam-se herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8.17). Isso significa, antes de tudo, que eles se tornam herdeiros de todas as bênçãos da salvação nesta vida. A justificação é a mudança de posição externa e legal do pecador diante de Deus: de condenado para justificado. Pela justificação passamos a pertencer aos justos (1Co 6.11; Rm 8.30,33b; 5.1; 3.24; G1 2.16).

CONCLUSÃO
Tendo sido justificados pela graça, mediante a fé, experimentamos grandes benefícios de agora em diante: “temos paz com Deus” (Rm 5.1) e estamos “preservados da ira de Deus” (Rm 5.9). Temos a certeza da “glorificação final” (Rm 8.30) e a libertação presente e futura da “condenação” (Rm 8.1,33,34). A justificação nos toma “herdeiros, segundo a esperança da vida eterna” (Tt 3.7).

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
GILBERTO, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

VINE, E. W; et al. Dicionário Vine: o significado exegético e expositivo das palavras do AT e NT. CPAD.

terça-feira, 12 de abril de 2016

LIÇÃO 02 – A NECESSIDADE UNIVERSAL DA SALVAÇÃO EM CRISTO (Rm 1.18-20, 25-27; 2.1, 17-21) - 2º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 02 – A NECESSIDADE UNIVERSAL DA SALVAÇÃO EM CRISTO 2º TRIM/2016 (Rm 1.18-20, 25-27; 2.1, 17-21)

INTRODUÇÃO
Dentre tantas promessas descritas nas Escrituras, a promessa da salvação é, sem dúvidas, uma das mais gloriosas. Isto porque, ela não está restrita ou predestinadas à algumas pessoas, mas sim, para toda a humanidade (Jo 3.16; 1Tm 1.15; 2.3,4; Tt 2.11). Nesta lição, veremos o que significa o termo salvação; estudaremos a universalidade do pecado fazendo uma comparação entre o pecado original e o pessoal; apontaremos esta doutrina quanto ao tempo, ao espaço e as barreiras culturais; debruçaremos sobre os três aspectos da salvação; verificaremos a promessa da salvação tanto no AT como NT; e, finalizaremos observando as suas etapas tanto no lado divino quanto no humano.

I – A UNIVERSALIDADE DO PECADO
Há inequívocas declarações nas Escrituras que indicam a pecaminosidade universal do homem (1Rs 8.46; Sl 14.3; 143.2; Ec 7.20; Rm 3.1-12, 19, 20, 23; Gl 3.22; Tg 3.2; 1Jo 1.8, 10). Várias passagens ensinam que o pecado é uma “herança” do homem desde a hora do seu nascimento, e, portanto, está presente na natureza humana. A Bíblia é muito explícita relativamente à extensão (universalidade) do pecado (Sl 51.5; Jó 14.4; Jo 3.6; Rm 5.12). Em Ef 2.3 diz o apóstolo Paulo que os efésios eram “por natureza” filhos da ira, como também os demais”. Nesta passagem a expressão “por natureza” indica uma coisa inata e original, em distinção daquilo que é adquirido (Is 53.6). Então, o pecado é uma coisa da própria natureza humana, da qual participam todos os homens e que os fazem culpados diante de Deus (Rm 5.12-14), por isso, que todos os homens se acham sob condenação do pecado e necessitam da redenção (BERKHOF, 2000, p. 235).

1.1 - O pecado original ou universal. Pecado original não é uma expressão que vamos encontrar na Bíblia, mas é uma expressão teológica (Rm 3.10, 23). Originou-se num ato totalmente livre de Adão como o “representante da raça humana” numa transgressão da Lei de Deus e numa corrupção da natureza humana, tornando-se sujeito à punição de Deus (Rm 5.14- 19). A raça humana fazia parte de Adão em forma de semente; portanto, quando Adão pecou, pecamos nele, pois,“todos os homens nascem por natureza” (Ec 7.20; Sl 51.5; 143.2). O pecado não ficou restrito somente a Adão e Eva, mas estendeuse a toda a raça humana, é o que chamamos de “culpa herdada” (Rm 5.12). Sendo assim, toda a raça humana passou a ser pecadora por natureza a partir de Adão. Aos olhos de Deus, o pecado de Adão foi o pecado de todos os seus descendentes, de modo que eles nascem como pecadores (Rm 3.23; 7.23; Ef 2.1-2; Mt 15.18-19; Hb 6.1; 9.14). Devemos estar vigilantes contra o erro de pensar que Deus criou o homem já na condição de pecador e culpar a Deus do mal. Esta ideia é claramente excluída pela Escritura (Jó 34.10; Dt 32.4; Sl 92.16; Tg 1.13), ou como alguns afirmam, que os homens não nascem pecadores, mas sim, apenas com a tendência ao pecado (isso é uma heresia chamada de pelagianismo). O único ser cuja natureza humana não se mostrou corruptível (pecadora) desde a sua concepção e nascimento foi o Senhor Jesus Cristo (Hb 4.15; 7.26).

1.2 - O pecado pessoal ou factual. Com respeito à origem do pecado na história da humanidade, a Bíblia ensina que ele teve início com a transgressão de Adão no paraíso, e, portanto, com um ato perfeitamente voluntário da parte do homem. A expressão “pecados fatuais” ou “culpa pessoal” não indica apenas as ações externas praticadas por meio do corpo, mas também todos os pensamentos e volições conscientes que decorrem do pecado original, ou seja, da natureza pecaminosa (Ec 7.20; Rm 7.18). São os pecados individuais expressos em atidudes da natureza e inclinação herdada (Rm 5.18,19). O pecado original é somente um, o de Adão; já o pecado factual é múltiplo, que são os pessoais, e são por estes pecados que prestaremos contas diante de Deus, ou seja, não somos responsáveis pelo pecado de Adão, apenas pelos nossos (1Rs 8.46; Pv 20.9; Gl 5.19-21; Ef 2.3).

II - O QUE SIGNIFICA SALVAÇÃO?
A palavra “salvação” do grego “soteria” significa: “libertação, ser tirado de um perigo, livrar-se, escapar”. A salvação é o livramento espiritual eterno concedido imediatamente por Deus aos que aceitam as condições estabelecidas por Ele referentes ao arrependimento e fé no Senhor Jesus e sob confissão dEle como Senhor. “segundo a sua misericórdia nos salvou” (Tt 3.5, ver também At 4.12; Rm 10.10). A Salvação é uma milagrosa transformação espiritual, operada na alma, na vida e no caráter de toda a pessoa que, pela fé, recebe Jesus Cristo como seu único Salvador pessoal (Ef 2.8,9; 2 Co 5.17; Jo 1.12; 3.5) (VINE, 2002, p. 967). Trata-se da redenção do ser humano do poder do pecado (1Pe 1.18,19), da libertação do cativeiro espiritual (Rm 8.2), e a saída do pecador dentre o poder das trevas do pecado (Cl 1.13). E, finalmente, é o retorno do exílio espiritual do pecador para Deus (Ef 2.13) (CABRAL, 2009, p. 338).

III - OS TRÊS ASPECTOS DA SALVAÇÃO
3.1 - Justificação. É a mudança de posição externa e legal do pecador diante de Deus de condenado para justificado. Pela justificação passamos a pertencer aos justos. Justificação é o tempo passado da nossa salvação, mas sempre presente em nossa vida espiritual (1Co 6.11; Rm 8.30,33b; 5.1; 3.24; G1 2.16).

3.2 - Regeneração. É a mudança de condição do pecador de servo do pecado para filho de Deus. A regeneração é tão séria diante de Deus, que a Bíblia chama-a de “batismo em Jesus” (1Co 12.13; G1 3.27; Rm 6.3). Trata-se de um ato interior, dentro do indivíduo, abrangendo também todo o seu ser. É um termo ligado a família, filhos: “gerar”; é o novo nascimento (Jo 3.5). Mediante a regeneração somos chamados “filhos de Deus” (Gn 2.7; Jo 20.22; 15.5).

3.3 - Santificação. É a mudança de caráter (mudança subjetiva); é a mudança de serviço (mudança objetiva), “em Cristo” (posicional), como lemos em João 15.4 e 17.26.

IV - AS ETAPAS DA SALVAÇÃO
A salvação nos é concedida mediante a graça de Deus manifesta em Cristo Jesus (Rm 3.24,25; 5.8,10, Hb 7.25). Ela é recebida de graça, e mediante a fé em Cristo (Rm 3.22, 24, 25, 28). Isto é, ela resulta da graça de Deus (Jo 1.16), mas, há a resposta humana também (At 16.31; Rm 1.17; Ef 1.15; 2.8). A salvação é manifesta pelo menos tem três etapas: passado, presente e futuro. Vejamos cada uma delas:

4.1 - A etapa passada da salvação. É o que Deus fez por nós livrando-nos da pena do pecado (1Co 6.11; Rm 5.1; 8.30,33). Ela é referida na Bíblia como ocorrida no passado e inclui a experiência pessoal mediante a qual nós, como crentes, recebemos o perdão dos pecados (At 10.43; Rm 4.6-8) e passamos da morte espiritual para a vida espiritual (1Jo 3.14); do poder do pecado para o poder do Senhor (Rm 6.17-23), do domínio de Satanás para o domínio de Deus (At 26.18).
4.2 - A etapa presente da salvação. É aquilo que Deus faz em nós agora livrado-nos do domínio do pecado (2Co 7.1; 1Ts 5.23; Fp 2.12; 1Jo 2.6). É a santificação em conduta, diante do mundo e a salvação do poder do pecado. É aquilo que Deus faz em nós agora. Ela abrange:
(a) o privilégio de um relacionamento pessoal com Deus e com Jesus como nosso Senhor e Salvador (Mt 6.9; Jo 14.18-23; Gl 4.6);
(b) a conclamação para nos considerarmos mortos para o pecado (Rm 6.1-14);
(c) o convite para sermos cheios do Espírito Santo (At 2.33-39; Ef 5.18);
(e) a exigência para nos separarmos do pecado (Rm 6.1- 14; At 2.40; 2Co 6.17); e
(f) a chamada para travar uma batalha constante em prol do reino de Deus contra Satanás e suas hostes demoníacas (2Co 10.4,5; Ef 6.11,16; 1Pe 5.8).

4.3 - A etapa futura da salvação. É o que Deus fará conosco na glória celestial (1Pe 1.5; 1Jo 3.2; Rm 8.23; 13.11). Abrange:
(a) nosso livramento da ira vindoura de Deus (Rm 5.9; 1Co 3.15; 5.5; 1Ts 1.10; 5.9); (b) nossa participação da glória divina (Rm 8.29; 2Ts 2.13,14) e nosso recebimento de um corpo ressurreto, transformado (1Co 15.49-52); e
(c) os galardões que receberemos como vencedores fiéis (Ap 2.7; 1Co 9.24-27; Fp 3.8-14).

V - O LADO DIVINO E HUMANO DA SALVAÇÃO
A salvação tem um lado objetivo (o lado divino), e um, subjetivo (o humano). O primeiro refere-se a Deus como o doador da salvação; e o segundo refere-se ao homem como o recebedor. (CABRAL, 2009, p. 335). Vejamos a salvação quanto ao tempo:


CONCLUSÃO
Jesus é o autor da salvação (Lc 2.11; 2Tm 1.10; Lc 2.30; Hb 5.9), e como Salvador, Ele têm poder de perdoar os nosso pecados (Mc 2.10), a todos quanto O receberam, Ele deu o poder para serem filhos de Deus, aos que creem em seu nome (Jo 1.11-12). Porque Ele recebeu todo o poder nos céus e na terra (Mt 28.18). Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (1Tm 2.3-5).

REFERÊNCIAS
GILBERTO, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática.
CPAD. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Editora Cultura Cristã.

quarta-feira, 30 de março de 2016

LIÇÃO 01 – A EPÍSTOLA AOS ROMANOS (Rm 1.1-17) - 2º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 01 – A EPÍSTOLA AOS ROMANOS - 2º TRIMESTRE DE 2016 (Rm 1.1-17)

INTRODUÇÃO
A lição deste segundo trimestre de 2016 tem como título: “Maravilhosa Graça – O Evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos”, onde teremos a oportunidade de estudar treze lições baseadas na epístola aos Romanos, considerada pelos teólogos como a Teologia Sistemática de Paulo. Nesta primeira lição, traremos importantes informações acerca desta epístola tais como: autoria, destinatários, assunto e propósito; destacaremos a importância desta do ponto de vista bíblico, teológico e histórico; falaremos um pouco sobre a grande cidade de Roma e como provavelmente o evangelho chegou a ela; e, por fim, elencaremos os principais assuntos bíblico teológicos ensinados por Paulo nesta epístola.

I – INFORMAÇÕES SOBRE A EPÍSTOLA AOS ROMANOS
1.1 - Autoria. Há evidências internas e externas acerca da autoria paulina de Romanos. A epístola reivindica a autoria paulina (Rm 1.1). Os escritos paulinos geralmente seguem este padrão (I Co 1.1; II Co 1.1; Gl 1.1; Ef 1.1; Fp 1.1; Cl 1.1; I Ts 1.1; II Ts 1.1; I Tm 1.1; II Tm 1.1; Tt 1.1; Fm 1.1). “Pais da igreja como Eusébio, Irineu, Orígenes, Tertuliano e Clemente dão pleno testemunho da autoria paulina de Romanos” (LOPES, 2010, p. 17). É interessante destacar que Paulo foi o autor, porém Tércio foi o escritor desta epístola (Rm 16.22); e, Febe, uma cooperadora de Cencréia, foi a pessoa que levou a epístola aos cristãos de Roma (Rm 16.1).

1.2 - Destinatários. Após identificar-se como autor da epístola (Rm 1.1), Paulo saúda os cristãos para quem ele está escrevendo, chamando-os de amados de Deus e santos (Rm 1.7). O apóstolo elogia a fé destes cristãos (Rm 1.8), deixa claro que esta igreja assim como as demais são alvo da sua intercessão (Rm 1.9,10) e de seu desejo de vê-los para compartilhar com eles de algum dom espiritual com a finalidade de lhes trazer conforto e consolo (Rm 1.11,12).

1.3 - Data e Lugar. “A carta aos Romanos provavelmente foi escrita em 57 d.C.” (ADEYEMO, 2010, p. 1383). A cidade de Corinto é o local mais provável onde a carta foi escrita. Quando Lucas nos conta que Paulo passou três meses na Grécia (At 20.3), o mais provável é que o apóstolo tenha ficado em Corinto (II Co 13.1,10). “A confirmação de que esta cidade foi o local de composição da epístola acha-se na recomendação que Paulo faz de uma mulher que vivia em Cencréia, uma cidade vizinha de Corinto (Rm 16.1-2); e o irmão Gaio que manda saudações em (Rm 16.23) pode ser o mesmo que Paulo batizou em Corinto (I Co 1.14)” (CARSON, et al. 2007, p. 270 – acréscimo nosso).

1.4 - Assunto. “O tema central de Romanos é a revelação da justiça de Deus ao homem e a aplicação desta à sua necessidade espiritual. O seu tema é, assim, basilar em toda a experiência cristã, pois ninguém pode entrar em contato com Deus senão depois de estabelecida uma via de acesso adequada” (TENNEY, 1995, p. 318).

1.5 - Propósitos. Pode-se elencar pelos menos dois propósitos do apóstolo Paulo com a epístola aos romanos: (a) apresentarse para as pessoas que, em sua maioria, somente tinham ouvido falar dele; (b) expor aos romanos seu entendimento a respeito do evangelho e prepará-los para sua futura visita, quando estivesse a caminho da Espanha (Rm 15.22-24). Segundo Lopes (2010, p. 36) “a epístola aos Romanos não foi escrita prioritariamente para corrigir algum problema na igreja de Roma, mas para fazer uma apresentação e uma defesa do evangelho. Romanos é um tratado teológico”.

II – A IMPORTÂNCIA DA EPÍSTOLA AOS ROMANOS
Algumas partes da Bíblia contêm mais verdades doutrinais que outras, como a Epístola aos Romanos, embora todas as Escrituras sejam inspiradas por Deus e úteis. Alguns estudiosos discutiram a reivindicação de que esta epístola seja a parte principal do Novo Testamento:“aprende-se a conhecer o que é o evangelho, o que é o conteúdo da fé cristã, na Epístola aos Romanos, melhor do que em qualquer outra parte do Novo Testamento' (BEACON, 2006, p. 21).

2.1 - A importância bíblica. A epístola de Paulo escrita aos Romanos está organizada na nossa Bíblia encabeçando as demais epístolas paulinas. Isto se deve não somente ao fato de que ela é a maior em capítulos, senão também pelo fato de tratar de assuntos extremamente vitais da fé cristã. Lutero chegou a dizer: “Se tivéssemos de preservar somente o evangelho de João e a epístola aos Romanos, ainda assim o cristianismo estaria a salvo” (LUTERO apud ANDRADE, sd, p. 51).

2.2 - A importância teológica. De todos os tratados teológicos paulinos, a epístola aos Romanos destaca-se como o mais abrangente e profundo deles. Em nenhum outro livro encontramos a Soteriologia (doutrina da salvação) tão bem explicada como nessa epístola. Segundo Merril (1995, p. 320) “a Epístola aos Romanos tem sido há muito a espinha dorsal da teologia cristã. A maior parte dos termos técnicos desta, como justificação, imputação, adoção e santificação, é extraída do vocabulário de Romanos, cuja estrutura de argumentação constitui a coluna vertebral do pensamento cristão”. Acrescentese ainda que “os cristãos usam comumente esse tipo de epístola como teologia sistemática de Paulo — uma declaração clássica e atemporal da fé cristã e, em particular, do evangelho” (DEVER, 2012, p. 157).

2.3 - A importância histórica. A epístola aos Romanos exerceu forte influência sobre a história da Igreja de Cristo. É digno de nota que “a conversão de Agostinho aconteceu com a leitura de Romanos. O ponto de partida para a reforma de Martinho Lutero foi Romanos 1.17: “O justo viverá por fé”. John Wesley, fundador do metodismo, converteu-se ao ouvir alguém ler o comentário de Lutero sobre Romanos. Essa epístola é um relato que todos os cristãos devem entender” (WIERSBE, 2004, p. 392 – acréscimo nosso).

III – ROMA E A CHEGADA DO EVANGELHO
3.1 - A cidade de Roma. “Roma era a capital do vasto e poderoso Império Romano, um império que se estendia da Britânia à Arábia. Fundada em 753 a.C., por Rômulo e Remo, Roma estava estrategicamente localizada no rio Tibre como uma passagem indispensável para viajar entre o norte e o sul da Itália. Nos dias de Paulo, Roma era a maior cidade do mundo, com uma população de aproximadamente um milhão de pessoas. Rica e cosmopolita, a cidade era o centro diplomático e comercial do mundo” (APLICAÇÃO PESSOAL, 2010, vol. 02, p. 11 – acréscimo nosso).

3.2 - O surgimento da Igreja em Roma. “Os fundadores da igreja em Roma não são conhecidos. Ela não foi iniciada por Pedro - seu ministério era voltado aos judeus, e parece que ele passou a permanecer em Roma logo após a chegada de Paulo por volta de 60 d.C. A igreja que estava ali não foi fundada por Paulo - ele admitiu não ter estado lá (Rm 1.11-13; 15.23,24). É mais provável que a igreja tenha sido iniciada por judeus que estavam em Jerusalém para a celebração da Páscoa, e que se converteram através do poderoso sermão de Pedro e a descida do Espírito Santo em 30 d.C. (At 2.5-40). Esses novos crentes logo se juntaram a viajantes como Áquila e Priscila que ouviram as boas novas em outros lugares e a levaram para Roma” (LOPES, 2010, p. 21 – acréscimo nosso).

3.3 - O desejo de Paulo por Roma. O apóstolo Paulo desejava estar em Roma por pelo menos três motivos: 
(a) conhecer a igreja de Cristo que estava naquele lugar (Rm 1.9-11);
(b) proclamar o evangelho nesta cidade, pois a pregação do Evangelho em Roma representava para o Cristianismo a conquista da maior e mais esplêndida cidade do mundo da época, pois era centro do Império e presidia magistralmente todo o mundo conhecido (Rm 1.13-16); e,
(c) usá-la como ponte para o evangelismo no Ocidente (Rm 15.24,28).

IV – ASSUNTOS BÍBLICO-TEOLÓGICOS EXPOSTOS NA EPÍSTOLA AOS ROMANOS
A epístola aos Romanos contém um alto teor bíblico teológico. Abaixo elencaremos os principais assuntos tratados pelo apóstolo:


CONCLUSÃO
Dentre as muitas contribuições que Paulo, o apóstolo das missões primitivas, trouxe para a Igreja de Cristo, foi a composição da teologia neotestamentária. A epístola aos romanos é uma prova desta realidade. Por meio desta, Paulo tornou conhecido o evangelho a outras nações e culturas.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Anísio Renato de. Introdução do Estudo do Novo Testamento. PDF.
APLICAÇÃO PESSOAL, Comentário do Novo Testamento. Vol. 02. CPAD.
CARSON, D. A. et al. Introdução ao Novo Testamento. VIDA NOVA.
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bìblico Beacon. Vol 08. CPAD.
LOPES, Hernandes dias. Comentário Exegético de Romanos. HAGNOS.
TENNEY, Merril C. O Novo Testamento, sua origem e análise. VIDA NOVA.
TOKUMBOH, Adeyemo. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Antigo Testamento. GEOGRÁFICA.

quinta-feira, 24 de março de 2016

LIÇÃO 13 – O DESTINO FINAL DOS MORTOS (Lc 16.19-26) - 1º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 13 – O DESTINO FINAL DOS MORTOS - 1º TRIMESTRE DE 2016 (Lc 16.19-26)

INTRODUÇÃO
Ao contrário do que muita gente pensa, a vida não termina na sepultura. Pelo contrário, após a morte, todos os seres humanos vão para o Estado Intermediário aguardar a ressurreição, para serem conduzidos ao seu destino eterno. Nesta lição, veremos o sentido do termo Estado Intermediário; explicaremos a condição dos justos e dos ímpios após a morte física; destacaremos algumas heresias sobre o Estado Intermediário; e, finalmente, estudaremos a doutrina da ressurreição dos mortos e o destino final dos justos e dos ímpios.

I - O QUE É O ESTADO INTERMEDIÁRIO
O Estado Intermediário é a situação em que se encontram todos os mortos, quer tenham morrido salvos, ou não. Dá-se o nome de "intermediário" porque as almas nesse estado aguardam o dia em que ressuscitarão, para a vida eterna ou para a perdição eterna (Dn 12.2; Jo 5.28,29). Noutras palavras, é o estado das pessoas entre a morte física e a ressurreição. “A história do rico e Lázaro dá-nos um panorama bastante claro desse Estado (Lc 16.19-31). Para os que dormiram em Cristo, o período intermediário há de terminar com o Arrebatamento da Igreja (1Ts 4.13-17). Já para os que morreram em seus pecados, há de perdurar até a última ressurreição, quando eles serão submetidos ao Juízo Final (Ap 20.11-15)” (ANDRADE, 2006, p. 106).

1.1 - Antes da morte de Cristo. De acordo com Lc 16.19-31, o Sheol (hebraico) ou Hades (grego) dividia-se em três partes distintas. A primeira parte é o lugar dos justos, chamada “seio de Abraão” ou “lugar de consolo” (Lc 16.22,25; 23.43). A segunda é a parte dos ímpios, denominada “lugar de tormento” (Lc 16.23). A terceira fica entre a dos justos e a dos ímpios, e é identificada como “lugar de trevas” ou “abismo” (Lc 16.26; 2Pe 2.4; Jd v.6). Portanto, antes da morte de Jesus, todos os mortos eram conduzidos ao Sheol, mas ficavam em lugares opostos e em situações distintas.

1.2 - Depois da morte de Cristo. “Jesus, antes de morrer por nós, prometeu aos seus que as portas do inferno (hades) não prevalecerão contra a Igreja (Mt 16.18). Isto mostra que os fiéis de Deus, a partir dos dias de Jesus, não mais desceriam ao hades. Esta mudança ocorreu entre a morte e ressurreição do Senhor, pois Ele disse ao ladrão arrependido: ‘Hoje estarás comigo no paraíso’ (Lc 23.43). Paulo diz a respeito do assunto: ‘Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro, e concedeu dons aos homens’ (Ef 4.8,9). Entende-se, pois, que Jesus, ao ressuscitar, levou para o Céu os crentes do Antigo Testamento que estavam no "Seio de Abraão", conforme prometera em Mateus 16.18”. (GILBERTO, 1985, p. 17). Mas, os ímpios continuam indo para o lugar de tormentos. De acordo com o texto de Lc 16.19-31, tanto justos como ímpios estão vivos, acordados, conscientes e tem lembrança da vida na terra. Porém, existem algumas diferenças entre ambos. Vejamos:

O ESTADO INTERMEDIÁRIO DOS JUSTOS
No AT, após a morte, eram levados pelos anjos para o Seio de Abraão (Lc 16.22). 
No NT são levados ao paraíso (Lc 23.42,43).
O justo é consolado (Lc 16.25). 
Hão de ressuscitar por ocasião do Arrebatamento (1Co 15.51-53; 1Ts 4.13-18).
Aguardam a ressurreição para estar com Cristo para sempre (1Ts 4.17).


O ESTADO INTERMEDIÁRIO DOS ÍMPIOS

Tanto no AT como no NT continuam sendo levados para o Sheol ou Hades, após a morte (Lc 16.22).
O ímpio é atormentado (Lc 16.24).
Hão de ressuscitar após o Milênio, por ocasião do Juízo Final, o Grande Trono Branco (Ap 20.11-14).
Aguardam a ressurreição para serem lançados no Lago de fogo onde estarão na eternidade (Ap 20.15).

II – HERESIAS ACERCA DO ESTADO INTERMEDIÁRIO DOS MORTOS
2.1 - Purgatório. “A Igreja Católica Romana ensina que mesmo os mais fiéis precisam dum processo de purificação antes de se tornarem aptos para entrar na presença de Deus. Todavia, não existem nas Escrituras evidências para tal doutrina, e existem muitas evidências contrárias a ela. O Novo Testamento reconhece apenas duas classes de pessoas: as salvas e as não-salvas. O destino de cada classe determina-se na vida presente (Mt 7.13,14; Hb 9.27)” (PEARLMAN, 2006, p. 295).

2.2 - Sono da alma. “Certos grupos, como os Adventistas do Sétimo Dia, crêem que a alma permanecerá num estado inconsciente e/ou dormindo até à ressurreição. Essa crença, conhecida como “sono da alma”, é também adotada por indivíduos em outros grupos religiosos. É fato que a Bíblia denomina de maneira metafórica a morte física como um sono (1Co 15.51; 1Ts 4.13). No entanto, ela também nos ensina que, quem “dorme” é o corpo, e não a alma e o espírito (Lc 16.20-25; Ap 6.9-11). Logo, embora o corpo entre na sepultura, o espírito e a alma que se separou do corpo entra no Sheol, onde vive em estado completamente consciente (Is 14.9-11; Sl 16.10; Lc 16.23; 23.43; 2Co 5.8; Fp 1.23; Ap 6.9)” (PEARLMAN, 2006, p. 297 – acréscimo nosso).

2.3 - Reencarnação. “Os espíritas e os adeptos de diversas religiões orientais (Hinduismo, Budismo, etc) pregam que existem oito esferas pelas quais os espíritos devem passar para se purificarem. Ensinam a reencarnação dos mortos, que recebem outra identidade, podendo reencarnar como seres humanos, animais, plantas ou como um deus. Mas, a Bíblia condena essa crença herética (Jo 5.24; Hb 9.27). Ensinam também os espíritas, que os mortos comunicam-se com os vivos, através de ‘médiuns’. Mas, Deus proíbe tal prática (Lv 19.31; 20.6,7; Dt 18.9-12; Is 8.19-22). Na parábola do rico e Lázaro, vemos que não é permitida a comunicação dos vivos com os mortos (Lc 16.27-30)” (LIMA, 2016, p.156).

2.4 - Aniquilacionismo. “Sustenta esta doutrina estarem todas as almas sujeitas à extinção ou aniquilação após a morte física. As Escrituras são claras sobre o fato de que tanto os ímpios como os justos viverão para sempre, e que no caso dos ímpios sua existência será de sofrimento e castigo consciente (Ec 12,7; Mt 25.46; Rm 2.8-10; Ap 14.11; 20.10,12-15)” (PFEIFFER, 2007, p. 694 – acréscimo nosso).

2.5 - Universalismo. Doutrina divorciada das Escrituras, segundo a qual, no final dos tempos Deus, reconciliará todos os seres humanos e até os anjos caídos a si mesmo, independentemente das obras e dos méritos de cada um, ou seja, é a ideia de que ninquém será condenado, mas todos serão salvos, inclusive o Diabo e seus anjos caídos (ANDRADE, 2006, pp. 353,354).

III – A DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
A palavra ressuscitar significa “levantar”, “voltar à vida”. Assim como a morte física é a separação da alma e espírito do corpo (Tg 2.26), a ressurreição é a reunião da alma e espírito ao corpo (Lc 8.55). Todos que morrem, justos e injustos, hão de ressuscitar, sendo que, em ocasiões distintas e para destinos diferentes.

3.1 - A Primeira Ressurreição. “É a ressurreição dos salvos. A Bíblia diz que é bem aventurado aquele que tem parte na primeira ressurreição (Ap 20.6). Esta é a ressurreição ‘para a vida eterna’ (Dn 12.2) e dos que fizerem o bem para a ‘ressurreição da vida’ (Jo 5.29)” (LIMA, 2016, p. 151). Ela ocorre em três fases distintas, a saber:

(a) Primeira fase. Já ocorreu. Trata-se da ressurreição de Cristo (Mt 28.1-10; Mc 16.1-8; Lc 24.1-12; Jo 20.1-18) e de um grupo de santos que ressuscitaram com Ele (Mt 27.52,53);

(b) Segunda fase. Ocorrerá no futuro, por ocasião do arrebatamento da Igreja, onde os santos do AT e NT hão de ressuscitar (1Co 15.23,24,51-53; 1Ts 4.16,17); e,

(c) Terceira fase. Diz respeito a ressurreição as duas Testemunhas, durante a Grande Tribulação (Ap 11.11,12); aos mártires, no final da Grande tribulação (Ap 14.13-16; 15.2; 20.4) e também aos justos que hão de morrer durante o Milênio (Ap 20.12).

3.2 - A Segunda Ressurreição. Abrangerá os ímpios, de todas as épocas. Ocorrerá após o Milênio, por ocasião do Juízo Final (Ap 20.5,11-15). “No Apocalipse, fica claro que haverá uma segunda ressurreição, que será para aqueles que passarão pela ‘segunda morte’, ou seja, os ‘perdidos’ ou ‘ímpios’ (Ap 20.6). O salvo só morre uma vez. Mas, o ímpio morre duas vezes: a morte física e a espiritual” (LIMA, 2016, p.151).

IV – O ESTADO FINAL DOS JUSTOS E ÍMPIOS
4.1 - O Destino final dos justos. Por ocasião do Arrebatamento da Igreja, os justos que já morreram hão de ressuscitar, e se unirão aos vivos, que serão arrebatados (1Co 15.51-53; 1Ts 4.13-18). Eles serão conduzidos ao céu, onde participarão do Tribunal de Cristo (Rm 10.14; 2Co 5.10; Ap 22.12) e da celebração das Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9). Depois, voltarão com Jesus à Terra, para participarem do Milênio (Ap 19.11-14; 20.1-6). Após o Milênio, habitarão na Nova Jerusalém (Ap 21,22), onde estarão, por toda eternidade, na presença do Deus Trino (Jo 14.1-3; 2Co 5.8; Fp 1.23; Ap 21.3); e estarão livres de todo sofrimento, pois, ali não haverá mais morte, nem clamor, nem dor (Ap 21.4); nem coisa alguma que contamine (Ap 21.8,27; 22.15).

4.2 - O destino final dos ímpios. “O destino dos ímpios é estar eternamente separados de Deus e sofrer eternamente o castigo que se chama a segunda morte (Sl 9.17; Ap 2.11). Devido à sua natureza terrível, é um assunto diante do qual se costuma recuar; entretanto, é necessário tomar conhecimento dele, pois é uma das grandes verdades da divina revelação. O inferno é um lugar de: extremo sofrimento (Ap 20.10), onde é lembrado e sentido o remorso (Lc 16.19-31), inquietação (Lc 16.24), vergonha e desprezo (Dn 12.2), vil companhia (Ap 21.8) e desespero (Pv 11.7; Mt 25.41 (PEARLMAN, 2006, p. 297). O sofrimento será terrível (Mt 13.42,50; Mc 9.47,48; 25.30) e também eterno (Dn 12.2; Mt 7.13; 25.46).

CONCLUSÃO
Após a morte física, as almas dos homens vão para o Estado Intermediário, que já é um lugar de gozo para os salvos, e de tormentos para os pecadores. Os ímpios são conduzidos ao Hades, e, os justos ao Paraíso, onde aguardam a ressurreição. Após a ressurreição e o julgamento do Trono Branco, os ímpios serão lançados no lago de fogo. E os justos, depois de haverem ressuscitado, desfrutarão de uma eternidade feliz com Cristo.

REFERÊNCIAS
• GILBERTO, Antônio. O Calendário da Profecia. CPAD.
• LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de profecia Bíblica. CPAD.
• PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.
• PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wyclliffe. CPAD.
• RENOVATO, Elinaldo. O Final de Todas as Coisas. CPAD.
• STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• ZIBORDI, Siro Sanches. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.

terça-feira, 15 de março de 2016

LIÇÃO 12 – NOVOS CÉUS E NOVA TERRA (Ap 21.1-5; 24-27) - 1º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524 

LIÇÃO 12 – NOVOS CÉUS E NOVA TERRA - 1º TRIMESTRE DE 2016 (Ap 21.1-5; 24-27) 

INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos uma definição sobre o que é o futuro “estado eterno”; analisaremos biblicamente o que será o “novo céu e nova terra”; pontuaremos sobre qual será a condição do povo de Israel na eternidade, falaremos sobre os redimidos e o seu estado eterno; citaremos as características da Nova Jerusalém – a cidade celeste; e por fim, concluiremos vendo as características do perfeito e eterno estado com Deus. I - O QUE É O ESTADO ETERNO A expressão “eterno” vem do grego “aiõnios” que significa: “era, século, idade, aquilo que não tem fim” (VINE, 2002, p. 628). O Estado eterno é aquilo que não tem fim, é o estado de bem-aventuranças e inefáveis gozos a ser desfrutado pelos redimidos logo após a consumação de todas as coisas temporais e históricas (2Pe 3.13; Ap 21 e 22). O Estado Eterno, que será inaugurado logo após o Juízo Final, terá lugar nos Novos Céus e Terra, onde os salvos estarão a desfrutar do amor de Cristo pelos séculos dos séculos (ANDRADE, 2006, p. 171).

II - O QUE É O NOVO CÉU E NOVA TERRA
É a realidade que passará a existir após a consumação de todas as coisas pertinentes à dimensão material (Is 65.17; 66.22; 2Pe 3.7-10; Ap 21.1-3). A Bíblia não explícita se os novos céus e terra serão o resultado do reaproveitamento dos atuais. Em torno do assunto, há muita especulação. De uma coisa, porém, tenhamos certeza: os novos céus e terra serão uma realidade já antevista (Is 66.22). Segundo depreendemos de Apocalipse 21.2, os novos céus estarão interligados à nova terra, formando um todo harmonioso e sem igual. Será uma realidade jamais sonhada pelo ser humano. Uma realidade tão superior a esta dimensão (1Co 2.9). A nova terra será apropriada para a presença de Deus (ANDRADE, 2006, p. 118). 

III - ISRAEL E O ESTADO ETERNO
Em muitas passagens da Bíblia (Is 65.17; 66.22; Hb 1.10-12; 2Pe 3.10-14; Ap 20.11; 21.1-4) está declarado que haverá uma nova terra e um novo céu, e que o povo terrestre, Israel, continuará para sempre na terra glorificada, que virá a existir (Is 66.22; Jr 31.36, 37), e que o reino davídico, que é terreno será centrado em Jerusalém e continuará para sempre (Is 9.6, 7; Dn 7.14; Lc 1.31-33; Ap 11.15). A glória eterna da terra é descrita (Ap 21.3, 4). O entendimento humano, acostumado como está à corrupção que se vê na terra, dificilmente pode compreender a ideia de uma nova terra "onde habita a justiça" (2Pe 3.13). Uma terra tão pura e santa e apropriada para a habitação de Deus. Deve haver uma nova terra eterna, porque Deus concedeu a Israel a promessa de uma posse eterna na terra (Dt 30.1-10). Está, além disso, declarado por Isaías que a nova terra e o novo céu superarão tanto o presente que as coisas de agora nunca mais serão lembradas (Is 65.17) (CHAFER, 2003, vols 3 e 4, p. 742).

IV - OS REDIMIDOS E O ESTADO ETERNO
Está claramente asseverado que o céu é "incomparavelmente melhor" do que a terra (Fp 1.23). É no céu que o filho de Deus será conformado à imagem de Cristo (Rm 8.29; Fp 3.20, 21; 1 Jo 3.1-3), e ele conhecerá então como Deus conhece agora, e os crentes estarão juntos com o Senhor (1Ts 4.16, 17). Deus criará uma nova ordem de seres humanos, através dos judeus e gentios. Esses compreendem que a nova criação reterá apenas uma pequena lembrança daquilo que eles foram. A cidadania deles terá sido mudada, seus corpos terão sido transformados, o ser total deles terá sido conformado à imagem de Cristo; aqueles que agora estão unidos a Cristo, então, estarão para sempre com Cristo em glória. Por estarem agora em Cristo, eles partilham daquilo que Ele é, e, por estarem casados com Cristo, compartilharão com Ele em todas as coisas (CHAFER, 2003, vols 3 e 4, p. 758).

V – A NOVA JERUSALÉM - A CIDADE CELESTE
Em adição a estas duas esferas de habitação “o novo céu e a nova terra” há uma cidade que três vezes é dita descer de Deus, do céu (Ap 3.12; 21.2,10). A conclusão natural é que, de algum modo, essa cidade é separada do novo céu do qual ela desce. Após o Juízo Final do Grande Trono Branco, o Universo dará lugar a esta nova realidade (2Pe 3.13; Mt 5.5), na qual haverá uma Santa Cidade (Hb 12.22; Ap 21.1-3), e ali Deus será tudo em todos (1Co 15.28). A esperança do cristão não está voltada para a Jerusalém terrestre, mas, para a celestial (Fp 3.20; Hb 11.13-16; 12.22). Lá não existirá mais maldição (Ap 22.3; 21.4,27) (PENTECOST, sd, p. 568). Notemos algumas características desta cidade: 

5.1 - A Nova Jerusalém é santa (Ap 21.2,10). A palavra para “santa” no grego é “hagios” que é da mesma raiz de “hagnos” que significa fundamentalmente “separado”. Nesta cidade não haverá pecado, pois há uma separação do santo e do profano (Ap 21.2; 22.15). 

5.2 - A Nova Jerusalém tem a glória de Deus (Ap 21.11). A palavra para “glória” no grego é “doxa” que é aplicada para descrever a natureza de Deus em sua auto manifestação (Ap 21.11). Esta cidade será o tabernáculo de Deus com os homens (Ap 21.3). 

5.3 - A Nova Jerusalém tem iluminação própria (Ap 21.11). A sua luz desta cidade é semelhante a uma pedra preciosa. Iluminada pela glória de Deus, sua luz tem a resplandecência do jaspe. Não haverá mais templo, Sol, Lua e noite (Ap 21.22,23; 22.5). A existência de algum astro não fará sentido, pois a glória de Deus iluminará a Santa Cidade. 

5.4 - A Nova Jerusalém tem uma arquitetura própria (Ap 21.12-14). A cidade possui um grande e alto muro com doze portas sendo três de cada lado e nos fundamentos dos muros estão os nomes dos doze apóstolos. Na antiga cidade de Jerusalém, havia também doze portas, sendo, por assim dizer, uma cópia da Jerusalém celestial ( Hb 8.5; 9.23; Ap 21.12). 

5.5 - A Nova Jerusalém tem uma dimensão própria (Ap 21.16). O seu arquiteto e construtor é o próprio Deus (Hb 11.10). A cidade é quadrangular perfazendo um total de doze mil estádios de comprimento (Ap 21.16-21). Sua área total, pois, seria equivalente a metade do Continente Americano. A cidade será um perfeito cubo como o Santo dos santos. Por inferência, podemos dizer que a cidade será um imenso “Santos dos santos” (HORTON, 2001, pp. 305,06).

5.6 - A Nova Jerusalém tem um tipo de material próprio (Ap 21.18). O livro do Apocalipse traz muitas alusões ao ouro. Mas, tudo nos leva a crer que o ouro ali descrito refere-se a um material desconhecido aqui na terra, de qualidade infinitamente superior, e que é descrito como ouro apenas para que possamos ter a ideia da beleza que está reservado para os salvos no futuro. 

5.7 - A Nova Jerusalém tem um reino próprio (Ap 22.5). O reino de Cristo não está limitado a mil anos, pois, Ele reinará para sempre (2Sm 7.13,15; Lc 1.32,33; Ap 11.15). O reino milenar se funde com o reino eterno, e então os santos são descritos reinando não apenas por mil anos, mas, continuam a reinar pela eternidade (Sf 3.20) (PENTECOST, sd, p. 573). 

VI - AS CARACTERÍSTICAS DO PERFEITO E ETERNO ESTADO
Chegará de fato o fim do mundo (2Pe 3.7,10-12), que ensejará um novo início, o começo do “dia da eternidade” (Lc 20.35; 2Pe 3.18; Ap 21-22). Nos Novos céus e nova terra (Ml 4.1; 2Pd 3.7,10), o pecado terminará o seu curso. Os salvos já estarão glorificados e os perdidos estarão no seu lugar, no Inferno. Céus e terra serão renovados e tornar-se-ão como eram no princípio no Éden antes da queda (Gn 2.8). Então, Deus será tudo em todos (1Co 15.28), e para sempre continuará o eterno e perfeito estado e todas as coisas terão sido restauradas (At 3.21; Dn 7.18). As infinitas belezas celestiais irreveladas começarão a ser conhecidas (1Co 2.9) (GILBERTO, 2007, p 103). Vejamos: 

6.1 - A comunhão será perfeita (Ap 14.13; 19.1; 21.2,11; 22.4). Através da fé em Cristo, nós podemos desfrutar de uma comunhão com Deus já no presente século (1Co 1.9; Fp 2.1; 1Jo 1.3). Mas, no futuro, esta comunhão será ainda mais perfeita (1Co 13.12; 1Jo 3.2). 

6.2 - O conhecimento será perfeito (1Co 13.10,12; Cl 3.4). Devido às limitações humanas, todos necessitamos de estudos, pesquisas e de aprendizado. Até mesmo para conhecer “as coisas de Deus”, nós necessitamos, além da Bíblia, de livros e de tratados teológicos. Porém, no futuro, os mistérios de Deus serão revelados. 

6.3 - O serviço será perfeito. Ao contrário do que muita gente pensa, o céu não é um lugar de ociosidade. Aquele que colocou o homem no primeiro paraíso, e deu-lhe instruções para o lavrar e guardar (Gn 2.15), certamente não deixará o homem sem ter o que fazer no segundo paraíso: "... e os seus servos o servirão" (Ap 22.3). 

6.4 - A vida será perfeita e abundante (1Tm 4.8). Enquanto estivermos aqui no mundo, todos estamos sujeitos ao sofrimento (Jo 16.33). Na eternidade, os salvos estarão livres de todo sofrimento (Ap 21.4; 22.3; Rm 5.12; Is 35.10; 65.19). Ali não haverá mais morte (Ap 20.14; 21.4; 1Co 15.26,55; Ap 20.14).

6.5 - Não haverá mais pecado, pecadores e maldição (Ap 21.17; 22.3). Nada que contamine e ninguém que cometa pecado entrarão na Santa Cidade (Ap 21.8; 22.15,). Somente os purificados pelo sangue do Cordeiro, inscritos no livro da vida, entrarão nela pelas portas (Ap 21.27; 22.14). O pecado, e a maldição decorrente dele (Gn 3.17; G1 3.13), serão, então, extinguidos, cumprindo-se plenamente o que está escrito em João 1.29.

6.6 - Terá um governo e habitantes perfeitos (Ap 21.24-26). O seu governante é o próprio Deus na pessoa de seu amado Filho. Tudo será administrado com perfeição máxima. Os redimidos de todas as eras lá estarão. Ali, os patriarcas, profetas e apóstolos receberão elevadas distinções (Lc 13.28; Ap 21.14). As tribos de Israel serão igualmente honradas (Ap 21.12). 

CONCLUSÃO
Vimos que uma das mais belas descrições do livro do Apocalipse foi a da “Nova Jerusalém” e dos “Novos Céus e Nova Terra”. Que possamos permanecer firmes até vinda do Senhor Jesus para que tenhamos acesso a essa Nova Cidade e a essa nova Terra futura que está preparada para os fiéis. 

REFERÊNCIAS
LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
ZIBORDI, Ciro Sanches. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.

segunda-feira, 7 de março de 2016

LIÇÃO 11 – O JUÍZO FINAL (Jo 3.18-19; Ap 20.11-15) - 1º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 11 – O JUÍZO FINAL - 1º TRIMESTRE DE 2016 (Jo 3.18-19; Ap 20.11-15)

INTRODUÇÃO
Também conhecido como o Grande Trono Branco, o Juízo Final será o último dos julgamentos escatológicos, onde anjos e homens serão julgados pelo próprio Senhor Jesus e também por Sua Igreja. Nessa ocasião, os ímpios falecidos de todas as épocas ressuscitarão (Mt 10.28; Ap 20.11-15), os livros do céu serão abertos, e os mortos serão julgados pelo que está escrito nos livros (Ap 20.11,12). Nesta lição, veremos como se dará os três julgamentos futuros; definiremos o que será o Juízo Final; explicaremos quem será o juiz, quem será julgado e quais são as bases desse julgamento; e, finalmente, veremos o que o livro do Apocalipse revela sobre este evento.

I – OS TRÊS JULGAMENTOS FUTUROS
De acordo com as profecias bíblicas, três julgamentos ocorrerão no futuro, sendo que, em ocasiões diferentes, para propósitos distintos e para pessoas específicas. Notemos a tabela abaixo e vejamos as diferenças:

TRIBUNAL DE CRISTO
Quando será? Após o Arrebatamento (Ap 22.12).
Para quem será? Para os salvos que serão ressuscitados e arrebatados (Rm 14.10).
Quais os propósitos?  Galardoar os salvos (2Co 5.10)

JULGAMENTO DAS NAÇÕES
Quando será?  Após a Grande Tribulação (Mt 25.31-33).
Para quem será?  Para os que sobreviverem na Grande Tribulação (Mt 25.32).
Quais os propósitos? Decidir quem entrará no Reino Milenial (Mt 25.34-46).

JUÍZO FINAL “TRONO BRANCO”
Quando será? Após a última revolta do Diabo (Ap 20.11-15).
Para quem será?  Para todos os vivos e mortos ímpios e os anjos caídos (Jd 6; Ap 20.12).
Quais os propósitos? Salvação ou condenação eterna (Ap 20.14,15).

II - O QUE É O JUÍZO FINAL
Será o último de todos os julgamentos. O Pr. Claudionor de Andrade define como sendo o “Julgamento Final e universal que terá lugar, segundo o programa divino, na consumação de todas as coisas (1Co 15.24; Ap 20.10,11). O Juízo Final também é conhecido como o Grande Trono Branco” (ANDRADE, 2006, p. 152). Vejamos algumas informações importantes acerca desse evento escatológico:

2.1 - Quem será o juiz? Em Apocalipse, “aquele que se assenta sobre o trono” frequentemente se refere a Deus (Ap 4.2,4,9,10). Porém, em João 5.22, lemos que: “o Pai a ninguém julga, mas deu ao filho todo o juízo”. E, em Rm 2.16, Paulo escreve sobre o “dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo”. Portanto, o próprio Jesus será o juiz nesse julgamento (At 17.31; Fp 2.10,11; 2Tm 4.1). De acordo com a Palavra de Deus, o Senhor Jesus será o juiz em todos os julgamentos escatológicos. Comparemos:

• No Tribunal de Cristo. Após o Arrebatamento, Ele galardoará a Igreja (2Tm 4.8; Ap 22.12);
• No julgamento das nações. Ele julgará os que sobreviverem a Grande Tribulação (Mt 25.31,32);
• No Trono Branco. Jesus condenará os ímpios e os anjos caídos (Mt 8.29; Ap 20.13). A ressurreição dos ímpios ocorrerá por ocasião do Juízo do Grande Trono Branco, após o reino milenar de Cristo (Ap 20.7,11-15).

2.2 - Quem será julgado? “O Juízo Final será o julgamento dos ímpios mortos, termo que aparece quatro vezes em Ap 20.11-15” (ZIBORDI, 2008, p. 547). “Os mortos, grandes e pequenos, diz respeito a todas as pessoas que viveram ao longo da história e, a despeito de sua posição social” (LAHAYE, 2008, p. 252). Quanto a forma do julgamento, a Escritura nos mostra que aos que pecaram sem Lei, estes serão julgados pela lei da consciência. E aos que pecaram sob a Lei, serão julgados por ela (Rm 2.12). Nessa ocasião, serão julgados:

• Todos da segunda ressurreição que é a dos ímpios (Dn 7.9,10; 12.2; Mt.25.46; Jo 5.28,29; Ap 20.5,6);
• Os ímpios de todos as eras (Ap 20.11-15);
• Os anjos caídos (2Pe 2.4; Jd 6). Satanás não será julgado nesta ocasião, pois, já terá sido lançado no lago de fogo, juntamente com o Anticristo e o Falso Profeta (Ap 19.20; 20.10).

2.3 - O que será julgado? A Bíblia nos diz que cada um será julgado por suas obras (Jo 3.18,19; Hb 2.2; Ap 20.11-15). Por isso, as obras dos homens, boas ou más, estão sendo registradas em “livros”. A expressão ‘livros’ é metafórica, pois Deus não precisa de elementos materiais para se lembrar dos atos dos seres humanos (RENOVATO, 2016, p.132).

2.4 - Como o julgamento será de acordo com as suas obras de cada um, haverá diferentes graus de castigo (Mt 11.21- 24; Lc 12.47,48; Ap 20.12). Nessa ocasião, os ímpios falecidos de todas as épocas ressuscitarão com seus corpos literais e imortais, porém carregados de pecados (Mt. 10.28; Ap. 20.15). O registro de todos os atos e pensamentos, inclusive aqueles feitos em segredo serão revelados (Ec 12.14). Quanto aos livros abertos no ultimo grande julgamento, o pastor Antonio Gilberto (apud ZIBORDI, 2008, p. 552), supõe alguns desses livros:

• 1º - LIVRO DOS ATOS DOS HOMENS (Ap. 20.12);
• 2º - LIVRO DA CONSCIÊNCIA (Rm. 2.15; 9.1);
• 3º - LIVRO DA MEMÓRIA (Lc. 16.25);
• 4º - LIVRO DO EVANGELHO (Jo. 12.48; Rm. 2.16);
• 5º - LIVRO DA LEI (Jo 12.48; Rm. 2.12; 3.20);
• 6º - LIVRO DA NATUREZA (SI. 19. 1-4);
• 7º - LIVRO DA VIDA (Ap. 20.12).

III – COMO SERÁ O JUÍZO FINAL
Em Ap 20.11-15 o apóstolo João descreve detalhes de como se dará o Juízo Final. Vejamos:

3.1 - “E vi um grande trono branco” (Ap 20.11a). “A palavra ‘trono’ ou ‘tronos’, no grego, é ‘thonos’. É usada no Novo Testamento com o sentido de ‘trono real’ (Lc 1.32,52), ou com o sentido de ‘tribunal judicial’ (Mt 19.28; Lc 22.30). “Em Apocalipse 20.11-15 João descreve o cenário de um severo julgamento: um grande trono branco. Ele classifica-o como ‘grande’ por causa da grandeza de quem o ocupa e da importância do julgamento proferido ali; e ‘branco’ por causa da pureza de quem nele se assenta e da justiça que nele ocorrerá” (LAHAYE, 2008, p. 252).

3.2 - “... e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles” (Ap 20.11b). Assim como o sol, ao nascer, ofusca a luz da lua e das estrelas, que não podem ser vistas devido a claridade do sol, o mesmo ocorrerá com a terra e o céu, quando o Filho de Deus se manifestar na sua excelsa glória, para julgar os ímpios (Ap 20.11,12) e os anjos caídos (2Pe 2.4; Jd 6). A glória e o esplendor desse trono é tão imensa, que até mesmo o céu e a terra serão ofuscados diante da imensidão do Trono Branco.

3.3 - “E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono” (Ap 20.12). No julgamento do Trono Branco, os ímpios de todas as classes sociais hão de ressuscitar para serem julgados (At 17.31; Rm 2.16; 1Pe 4.5). A expressão “grandes” e “pequenos” refere-se a posição social que a pessoa ocupou quando viveu na terra. Os “grandes” são os reis, os imperadores, os presidentes, os governadores, os ministros; enquanto que os “pequenos” são os servos, os pobres, as pessoas simples, os mendigos, etc. Isto nos ensina que no julgamento do Trono Branco não haverá acepção de pessoas (At 10.34; 1Pe 1.17).

3.4 - “E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia” (Ap 20.13). Estes mortos saídos do mar são aqueles que morreram afogados, ou foram lançados ao mar, depois de mortos, e que nunca foram encontrados e por isso não foram sepultados. “Quanto ao vocábulo ‘morte’ tem um sentido figurado. Trata-se de uma metonímia (figura de linguagem expressa pelo emprego da causa pelo efeito ou do símbolo pela realidade), numa alusão a todos os corpos de ímpios, oriundos de todas as partes da Terra, seja qual for a condição deles. Todos ressuscitarão para comparecer perante o Justo Juiz” (Fp 2.10,11; 2Tm 4.1) (ZIBORDI, 2008, p. 547).

3.5 - “E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo” (Ap 20.14). “É provável que este versículo seja o cumprimento real, daquilo que profetizou Is 25.8, e citado por Paulo em seu argumento sobre a ressurreição, em 1Co 15.26, onde é descrito que o ‘...último inimigo que há de ser aniquilado é a morte’. Isso significa um triunfo total de Cristo e dos santos. A morte, como aliada do pecado, será destruída juntamente com o pecado; o Hades não envolverá mais terrores, para os santos nos céus, pois a morte não mais existirá (Hb 2.15; Ap 21.4)” (SILVA, 2010, p. 183).

3.6 - “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20.15). “A palavra hebraica que descreve o lago de fogo no AT é ‘tofete’ (Is 30.33; Jr 7.31-32) e, no NT é ‘geena’ (Mt 5.22,29,30; 10.26; 23.14,15,33). Jesus empregou o termo ‘geena’ 11 vezes (Mt 5.22, 29, 30; 23.15, 33; Mc 9.43, 45, 47; Lc 12.5). Em cada caso, Jesus advertiu sobre as consequências do pecado. Ele descreve este lugar como o local ‘...onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga’ (Mc 9.46)” (SILVA, 2010, p. 184).

CONCLUSÃO
Depois do Reino Milenial, após a última revolta de Satanás, o Senhor Jesus, mais uma vez, sentará no Trono, desta feita para julgar os ímpios e os anjos caídos, juntamente com a Sua Igreja. E, aqueles cujos nomes não estão escritos no Livro da Vida, serão lançados no Lago de Fogo e sofrerão eternamente.

REFERÊNCIAS
• GILBERTO, Antônio. O Calendário da Profecia. CPAD.
• LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de profecia Bíblica. CPAD.
• RENOVATO, Elinaldo. O Final de Todas as Coisas. CPAD.
• SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse Versículo por Versículo. CPAD.
• ZIBORDI, Ciro Sanches. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.

quarta-feira, 2 de março de 2016

LIÇÃO 10 – MILÊNIO - UM TEMPO GLORIOSO PARA A TERRA (Ap 20.1-6) - 1º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 10 – MILÊNIO - UM TEMPO GLORIOSO PARA A TERRA - 1º TRIM/2016 (Ap 20.1-6)

INTRODUÇÃO
Nesta lição, traremos uma definição do Milênio. Destacaremos as três principais escolas de interpretação acerca desse evento escatológico, destacando a que mais se harmoniza com as Escrituras; responderemos com o devido respaldo bíblico os questionamentos que envolvem esta sétima dispensação; e, por fim, o que será o Milênio para Israel.

I – O QUE É O MILÊNIO
“O Milênio será o Reino com duração de mil anos a ser instaurado, na terra, pelo Senhor Jesus, logo após o arrebatamento da Igreja e do término da Grande Tribulação (Ap 20.4-6). Trata-se de um reino literal, cujo principal objetivo é a exaltação de Jesus não somente como o Messias de Israel e de todas as demais nações. De acordo com as profecias, pode-se conceber o futuro do Reino de Deus de duas formas distintas: 1) Em sua realização milenial. O Reino de Deus materializar-se-á no estabelecimento do Milênio. Expresso em termos materiais, terá como objetivo reverter a maldição que, desde o Éden, vem destruindo o mundo e toda a sua economia. O Milênio representará o auge da história terrena e o ápice da intervenção divina nos negócios humanos (Is 2; 11; 35). 2) Em sua realização eternal. Nesta fase, que se dará logo após o Juízo Final, o Reino de Deus traduzir-se-á na união eterna entre Cristo e a sua Igreja; será a Nova Jerusalém com toda as bem-aventuranças que o Pai Celeste reservou-nos (Ap 21)” (ANDRADE, sd, p. 109 – acréscimo nosso).

II – AS TRÊS PRINCIPAIS ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO ACERCA DO MILÊNIO
Existem pelo menos três Escolas de interpretação acerca do Milênio. Abaixo destacaremos de forma detalhada cada um delas, afim de verificarmos qual a mais coerente com as Escrituras:

2.1 - Amilenismo. “Apresentada por Agostinho, ela sustenta que não haverá um reino literal futuro de Cristo sobre a Terra, de mil anos de duração, mas que o Milênio se refere a presente era. Como essa posição não oferecia uma interpretação literal das passagens milenares, foi designada como amilenista a partir do século XX. A interpretação amilenista oferece várias explicações para o cumprimento das profecias ligadas ao milênio. A mais popular, a explicação agostiniana, relaciona os mil anos à presente dispensação como um reino espiritual em que Cristo domina sobre os corações dos crentes ou é materializado no progresso do Evangelho na Igreja” (WALVOORD, 2002, p. 14).

2.2 - Pós-milenismo. “Segundo esta linha de interpretação, a segunda vinda de Cristo ocorrerá depois do Milênio. A pregação do evangelho pela Igreja irá trazer um tempo de paz e prosperidade, e o conhecimento do Senhor encherá toda a terra. Considera-se a duração desse período como sendo de aproximadamente mil anos. Esta teoria foi promulgada pela primeira vez na Inglaterra pelos ensinos de Daniel Whitby (1638-1726). Ela foi bem popular até que a Primeira Guerra Mundial trouxe uma desilusão aos homens, que perceberam que no final o evangelho não seria aceito por todos, e que a humanidade não estava progredindo moralmente” (WYCLIFFE, 2007, p. 1272).

2.3 - Pré-milenismo. Segundo esta doutrina, o Senhor Jesus virá no final da Grande Tribulação, com a sua igreja, para estabelecer seu Reino Milenial na terra de maneira literal. Esta Escola de interpretação bíblica é a mais coerente e aceita por nós, por algumas razões:

(a) as Escrituras ensinam que o reino sobre o qual Cristo reinará terá a duração de mil (Ap 20.4-6). A interpretação pré-milenialista ensina que será um reino literal sob a égide de Cristo, que perdurará por mil anos;
(b) Tal posição se fundamenta também nas inúmeras profecias messiânicas encontradas no AT (Gn 49.10; Sl 2-1-12; Is 9.6,7; 11 e 12; Dn 2.44,45);
(c) Esta foi também a posição predominante na Igreja Primitiva (Lc 1.31-3; I Co 15.24; II Tm 4.1; Ap 11.15);
(d) Os pais da igreja, tais como: “Papias, discípulo de João era milenista. Justino Mártir, que viveu em Éfeso cerca de 135 d.C. também (CHAMPLIN, 2004, p. 276); e,
(e) A passagem de (Ap 20.1,2) deixa bem claro que Satanás não estará simplesmente restrito, como ensinam alguns, mas permanecerá totalmente inativo durante o Milênio. Em contraste com isso, o NT ensina que ele está ativo na presente dispensação (II Co 4.3,4; I Ts 2.18; I Pe 5.8)” (WALVOORD, 2002, p. 543).

III – QUEM REINARÁ SOBRE A TERRA
As profecias nos mostram que o Messias, Jesus Cristo, o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, estará reinando literalmente na terra durante este período e eternamente (Is 2.2-4; 9.3-7; 11.1-10; 16.5; 24.21-23; 31.4-32.2; 42.1-7,13; 49.1-7; 51.4,5; 60.12; Dn 2.44; 7.15-28; Ob 17-21; Mq 4.1-8; 5.2-5,15; Sf 3.9-10,18,19; Zc 9.10-15; 14.16,17). “É evidente que não há e nunca haverá um reino teocrático na terra sem a presença pessoal e manifesta do Senhor Jesus Cristo. Toda a era depende de Seu retorno a terra como prometido. Tudo o que existe no milênio tem origem no Rei revelado. O milênio não poderia existir sem a manifestação de Cristo, de quem depende toda a era milenar” (PENTECOST, sd, p. 488).

IV – O QUE ACONTECERÁ NO MILÊNIO
“Na era milenar a justiça divina deverá ser demonstrada (Is 11.5; 32.1; Jr 23.6; Dn 9.24). Será também o teste final de Deus para a humanidade nas circunstâncias ideais. Todos os recursos de tentação serão retirados para que o homem demonstre o que ele de fato é, independentemente da influência satânica. A fim de que possa haver a manifestação completa da justiça e o teste da humanidade livre da tentação externa, Satanás será afastado desta esfera. Logo, na segunda vinda, ele será preso e tirado de cena durante todo o período milenar” (PENTECOST, sd, p. 487).

V - ONDE SERÁ A SEDE DO GOVERNO DE CRISTO
Embora o reino do Messias seja universal, a sede do seu governo será em Jerusalém: “[...] de Sião sairá a lei, e de Jerusalém, a palavra do Senhor” (Is 2.3). O sacerdote Melquisedeque reinou nesta cidade (Gn 14.18). Davi fez de Jerusalém a sede do seu governo, ao ponto de ser chamada de Cidade de Davi (II Sm 5.7; I Rs 2.10; I Cr 13.13; 15.1). O nome Jerusalém significa: “habitação da paz” e Jesus é chamado profeticamente de Príncipe da paz (Is 9.6). Portanto, ele reinará sobre o mundo a partir de Jerusalém.

VI – CARACTERÍSTICAS DO REINO DE CRISTO
A Bíblia nos mostra que o reino de Cristo terá as seguintes características:

6.1 - Justiça. Graças à presença do Messias, Jerusalém será a fonte da qual toda a justiça do milênio emanará em glória (Is 62.1c-,2a). Sião será chamada “cidade de justiça” (Is 1.26), e estará cheia de direito e justiça (Is 33.5). A justiça será o termo descritivo que caracterizará o governo do Messias como um todo. Cristo será um rei que rege com justiça (Is 32.1).

6.2 - Paz. A paz nacional e individual é fruto do reino do Messias (Is 2.4; 9.4-7; 11.6-9; 32.17,18; 33.5,6; 54.13; 55.12; 60.18; 65.25; 66.12; Ez 28.26; 34.25,28; Os 2.18; Mq 4.2,3; Zc 9.10).

6.3 - Alegria. A plenitude da alegria será marca característica da era milenar (Is 9.3,4; 12.3-6; 14.7,8; 25.8,9; 30.29; 42.1,10-12; 52.9; 60.15; 61.7,10; 65.18,19; 66.10-14; Jr 30.18,19; 31.13,14; Sf 3.14-17; Zc 8.18,19; 10.6,7).

VII – OS PARTICIPANTES DO MILÊNIO
As pessoas inclusas no reino milenial de Cristo serão os santos da Grande Tribulação: judeus e gentios, tanto vivos como ressurretos (Mt 24.32-40; Ap 20.4) e a Igreja do Senhor Jesus Cristo com corpo glorioso (Ap 1.6; 2.6; 5.10). Embora somente os remidos possam entrar no reino do Messias, os santos vivos que escaparem da Tribulação adentrarão o reino em seus corpos naturais e com a capacidade de procriar. As crianças que nascerem durante o Milênio precisarão de salvação, que lhes será oferecida por intermédio de Israel (LAHAYE, 2010, pp. 149-150 – acréscimo nosso).

VIII – O QUE SERÁ O MILÊNIO PARA ISRAEL
Segundo o teólogo Pentecost (sd, p. 486), esse período verá o cumprimento completo de todas as alianças que Deus fez com o povo de Israel. Observa-se, assim, que a era milenar traz consigo pleno cumprimento de todas as promessas de Deus para com a nação de Israel, como veremos a seguir. Notemos:

8.1 - A aliança abraâmica. As promessas da aliança abraâmica a respeito da terra e da descendência são cumpridas na era milenar (Is 10.21,22; Jr 30.22; 32.38; Ez 34.24,30,31; Mq 7.19,20; Zc 13.9; Ml 3.16-18). A perpetuidade de Israel, sua posse total da terra e sua herança das bênçãos estão diretamente relacionadas ao cumprimento desta aliança.

8.2 - A aliança davídica. As promessas da aliança davídica a respeito do rei, do trono e da casa real são cumpridas pelo Messias na era milenar (Is 11.1,2; 55.3,11; Jr 23.5-8; 33.20-26; Ez 34.23-25; 37.23,24; Os 3.5; Mq 4.7,8). O fato de Israel possuir um reino, governado pelo Filho de Davi, baseia-se nessa aliança davídica.

8.3 - A aliança palestina. As promessas da aliança palestina a respeito da ocupação da terra são cumpridas por Israel na era milenar (Is 11.11,12; 65.9; Ez 16.60-63; 36.28,29; 39.28; Os 1.10-2.1; Mq 2.12; Zc 10.6). Essas referências à ocupação da terra prometem o cumprimento da aliança palestina.

8.4 - A nova aliança. As promessas da nova aliança no tocante a um novo coração, ao perdão dos pecados e à plenitude do Espírito Santo são cumpridas para com a nação convertida na era milenar (Jr 31.31-34; 32.35-39; Ez 11.18-20; 16.60-63; 37.26; Rm 11.26-29). Todas as bênçãos espirituais que Israel recebe são cumprimento dessa aliança.

CONCLUSÃO
Por ocasião da segunda fase da segunda vinda, Cristo descerá com a Sua igreja para implantar o seu Reino Milenial na terra, a fim de cumprir a promessa feita a nação de Israel. Sob o governo teocrático, esse período de mil anos literais será marcado pela justiça paz e alegria no Espírito Santo para todos os homens.

REFERÊNCIAS
• ANDRADE, Corrêa de. Dicionário de Escatologia Bíblica. CPAD.
• CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
• LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de profecia Bíblica. CPAD.
• PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wyclliffe. CPAD.
• PENTECOST, J. Dwight. Manual de Escatologia. VIDA.
• WALWOORD, John F. Todas as profecias da Bíblia. VIDA.

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