sexta-feira, 27 de maio de 2016

LIÇÃO 09 – A NOVA VIDA EM CRISTO (Rm 12.1-12) - 2º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 09 – A NOVA VIDA EM CRISTO - 2º TRIMESTRE DE 2016 (Rm 12.1-12)

INTRODUÇÃO
A partir do capítulo 12 da Epístola aos Romanos, Paulo passa de uma exposição doutrinária para uma exposição prática, a fim de transformar a doutrina cristã em ação. Quando uma pessoa é alcançada pelo poder do evangelho, ela deve ter uma vida consagrada diante de Deus; e, como consequência seu relacionamento diante do mundo, da igreja e dos seus opositores devem ser condizentes com a nova vida em Cristo.

I – A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO A DEUS
O apóstolo roga aos cristãos romanos que se consagrem ao Senhor, apoiando o seu pedido no amor que Ele tem por nós. Paulo utiliza-se aqui da linguagem do “sacrifício” remetendo-nos ao AT. Em Levítico, são listados quatro tipos de sacrifícios (Lv 1.3-17; 2.1-16; 3.1-17; 4.1-5; 5.14-16). Todos estes sacrifícios podem ser reduzidos a somente dois:

(a) o primeiro, abrangendo aqueles sacrifícios oferecidos antes da reconciliação e os que visavam obtê-la; e,
(b) o segundo, os sacrifícios oferecidos depois da reconciliação e para celebrá-la.

Isto aponta para uma verdade bem clara no NT. O sacrifício pelo pecado foi efetuado por Cristo (Gl 1.4; 2.20; Ef 5.2,25; I Tm 2.6; Tt 2.14; Hb 9.14); o sacrifício por gratidão pela absolvição é feita pelo pecador redimido. “O sacrifício da expiação oferecido por Deus na pessoa do seu Filho agora deveria encontrar a sua resposta no crente no sacrifício de uma completa consagração e de uma íntima comunhão” (BEACON apud GODET, 2006, p. 158).

1.1 - O cristão a oferta de gratidão (Rm 12.1). Paulo apela aos cristãos Romanos, que tenham a consciência que, antes seus corpos que eram servos do pecado para a morte, agora, que foram comprados por Cristo, devem ser consagrados a Ele “[...]apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”. “O termo grego para apresentar usado por Paulo em Romanos 12 é 'parastesai'. Em Rm 6.13,16,19, ele é traduzido como entregar e também apresentar, e é usado para expressar a ideia de colocar o corpo à disposição de Deus ou do pecado dependendo da nossa escolha (2 Co 4.14; 11.2; Ef 5.27; Cl 1.22, 28)” (BEACON, 2006, p. 159 – acréscimo nosso).

ASPECTOS DO SACRIFÍCIO DO CRENTE
Vivo: O sacrifício do corpo do cristão é descrito como “vivo” em contraste com os sacrifícios realizados na Antiga Aliança cuja vida era tirada antes de ser apresentada sobre o altar (Lv 1.5- 9). Antes da nossa conversão oferecíamos os membros do nosso corpo ao pecado (Rm 6.12-14). Agora, na Nova Aliança, oferecemos nosso corpo como sacrifício vivo a Deus (Rm 12.13-b).

Santo: A palavra “santo” quer dizer “separado”. Em suas epístolas, o apóstolo Paulo sempre exortou as igrejas sobre a necessidade e o dever de terem uma vida santificada, ou seja, separada do pecado e consagrada a Deus (Rm 6.19,22; 12.1; I Co 1.30; 6.11; I Ts 4.3-7; II Ts 2.13; I Tm 2.15; II Tm 2.21).

Agradável: Segundo Aurélio (2004, p. 71) a palavra “agradável” quer dizer: “aprazível, deleitável”. A Bíblia nos orienta a agradarmos a Deus (Ef 5.10; Cl 1.10; I Ts 4.1; II Tm 2.4). “Nenhum culto é agradável a Deus quando é unicamente interior, abstrato e místico; nossa adoração deve expressar-se em atos concretos de serviço manifestados em nosso corpo” (LOPES apud STOTT, 2010, p. 399). Confira: (Mt 5.16; Hb 13.16).


II - A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO AO MUNDO
Depois de rogar aos cristãos de Roma sobre qual deveria ser a postura do servo de Deus diante dEle (Rm 12.1). Paulo orienta-os também quanto ao procedimento destes diante do mundo (Rm 12.2). Para o apóstolo, não bastava ser consagrado a Deus, senão houvesse demonstração pública desta consagração. Precisamos manifestar a fé que abraçamos diante do mundo. Mas, segundo Paulo, qual deveria ser a postura do cristão diante desta era:

2.1 - O cristão não deve conformar-se (Rm 12.2-a). A palavra “conformar” segundo o Aurélio (2004, p.522) significa: “adequar, moldar”. Segundo a Bíblia de Palavra Chave (2009, p. 2416) a palavra conformar no grego “syschematidzo” significa: “moldar de modo semelhante, isto é, em conformidade com o mesmo padrão”. O apóstolo está exortando aos cristãos romanos a não se ajustarem ao modo corrupto de viver do mundo. O termo mundo aqui refere-se ao mundo dos homens em rebelião contra Deus, e assim caracterizado por tudo o que está em oposição a Ele. Envolve os valores do mundo, seus prazeres, suas atividades e aspirações. “O mundo tem uma fôrma. Essa fôrma é elástica e flácida. A fôrma do mundo é a fôrma do relativismo moral, da ética situacional e do desbarrancamento da virtude. O crente é alguém que não põe o pé nessa fôrma” (LOPES, 2010, p. 401).

2.2 - O cristão deve transformar-se (Rm 12.2-b). A Bíblia não só mostra o que devemos evitar “não vos conformeis”, mas o que devemos praticar “mas, transformai-vos”. A palavra “transformar” segundo Aurélio (2004, p. 3338) significa: “dar nova forma, feição ou caráter”. Segundo a Bíblia de Palavra Chave (2009, p. 2416) a palavra transformar no grego “metamorphoõ” significa: “mudar, transfigurar, transformar”. A ideia do apóstolo é que ao invés de nos moldarmos ao mundo, devemos nos transformar pela renovação da mente. Enquanto o diabo age cegando a mente dos incrédulos (II Co 4.4) e o pecado obscurecendo (Ef 4.18). O Espírito Santo age renovando o entendimento (Rm 12.2).

III - A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO A IGREJA
Quando um homem é transformado pela ação do evangelho seus relacionamento são também transformados. Segundo Lopes (2010, p. 398) “não podemos ter um relacionamento vertical correto se os relacionamentos horizontais estão errados”. Paulo diz como deve ser o comportamento dos salvos entre si, como veremos abaixo:

3.1 - Humildade (Rm 12.3). Segundo Aurélio, humildade significa: “ausência completa de orgulho, rebaixamento voluntário por um sentimento de fraqueza ou respeito”. No presente versículo Paulo orienta os cristãos a serem humildes, combatendo abertamente o sentimento nocivo de complexo da superioridade “não pense de si mesmo além do que convém”. O próprio apóstolo diz que o que ele possui é pela graça “Porque pela graça que me é dada”. A humildade está associada a uma consciência de que tudo que temos ou somos vem do Senhor (Sl 24.1; I Cr 29.14). Por isso, a Bíblia nos exorta a trilhar o caminho da humildade (Pv 15.33; 18.12; 22.4; Ef 4.2; Fp 2.3; Cl 3.12; I Pe 5.5).

3.2 - Equilíbrio (Rm 12.3; 4-8). Paulo aconselha os cristãos a serem equilibrados no conceito que tem de si mesmos “antes, pense com moderação”, combatendo tanto o complexo de superioridade quanto de inferioridade quando mostra que, embora tenhamos diferentes dons, cada membro tem a sua importância no corpo de Cristo (Rm 12.4,5). Se faz necessário entender que pertencemos uns aos outros, ministramos uns aos outros e precisamos uns dos outros. Pois, no corpo de Cristo há:

(a) individualidade (Rm 12.5);
(b) diversidade (Rm 12.4-6-a);
(c) mutualidade (Rm 12.5); e,
(e) utilidade (Rm 12.6-b; 8).

“Os dons espirituais são instrumentos que devem ser usados para a edificação, não brinquedos para a recreação nem armas de destruição” (LOPES apud WIERSBE, 2010, p. 402).

3.3 - Amor (Rm 12.9-10). O amor é uma virtude que predispõe alguém desejar o bem de outrem. É a palavra que representa o Cristianismo (Jo 13.35). É uma das virtudes do fruto do Espírito (Gl 5.22). Portanto, deve estar presente em nosso relacionamento com Deus e com o nosso próximo (Lc 10.27; Rm 13.9; Gl 5.14), como evidência de que o Espírito Santo está em nós (Rm 5.5).

3.4 - Hospitalidade (Rm 10.13). O Aurélio diz que a palavra hospitaleiro “é a pessoa que dá hospedagem por bondade ou caridade”. As Escrituras revelam que a hospitalidade deve se estender aos crentes e também aqueles que ainda estão no mundo (Gl 6.10; Hb 13.2). “A hospitalidade é o amor expressado” (ZUCK, 2008, p. 402). Portanto, quem afirma ser cristão, mas tem o coração insensível diante do sofrimento e da necessidade dos outros, demonstra cabalmente que não tem o amor de Deus (Mt 25.41-46; I Jo 3.16-20).

IV - A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO AOS INIMIGOS
Seguindo o mesmo ensinamento do Senhor Jesus Cristo, Paulo ensina que o evangelho produz uma transformação tão grande na vida do pecador, ao ponto de orientá-lo a agir diferente até mesmo com os seus opositores (Mt 5.44; Lc 6.27,35; Rm 12.14,17-20). Vejamos detalhadamente o que nos diz o apóstolo:

4.1 - Abençoai os que perseguem (Rm 12.14). Os cristãos do primeiro século sofreram grandes perseguições por causa da fé que abraçaram. Parece ser incoerente que Paulo no presente versículo oriente os servos do Senhor a abençoar aqueles que lhe fizeram agravo. Todavia, a orientação é abençoar até mesmo aqueles que nos querem o mal (Mt 5.44).

4.2 - A ninguém torneis o mal com o mal (Rm 12.17; 18-20). Jesus ensinou que devemos dar a outra face, ou seja, não retribuirmos as afrontas ou os males que sofremos (Mt 5.39). Pagar o mal com o mal, devolver a agressão na mesma moeda, não expressam a graça de Deus (Mt 5.46,47). O cristão não deve vingar-se porque esta é uma atribuição exclusivamente divina (Rm 12.19). Segundo Lopes (2010, p. 414), “pagar o bem com o mal é demoníaco. Pagar o mal com o mal é retribuição humana. Pagar o mal com o bem é graça divina”.

4.3 - Tenham paz com todos quando possível (Rm 12.18). Neste presente versículo vemos que a paz é imperativa, ou seja, a Escritura ordena que no que depender de nós devemos ter paz com todos. Segundo o escritor aos hebreus, essa paz é tão importante quanto a santidade (Hb 12.14).

CONCLUSÃO
Cada cristão deve seguir a recomendação apostólica de Paulo, quanto a entrega do corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Tal devoção deve resultar numa postura consagrada em todas as áreas da nossa vida.

REFERÊNCIAS
APLICAÇÃO PESSOAL, Comentário do Novo Testamento. Vol. 02. CPAD.
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. Vol 08. CPAD.
LOPES, Hernandes dias. Comentário Exegético de Romanos. HAGNOS.

ZUCK, Roy. Teologia do Novo Testamento. CPAD.

terça-feira, 17 de maio de 2016

LIÇÃO 08 – ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO (Rm 9.1-5; 10.1-8; 11.1-5) - 2º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 08 – ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO (Rm 9.1-5; 10.1-8; 11.1-5)
2º TRIMESTRE DE 2016 

INTRODUÇÃO
Veremos nesta lição que Romanos 9-11 é uma trilogia do povo de Israel e dos gentios, onde, o capítulo 9 olha para o passado e mostra a soberana eleição divina sobre Israel; o capítulo 10 vê o presente e aborda a responsabilidade humana; já o capítulo 11 vislumbra o futuro e trata da bênção universal. Assim, falaremos sobre Israel no plano divino para a salvação; estudaremos sobre sua eleição; pontuaremos sobre o sentimento de tristeza de Paulo em relação aos judeus, e concluiremos falando sobre os privilégios de Israel como nação escolhida por Deus.

I - ISRAEL NO PLANO DIVINO PARA A SALVAÇÃO
1.1 - A eleição de Israel no passado (Rm 9.6-29). Em Romanos 9.6-13, Paulo afirma que a promessa de Deus a Israel não falhou, pois a promessa era só para os fiéis da nação e visava somente o verdadeiro Israel, aqueles que eram fiéis à promessa (Gn 12.1-3; 17.19), pois “sempre há um Israel dentro de Israel, que tem recebido a promessa” (Rm 9.6). Nos versículos 14-29, Paulo chama a nossa atenção para o fato de que Deus tem o direito de rejeitar a Israel, se desobedecerem a Ele e o direito de usar de misericórdia para com os gentios, oferecendo-lhes a salvação (STAMPS, 1995, p. 1715 – grifo nosso).

1.2 - A rejeição presente do evangelho por Israel (Rm 9.30 a Rm 10.21). O erro de Israel de não voltar-se para Cristo, não se deve a um decreto incondicional de Deus, mas à sua própria incredulidade e desobediência (At 4.11; Rm 10.3). O estado espiritual de perdido, da maioria dos israelitas, não fora determinado por um decreto arbitrário de Deus, mas, resultado da sua própria recusa de se submeterem ao plano divino da salvação mediante a fé em Cristo (Rm 10.3; 11.20). Inúmeros gentios, porém, aceitaram o caminho de Deus, e se tornaram “filhos do Deus vivo” (Rm 9.25,26).

1.3 - A rejeição de Israel é apenas parcial e temporária (Rm 11.1-36). As Escrituras estão repletas de promessas de uma futura restauração de Israel ao aceitarem o Messias. Tal restauração terá lugar ao findar-se a Grande Tribulação, na iminência da volta pessoal de Cristo (Is 11.10-12; 24.17-23; 49.22,23; Jr 31.31-34; Ez 37.12-14; Rm 11.26; Ap 12.6). O apóstolo Paulo deixa claro que Israel por fim aceitará a salvação divina em Cristo por algumas razões:

(a) Deus não rejeitou o Israel verdadeiro (Rm 11.1-6);
(b) Deus transformou a transgressão de Israel numa oportunidade de proclamar a salvação a todo o mundo (Rm 11.11,12, 15), e,
(c) O propósito sincero de Deus é ter misericórdia de todos, tanto dos judeus como dos gentios, e incluir no seu reino todas as pessoas que creem em Cristo (Rm 11.30-36; Rm 10.12,13; 11.20-24) (STAMPS, 1995, p. 1715 – grifo nosso).

II - ISRAEL E SUA ELEIÇÃO
2.1 - A eleição de israel não é superior a dos gentios (Rm 9.24). Havia na igreja de Roma dois grupos distintos, um formado por judeus, e outro por gentios (Rm 1.13; 7.1). Os judeus não aceitavam o ensino de Paulo quanto à salvação pelo fato do apóstolo apresentar o novo pacto (a graça), como capaz e superior ao velho pacto (a Lei) para salvar o homem. O judeu cria que Deus havia eleito seu povo e por isso a sua salvação estava pré-ordenada e pré-determinada. No entanto, Deus jamais escolhe alguém com parcialidade, pois Ele não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef. 6.9; 1Pe 1.17).

2.2 - A eleição de Israel não é genética, mas espiritual (Rm 9.6-9). Nem todos os descendentes físicos de Abraão são filhos espirituais de Abraão (Rm 9.6). Os verdadeiros filhos de Abraão não são os que têm o sangue de Abraão correndo nas veias (filiação carnal), mas os que têm a fé de Abraão em seu coração (filiação espiritual). Se a fé de Abraão não estiver nos corações, de nada lhes adiantará ter o sangue de Abraão em suas veias, pois, a descendência natural de Abraão não é garantia de um parentesco espiritual com Abraão. Deus não se deixa enquadrar como um Deus nacionalista, assim, não são judeus todos os que são judeus, nem são circuncisos todos os que são da circuncisão (Rm 2.28,29). Os verdadeiros filhos de Abraão são aqueles que “também andam nas pisadas da fé que teve Abraão” (Rm 4.12) (MURRAY apud LOPES, 2010, p. 328).

2.3 - A eleição de Israel não é meritória, mas graciosa (Rm 9.10-13). A graça não é concedida por critério étnico, cultural ou religioso, pois Deus chama dentre os judeus, mas também dentre os gentios (Rm 9.24). Portanto, a salvação não é endereçada apenas aos filhos de sangue de Abraão, mas também aos que se tornam filhos de Abraão pela fé (Gl 3.7).

2.4 - A eleição de Israel não é uma predestinação fatalista (Rm 9.26,27). Paulo está tratando do modo como Deus lida com nações e povos do ponto de vista histórico, a partir do seu direito de usar povos e nações conforme Ele quer. Por exemplo, sua escolha de Jacó em lugar de seu irmão Esaú (Rm 9.11) teve como propósito fundar e usar as nações de Israel e de Edom, oriundas dos dois. Nada tinha que ver com seu destino eterno quanto a sua salvação ou condenação como indivíduos como ensinam alguns teólogos fatalistas (STAMPS, 1995, p. 1715).

III - ISRAEL E O SENTIMENTO DE TRISTEZA DE PAULO
Paulo declara seu amor por sua gente, os judeus (Rm 9.12-3). Visto que era conhecido como judeu zeloso, sua conversão a Cristo o tornou antipático para os judeus, que o viam como “um traidor de sua gente”. Entretanto, Paulo garante que seus sentimentos são sinceros e que sua consciência tinha o testemunho do Espírito Santo (Rm 9.1).

3.1 - A incredulidade dos judeus e a tristeza de Paulo (Rm 9.1,2). Paulo passa da exultação do final do capítulo 8 para a profunda tristeza do começo do capítulo 9. A confissão de amor de Paulo por seus compatrícios não é uma retórica vazia nem uma declaração hipócrita, dissimulada e fingida, mas uma realidade. Os judeus, irmãos e compatriotas de Paulo segundo a carne, ainda estavam aferrados à sua tradição religiosa, sem Cristo e sem salvação, e isso provocou no apóstolo grande tristeza e dor (Rm 9.2) (LOPES, 2010, pp. 323,324).

3.2 - A profunda dor do apóstolo em relação aso judeus (Rm 9.3). Paulo desejou ser apartado de Cristo para que seus irmãos fossem reconciliados com Cristo, desejou ser maldito para que seus compatriotas fossem benditos, desejou ir ao inferno para que os seus irmãos fossem ao céu. Paulo se mostrou disposto a ficar fora do céu por amor aos salvos e a ir ao inferno por amor aos perdidos. Paulo estava pronto a ir às últimas consequências para ver seus compatrícios salvos. O sentimento de Paulo nos lembra de Judá que, como substituto de seu irmão Benjamim (Gn 44.33), recorda-nos as palavras emocionantes de Moisés ao interceder pelo povo (Êx 32.32), e o agonizante clamor de Davi por seu filho (2Sm 18.33). Porém, acima de tudo, ele fixa nossa atenção naquele que realmente se fez o substituto de seu povo (Rm 3.24,25; 8.32). “Parece inacreditável que um homem se disponha a ser amaldiçoado a fim de que os malditos possam se salvar” (STOTT apud LOPES, 2010, p. 324).

IV - OS PRIVILÉGIOS DE ISRAEL
Nenhuma nação no mundo recebeu as bênçãos que Israel recebeu. Vejamos os privilégios para Israel apresentados por Paulo nesta Carta (STAMPS, 1995, p. 1715):

4.1 - A descendência “Que são israelitas...” (Rm 9.4). Como promessa divina, visto que foram feitos filhos ou povo peculiar de Deus, tirado do meio das nações (Êx 4.22; Os 11.1).

4.2 - A adoção “.... dos quais é a adoção de filhos” (Rm 9.4). A “adoção” se refere à sua eleição teocrática, pela qual eles foram separados das nações pagãs para se tomarem os primogênitos de Deus (Êx 4.22), sua possessão particular (Êx 19.5), seu filho (Os 11.1), seu povo escolhido (Is 43.20).

4.3 - A glória “.... e a glória” (Rm 9.4). A “glória” era o sinal visível da presença de Deus com eles. Essa glória deve ser reputada como referência àquela que se manifestou e permaneceu no monte Sinai (Êx 24.16,17), a glória que cobriu e encheu o Tabernáculo (Êx 40.34-38), a glória que aparecia sobre o propiciatório, no Santo dos Santos (Lv 16.2), a glória do Senhor que encheu o templo (lRs 8.10,11).

4.4 - As alianças “... e as alianças” (Rm 9.4). As “alianças” estão no plural porque o pacto de Deus foi progressivamente revelado. Devemos considerar o plural como denotação das alianças abraâmica (Gn 15.18; 17.4), mosaica (Êx 24.8; 34.10; Dt 29.1); nos dias de Josué, o sucessor de Moisés (Dt 27.2; Js 8.30; 24.25); e davídica (2 Sm 23.5; Sl 89.28).

4.5 - A legislação “... e a lei” (Rm 9.4). Deus favoreceu de modo especial Israel, pela dádiva da Lei. Deus deu preceitos e instruções a seu povo para guiá-lo no caminho da santidade. A concretização da aliança feita com o aparecimento da Lei concretiza a preocupação divina com a vida cotidiana do povo judeu (Êx 20.1-17).

4.6 - O culto “... e o culto” (Rm 9.4). O “culto” aqui fala da adoração do verdadeiro Deus de modo verdadeiro. Paulo diz literalmente: “deles é o culto”, no sentido de que foi privilégio particular da nação israelita cultuar ao Deus verdadeiro, visto que as demais nações não conheciam esse Deus verdadeiro. Hoje, pela graça do Senhor Jesus, todos quantos o aceitam têm direito de cultuar a esse Deus.

4.7 - Os patriarcas “... dos quais são os pais” (Rm 9.5). Os “patriarcas” se referem a Abraão, Isaque e Jacó, os pais da fé de quem eles descendiam e podiam orgulhar-se (Êx 3.6; Lc 20.37; Is 55.1; At 13.23,32-34). A estes, Deus fez promessas, que representam toda a esperança de Israel. É impossível deixar de reconhecer os “pais da antiguidade”: Abraão, Isaque e Jacó, que revestiram de glória todas as gerações dos judeus até o presente (Êx 3.6,13; Lc 20.37).

4.8 - A descendência de Cristo “... e dos quais é Cristo segundo a carne”. (Rm 9.5). Paulo completa a sua lista dos privilégios do povo judaico mencionando o Messias demonstrando uma honra que nunca pode ser-lhe arrebatada. Paulo deixou por último “a Cristo” por ser o mais eminente dos privilégios dos judeus. É indiscutível o fato de que o Cristo, o Ungido, é o “Verbo divino que se fez carne” (Jo 1.1,14) e “habitou entre nós”. Como Deus bendito, Cristo nasceu como homem, “segundo a carne”, descendendo dos judeus e sua humanização não afetou em nada a sua divindade. Paulo faz um tributo à divindade de Cristo, quando diz que Ele é “sobre todos”, isto é, exalta-o e o coloca em sua real posição de supremacia. Ainda mais, Paulo o trata como “Deus bendito eternamente”. Esse tratamento é identificado no AT, quando o salmista precede o nome de Deus com a palavra “bendito” (Sl 68.35; 72.18). Finalmente, entende-se que Cristo descendeu dos judeus “segundo a carne” para revelar-se ao mundo todo como o Redentor de todos os homens (Mt 1.1; Jo 4.22; Rm 1.3; Hb 2.16; Ap 5.5).

CONCLUSÃO
Concluímos que assim como Deus ama Israel e o escolheu como povo santo e peculiar, também, da mesma maneira amou os gentios sem nenhuma acepção ou distinção. Não podemos negar que os judeus são privilegiados por ser o povo eleito para ser o receptor das bênção descritas em Romanos 9; porém, isso não os torna melhores e nem superiores aos demais povos, pois o Senhor jamais escolhe com parcialidade, e não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef. 6.9; 1Pe 1.17).

REFERÊNCIAS
GILBERTO, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
LOPES, Hernandes dias. Comentário Exegético de Romanos. HAGNOS.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

terça-feira, 10 de maio de 2016

LIÇÃO 07 – A VIDA SEGUNDO O ESPÍRITO (Rm 8.1-17) - 2º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 07 – A VIDA SEGUNDO O ESPÍRITO - 2º TRIMESTRE DE 2016 (Rm 8.1-17)

INTRODUÇÃO
Nesta lição, destacaremos a luz de Romanos oito, que embora estivéssemos condenados por causa do pecado, Deus mudou a nossa sorte, quando nos justificou; veremos também que o nosso comportamento depois de salvos, deve ser totalmente diferente da vida anterior; e, por fim, pontuaremos qual o papel do Espírito Santo na vida do pecador redimido, destacando as suas ministrações em seu favor.

I – A SITUAÇÃO DO HOMEM QUE FOI JUSTIFICADO
Por causa do pecado de Adão, além da culpa ter-nos sido imputada (Rm 3.23), herdamos a natureza pecaminosa, ou seja, a inclinação para o mal (Rm 7.18). A nossa situação espiritual parecia irremediável, mas não era (Rm 7.24,25). Principalmente, no capítulo oito da epístola aos Romanos, o apóstolo faz a seguinte declaração: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus[...]” (Rm 8.1). Analisemos este versículo mais detalhadamente:

1.1 - O tempo (Rm 8.1-a). A expressão utilizada por Paulo no presente texto, mostra-nos uma mudança no tempo. Antes estávamos em pecado (Rm 5.12); destituídos da glória de Deus (Rm 3.23); condenados (Rm 5.16); e, mortos (Rm 6.23-a). Mas, “agora” a situação é totalmente diferente. Nossos pecados foram perdoados (I Jo 2.12); temos a esperança da glória (Rm 5.2-b); somos salvos (Rm 5.9,10; 8.24; I Co 1.18; Ef 2.5); e, temos vida (Jo 10.10; 5.24; Rm 6.4).

1.2 - A remoção da sentença (Rm 8.1-b). Paulo diz que antes estávamos sentenciados a condenação por causa do pecado (Rm 5.16,18). Mas, agora já que os nossos pecados foram perdoados “nenhuma condenação há”. Confira também (Jo 5.24). Aqueles que estão em Cristo não são condenados, porque Cristo foi condenado em lugar deles (Is 53.4-6; I Co 1.30). “A condenação do pecado, salvou os pecadores da condenação. Cristo foi feito pecado por nós (2 Co 5.21), e, assim, quando Ele foi condenado, o pecado foi condenado na carne de Cristo, condenado na natureza humana. Dessa forma, foi feita satisfação em relação a justiça divina e aberto um caminho para a salvação do pecador” (HENRY, 2008, p. 351).

1.3 O único meio de salvação (Rm 8.1-c; 8.3). Nenhum homem poderá desfrutar da salvação e das bençãos que a acompanham, senão for por intermédio de Cristo Jesus. Paulo nos diz que era impossível a Lei salvar o homem, visto que ela veio para revelar o pecado humano; e o homem por causa da sua natureza pecaminosa não podia atingir o padrão de justiça da Lei. Cristo, quando veio ao mundo, cumpriu toda a Lei e ainda sofreu a sentença do nosso pecado, em seu próprio corpo, tornando possível a nossa salvação. Portanto, Ele é o nosso Salvador (At 4.12; Fp 3.20; II Tm 1.10; Tt 1.4); Justificador (Rm 5.1; I Co 1.30); e, Santificador (I Co 1.30; I Co 6.11). Só em Cristo somos abençoados (Ef 1.3); eleitos (Ef 1.4); predestinados (Ef 1.5); nos tornamos agradáveis (Ef 1.6); e, fomos redimidos (Ef 1.7).

II – O COMPORTAMENTO DAQUELE QUE FOI JUSTIFICADO
“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8.1). Neste capítulo, o Espírito é contrastado com a carne. Nessa nova vida, os homens precisam viver de forma diferente do que viviam na antiga. Se antes costumavam praticar as obras da carne, agora, devem agir na vontade do Espírito de Deus. A expressão “andar” fala de procedimento, modo de vida, práticas, obras. Para o apóstolo, não basta dizer que está em Cristo, é preciso evidenciar isto, andando no Espírito. Vejamos na tabela abaixo, quais as consequências na vida daquele que anda na carne e daquele que anda no Espírito:

A INCLINAÇÃO DA CARNE
Gera morte (Rm 8.6-a)
Inimizade contra Deus (Rm 8.7)
Não agradar a Deus (Rm 8.8)

A INCLINAÇÃO DO ESPÍRITO
Gera vida (Rm 8.6-b)
Gera paz (Rm 8.6-c)
Não há condenação (Rm 8.1)

III – O PAPEL DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DO HOMEM JUSTIFICADO
O Espírito Santo é mencionado no AT como “Espírito” (Gn 1.2; Êx 31.3; Sl 104.30; Is 44.3; 37.14). Já no NT, onde se dá especificamente a dispensação do Espírito, Ele é mais citado como “Espírito Santo”, o que destaca seu principal ministério na igreja: santificar o crente. Essa distinção de ofício do Espírito Santo no Antigo e NT é claramente percebida em 2 Corintios 3.7,8. O versículo 8 assevera: “Como não será de maior glória o ministério do Espirito?”. Abaixo destacaremos algumas ministrações do Espírito Santo ao crente, baseado no capítulo oito da Epístola aos Romanos:

3.1 - O Espírito Santo habita (Rm 8.9). No AT, o Espírito agia entre o povo de Deus (Ag 2.5; Is 63.11-b), mas com o advento de Cristo e por sua mediação, o Espirito habita no crente, conforme profetizou nas Escrituras (Jr 31.31-34; cf. Hb 10.14-17; Ez 36.26-27). Este privilégio é também reafirmado em (I Co 3.16; 6.19; 2 Co 6.16; e Gl 4.6). A palavra “habitar” no grego “oikeõ” que significa: “ocupar uma casa”, isto é, no sentido figurado, “habitar”, “residir”, “permanecer” (PALAVRA-CHAVE, 2009, p. 2316 – acréscimo e negrito nosso). “É o Espírito quem aplica a obra da redenção em nós. Sem sua presença e ação, nenhum homem pode tornar-se um cristão. Passamos a pertencer a Cristo quando o Espírito habita e opera em nós” (LOPES, 2010, p. 286).

3.2 - O Espírito Santo liberta (Rm 8.2). Nos nossos membros, temos a lei do pecado, da qual não conseguimos por nossos próprias forças nos desvencilharmos (Rm 7.21-24). Todavia, por intermédio do Espírito, fomos libertos dessa escravidão. “Quando dependíamos de nós mesmos para atender às demandas da lei, vivíamos prisioneiros do pecado e caminhávamos para a morte; mas, agora, uma vez que o Espírito Santo habita em nós, saímos da masmorra do pecado e fomos libertados da sua tirania” (LOPES, 2010, p. 283).

3.3 - O Espírito Santo inclina (Rm 8.5). Segundo o Aurélio (2004, p. 285) a palavra “inclinação” significa: “disposição, tendência, propensão, pendor”. O apóstolo Paulo nos diz que, antes éramos inclinados para as coisas da carne, e a consequência deste pendor é a morte (Rm 8.6-a). No entanto, depois de justificados, nos tornamos habitação do Espírito e passamos a ser inclinados para as coisas do Espírito, a medida que nos submetemos diariamente à Sua vontade.

3.4 - O Espírito Santo vivifica (Rm 8.11). O Aurélio diz que a palavra “vivificar” significa: “dar vida ou existência a” (FERREIRA, 2004, p. 2071). “Por causa do pecado o homem é separado de Deus (Is 59.2), e o seu espírito está morto (Ef 2.1-3; Lc 15.32; Cl 2.13), sem poder para exercer a função de ser o meio de contato com Deus. Todavia, quando o pecador é justificado, o Espírito Santo lhe comunica vida, a vida de Deus, dando-lhe a certeza da salvação (Rm 8.16), a qual faz com que ele clame “Abba Pai” (Rm 8.15; Gl 4.16)” (BERGSTÉN, 1981, p. 20 – acréscimo nosso).

3.5 - O Espírito Santo mortifica (Rm 8.13). O homem mesmo justificado, ainda conta a presença do pecado em sua natureza humana. Ele não conseguirá vencê-la por suas próprias forças, senão pelo Espírito Santo “mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”. A velha natureza não irá prevalecer se andarmos no Espírito “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5.16). Isso exige um trabalho em parceria do homem com o Espírito (Cl 3.5). A nova maneira de viver se realiza no crente à medida que ele permite que o Espírito dirija e influencie sua vida de tal maneira que ele (o crente) subjugue o poder do pecado, especialmente as obras da carne, e ande em comunhão com Deus (Rm 8.5-14; 8.14; 2Co 6.6; Ef 4.2,3; 5.9; Cl 3.12-15; 2Pe 1.4-9).

3.6 - O Espírito Santo guia (Rm 8.14). A palavra “guiar” segundo Aurélio (2004, p. 1015) quer dizer: “servir de guia a; orientar; dirigir”. Jesus havia prometido que ia rogar ao Pai, que enviasse o Consolador para guiar os seus seguidores: “Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade” (Jo 16.13-a). “Sermos guiados pelo Espirito de Deus é o mesmo que caminhar em conformidade com o Espirito Santo. Caminhar implica a participação ativa e
o esforço do cristão. Ser conduzido sublinha o lado passivo, a dependência submissa de cada cristão ao Espirito. Esses são filhos de Deus” (RADMACHER, 2010, p. 383).

3.7 - O Espírito Santo testifica (Rm 8.16). No presente versículo, Paulo nos diz que o Espírito Santo “testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. A palavra “testificar” segundo Aurélio (2004, p. 1943) significa: “afirmar, assegurar, comprovar, atestar”. “Esse testemunho é uma plena convicção produzida no crente pelo Espírito Santo de que Deus é o nosso Pai celeste e de que somos filhos de Deus. É, pois, um testemunho objetivo e subjetivo, da parte do Espírito Santo, concernente a nossa salvação em Cristo” (GILBERTO, 2008, p. 187). O apóstolo acrescenta ainda a informação de que “E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo” (Rm 8.17-a).

3.8 - O Espírito intercede (Rm 8.26,27). Apesar de sermos salvos, ainda permanecemos na fraqueza do nosso atual corpo. Todavia, Paulo nos diz que o Espírito Santo está bem presente para nos ajudar. Frequentemente, por causa das nossas limitações, não sabemos quais são nossas reais necessidades. Queremos realizar a vontade de Deus, mas nem sequer sabemos orar conforme deveríamos. Então, o Espírito vem nos socorrer, intercedendo por nós com gemidos inexprimíveis.

CONCLUSÃO
A nossa condição de pecado parecia ser irremediável, todavia, Deus, por meio de Cristo assumiu a nossa culpa, e, assim, de condenados agora somos salvos. Deus também nos fez habitação do Seu Espírito, a fim de que fôssemos libertos do poder do pecado e pudéssemos viver segundo a Sua vontade.

REFERÊNCIAS
• BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
• CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. CPAD.
• CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
• GILBERTO, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
• GREGO E HEBRAICO. Bíblia de Estudo Palavras- Chave: Hebraico e Grego. CPAD.
• HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Atos a Apocalipse. CPAD.
• LOPES, Hernandes dias. Comentário Exegético de Romanos. HAGNOS.
• RADMACHER, Earl D. O Novo Comentário Bíblico: Novo Testamento. CENTRAL GOSPEL.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

LIÇÃO 06 – A LEI, A CARNE E O ESPÍRITO (Rm 7.1-15) - 2º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 06 – A LEI, A CARNE E O ESPÍRITO - 2º TRIMESTRE DE 2016 (Rm 7.1-15)

INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos a analogia que o apóstolo Paulo usa do casamento para ilustrar nosso divorciamento da Lei e o novo “matrimônio” com Cristo. Pontuaremos também a santidade da Lei e a malignidade do pecado, veremos os própositos da Lei, e por fim, concluiremos estudando sobre o Espírito e a novidade de vida.

I – O CASAMENTO COM A LEI VERSUS O CASAMENTO COM CRISTO
Romanos 7 é um dos capítulos de maior complexidade para se interpretar de toda a Bíblia. Nesta passagem Paulo nos oferece primeiro um princípio (Rm 7.1), depois nos dá uma ilustração (Rm 7.2,3) e finalmente nos apresenta uma aplicação (Rm 7.4-6). Notemos algumas verdades devem ser aqui destacadas:

1.1 - Casados com a Lei (Rm 7.1-3). Paulo compara a Lei com um “marido” e os crentes com uma “esposa” e usou o casamento para mostrar o nosso relacionamento com a Lei. Paulo usa a analogia da morte de um cônjuge no casamento para ilustrar a morte do crente para a Lei, pelo fato de ele estar unido com Cristo (Rm 7.1-6). Isto significa que tendo “morrido” somos exonerados de toda obrigação e dever para com a Lei, e que ficamos livres para nos “casar” novamente. Desta vez nos casamos, não com a Lei, mas com Cristo (BARCLAY, sd, p. 102). A culpa não é do marido (a Lei), pois é “perfeito, santo, justo e bom” (Rm 7.12). O problema é que essa esposa (os homens) nunca consegue agradá-lo, pois é imperfeita, carnal, rendida ao pecado e sempre frustra as expectativas do marido (Rm 7.14-25). No caso em apreço, não é o marido quem morre (a lei), mas a esposa (o crente). O crente morre para a Lei ao identificar-se com Cristo na sua morte. Assim como a morte do marido liberta a esposa, pela morte de Cristo recebemos nossa libertação de todas as exigências da Lei (LOPES, 2010, p. 259 - grifo e acréscimo nosso).

1.2 - Mortos para a Lei (Rm 7.4). Apenas a morte pode interromper o domínio da Lei sobre os homens. Se a morte sobrevem, os relacionamentos estabelecidos e protegidos pela lei são dados por terminados. A lei é válida para quem vive; e não tem poder sobre um morto. Enquanto vivermos para a Lei (a observância da Lei), estaremos sujeitos às demandas e penalidades desta. A ideia central é que essa morte não apenas encerra um relacionamento, mas, traz legitimidade para o novo casamento, e abre caminho legal para que a “mulher” (que somos nós) inicie outra união matrimonial agora com seu “novo” esposo que é Cristo. Só a morte do antigo “marido” (a Lei) pode tirar essa “mulher” (que somos nós) desse jugo conjugal. Isso porque, ainda que o casamento seja para toda a vida, não se estende para além da vida, O segundo casamento é moralmente legítimo porque a morte pôs fim ao primeiro casamento, pois a única possibilidade de a mulher ficar “livre” do marido para unir-se a “outro” marido é a morte do primeiro. Uma vez que morremos com Cristo, fomos libertados da Lei (LOPES, 2010, p. 259 – grifo nosso).

1.3 - Libertados da Lei e casados com Cristo (Rm 7.6). No primeiro casamento, vivíamos segundo a carne. Naquele tempo, a perfeição do nosso primeiro marido (a Lei) realçava ainda mais nossos erros e paixões pecaminosas. Os frutos que produzimos nesse primeiro casamento foram frutos de morte. Porém, agora, no segundo casamento, libertados desse primeiro marido perfeccionista, morremos para aquilo a que estávamos sujeitos. A força que nos move agora não é mais a velhice da letra, mas a novidade de espírito (Rm 7.6). Na velha ordem estávamos casados com a lei, éramos controlados pela carne e produzíamos fruto para a morte, enquanto como membros da nova ordem estamos casados com o Cristo ressurreto, fomos libertados da lei e produzimos fruto para Deus.

1.4 - A Lei, a carne e o espírito (Rm 7.14-25). Paulo faz uma analogia para mostrar a luta da carne com o Espírito falando de um conflito entre a nossa “nova natureza” em Cristo e o “velho homem” residente em nós. Paulo chama a atenção para o viver "em novidade do Espírito" (Rm 7.6) como forma de vencer as inclinações da carne. Esse conflito é inevitável, pois, duas leis se chocam, a lei do pecado e a lei de Deus. Podemos chamá-las de “lei carnal e lei espiritual”. O campo de batalha entre essas duas forças é o interior do homem, e o apóstolo declara que o problema não está na Lei de Deus, mas na natureza pecaminosa do homem. Essa escravidão envolve toda a personalidade do homem (CABRAL, 2005, pp. 85,86).

II - A SANTIDADE DA LEI E A MALIGNIDADE DO PECADO
O apóstolo levanta duas perguntas importantes sobre o caráter da lei: a) A lei é pecado? (Rm 7.7), e b) A Lei é a causadora da morte? (Rm 7.13). Ambas as perguntas têm a mesma resposta: “De modo nenhum!” (Rm 7.7,13). Diante do exposto, levantamos dois pontos:

2.1 - Em primeiro lugar, as virtudes da lei (Rm 7.12). A lei é santa e o mandamento, santo, justo e bom. Em si mesma a lei é valiosa e esplêndida. O significado básico do termo hagios, “santo”, é diferente. Descreve o que provém de uma esfera alheia a este mundo, algo que pertence a um campo que está mais além da vida e da existência humana. A lei é também justa. E ela que estabelece todas as relações, humanas e divinas. Finalmente, Paulo diz que a lei é boa, ou seja, foi promulgada para promover o supremo bem. Na qualidade de santa, justa e boa, a lei reflete o caráter de Deus, sendo a cópia de suas perfeições. Na qualidade de “santo”, o mandamento reflete a transcendência e a pureza de Deus, exigindo de nós consagração e pureza correspondentes. Na qualidade de “justo”, o mandamento reflete a equidade de Deus e requer de nós, em suas exigências e sanções, nada aquém do que puro. E, na qualidade de “bom”, o mandamento promove o mais elevado bem-estar do homem, expressando, desse modo, a bondade de Deus. O problema não é a lei; somos nós (LOPES, 2010, p. 263 – grifo nosso).

2.2 - Em segundo lugar, a malignidade do pecado (Rm 7.13). A lei não é a causadora da morte, mas sim o pecado (Rm 6.23), assim como o problema de um criminoso não é a lei, mas sua transgressão. Ao exigir do homem o que ele não pode fazer, a lei o condena e o leva à morte. Não há falha na lei; a falha está no homem que não consigue obedecer seus preceitos. Desta forma, a lei revela a gravidade do pecado, que produz a morte. Sendo santa, a lei mostra o caráter maligníssimo do pecado (Op. cit).

III - OS PRÓPOSITOS DA LEI
Se a lei não é pecado (Rm 7.7), nem provoca a morte (Rm 7.13), qual é seu papel? Qual é seu ministério? Qual é seu propósito? Paulo oferece três respostas. Notemos:

3.1 - Em primeiro lugar, o propósito da lei é revelar o pecado (Rm 7.7). O pleno conhecimento do pecado vem pela lei “Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás.” (Rm 3.20). A lei é um espelho que revela o ser interior e mostra como somos imundos (Tg 1.22-25). É como um prumo que mostra a sinuosidade da nossa vida. É como um raio-X que diagnostica os tumores infectos da nossa alma. A lei detecta as coisas ocultas na escuridão e as arrasta à luz do dia. É a lei que destampa o fosso do nosso coração e traz à tona a malignidade do nosso pecado (LOPES, 2010, p. 264 – grifo nosso).

3.2 - Em segundo lugar, o propósito da lei é “despertar” o pecado (Rm 7.8). A lei não só expõe o pecado, mas também o desperta “Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a concupiscência; porquanto sem a lei estava morto o pecado.”. O pecado encontra no mandamento uma base para despertar em nós toda sorte de desejos. A lógica de Paulo é irrefutável: sem lei, está morto o pecado (Rm 7.8). Onde não há proibição, não há transgressão. Sem lei, o pecado não pode ser caracterizado juridicamente (Rm 5.13). Unicamente pelo encontro com a lei o pecado se torna passível de ação judicial. No entanto, pela lei vem o pleno conhecimento do pecado (Op. cit).

3.3 - Em terceiro lugar, o propósito da lei é condenar o pecado (Rm 7-9-11). Onde não há lei, também não há transgressão “E eu, nalgum tempo, vivia sem lei...”. A expressão de Paulo: “Sem a lei, eu vivia...” (Rm 7.9), falava sobre a vida baseada na justiça própria, sem perturbações e autocomplacente que ele levava antes de agirem sobre ele as comoções turbulentas e a convicção de pecado descritas nos versículos anteriores. O propósito da lei não é matar, mas dar vida. Contudo, aquilo que era destinado a nos dar vida nos matou, porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento nos enganou e nos matou “E o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte. Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou, e por ele me matou.” (Rm 9.10,11). Assim, o propósito da lei não é apenas revelar e despertar o pecado, mas também condená-lo. “A lei não é um simples reagente pelo qual se pode detectar a presença do pecado; é também um catalisador que ajuda e até mesmo inicia a ação do pecado sobre o homem. A lei insufla o desejo ilícito” (GREATHOUSE apud LOPES, 2010, p. 264 – grifo nosso).

IV - O ESPÍRITO E A NOVIDADE DE VIDA
4.1 - Somente após o homem ser gerado de novo através da fé em Cristo é possível servir a Deus em espírito . Paulo demonstra que os judeus não serviam a Deus, antes, só tinham zelo, porém, sem entendimento (Rm 10.2). Por quê? Porque só é possível servir a Deus em espírito e em verdade, ou seja, quando o homem é gerado do Espírito, é o mesmo que ser circuncidado no coração. Somente em Cristo é possível ao homem alcançar a condição de servir a Deus em espírito (Jo 4.23). A condição “em espírito” só é possível quando o homem é gerado de Deus (Jo 3.6).

4.2 - Somente após o homem “morrer” para o que estava retido (a Lei) é possível servir a Deus em espírito. Através da circuncisão do coração! Quando Moisés apregoou a circuncisão do coração ao povo de Israel, tal circuncisão só era possível através da fé em Deus, Aquele que tem o poder de circuncidar o coração, transforma o homem gerado em Adão e concede um novo coração (Dt 30.6). Somente após alcançar novo coração (novo nascimento) o homem compreende a Palavra de Deus (Dt
29.4).

4.3 - A lei de Moisés (velhice da letra) não poderia proporcionar o novo nascimento. O objetivo de terem morrido para a lei, ou antes, morrido com Cristo é para servirem a Deus com um novo espírito e um novo coração (Ez 36.25-27). Ora, o novo coração e o novo espírito só são possíveis alcançar através da regeneração em Cristo. Somente o evangelho de Cristo, que é a “água limpa aspergida pelo Espírito Eterno”, faz nascer o novo homem para louvor de sua glória (Jo 3.5; Ez 36.26). É através do evangelho que o homem recebe poder para ser criado em verdadeira justiça e santidade (Jo 1.12; Ef 4.24). Ao escrever aos cristãos de Coríntios (2Co 5.17), Paulo aponta a nova condição dos cristãos efetiva no presente. Ora, se alguém (sujeito indeterminado) está (presente) em Cristo (condição), é uma nova criatura.

CONCLUSÃO
O crente justificado é sepultado pela morte para o pecado e surge para uma nova vida em Cristo, uma nova disposição na relação com Deus. Uma nova identidade, não mais relacionada ao primeiro Adão, mas da descendência de Cristo, o segundo Adão, e membro de sua família. Esta nova vida, não significa que o crente nunca mais irá pecar, mas que não viverá na prática do pecado, como seu escravo.

REFERÊNCIAS
• BARCLAY, William. Comentário Bíblico de Romanos. PDF
• RICHARDS, Lawrence, Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Génesis a Apocalipse. CPAD.
• CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. CPAD.
• RHODES, Ron. O Cristianismo Segundo a Bíblia. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

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