segunda-feira, 28 de novembro de 2016

LIÇÃO 10 – ADORANDO A DEUS EM MEIO A CALAMIDADE (2 Cr 20.1-12) - 4º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 10 – ADORANDO A DEUS EM MEIO A CALAMIDADE (2 Cr 20.1-12) - 4º TRIMESTRE DE 2016

INTRODUÇÃO
O rei Josafá governou por 25 anos no Reino do Sul e foi um dos poucos bons reis que administraram sobre o povo de Deus. Nessa lição veremos as peculiaridades da sua personalidade e seu comportamento. Através de uma das suas experiências, aprenderemos sobre a adoração a Deus diante das calamidades, bem como elencaremos alguns elementos pertencentes a verdadeira adoração e os seus respectivos resultados.

I – DEFININDO OS TERMOS ADORAÇÃO E CALAMIDADE
Josafá teve sua história marcada pelo sucesso espiritual, político e militar e esta prosperidade se deu como resultado de sua vida íntegra diante de Deus e da sua obediência aos mandamentos divinos. A adoração a Deus e também a calamidade são duas situações bem evidentes na vida desse monarca. Vejamos uma básica definição desses dois termos:

1.1 - Adoração. Essa palavra quer dizer: “veneração elevada que se presta a Deus, reconhecendo-lhe a soberania sobre o universo”. Do hebraico “sãhâ” e do grego “proskyneo”, enfatizam ambas o ato de prostração e reverência (ANDRADE, 2006, p.33). À luz do texto sobre a adoração destacamos: a) A verdadeira adoração é teocêntrica (2Cr 20.3,4,18,19,21; Mt 4.10), pois ela prioriza Deus e não as nossas necessidades (Jó 1.20-22; Mt 15.25); b) A adoração genuína é ultracircunstancial (2Cr 20.2,12,15; Hc 3.17,18); ou seja, não se limita às circunstâncias favoráveis; c) Voluntária: “[...] pôs a buscar... pôs-se em pé [...]” (2Cr 20.3,5); e d) Reverente: “Então, Josafá se prostrou com o rosto em terra [...]” (2Cr 20.18; Is 6.2; Mc 1.40; 5.33; 7.25).

1.2 - Calamidade. Segundo Aurélio esse termo significa “Desgraça pública; catástrofe; flagelo; infortúnio; infelicidade” (FERREIRA, 2004, p. 364). A calamidade é algo possível na trajetória cristã, precisamos entender que não estamos imune aos infortúnios dessa vida. Tragédias, crises financeiras, problemas de saúde e etc, são naturais a essa vida e comum ao crente e ao não crente (Jó 1.18,19; 2Rs 4.1,2; Mt 7.24-27; Jo 11.1-5). Porém para os que servem a Deus a calamidade será superada (Pv 24.16; Sl 57.1).

II – CARACTERÍSTICAS DA ADORAÇÃO DE JOSAFÁ
Josafá cujo nome significa: “o Senhor tem julgado” (GARDNER, 2005, p. 376); apesar da sua piedade descrita nas Escrituras (2Cr 17.3-6), passou por uma experiência calamitosa proveniente de uma confederação de inimigos. É importante lembrar como inicia o capítulo: “E sucedeu que, depois disto os filhos de Moabe, e os filhos de Amom, e com eles outros dos amonitas, vieram à peleja contra Josafá” (2Cr 20.1). Embora toda a reforma produzida pela liderança do rei (2Cr 19.4- 11), agora encontra-se em uma situação adversa. Apesar de ter muitos aliados políticos, o monarca se põe a buscar a Deus, ensinando qual deve ser a atitude a tomar diante das dificuldades. Como veremos a seguir:

2.1 - Oração (2Cr 20.3-12). A oração é um dos elementos da adoração do monarca, segundo Matthew Henry sobre essa oração de Josafá destaca:

a) Ele reconhece o domínio soberano da Providência divina (v.6);
b) Josafá se apegou à relação de aliança que tinham com Deus: “Tu, que és o Deus nos céus, és o Deus dos nossos pais […] e o nosso Deus” (vs. 6, 7);
c) Josafá mostrou o direito que eles tinham a esta boa terra em cuja posse estavam: “Deste à semente de Abraão, teu amigo” (v. 7-b);
d) Ele fez menção do santuário, o templo que eles haviam edificado para o nome de Deus (v. 8);
e) Ele protestou contra a ingratidão e a injustiça dos seus inimigos (vs. 10,11); e
f) Josafá professou toda a sua dependência de Deus por livramento (v.12). (HENRY, 2006, p.738 – acréscimo nosso).

Diversos textos das Sagradas Escrituras incentivam o crente a orar (1Cr 16.11; Sl 105.4; Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24; Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17). A oração feita pelo rei nos mostra que, ele confiava mais em Deus do que nos seus recursos militares. A oração coletiva e a comunhão são elementos indispensáveis para a vitória (At 4.31).

2.2 - Jejum (2Cr 20.3-b). A reação espiritual de Josafá foi apropriada e também didática, o rei e a nação clamaram a Deus em oração e jejum, que nesse caso foi nacional incluindo até as crianças (2Cr 20.13). O jejum era um sinal de pesar (Jz. 20.26; Jl 2.12). Ele é definido como a abstinência parcial ou total de alimentos com finalidades específicas. Essa prática vem desde o AT, onde o povo de Israel jejuava por diversas razões (Sl 69.10; 2Sm 12.16). Do período de Samuel em diante, vemos o jejum sendo uma prática para enfatizar a sinceridade das orações do povo de Deus quando Israel enfrentava problemas especiais (1Sm 7.6; At 13.2). Jejuns específicos às vezes eram feitos assim como também os regulares (Lv 16.29,31; Zc 8.19), para buscar a ajuda de Deus em circunstâncias especiais (Jz 20.26; Ed 8.21-23; Jl 1.14; 2.15-16). A prática do jejum foi incorporada ao NT, entre outros casos, a igreja de Antioquia é uma clara demonstração de que os crentes da igreja primitiva observavam essa prática (At 13.2,3; 2Co 6.5) por isso nós devemos também praticar (Mc 9.29; Mt 9.15).

2.3 - Louvor (2Cr 20.18-21). Além da oração e jejum podemos encontrar o louvor como um outro elemento utilizado por Josafá na adoração. Louvar, significa: “adorar”, “glorificar”, “magnificar”, “oferecer ações de graças”. O louvor brota do coração que sente gratidão, ação de graças ou admiração. O homem que se regozija em seu coração, profere palavras de louvor em meio as batalhas desta vida (Sl 50.23; 103.3; 148.1; 150.1-6; Tg 5.13). Em direção ao campo de batalha por meio do louvor a Deus, Josafá expressa sua confiança na intervenção divina.

III – OS RESULTADOS DA ADORAÇÃO EM MEIO A CALAMIDADE
Diante de um verdadeiro adorador não se sustentam barreiras ou impossibilidades, a adoração é o caminho para o coração de Deus (Sl 51.17), é um dos segredos da vitória do cristão. Notemos as ações de Deus como resultados da adoração:

3.1 - A resposta de Deus (2Cr 20.14,15). No momento da adoração coletiva Deus entra em ação, quando o rei ainda estava falando, Deus ouviu, e por meio de um profeta o povo é encorajado a confiar em Deus, embora a ira do inimigo era ameaçadora; essa é uma das grandes promessas para os que o servem com fidelidade: “Ele me invocará, e eu lhe responderei [...]” (Sl 91.15). “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes” (Jr 33.3). A mensagem profética entregue por Jaasiel começou com um apelo à atenção: “Dai ouvidos”, esse apelo foi acompanhado por um encorajamento, “Não temais”, e finalmente por um convite à ação: “Amanhã descereis contra ele” (ADEYEMO, 2010, p.519). Foi por meio da adoração a Jesus que a mulher cananéia recebeu a atenção e respectivamente o milagre que precisava (Mt 15.25,28). O homem leproso que se encurvou diante de Cristo, a mão graciosa lhe é estendida restaurado plenamente sua saúde (Mc 1.40-42).

3.2 - A garantia da vitória (2Cr 20.15-17). Por meio de Jaaziel o Senhor dos Exércitos transmite a Josafá e a todo povo uma mensagem garantindo a vitória contra os inimigos. A notável profecia desse servo de Deus centra-se no duplo pronunciamento de que é o Senhor e não Israel quem terá de pelejar. No todo há quatro coisas principais. Notemos:

a) uma ordem repetida para não temer (v. 15, 17);
b) declarações repetidas de que a batalha não é vossa, mas de Deus (v. 15, 17);
c) uma promessa repetida de que Deus estará convosco (v. 17); e
d) instruções para amanhã sobre onde ir e ver o “livramento”, “vitória” ou “salvação”.

A promessa básica, de fato, combina várias antigas passagens do Antigo Testamento que afirmam que o Senhor luta por Israel (Êx 14.13-14; Dt 20.4; 1Sm 17.37) (SELMAN, 1994, p.336 – acréscimo nosso). Josafá e seu povo receberam essa garantia com fé, reverência e gratidão; o rei curvou a cabeça, e depois, todo o povo se prostrou diante do Senhor e adorou, levantando a voz em louvor a Deus.

3.3 - Os inimigos derrotados e o regresso triunfal (2Cr 20.22-27). Subordinados a orientação divina o povo começa a cantar louvores sem utilizar armas de guerra, mostrando que a fé em Deus é mais segura do que o poder bélico. Mediante esse ato de adoração o Senhor “pôs emboscadas” e “desbaratou” os inimigos; uma contenda interna provoca a autodestruição do exército oponente, sem ser necessário nenhum confronto físico por parte de Judá, conforme Deus havia prometido (2Cr 20.17; Sl 91.8). Quando Judá chegou, restou-lhe apenas juntar os despojos da guerra, tarefa que durou três dias. Jubilando pela vitória voltam pra Jerusalém da mesma forma como saíram louvando a Deus (Sl 126.2,3,6; 30.5). As misericórdias públicas merecem reconhecimento público nos átrios da casa do Senhor. “Em sinal de reconhecimento, um culto de louvor foi realizado no local da vitória, foi dado ao lugar um nome comemorativo: ‘beraca’, que em hebraico quer dizer: ‘vale da benção’ (v.26). Outro culto de louvor foi conduzido no templo ao retornarem a capital do reino” (vs. 27,28) (ADEYEMO, 2010, p.519).

3.4 - Deus glorificado entre os reinos e a paz em Jerusalém (2Cr 20.29,30). Diante da ação soberana de Deus ao livrar o seu povo, o temor tomou conta dos povos à volta de Judá. Quando eles ouviram que Deus pelejou desse modo espantoso por Jerusalém, isto gerou nos vizinhos uma reverência a Deus e um temor cauteloso de fazer algum mal ao seu povo, estabelecendo Deus a paz no reino de Judá. Ter descanso no livro das Crônicas é resultado das bênçãos provenientes da obediência (2Cr 14.5-7; 15.15; 1Cr 22.8,9,18). Os servos de Deus não devem se deixar levar pelas calamidades desta vida, pois podemos experimentar em meio as lutas a paz que excede todo o entendimento: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Fp 4.6,7).

CONCLUSÃO
Podemos concluir por meio dessa belíssima história, que apesar das calamidades serem comuns na vida cristã temos a condição de reagir de forma correta, como quem tem a confiança que Deus tem o controle de todas as coisas e poder para agir em favor de seus servos: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
SELMAN, Martin J. Série Cultura Bíblica. VIDA NOVA.
GARDNER, Paul. Quem é Quem na Bíblia Sagrada. VIDA.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

LIÇÃO 09 – O MILAGRE ESTÁ EM SUA CASA (2 Rs 4.1-7) - 4º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 09 – O MILAGRE ESTÁ EM SUA CASA (2 Rs 4.1-7) - 4º TRIMESTRE DE 2016

INTRODUÇÃO
Veremos nesta lição o que motivou o milagre na casa daquela viúva de 2Reis 4, e pontuaremos que Deus sempre age a partir da necessidade humana mostrando seu amor e sua misericórdia. Falaremos dos meios pelos quais o Senhor utiliza-se para prover o socorro necessário no momento da necessidade, e por fim, estudaremos os instrumentos que Deus usa para a realização do milagre e quais os propósitos deste na vida de seus servos.

I – O QUE MOTIVOU O MILAGRE
Eliseu conhecia o homem em questão e sabia que era reputado por sua piedade. O historiador judeu Flávio Josefo explica que essa mulher era a viúva do profeta Obadias (HAYFORD, 2001, p. 388). Era viúva de um dos “filhos dos profetas” (2Rs 4.1-a), essa expressão é referente à organização dos que eram profetas verdadeiros, aqueles chamados por Deus, em escolas em Gibeá e Naiote, onde talvez fossem supervisionados por Samuel (1Sm 10.10; 19.20). Em 2Rs 6.1-4 há um relato sobre a edificação de tal escola, e Elias foi o líder desse grupo em particular. De acordo com a lei hebraica, um credor poderia tomar um devedor e seus filhos como servos, mas não deveria tratá-los como escravos (Êx 21.1-11; Lv 25.29-31; Dt 15:1-11; Jr 34.9). Seria uma grande tristeza para essa mulher perder o marido para a morte e os dois filhos para a servidão, mas Deus é aquele que “faz justiça ao órfão e à viúva” (Dt 10.18; Sl 68.5; 146.9) e enviou Eliseu para ajudá-la (WIERSBE, 2010, p. 503). Vejamos:

1.1 - A necessidade humana. As bênçãos de Deus vêm em resposta a uma necessidade humana. O milagre ocorrido na casa da viúva de um dos discípulos dos profetas confirma esse fato (2Rs 4.1-7). O texto expõe a extrema penúria na qual essa pobre mulher havia ficado. Perdera o marido, que havia falecido, e agora corria o risco de perder também os filhos para os credores se não quitasse a dívida. Essa mulher, portanto, necessitava urgentemente que alguma coisa fosse feita para tirá-la daquela situação. A Escritura mostra que o Senhor sempre socorre o necessitado (Sl 12.5; 40.17; 69.33; Is 25.4; Jr 20.13). Devemos apresentar as nossas petições a Deus, pois Ele cuida de nós (Êx 22.22-23; Fp 4.6; 1Pe 5.7).

1.2 - O amor divino. O milagre ocorrido na casa da viúva aconteceu como resposta a uma carência humana, mas não apenas isso: ocorreu também graças à compaixão divina. Não foi apenas por ser pobre que a viúva foi socorrida, nem tampouco por haver sido esposa de um dos discípulos dos profetas (2Rs 4.1). O texto diz que ela “clamou” ao profeta Eliseu (2Rs 4.1). O termo hebraico que traduz essa palavra é “tsaaq”, que possui o sentido de “clamar por ajuda, chorar em voz alta”. O profeta ficou sensibilizado e Deus compadeceu-se daquela mulher sofredora. O Senhor é compassivo, misericordioso e longânimo para com seus servos e servas (Êx 34.6; 2Cr 30.9; Sl 116.5).

1.3 - A misericórdia divina. A Lei de Moisés permitia aos credores levar os filhos dos endividados como escravos para pagar a dívida, mas colocava um limite de seis anos de escravidão e exigia que os sujeitados fossem tratados como trabalhadores dignos (Êx 21.1-6; Lv 25.39-55; Dt 15.12-18). Por este motivo, a viúva não viu outra saída, a não ser clamar pela misericórdia divina. A palavra misericórdia, “hesedh”, no hebraico, aponta para uma característica do caráter de Deus e significa: “benevolência, benignidade, compaixão, bondade, fidelidade, amor e beneficência”. É dessa forma que Deus olha para os necessitados (Sl 12.5). O clamor daquela viúva sensibilizou o coração de Deus, que se moveu para ajudá-la (2Rs 4.1-7). Ninguém recebe um milagre por merecimento, senão, por misericórdia. O Senhor Deus é o nosso defensor, ele mesmo revela ser o refúgio (Sl 14.6; Is 25.4), o socorro (Sl 40.17; 46.1; 70.5; Is 41.14), o libertador (1Sm 2.8; Sl 12.5; 34.6; 113.7; 35.10; cf. Lc 1.52,53) e provedor (Sl 10.14; 68.10; 132.15).

II – OS MEIOS PARA O MILAGRE
Como seres humanos, temos muita dificuldade em valorizar coisas pequenas. Mas esse milagre nos ensina a preciosidade de observar essas coisas (1Co 1.27). Na lógica e na visão humana é a vasilha que enche a botija. Porém aqui as posições estão inversas. É costume primeiro pensar que o pequeno sempre receberá do grande. Todavia, nesse milagre, é o pequeno quem dá a vida, quem é a fonte, é o pequeno que visto como nada é quem se sobressai. Notemos:

2.1 - Um pouco de azeite. Diante do clamor da viúva, o profeta Eliseu perguntou-lhe: “Que te hei de eu fazer? Declara-me que é o que tens em casa. E ela disse: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite” (2Rs 4.2). Duas coisas precisam ser observadas aqui: Em primeiro lugar, o milagre acontece na esfera familiar: “o que tens em casa”. O lar e a família são importantes para Deus. Em segundo lugar, um pouco pode tornar-se muito se vem com a bênção de Deus. De fato o texto destaca que a porção de azeite da mulher era tão minguada que ela quase esqueceu que o possuía. No entanto, foi esse pouco que o Senhor usou para operar o grande milagre. O que possuímos pode ser bem pouco, mas é suficiente para Deus operar os seus propósitos (1Rs 17.12-16; 2Rs 4.42-44; Mt 14.15-21).

2.2 - Uma fé obediente. A instrução dada pelo profeta Eliseu para solucionar o problema da viúva é bastante reveladora sobre a dinâmica desse milagre (2Rs 4.3-5). Num primeiro momento, o profeta chamou a mulher à ação: “Vai, pede para ti vasos emprestados”. Isso nos mostra que a fé é demonstrada pela ação (Tg 2.17). Jesus também viu a fé do paralítico e dos homens que o conduziram em Cafarnaum (Mc 2.1-12). Em segundo lugar, o milagre deveria acontecer de portas fechadas: “fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos...”, disse o profeta. Como a necessidade da viúva era particular, a provisão também seria privado. Além disso, a ausência de Eliseu demonstrou que o milagre aconteceu apenas pelo poder de Deus e não por causa do profeta (MACARTHUR, 2010, p. 479 – acréscimo nosso).

2.3 - Um milagre tirado daquilo que não é aparente. Uma atitude de fé sempre estará alicerçada na espiritualidade e na sensibilidade (Gl 5.16; Tg 2.18). Essa mulher estava desesperada, com medo de perder seus filhos, por isso, não pôde ver que o pouco azeite daquela botija era a fonte para sanar suas dívidas. O milagre partiu de onde ela menos imaginava, e aconteceu quando ela tirou de onde aparentemente não havia nada, um sinal de que não podemos esperar ter para depois entregar, e isso nos ensina que é do nada que Deus tira o tudo que precisamos (Rm 4.17-b; Hb 11.3).

III - OS INSTRUMENTOS DO MILAGRE
A lei israelita permitia, como forma de proteção ao credor, que se tomasse os filhos dos devedores, para que trabalhassem até que a dívida fosse paga. Mas em Deuteronômio 15.1-18, há uma ressalva para que isto não fosse feito em tempos de fome ou grandes necessidades (WIERSBE, 2010, p. 503). Pontuemos como Deus atua para o milagre:

3.1 - O instrumento humano. Por várias vezes, no livro de 2 Reis, o profeta Eliseu é chamado de “Homem de Deus” (2 Rs 4.7,9,16; 6.9). Sem dúvida esses textos demonstram que Eliseu era um instrumento de Deus para a operação de milagres. Esse é um fato fartamente demonstrado na Bíblia. Para formar uma nação e através dela revelar seu plano de salvação à humanidade, o Senhor chamou Abraão (Gn 12). Para tirar os israelitas do Egito, Deus usou Moisés (Êx 4.1- 17). Para levar a mensagem do Evangelho aos gentios, o Senhor usou a Pedro (At 10 - 11). Deus também chamou a Paulo para ser “um instrumento escolhido” para levar seu nome perante os nobres (At 9.15). Para salvar-nos, Deus humanizouse na pessoa bendita de Jesus Cristo (Jo 1.1,14,18; Fp 2.1-11).

3.2 - O instrumento divino. Quando uma grande fome assolava Samaria, o profeta Eliseu profetizou abundância de alimentos (2Rs 7.1). O cumprimento dessa profecia parecia pouco provável naqueles dias, a ponto de o capitão, em cujo braço o rei se apoiava, haver ironizado: “Ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, poder-se-ia fazer isso?” (2Rs 7.2). Mas a profecia cumpriu-se exatamente como Eliseu havia predito (2Rs 7.16-20). O texto põe a Palavra do Senhor como agente causador do milagre. O cronista observa que esses fatos ocorreram “segundo a palavra do Senhor” (2Rs 7.16). O que o Senhor faz, Ele o faz através de sua Palavra (Gn 1.3; Is 55.10,11; Lc 5.4-6; Hb 4.12).

IV - OS PROPÓSITOS DO MILAGRE
4.1 - Uma resposta ao sofrimento. Todos os milagres realizados por Eliseu deixam bem claro que eles ocorreram em resposta a uma necessidade humana e também ao sofrimento (2Rs 4.1-38; 5.1-19; 6.1-7). O NT mostra-nos que o Senhor Jesus libertava e curava porque se compadecia do sofrimento humano (Lc 13.10-17; Mc 1.40-45). Todos os milagres autênticos são operados por Deus, pois somente Ele é poderoso para realizá-los. Há ocasiões em que Ele interfere diretamente em determinada situação, sem a instrumentalidade humana (Nm 11.18-23; 31-32; Jo 5.1-9).

4.2 - Um consolo nas nossas dificuldades. O fato de sermos cristãos não nos isenta de passarmos por necessidades e tribulações. “...no mundo tereis aflições...” (Jo 16.33). Por isso, Paulo disse: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (2Co 4.8,9 ver 1Co 1.4-a). “E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.” (Êx 20.6). Ver ainda textos como (Nm 20.7-11).

4.3 - Uma maneira de glorificar a Deus. Os milagres, portanto, são uma resposta de Deus ao sofrimento humano. Todavia, eles não se centralizam no homem, mas em Deus. Os milagres narrados nas Escrituras objetivam a glória de Deus. Em nenhum momento, encontramos os profetas buscando chamar a atenção para si através dos milagres que realizavam nem tirar proveitos deles. Quem tentou fazer isso e beneficiar-se de forma indevida foi Geazi, o servo de Eliseu. Entretanto, quando assim procedeu foi severamente punido (2Rs 5.20-27). Em o NT observamos Pedro e Paulo pondo em destaque esse fato e mostrando que Deus, e não os homens, é quem deve ser glorificado (At 3.8,12; 14.14,15).

CONCLUSÃO
O milagre da multiplicação do azeite é um testemunho do poder de Deus, que se compadece dos sofredores que o buscam de todo o coração. O foco, portanto, dessa bela história não é a viúva nem tampouco o profeta Eliseu, mas o Senhor que através da instrumentalidade do seu servo abençoa essa pobre mulher. A história faz-nos lembrar um outro feito extraordinário e muito mais relevante do que esse: a multiplicação dos peixes e pães por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ele foi, é e sempre será a resposta consoladora a todo sofrimento humano.

REFERÊNCIAS
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
BARNETT, T. Há um milagre em sua casa. CPAD.
ZUCK, R. B. Teologia do Antigo Testamento. CPAD.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

LIÇÃO 08 – RUTE, DEUS TRABALHA PELA FAMÍLIA (Rt 1.1-14) - 4º TRIMESTRE DE 2016

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LIÇÃO 08 – RUTE, DEUS TRABALHA PELA FAMÍLIA (Rt 1.1-14) - 4º TRIMESTRE DE 2016

INTRODUÇÃO
Nesta presente lição, destacaremos importantes verdades sobre a família de Elimeleque, cuja história está registrada no Livro de Rute. Por meio desta narrativa, aprenderemos quais atitudes que esta família tomou diante da crise que lhes sobreveio e as consequências advindas destas escolhas; e, por fim, veremos Deus revelando-se como supridor e cheio de misericórdia, dando a uma história trágica um grande final feliz.

I – QUANDO A CRISE AFETA A FAMÍLIA
“E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra [...]” (Rt 1.1-a). Assim se inicia o livro de Rute, relatando uma grande crise econômica que afetou a cidade de Belém antigamente chamada de Efrata (Gn 35.19; 48.7; Rt 4.11). Tal situação se instaurou não somente por causas naturais, mas porque nesse período dos juízes o povo de Israel diversas naufragou na fé dando as costas para Deus adorando aos ídolos e vivendo de forma desregrada (Jz 2.11; 3.7,12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1; 17.6). Deus puniu o seu povo como havia prometido (Dt 28.15-68).

1.1 - A família de Elimeque (Rt 1.1,2). Entre os belemitas destaca-se nesse período a família de Elimeleque cujo nome significa: “Deus é rei”. Esse homem era casado com uma mulher chamada Noemi que significa: “agradável”. Com ela teve dois filhos, a saber: Malom que quer dizer: “doentio” e Quiliom “definhante”. Os nomes dos filhos podem revelar que ambos tinham a saúde debilitada.

1.2 - A decisão de Elimeleque (Rt 1.1). Quando Elimeleque, o pai de família, viu a crise econômica chegar em Belém, se viu na responsabilidade de como mantenedor da família tomar uma decisão que viesse resolver este problema. A Bíblia diz que ele resolveu fugir da crise indo para a terra de Moabe. Segundo Lopes (2012, p. 24), “quando falta pão na Casa do Pão, a solução não é abandonar Belém, mas esperar a intervenção de Deus”. Moabe ficava num planalto a leste do mar Morto, a uns oitenta quilômetros de Belém. O motivo da atitude de Elimeleque era nobre, proporcionar sustento a sua família, todavia a atitude de fuga da adversidade e o lugar para onde este patriarca se dirigiu nos mostram quão grande erro cometeu. Por exemplo:

(a) a Bíblia nos informa que Moabe foi um filho de Ló, o fruto de um relacionamento incestuoso de Ló com uma de suas filhas (Gn. 19.36,37);
(b) os moabitas pagaram a Balaão para amaldiçoar Israel, durante a peregrinação de Israel a Canaã (Nm. 22.1-8);
(c) sob circunstâncias normais os moabitas eram excluídos da participação da vida nacional e cooperativa de Israel (Dt 23.3-6). e,
(d) Na batalha contra Josafá os moabitas se aliaram com os amonitas e os edomitas para virem contra Judá (II Cr 20.1).

É sempre muito perigoso para o crente “peregrinar” por qualquer lugar sem a orientação divina, ainda mais sabendo de antemão que determinado lugar é hostil a fé que professamos. A voz da necessidade não pode ser mais forte que a voz de Deus para nos dirigir.

1.3 - As crises na família de Elimeleque (Rt 1.3-5). Elimeque saiu de Belém para resolver uma dificuldade e acabou contraindo mais problemas. Saiu para peregrinar em Moabe, no entanto, passou ali quase “dez anos” (Rt 1.4). Nesse período ele veio a falecer (Rt 3.1); seus filhos casaram-se com mulheres que não eram de Israel (Rt 1.4); depois, seus filhos também morreram (Rt 1.5-a). “O Talmude considera isto punição por terem deixado Judá” “(CUNDALL apud BATHRA, 1986, p. 235). O texto bíblico narra a situação que ficou Noemi “ficando assim a mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido” (Rt 1.5-b). Nenhuma família se prepara para a morte de um dos membros. Tal situação desestabiliza o homem física, emocional, financeira e algumas vezes espiritualmente. Precisamos estar prontos para enfrentar estas dificuldades contando sempre com a graça de Deus (II Co 12.9).

II – RETORNANDO AO LUGAR DE ORIGEM
Deus nunca deixou de cuidar do seu povo. Seja a privação como punição pelo pecado ou por provação, a escassez era temporária, nunca permanente (Hc 3.2). Embora Judá estivesse passando por uma crise, Deus interviu no tempo certo, enviando-lhes o necessário “Então se levantou ela com as suas noras, e voltou dos campos de Moabe, porquanto na terra de Moabe ouviu que o SENHOR tinha visitado o seu povo, dando-lhe pão” (Rt 1.6). Quando soube que Deus havia suprido a necessidade do seu povo em Belém, Noemi, resolveu tomar algumas atitudes. Vejamos quais foram:

2.1 - Retornar a Belém: uma atitude certa (Rt 1.6). Noemi, resolveu retornar de Moabe para Belém ao saber das boas notícias da provisão de Deus para o seu povo. Para isto, propôs em seu coração despedir-se das suas duas noras, Rute e Orfa. A princípio ambas resistiram deixá-la, no entanto, Orfa atendeu a voz de Noemi, porém, Rute apegou-se a sua sogra demonstrando que não somente estava disposta a estar junto dela, no lugar que esta quisesse, como também até de aceitar a fé no Deus que Noemi servia (Rt 1.16,17). Como podemos ver, enquanto estivermos com vida, haverá oportunidade de regressarmos do caminho errado para o caminho certo (Jr 4.1; 15.19; Lc 15.17-20).

2.2 - Acusar Deus: uma atitude errada (Rt 1.9,20,21). Diante do sofrimento que estava enfrentando, Noemi acusou Deus o tempo todo. Ela disse as suas noras “a mão do SENHOR se descarregou contra mim” (Rt 1.9-b). Diante do povo de Belém afirmou: “Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo Poderoso” (Rt 1.20-b). Acrescentou ainda dizendo: “Cheia parti, porém vazia o SENHOR me fez tornar” (Rt 1.21-a). E, por fim, “O SENHOR testifica contra mim, e o Todo Poderoso me tem feito mal” (Rt 1.21-b). Segundo Champlin (2001, p. 1099), “a teologia dos hebreus era deficiente quanto a causas secundárias dos sofrimentos; e, por isso mesmo, todas as coisas eram lançadas na conta de Deus”. Com frequência, o ser humano procura alguém para transferir a culpa pelos erros que cometeu (Gn 3.12). Todavia, o profeta Jeremias nos responde a esta questão com as seguintes palavras: “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados” (Lm 3.39).

2.3 - Rever os conceitos: uma atitude certa (Rt 2.20). Noemi havia culpado Deus pelos sofrimentos que havia passado em Moabe. Todavia, após regressar para Belém, sua visão mudou. Deus ao contrário do que ela pensava, ao invés de prejudicá-la estava a todo tempo cuidando da sua vida, como ela pôde asseverar mais tarde: “Bendito seja ele do SENHOR, que ainda não tem deixado a sua beneficência nem para com os vivos nem para com os mortos” (Rt 2.20-a). Somos tentados a pensar que em momentos de crise estamos sós e que Deus não se importa com o nosso sofrimento. Tal pensamento não se coaduna com o caráter divino, “porque a sua benignidade dura para sempre” (Sl 136.1).

III – COMO DEUS SE REVELOU NO LIVRO DE RUTE
Embora o livro de Rute nos mostre diversos sofrimentos que sobrevieram ao povo de Judá e especificamente a família de Elimeleque, ele também nos mostra que mesmo ao mais intenso sofrimento, o nosso Deus pode se revelar de forma gloriosa. Vejamos como Deus se revelou:

3.1 - O Deus da provisão (Rt 1.6; 2.3; 14-17). Segundo Aurélio provisão é: “ato ou efeito de prover; fornecimento, abastecimento” (2004, p. 1650). Sendo assim, podemos definir a provisão divina como a atividade do Deus Soberano, em provê as necessidades da sua criação, intervindo para sua preservação (CAMPOS, 2001, p. 8). No caso dessa história no livro de Rute, vemos Deus agindo da seguinte maneira:
(a) providenciando Rute para estar com ela, lhe fazendo companhia;
(b) conduzindo de forma invisível os caminhos de Rute para trabalhar numa eira que pertencia a Boaz parente de Elimeleque, o falecido esposo de Noemi;
(c) fazendo Rute alcançar graça aos olhos de Boaz sendo beneficiada na colheita; e, (d) permitindo o casamento de Boaz com Rute, suscitando descendência a Noemi (Rt 4.13-15).

3.2 - O Deus da compaixão (Rt 2.20). A palavra “compaixão” segundo o Aurélio quer dizer: “pesar que em nós desperta ante a infelicidade, a dor, o mal de outrem” (2004, p. 507). Segundo Soares (2008, p. 76), “misericórdia é o termo teológico para compaixão; trata-se da disposição de Deus para socorrer os oprimidos e perdoar os culpados”. A Bíblia nos mostra que Deus cheio de compaixão e misericórdia (Nm 14.18; I Cr 21.13; Ne 9.31; Sl 86.15; Jn 4.11). No período dos juízes, especificamente, vemos que sempre que Israel pecava contra Deus, ele recebia severas punições (Jz 1.4; 2.14; 13.1). Todavia, quando este povo arrependido se voltava para Deus, ele os perdoava e abençoava (Jz 2.16; 3.9,15). De igual forma, apesar dos erros cometidos por Elimeque, Deus resolveu usar de misericórdia em relação a sua esposa (Rt 1.6). Na oração de Habacuque, vemos o profeta pedindo: “[...] na tua ira lembra-te da misericórdia” (Hc 3.2).

3.3 - O Deus que muda a história (Rt 4.14-22). Diante das vicissitudes da vida, Noemi cujo nome significa “agradável” desejou que a chamassem de Mara que significa: “amarga”. Na sua precipitação, atribuiu sua amargura a Deus, entendo que Ele a puniu junto com a sua família (Rt 1.20-b). Todavia, apesar de tal cosmovisão errada a respeito de Deus, Noemi ao retornar para Belém, viu o Senhor reconstruir sua vida e mudar a sua história. Rute, casou-se com Boaz. Este homem é apresentado em Rute 2.1 como “homem poderoso e rico”, parente do marido falecido de Noemi. Ele era dono das terras nas quais Rute foi respigar, quando buscava um campo onde recolher algumas espigas (Rt 2.3). Sua chegada no campo deu a Boaz a oportunidade inicial de tornar-se seu benfeitor e abriu o caminho para que se casasse com ela no sistema do levirato (Dt 25.5,6; Rt 3 e 4). Sua união foi abençoada com um filho que recebeu o nome de Obede que significa: “servo”. Através deste, o nome do seu marido poderia ser levado adiante por meio dos seus descendentes. Obede foi o pai de Jessé, avo de Davi, e ancestral do Senhor Jesus (Rt 4.17,21,22; 1 Cr 2.12; Mt 1.5; Lc 3.32). O resgate das terras de Elimeleque por Boaz; seu casamento com Rute; e, este filho nascido dessa união trouxe tanta alegria a Noemi que as mulheres lhe diziam: “[...] Bendito seja o SENHOR, que não deixou hoje de te dar remidor, e seja o seu nome afamado em Israel. Ele te será por restaurador da alma, e nutrirá a tua velhice [...]” (Rt 4.14,15 – grifo nosso). Deus reverteu todos os infortúnios vividos por Noemi, restaurando-lhe a sorte em todas as áreas da sua vida.

CONCLUSÃO
Não devemos fugir da crise. Antes, precisamos em momentos de dificuldade, seja em que área for, buscarmos a Deus confiando que Ele é o nosso supridor e jamais nos deixará desemparados, pois Ele “[...] trabalha para aquele que nele espera” (Is 64.4). 

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
CAMPOS, Heber. A Provisão e a sua realização histórica. CULTURA CRISTÃ.
CHAMPLIN, Norman R. N. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

LIÇÃO 07 – JOSÉ: FÉ EM MEIO ÀS INJUSTIÇAS (Gn 37.1-11) - 4º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 07 – JOSÉ: FÉ EM MEIO ÀS INJUSTIÇAS (Gn 37.1-11) - 4º TRIMESTRE DE 2016

INTRODUÇÃO
O livro do Gênesis contém cinquenta capítulos, sendo que treze são dedicados a história de José, igualando-se até mesmo a história do patriarca Abraão. Nessa lição teremos a oportunidade de aprender informações adicionais sobre José; pontuaremos algumas injustiças que ele viveu; e acima de tudo e veremos a importância da sua fé em Deus para superar as injustiças e também pontuaremos que muitos tomam José como um tipo de Cristo; uma pessoa inocente que sofreu por causa da maldade dos outros e, através do qual, o povo escolhido foi liberto da morte certa. O silêncio de José enquanto seus irmãos deliberam seu destino (Gn 37.12-35) prefigura o silêncio de Cristo perante seus juízes (1Pe 2.23).

I – DEFININDO FÉ E INJUSTIÇA
1.1 - Fé. A palavra fé no hebraico é “heemim” e no grego é “pisteuõ”. A Bíblia diz que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” (Hb 11.1). “É a confiança que depositamos em todas as providências de Deus. É a crença de que Ele está no comando de tudo, e que é capaz de manter as leis que estabeleceu. É a convicção de que a sua Palavra é a verdade. Enfim, é a tranquilidade que depositamos no plano de salvação por Deus estabelecido, e executado por seu Filho no Calvário.” (ANDRADE, 2006, p. 188). A palavra “Fé” possui diversos significados, que serão definidos de acordo com o contexto onde está inserida. O dicionário Houaiss (2010, p.) define a palavra como:“crença religiosa, confiança absoluta, comprovação e testemunho”. No AT a palavra "emunah" é traduzida por fidelidade, certeza. De modo geral é aplicada na relação entre Deus e Israel onde se exige de Israel uma atitude de fidelidade para com o Senhor (2 Cr 19.9; Dt 32.4; Sl 33.4; 119.30,86; Pv. 28.20). Já no NT a palavra "pistis" é traduzida primariamente por persuasão firme, convicção fundamentada no ouvir, sendo sempre usada no NT acerca da fé em Deus, Jesus ou coisas espirituais, podendo ser utilizada como confiança (Rm 3.25; 1 Co. 2.5; 15.14,17; 2 Co 1.24; Gl 3.23); fidedignidade, fidelidade e lealdade (Mt 23.23; Rm 3.3; Gl 5.22; Tt 2.10); crença, corpo de doutrina (At 6.7; 14.22; Gl 1.23; 3.25).

1.2 - Injustiça. O Aurélio diz que injustiça é: “falta de justiça, ação ou coisa injusta, atitude sem fundamento” (FERREIRA, 2004, p.1108). Ser injustiçado é uma das coisas mais dolorosas de se enfrentar. Ao lermos a história desse patriarca, perceberemos de que ele foi vítima de várias injustiças:

a) Invejado e vendido por seus irmãos (Gn 37.11, 26 – 28);
b) Acusado e preso injustamente (Gn 39.13-20);
c) Esquecido por quem lhe devia gratidão (Gn 40.23), etc.

Apesar de tudo, José não nutriu em seu coração, o sentimento de indignação e revolta que geralmente toma conta de quem é alvo de injustiças, antes, revelou sua fé em Deus não permitindo que nenhuma raiz de amargura crescesse em seu coração (Hb 12.15; Ef 4.31).

II - INFORMAÇÕES SOBRE JOSÉ
José com certeza é um dos grandes exemplos que encontramos na Bíblia, quando pensamos sobre a necessidade de vencer as injustiças de nossos dias. Seu nome reflete o papel de sua vida na nação de Israel. Foi o agente de Deus na preservação e na prosperidade de seu povo no Egito, durante o período de fome na terra de Canaã” (GARDNER, 1999, p. 377 – acréscimo nosso).Vejamos ainda algumas informações que devemos considerar sobre ele:

2.1 - Seu nascimento. José era filho de Raquel, a esposa amada de Jacó (Gn 29.18-20,30). Seu nascimento foi celebrado por sua mãe (Gn 30.22-24). José é descendente de um clã de patriarcas escolhido por Deus para iniciar a linhagem piedosa da qual nasceria o Messias (Gl 3.8,16,18). A primeira referência a José se dá como resposta da oração de Raquel e como consolo divino diante do opróbrio que ela vivia por não gerar filhos (Gn 29.31; 30.22-24); O nome José vem de uma palavra hebraica que significa: “Yahweh acrescentará” ou “Yahweh adicionará”; ele foi o décimo primeiro filho de Jacó e o primeiro de sua esposa favorita, Raquel.

2.2 - A predileção de seu pai. Em função de ser José filho de sua amada esposa Raquel (Gn 29.20, 30); bem como ser filho de sua velhice, Jacó destina um amor diferenciado a José em relação aos demais filhos (Gn 37.3); e declara-o ao lhe presentear como uma “túnica de várias cores”. A túnica chegava aos calcanhares e tinha mangas longas. Era a vestimenta usada por governantes ricos, e nem o pastor mais bem vestido, precisaria de algo do gênero para trabalhar nos campos. É provável que fosse a forma de dizer que havia escolhido José para ser seu herdeiro (WIERSBE, 2006, p.181).

2.3 - Sua conduta em contraste a de seus irmãos. Ainda jovem José se destaca no ambiente familiar em razão de sua conduta exemplar como filho, já que seus irmãos não tinham uma boa reputação (Gn 37.2). Essa má “fama” que se divulgava de seus irmãos, por certo eram baixas qualidades morais, pelas quais seus irmãos eram conhecidos; fato que pode ser visto na conduta de Judá, que casou-se com uma cananeia e todo o seu procedimento é descrito no capítulo 38. A integridade de José pode ser vista em várias fases de sua vida, e em função disso vemos Deus revelando desde cedo, o grande projeto para com ele (Gn 37.2; 5-11).

2.4 - Sua comunhão com Deus. Além de ser alvo da promessa divina, vemos José experimentando uma comunhão estreita com Deus. Em meio às dificuldades que marcaram a sua trajetória, notamos a companhia de Deus em cada momento mostrando a sua pessoalidade (Gn 39.2,3,21,23; At 7.9). Deus não impede as lutas na vida de José, mas garante sua presença fazendo-o prosperar. Quem serve a Deus prospera até mesmo na servidão. Não sabemos o preço que Potifar ofereceu por José. Mas logo descobriria ter adquirido um bem mui valioso, pois tudo o que o jovem hebreu punha-se a fazer prosperava (Gn 39.6,7). Quem serve a Deus prospera em qualquer circunstância (Sl 1.3).

III – A FÉ COMO MEIO DE SUPERAR AS INJUSTIÇAS
José era bisneto de Abraão, amigo de Deus. À semelhança de seu pai, Jacó, e do avô, Isaque, era um homem de profundas experiências com o Senhor. A seu modo, era um profeta e um especialista em sonhos. Por causa da sua Fé em Deus, José triunfou em meio as injustiças das quais foi alvo. Seu nome foi elencado na galeria dos “Heróis da Fé” da epístola aos Hebreus (Hb 11.22). Notemos atitudes que tornam evidente a sua fé:

3.1 Fé tendo integridade na casa dos pais. A família de Jacó passou por diversas crises:

a) rixas entre as irmãs, Léia e Raquel (Gn 29.33; 30.1,8);
b) injustiças (Gn 31.41) e intrigas financeiras (Gn 31.1);
c) propensão à idolatria (Gn 31.34); e
d) traição, violência, imoralidade e invejas (Gn 34.25-30; 35.22; 37.11).

Diante desse contexto, que tipo de caráter José poderia ter? Entretanto, ele é um exemplo de que é possível, com a graça divina, manter-se puro e íntegro, mesmo convivendo com pessoas de comportamento reprovável (Fp 2.15).

3.2 - Fé para se manter fiel (Gn 39.7-12). Sua fidelidade a Deus e ao seu patrão eram o suficiente para ele não ceder a tentação (Gn 39.8,9). A esposa de Potifar insistiu em convidá-lo a pecar, mas ele resistiu “[…] falando ela cada dia a José, e não lhe dando ele ouvido”[...] (Gn 39.10). Não se dando por satisfeita, a mulher de Potifar tramou ficar sozinha com ele em determinada ocasião; foi ao seu encontro para forçá-lo a coabitar com ela, mas a resolução de José o fez fugir daquela investida (Gn 39.12-b). A mulher ardendo em ira acusou-o diante de seu marido e funcionários dizendo que José havia tentado molestá-la. Ele foi sentenciado a cadeia por este tão grande mal (Gn 39.14-20). “A punição menor, dada a José, de acordo com os intérpretes judeus, significou que Potifar acreditou em José, mas, a fim de poupar sua esposa de maior embaraço, sacrificou-o, embora por meio de um castigo mais brando do que seria de se esperar” (CHAMPLIN, 2001, p. 246). Sejamos fiéis a Deus custe o que custar (Pv 3.3; Dn 3.17,18; 6.3,4,22; Ap 2.10).

3.3 - Fé para testemunhar (Gn 41.33-36). Após dois anos na cadeia, José foi chamado por Faraó para interpretar o sonho que este monarca teve. José, quando interpelado por Faraó se tinha a habilidade de interpretar sonhos ele respondeu:“Isso não está em mim; Deus dará resposta de paz a Faraó” (Gn 41.16). Deus é proclamado diante do temido Faraó, por aquele que tinha tudo para se omitir em virtude do que havia passado. O Soberano do universo é quem domina sobre tudo e sobre todos, foi a mensagem de José: [...]“porque esta coisa é determinada de Deus, e Deus se apressa a fazê-la” (Gn 41.32).

3.4 - Fé para perdoar (Gn 45.1-5). Os sete anos de abundância sobrevieram a terra do Egito como fora predito, e agora, os sete anos de fome começavam a chegar. Segundo o que estava previsto, a fome foi tão grave que superou os anos de prosperidade. Ela atingiu não somente o Egito, como também todas as terras (Gn 41.57). Segundo o Dr. Norman Champlin (2001, p. 257): “Não foi o globo terrestre inteiro, mas a terra conhecida pelo autor do livro de Gênesis, ou seja, o Egito, a Arábia, a Palestina e a Etiópia, as nações que pediriam socorro ao Egito”. É nesse momento que a descendência de Jacó vem ao Egito a fim de pedir socorro a Faraó, sem saber que José era o seu administrador. José reconhece os seus irmãos, beneficia-os e depois de prová-los revela-se como irmão deles e os perdoa por sua maldade (Gn 45.1-5). O perdão é uma característica presente na vida daquele que tem o amor de Deus em seu coração (Mc 11.25; Ef 4.32; Cl 3.13).

3.5 - Fé para crer nas promessas. Apesar de ter abrigado Jacó e seus descentes confortavelmente em Gósen no Egito, José sabia que o seu povo não ficaria ali para sempre. Já próximo da sua morte, José deu duas declarações que merecem ser destacadas: 1) a profecia de José (Gn 50.25a). Este servo do Senhor conscientizou os hebreus que no tempo certo Deus interviria tirando-os do Egito, para conduzi-los de fato a uma terra permanente; e, 2) a esperança de José (Gn 50.25-b). José deixou o mundo dando testemunho de sua fé na promessa de que Israel voltaria a Canaã, pois ordenou que seu corpo fosse embalsamado a fim de ser levado para a Palestina. Isto foi realizado anos mais tarde por Moisés e Josué (Êx 13.19; Js 24.32).

CONCLUSÃO
A biografia do patriarca José é uma das mais belas e inspiradoras. “A sua história é tão notavelmente dividida entre a sua humilhação e a sua exaltação, que podemos ver nela alguma semelhança com Cristo, que primeiro foi humilhado e depois exaltado. Em muitos casos, José tipificou o Senhor Jesus” (HENRY, 2010, p. 178). “A história de José nos revela como os descendentes de Jacó vieram a ser uma nação dentro do Egito. Esta seção de Gênesis não somente nos prepara para a narrativa do êxodo do Egito, como também revela a fidelidade que José sempre teve para com Deus, e as muitas maneiras como Deus protegeu e dirigiu a sua vida para o bem doutras pessoas. Ressalta a verdade de que os justos podem sofrer num mundo mau e iníquo, mas que, por fim, triunfará o propósito de Deus reservado para eles” (STAMPS, 2006, p. 90).

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

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