segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

LIÇÃO 09 – NÃO ADULTERARÁS (Êx 20.14; Dt 22.22-30) - 1º TRIMESTRE 2015

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE 
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais 
Pastor Presidente: Aílton José Alves 
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524 

LIÇÃO 09 – NÃO ADULTERARÁS - 1º TRIMESTRE 2015 (Êx 20.14; Dt 22.22-30) 

INTRODUÇÃO
O sétimo mandamento do Decálogo “não adulterarás” tem como principais objetivos a pureza do matrimônio e a proteção da família. Nesta lição analisaremos este mandamento; veremos o que a Bíblia nos diz sobre o adultério tanto no AT quanto no NT; destacaremos alguns tipos de adultério e qual o plano original de Deus quanto ao casamento; e, por fim, quais as atitudes que devemos tomar para evitar esta obra da carne. 

I – O SÉTIMO MANDAMENTO DO DECÁLOGO 
O quinto mandamento protege a inviolabilidade do lar (Êx 20.12); o sexto defende a sacralidade da vida (Êx 20.13), já o sétimo “Não adulterarás” a sacralidade do casamento (Êx 20.14). “A palavra adultério vem do latim, adulterium, que tem o sentido de “dormir na cama alheia”. É a relação sexual entre pessoa casada, com outra que não é o seu cônjuge” (RENOVATO, 2013, p. 69). Este mandamento tem como objetivo a abstenção de toda impureza da carne e ainda exorta para conservação do leito sem mácula, isto é, o amor conjugal e a coabitação. Ele visa proteger o matrimônio por ser uma instituição sagrada instituída por Deus. Esta prática nociva se constitui num pecado contra Deus, contra si mesmo e contra o próximo (Gn 39.9; I Co 6.18; Rm 13.9). A pena capital para o adultério era a morte (Lv 20.10). 

II - O ADULTÉRIO À LUZ DA BÍBLIA 
“O adultério é um pecado gravíssimo aos olhos de Deus, o Criador do casamento, do lar e da família. A sociedade sem Deus, relativista e hedonista, não o vê como algo pecaminoso, e sim, como tendência natural do ser humano, que, segundo interpretação da teoria da evolução, o homem é polígamo por natureza, seguindo o exemplo de certos animais. No entanto, a visão cristã passa pelas lentes fortes e cristalinas da Palavra de Deus, que considera a infidelidade conjugal como vergonhosa traição aos princípios sagrados, estabelecidos por Deus para o casamento” (RENOVATO, 2013, p. 67). Abaixo destacaremos o que a Bíblia diz sobre esta prática pecaminosa: 

2.1 - No Antigo Testamento. O mandamento “Não adulterarás” faz parte do Decálogo e foi dado ao povo de Israel a fim de preservar a santidade do lar (Êx 20.14; Dt 5.18). É interessante destacar que “também está envolvida a questão da herança da família e a preservação da pureza tribal. Finalmente, o próprio ato era considerado um crime sério, um ato de contaminação (Lv 18.20). Por esse motivo, era imposta a pena de morte, envolvendo a execução de ambos os culpados (Êx 20.14; Lv 20.1). A pena de morte mostra que as sociedades antigas encaravam o adultério não meramente como um ato privado errado, mas que ameaçava o arcabouço do lar e da sociedade” (CHAMPLIN, 2004, vl. 01, p. 66). Infere-se que passagens como Levítico 20.10-21, que tratam de comportamentos sexuais proibidos, sejam simplesmente uma extensão da lei sobre adultério. 

2.2 - No Novo Testamento. Os ensinamentos neotestamentários seguem o mesmo padrão veterotestamentário quanto a reprovação da prática do adultério (Rm 13.9; Gl 5.19; Tg 2.11). O Senhor Jesus estendeu a culpa pelo adultério da mesma forma como fez para outros mandamentos (Mc 10.19; 18.20), incluindo até o desejo de cometê-lo ao próprio ato em si (Mt 5.28). Pedro fez semelhante declaração “Tendo os olhos cheios de adultério, e não cessando de pecar, engodando as almas inconstantes, tendo o coração exercitado na avareza, filhos de maldição” (II Pe 2.14). O apóstolo Paulo acrescentou que o adultério é uma obra da carne e que os que praticam são passíveis de morte e não herdarão o Reino dos céus (Rm 1.29-32; I Co 6.10; Gl 5.21). Confira também (Ap 22.15). 

III – TIPOS DE ADULTÉRIO 
A violação do sétimo mandamento, pode se dar pelo menos de três formas: 


IV - O PLANO ORIGINAL DO CASAMENTO SEGUNDO A BÍBLIA
Para nós, crentes em Jesus, o conceito de certo e do errado deve ter como base a Bíblia Sagrada, a nossa “regra de fé e prática”. Ela nos mostra que, ao criar Adão e Eva, Deus estabeleceu seu plano para o casamento. Vejamos abaixo: 

4.1 - União heterossexual (Heteros = diferente) + (sexual = sexo). O relacionamento conjugal só é possível entre um homem e uma mulher, ou seja, entre um macho e uma fêmea “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.27). Qualquer união sexual fora desse padrão, como o homossexualismo, por exemplo, se constitui violência ao plano original divino (Lv 18.22; Dt 23.17). Visto que, o objetivo principal do casamento é a procriação e, biologicamente, a prática homossexual não pode cumprir esse propósito. Por isso, em (Rm 1.26-28), Paulo diz que tal comportamento é: 

(1) “contrário à natureza”; 
(2) “sentimento perverso” e 
(3) “coisas que não convêm”. 

4.2 - União Monossomática (mono = um) + (soma = corpo). Deus, de um ser humano, fez dois (Gn 2.21,22), e de dois “macho e fêmea” tinha em mente, com o casamento fazer um “e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.” (Gn 2.24-c). Logo, Adão e Eva poderiam ser considerados não apenas um corpo, mas como duas almas e espíritos unidos pelos laços conjugais. Este é mais um mistério do casamento “serão ambos uma carne” (Gn 2.24). 

4.3 - União indissolúvel. A Sagrada Escritura nos revela que no projeto de Deus, o casamento é indissolúvel “e apegar-se- á à sua mulher” (Gn 2.24-b). A expressão “apegar-se” no hebraico dãbaq significa: “apegar-se, grudar-se, esconder-se”. Usado no hebraico moderno no sentido de “colar, aderir”, dabaq traduz a forma substancial de “cola” e também as ideias mais abstratas de “lealdade e devoção”. O uso no texto de (Gn 2.24) reflete o significado de um objeto (pessoa) ser único a outro (VINE, 2002, p. 42). Três termos na Bíblia nos atestam a indissolubilidade do casamento. Deus diz: “e apegar-se- á à sua mulher” (Gn 2.24-b); Jesus diz: “Deus ajuntou” (Mt 19.6); e, Paulo diz: “Porque a mulher... enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei” (Rm 7.2). 

4.4 - União monogâmica (mono = um) + (gamós = casamento). Monogamia, é o sistema de constituição familiar pelo qual o homem tem uma só mulher e a mulher um só marido. A monogamia é o padrão divino para o casamento (Gn 2.18). O apóstolo Paulo foi enfático quanto ao casamento monógamo “cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido” (I Co 7.2). A monogamia foi ensinada como um preceito moral contra o adultério “Não cobiçarás... a mulher do teu próximo (singular)”. Isso traz implícito que o próximo só poderia ter uma esposa legítima. 

V – COMO EVITAR O ADULTÉRIO 
Vigilância, oração e meditação na Palavra de Deus são os recursos mais importantes para quem deseja vencer toda e qualquer tentação (Mt 26.41; Sl 119.9,11). Mas, no que diz respeito a sedução do adultério, existe outros cuidados que o casal deve tomar. Vejamos: 

Evitando conversas íntimas com pessoas do sexo oposto (I Co 15.33); 
Ocupando a mente com o que é proveitoso (Pv 4.23; Mt 15.19; Fp 4.8; Cl 3.1-3); 
Afastando dos olhos aquilo que pode levar a pessoa a alimentar o pecado (Jó 31.1; Sl 101.3; Mt 6.22,23); 
Mantendo-se longe de pessoas cujo comportamento está em desacordo com a Bíblia (Sl 1.1-3; I Co 5.11); 
Mortificando a carne e andando em Espírito (Cl 3.5; Gl 5.16-18); 
Abstendo-se do ato sexual com o cônjuge apenas por consentimento mútuo e por tempo determinado (I Co 7.5); 
Mantendo o cônjuge satisfeito(a) (Pv 5.15; I Co 7.3); 
Observando a Palavra de Deus (Sl 119.11; Pv 4.20);  Orando e vigiando sempre (Mt 26.41). 

CONCLUSÃO 
Após a Queda do homem no Éden, a perversão sexual passou a fazer parte da história do ser humano, e, por esta razão, Deus condenou as práticas sexuais ilícitas na Bíblia sagrada. Dentre elas, encontra-se o adultério, que é a relação sexual com pessoa que não seja o cônjuge. O Senhor proibiu terminantemente esta prática no decálogo, visando a pureza do matrimônio e a proteção da família. 

REFERÊNCIAS 
 ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD. 
 LOPES, Hernandes Dias. Casamento, divórcio e novo casamento. HAGNOS. 
 PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wyclliffe. CPAD. 
 STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. 
 REIFLER, Hans Ulrich. A Ética dos Dez Mandamentos. VIDA NOVA. 
 RENOVATO, A Família Cristã e os ataques do inimigo. CPAD 
 VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD. 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

LIÇÃO 08 - NÃO MATARÁS (Êx 20.13; Nm 35.16-25) - 1º TRIMESTRE 2015

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE 
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves 
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524 

LIÇÃO 08 - NÃO MATARÁS - 1º TRIMESTRE 2015 (Êx 20.13; Nm 35.16-25) 


INTRODUÇÃO
Veremos nesta lição que é Deus quem dá ao homem o fôlego de vida e somente Ele tem o direito legal de pôr fim à ela. Estudaremos que o sexto mandamento: "Não matarás" (Êx 20.13), apesar de proibir o homicídio, não proibia a pena capital, visto que a própria lei estipulava a pena de morte (Gn 9.6). Ainda analisaremos sobre as cidades de refúgio que foram indicadas como cidades de asilo para o homicida (Nm 35.6,7), uma espécie de refugio e abrigo, para alguém que tivesse acidentalmente ou involuntariamente matado outro homem e por fim, verificaremos diversos tipos de homicídios condenados pela Bíblia Sagrada. 

I – O SEXTO MANDAMENTO 
O dicionário da língua portuguesa diz que matar é: “assassinar; tirar a vida de alguém; provocar a morte de, suicidar-se; tirar a própria vida”. Ao tirar a vida de alguém, o homicida está infringindo a lei dos homens e agindo diretamente contra o autor da vida que é o próprio Deus. A Bíblia nos diz que o crime de assassinato podia ser expiado por uma das duas maneiras estabelecidas na legislação mosaica. A primeira, no caso de homicídio doloso (com intenção de matar), em que uma vida é expiada por outra (Nm 35.31), o assassino deveria ser morto, ou seja, era "vida por vida" (Êx 21.23). A segunda diz respeito ao homicídio culposo (sem intenção de matar), a busca de proteção em uma das cidades de refúgio. A expiação, nesse caso, é a morte do sacerdote da cidade (Nm 35.25) (RICHARDS, 2005, p. 64). 

II - O SEXTO MANDAMENTO E O DOADOR DA VIDA
É Deus quem dá ao homem o fôlego de vida e somente Ele tem o direito legal de pôr fim à vida. A vida é um dom de Deus e ninguém tem o direito de tirá-la (Gn 9.6). Somente Deus, que criou o homem à sua imagem, tem o direito de pôr fim à vida humana (Gn 1.26,27; Dt 32.39), e como dádiva de Deus, só ele tem autoridade para tomá-la. Pelo fato de sermos feitos à imagem de Deus, o homicídio é um ataque contra Deus (Gn 1.26, 27; 9.6). Proteger a vida é responsabilidade de todos os membros da sociedade e não só das autoridades públicas (Rm 13). O povo de Israel tinha permissão de se defender (Êx 22.2), e a lei fazia concessões para mortes acidentais (homicídio culposo), mas o homicídio doloso era uma ofensa capital (Êx 21.12-14) (WIERSBE, 2010, vol. I, p. 291). 

III - O SEXTO MANDAMENTO E A PUNIÇÃO CAPITAL 
O sexto mandamento: "Não matarás" (Êx 20.13), apesar de proibir o homicídio, não proibia a pena capital, visto que a própria lei estipulava a pena de morte. Deus disse claramente a Noé: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem será derramado o seu próprio sangue, pois à imagem de Deus fez ele o homem” (Gn 9.6). Mesmo antes de ter dado um código de leis a Israel, Deus permitiu a pena capital (HOFF, 1995, p. 61 – acréscimo nosso). A palavra hebraica usada na proibição deste mandamento não é a palavra usual para matar “harag”. A palavra usada é o termo específico para assassinar “ratsach”. Uma tradução mais adequada deste mandamento seria: "Não assassinarás" (GEISLER, 1999, p. 51). A proibição do sexto mandamento é não assassinar. O lei mosaica proíbe o homicídio premeditado, o assassinato violento de um inimigo pessoal (Êx 21.12; Lv 24.17). O termo refere-se também a homicídio culposo, aquele em que não há intenção de matar (Dt 4.42; Js 20.3). Crimes que exigiram punição capital incluíram homicídio premeditado (Êx 20.13; Gn. 9.6); violência contra os pais (Êx 21.15); sequestro (Êx 21.16; Dt 24.7); abuso verbal contra os pais (Êx 21.17). Tal desrespeito era considerado uma forma de homicídio dos pais, embora não matasse literalmente. Em alguns casos, a punição capital podia ser evitada mediante negociação com os parentes da vitima. Eram eles quem decidiam que multa seria exigida. Provavelmente tais multas eram pesadas (Êx 21.30) (CHAMPLIN, 2001, vol. I, pp. 392-393) 

IV - O SEXTO MANDAMENTO E AS CIDADES DE REFÚGIO 
Entre as 48 cidades dadas aos levitas em Israel, seis, por ordem de Deus, foram indicadas como cidades de refúgio, ou asilo, para o 'homicida' (Nm 35.6,7). Estas cidades como o próprio nome classifica, era uma espécie de refugio e abrigo, para alguém que tivesse acidentalmente ou involuntariamente matado outro homem, então o “homicida” podia fugir e assim evitar uma vingança de algum familiar da pessoa morta. A lei fazia uma distinção entre homicídio premeditado (doloso) e homicídio acidental (culposo). Se alguém matasse uma pessoa acidentalmente, poderia refugiar-se no altar de Deus (1Rs 2.29) até que os anciãos tivessem tempo de estudar a questão. Uma vez que Israel assentou-se em sua terra, foram separadas seis cidades de refúgio para onde esses homicidas podiam fugir e receber proteção até que a questão fosse investigada (Nm 35; Dt 19; Js 20). Israel não tinha uma força policial organizada; esperava-se que a família da vítima cuidasse para que se fizesse justiça. No entanto, no calor da fúria, era possível que estivessem mais interessados em vingança do que em justiça, de modo que a lei interferia para proteger o acusado até se provar que era culpado (WIERSBE, 2010, vol. I, p. 294). “A lei dava o direito ao "vingador do sangue" (Nm 35.19,21b), “goel”, em hebraico, "redentor, remidor, vingador", de matar o assassino onde quer que o encontrasse. Vingar o sangue era, no Oriente Médio, uma questão de honra da família (Êx 21.24; Lv 24.20; Dt 19.21). 

V - O SEXTO MANDAMENTO E A EUTANÁSIA OU MORTE ASSISTIDA 
Aqueles que advogam esta prática afirmam estar ajudando as pessoas com doenças terminais, ou aqueles que estão em extrema dor. Alguns países ao redor do mundo já legalizaram o suicídio assistido por médico. No entanto, toda vida pertence a Deus, e apenas ele tem o direito de tomá-la (Dt 32.39; Jo 1.21). Deus é o doador da vida (Jó 12.10), logo é Ele quem controla a entrada do homem nesta terra (Gn 2.7; Sl 139.13-16; Jó 33.4). E uma vez que Deus controla a entrada do homem na vida, é lógico que Deus controla também a saída do Homem desta vida. Ele é quem estabelece os limites em que nenhum homem pode atravessar, (Sl 104.29). Nenhum homem tem o direito de deliberadamente ou intencionalmente acabar com a sua vida, ou a de outra pessoa. 

VI - O SEXTO MANDAMENTO E A PRÁTICA DO ABORTO 
De acordo com a Bíblia, a vida começa no momento da concepção (Sl 139.13-16; Jr 1.5, Lc 1.41). No entanto, muitos parecem ver o ser humano em gestação como algo que pode ser descartado segundo a conveniência. Os defensores do aborto afirmam que a mãe tem o direito de escolher. O aborto é um assassinato porque ele termina com uma vida humana, algo que pertence somente ao Deus Todo Poderoso (Gn 2.7; Sl 139.13-16; Jó 33.4). Deus considera o “nãonascido” como um perfeito ser humano. Há inúmeros ensinamentos nas Escrituras que deixam muitíssimo clara qual é a visão de Deus sobre o aborto. Êxodo 21.22-25 dá a mesma pena a alguém que comete um homicídio e para quem causa a morte de um bebê no útero. Isto indica claramente que Deus considera o feto no útero como um ser humano tanto quanto um adulto. 

6.1 - O aborto no Antigo Testamento. No AT a Bíblia se utiliza das mesmas palavras hebraicas para descrever os ainda “não nascidos” (infantes). A expressão “yeled” é usada normalmente para se referir a uma criança. Mas, em Êxodo 21.22, é utilizada para se referir a um filho no ventre. Em Gênesis 25.22 a palavra “yeladim” (filhos) é usada para se referir aos filhos de Rebeca que se empurravam enquanto ainda no ventre materno. Em Jó 3.3, Jó usa a palavra “geber” para descrever sua concepção. Mas a palavra “geber” é um substantivo hebraico normalmente utilizado para traduzir a ideia de um "homem", um "macho" ou ainda um "marido". Em Jó 3.11-16, Jó equipara a criança ainda não nascida com reis, conselheiros e príncipes. Todos esses textos bíblicos e muitos outros indicam que Deus não faz distinção entre vida em potencial e vida real, ou em delinear estágios do ser, ou seja, entre uma criança ainda não nascida no ventre materno em qualquer que seja o estágio e um recém-nascido ou uma criança. As Escrituras pressupõem reiteradamente a continuidade de uma pessoa, desde a concepção até o ser adulto. 

6.2 - O aborto no Novo Testamento. No NT o grego se utiliza, também, das mesmas palavras para descrever crianças ainda não nascidas, o que indica uma continuidade desde a concepção à fase de criança, e daí até a idade adulta. A palavra grega “brephos” é empregada com frequência para os recém-nascidos, para os bebês e para as crianças mais velhas (Lc 2.12,16; 18.15; 1 Pd 2.2). Em Atos 7.19, “brephos” refere-se às crianças mortas por ordem de Faraó. Mas em Lucas 1.41,44 a mesma palavra é empregada referindo-se a João Batista, enquanto ainda não havia nascido, estando no ventre de sua mãe. O escritor bíblico também nos informa que João Batista foi cheio do Espírito Santo enquanto ainda se encontrava no ventre materno, indicando, com isso, o inconfundível ser (Lc 1.15). Mesmo três meses antes de nascer, João conseguia fazer um miraculoso reconhecimento de Jesus, já presente no ventre de Maria (Lc 1.44). Com base nisso, encontramos a palavra grega “huios” significando filho (Lc 1.36), descrevendo a existência de João Batista no ventre materno seis meses antes de seu nascimento. 

VII - O SEXTO MANDAMENTO E A PRÁTICA DAS CÉLULAS TRONCO 
O próprio Deus se relaciona com pessoas ainda não nascidas (Sl 139.16). O autor se utiliza da palavra “golem”, traduzida como "substância", para descrever-se a si mesmo enquanto ainda no ventre materno. Ele se utiliza desse termo para se referir ao cuidado pessoal de Deus por ele mesmo durante a primeira parte de seu estado embrionário (desde a nidação até as primeiras semanas de vida), o estado antes do feto estar fisicamente "formado" numa miniatura de ser humano. Sabemos hoje que o embrião é "informe" durante apenas quatro ou cinco semanas. Em outras palavras, mesmo na fase de gestação da "substância ainda informe" (0-4 semanas), Deus diz que Ele se importa com a criança e a está moldando (Sl 78.5-6; 139.13-16; Jó 31.15; Jó 10.8,11). Esses versículos e outros (Jr 1.5; Gl 1.15,16; Is 49.1,5) demonstram que Deus enxerga os que ainda não nasceram e se encontram no ventre materno como pessoas. 

CONCLUSÃO 
Concluímos que somente Deus, que criou o homem à sua imagem, tem o direito de pôr fim à vida humana (Gn 1.26,27; Dt 32.39), e como dádiva de Deus, só ele tem autoridade para tomá-la. Pelo fato de sermos feitos à imagem de Deus, o homicídio é um ataque contra Deus e o próximo (Gn 1.26, 27; 9.6). 

REFERÊNCIAS 
 CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS. 
 GEISLER, Norman L. Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia. VIDA 
 RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. CPAD. 
 STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. 
 HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA. 
 VINE, W.E, et al. Dicionário Vine: o significado exegético e expositivo das palavras do AT e do NT. CPAD.

Matar no exercício da guerra ou legitima defesa. Ao longo da história do homem caído, sempre existiu as guerras, as nações tiveram que defender suas fronteiras, comunidades mais fracas contra inimigos agressivos e desumanos. Mesmo Deus, em vários momentos, ordenou ao seu povo a partir para o campo de batalha (Ec 3.8). Com isto podemos dizer que aqueles que matam em uma guerra podem não ser considerados assassinos; pois, se uma pessoa luta para defender sua vida, sua família, sua comunidade, a própria Bíblia respalda sua defesa. Ou seja, quando a morte ocorre no âmbito da legitima defesa não pode ser classificada como homicídio culposo. 

Suicídio ou auto assassinato. O sexto mandamento proíbe o tirar a própria vida, pois esta lei é contra os destruidores de si mesmo. Nenhum homem tem o direito de tirar sua própria vida, pois é a bondade de Deus que dá a vida, (Jó 10.12, At 17.28). O matar a si próprio também é contrário ao amor de um homem a si mesmo (CHAMPLIN, 2001, vol. I, pp. 392- 393). Chamamos suicida aquele que tira sua própria vida, matando-se. Esta é uma forma egoísta e pecaminosa de deixar o mundo (Jó 14.5). Assim como nenhum homem tem o direito de matar a outro homem, ninguém também tem o direito de tirar a sua própria vida. Quando uma pessoa recorre ao suicídio, ele esta recusando a graça de Deus. Há pelo menos cinco casos de suicídio registrados na Bíblia, e nenhum deles conta com a aprovação de Deus: Abimeleque (Jz 9.50-56); Saul (1Sm 31.1-6); Zinri (1Rs 16.18-19); Aitofel (2Sm 17.23), e Judas (Mt 27.3-10). Cada um deles teveram uma morte trágica, e nenhum contou com a aprovação de Deus. O suicídio é um ataque à imagem de Deus no homem (Gn 1.27) e uma tentativa de usurpar a soberania de Deus sobre a vida humana. 

O assassinato culposo é quando uma pessoa mata outra, mas sem esta intenção (Nm 35.22-25). Devemos entender, que nem sempre quando uma pessoa mata outra ela esta cometendo um assassinato. “Assassinato pode ser definido como a tomada premeditada e intencional de outra vida humana”. Uma morte, nem sempre pode ser classificada como um homicídio. Era o crime involuntário e acidental, razão pela qual o autor não devia morrer, e a lei estabeleceu o procedimento a ser seguido para livrar o réu da pena de morte. Ele precisava se refugiar numa das cidades de refúgio até provar que o homicídio fora acidental (Dt 19.4-6). A outra maneira de escapar das mãos do vingador do sangue era agarrar-se nas pontas do altar (Êx 21.12-14; 1 Rs 1.50, 51). Esses dois recursos equivalem ao “habeas corpus” concedido atualmente. 

O assassinato doloso é quando há intenção de matar (Nm 35.16-21). Aqui são dadas instruções específicas acerca do procedimento jurídico sobre o homicídio doloso. Se alguém ferir de morte seu próximo, "com instrumento de ferro" (v. 16), "com pedra à mão" (v. 17) ou ainda "com instrumento de madeira" (v.17), ou por qualquer outra forma (vv.20,21), e a pessoa golpeada morrer, o autor da ação é considerado homicida e deve ser julgado por isso. 

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

LIÇÃO 07 - HONRARÁS PAI E MÃE (Êx 20.12; Ef 6.1-3; Mc 7.10-13) - 1º TRIMESTRE 2015

 Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais 
Pastor Presidente: Aílton José Alves 
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524 

LIÇÃO 07 - HONRARÁS PAI E MÃE - 1º TRIMESTRE 2015
(Êx 20.12; Ef 6.1-3; Mc 7.10-13) 

INTRODUÇÃO
Nesta lição estaremos estudando o quinto mandamento do Decálogo: “Honra teu pai e tua mãe” (Êx 20.12). Este mandamento visa preservar a família, que é uma instituição divina onde toda a estrutura da sociedade está baseada. Nesta lição destacaremos que honrar os pais se constitui num princípio moral tanto para o AT quanto para o NT. Que obedecê- lo resulta em muitos benefícios e infringi-lo resulta em grandes prejuízos. Destacaremos que nos últimos dias será característica da sociedade corrupta o desprezo a autoridade e o respeito aos pais; e, por fim, pontuaremos ainda como a Bíblia nos orienta quanto ao tratamento dos filhos para com os pais. 

I – O QUINTO MANDAMENTO DO DECÁLOGO 
Enquanto os mandamentos anteriores tratam da relação entre Deus e os seres humanos (Êx 20.3-11), este e os seguintes dizem respeito aos relacionamentos interpessoais (Êx 20.12-17). A ordem “Honra teu pai e tua mãe” diz respeito ao relacionamento entre pais e filhos (Êx 20.12-a). Assim, este versículo marca uma transição entre o relacionamento com Deus e os relacionamentos com o próximo. Mostra que os pais fazem parte da estrutura de autoridade estabelecida por Deus, tendo recebido de Deus a tarefa de gerar filhos e criá-los no caminho do Senhor e, portanto, assim como Deus, merecendo o respeito devido. 

1.1 - Honrar os pais é um mandamento (Êx 20.12-a). A expressão mandamento no hebraico é “mitswãh”. Este substantivo ocorre 181 vezes no AT. Sua primeira ocorrência é em Gn 26.5, onde “mitswãh” é sinônimo de “hõq” “estatuto, ordenança, prescrição, regra, lei, regulamento”. Honrar os pais é um imperativo, ou seja, uma ordem, pois se constitui numa obrigação moral imposta por Deus (Êx 20.12; Dt 5.16). O verbo honrar segundo o Aurélio significa: “conferir honras a; dar crédito ou merecimento a; dignificar, enobrecer, estimar” (FERREIRA, 2004, p. 1055). Logo, honrar implica em mais que submeter-se e obedecer as orientações dos pais, é também tê-los em grande estima pelo que são e pelo investimento que fazem na vida dos filhos. 

1.2 - Contém uma rica promessa (Êx 20.12-b). Todo mandamento tem um benefício implícito (Lv 18.5; Dt 28; Is 1.19). Todavia, a ordem de honrar pai e mãe tem um benefício explícito “para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá”. Este expressão pode ser entendida como referindo-se tanto à estada de Israel na terra prometida, quanto à vida do indivíduo. Portanto, os indivíduos infiéis a Deus que desrespeitavam seus pais não teriam vida longa na Terra Prometida” (MOODY, sd, p. 48,49). 

II – O PRINCÍPIO DO RESPEITO AOS REPRESENTANTES DE DEUS NO LAR 
“Honrar aos progenitores não somente é uma forma de piedade elevada, como também é uma regra social de suprema importância, pois os conflitos domésticos naturalmente têm reflexos sobre a sociedade como um todo. Visto que os pais atuam como representantes de Deus no seio da família, este quinto mandamento, na realidade, é uma aplicação dos dois primeiros mandamentos. Assim, honrar a Deus implica em honrar aos pais. A solidariedade familiar jamais poderá tornar-se um fato nos lugares onde houver filhos desobedientes, que tentem escusar sua voluntariedade às custas dos pais” (CHAMPLIN, 2006, vol 1, p. 392 - acréscimo nosso). 

2.1 - Antigo Testamento. Dentro do contexto hebreu, honrar os próprios pais era uma parte vital da existência. O cuidado com os pais era um elemento básico da responsabilidade em sociedade e da divina misericórdia para com Israel. Um filho que ousasse ferir seus pais sofria a pena de morte (Êx 21.15). Idêntico castigo cabia a quem amaldiçoasse qualquer de seus pais (Êx 21.17; Lv 20.9). A infâmia desse pecado foi claramente estabelecida na lei registrada em Deuteronômio 21.18-21.Os provérbios de Israel ampliaram devidamente a magnitude desse crime (Pv 19.26; 20.20; 30.11,17). Abaixo destacaremos alguns exemplos bíblicos de filhos que desonraram seus pais e se prejudicaram por isso: 

Rúben, o primogênito de Jacó, desonrou seu pai ao possuir sua concubina antes de sua morte; isto lhe custou a perda da herança (Gn 49.3,4). 
Sansão, enamorou-se uma mulher pagã casou-se com ela, contrariando a vontade dos seus pais (Jz 14.1-3); seu casamento foi um fracasso (Jz 14.18-20). 
Os filhos de Eli, que eram sacerdotes, foram mortos porque recusaram-se dar ouvidos as advertência de seu pai (I Sm 2.22-25). 
Amnom, filho de Davi, fingiu-se doente para enganar seu pai, a fim de possuir a sua meia irmã Tamar (II Sm 13.6,7). Seu fim foi desastroso, pois morreu pela mão de seu próprio irmão Absalão (II Sm 13.23-32).

2.2 - Novo Testamento. O Senhor Jesus enfatizou o quinto mandamento, exortando a honrar pai e mãe (Mt 15.3-6; Mc 7.10-13). Desde muito pequeno mostrou sujeição completa aos seus pais terrenos (Lc 2.50,51). Como honrar os pais é um mandamento moral, o Novo Testamento o preserva e incentiva o relacionamento respeitoso entre filhos e os pais (Ef 6.2). Abaixo veremos as duas recomendações do apóstolo Paulo quanto a observação deste mandamento: 

2.2.1 - “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo” (Ef 6.1). A palavra “obedecei” no original grego, e “upakouo”, que quer dizer “obedecer”, “seguir”, “estar sujeito a”. Fica subentendido que aos filhos é ordenado, seja justo, moral, correto, visando o desenvolvimento espiritual da criança, ou simplesmente apropriado para a vida e a conduta diárias” (CHAMPLIN, 2006, vol 4, p. 634 – acréscimo nosso). A expressão justo no grego “dikaios” por sua vez, significa “costume, rega, direito”. Este é o padrão de santidade que deve permear a vida de todo aquele que serve a Deus (I Jo 2.29; 3.7,10). Ainda podemos entender que: 
 A obediência dos filhos a seus pais é algo moralmente justo, porque segue a ordenança divina. 
 Tal obediência também é socialmente correta, por refletir um arranjo conveniente e correto na sociedade. 
 Também é beneficentemente correta, devido aos seus bons resultados. 
 Também é biblicamente correta, pois concorda tanto com o Antigo como com o Novo Testamentos, em suas respectivas revelações. 
 Também é legalmente correta, pois foi ordenada nas Escrituras Sagradas, escritas por inspiração divina. 
 Também é naturalmente correta, pois segue as leis naturais. 
 Essa obediência dos filhos a seus pais é justa de acordo com os ditames do bom senso, porquanto e óbvio que uma pessoa mais velha, de forma geral, sabe o que deve ser feito nesta ou naquela oportunidade, do que os jovens inexperientes. 
 Portanto, tal obediência também é racionalmente correta, isto é, apropriada para as relações entre pais e filhos, pois seria uma monstruosidade se os filhos ditassem as ordens e seus pais as obedecessem.  Finalmente, a obediência dos filhos a seus pais é humanamente correta, pois todas as culturas humanas reconhecem quão prudente e que assim seja. 

2.2.2 - “Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor” (Cl 3.20). “Naturalmente, fica entendido que os pais não devem ordenar a seus filhos coisas que são contrarias a moralidade cristã, porque nada disso poderia ser sancionado como incluso na obediência exigida. Paulo aludia aqui as circunstancias normais, quando os pais fazem algum esforço por instruir seus filhos quanto a moralidade correta. Ele escrevia para lares cristãos, onde se espera que os pais treinem seus filhos quanto as boas maneiras. Nessas situações, espera-se dos filhos que agradem ao Senhor, que façam aquilo que é reto, obedecendo a seus pais” (CHAMPLIN, 2006, vol 4, p. 634 – acréscimo nosso). 

III – REBELDIA CONTRA OS PAIS UMA CARACTERÍSTICA DOS ÚLTIMOS DIAS 
“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos” (II Tm 3.1-a). O presente texto nos mostra Paulo profetizando que os últimos dias da Igreja na terra seriam marcados uma onda esmagadora de dificuldades, conforme a expressão “tempos trabalhosos” no grego “chapelos” que quer dizer: “duro; difícil; custoso”. O apóstolo elenca as características maldosas dos homens com a proliferação do pecado e entre elas destaca que eles serão “desobediente a pais e mães” (II Tm 3.2). “Temos aqui um pecado tão moderno e comum em nossos dias, que nem choca mais os nossos ouvidos. No entanto, tal pecado era extremamente chocante para os antigos judeus, com seu código moral muito estrito em certos particulares, o que fazia com que esse pecado fosse considerado por eles como uma falta gravíssima. Literalmente traduzida, essa palavra grega significa “incapazes de serem persuadidos pelos pais”. Esse pecado é uma maldição para o desenvolvimento harmonioso da família, estendendo-se a comunidade inteira dos homens, servindo de verdadeira praga da sociedade” (CHAMPLIN, 2006, vol 4, p. 585 – acréscimo nosso). 

IV – ATITUDES QUE OS FILHOS DEVEM TER PARA COM OS PAIS 
A Bíblia Sagrada, nossa única regra de fé e prática nos orienta quanto ao procedimento que devemos ter para os nossos pais, tais como: 
(a) honrá-los (Êx 20.12; Ef 6.2); 
(b) obedecê-los (Ef 6.1; Cl 3.20); 
(c) amá-los (Mt 10.37; Mt 22.39); e 
(d) assisti-los em suas necessidades (Mt 15.3-6; Mc 7.10-13). 

CONCLUSÃO
Vivemos dias difíceis onde o maligno tem tentado destruir a honra que os filhos devem dar aos pais, desconstruindo o princípio de autoridade estabelecido pelo próprio Deus. Todavia, devemos entender que honrar pai e mãe é uma obrigação moral que deve ser cumprida com amor, alegria e voluntariedade. 

REFERÊNCIAS 
 ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. Mundo Cristão. 
 CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS. 
 PFEIFFER, Charles F. Comentário Bíblico Moody: Daniel. Editora Batista Regular. 
 STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. 
 VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

LIÇÃO 06 - SANTIFICARÁS O SÁBADO (Êx 20.8-11; 31.12-17) - 1º TRIMESTRE 2015

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE 
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524 

LIÇÃO 06 - SANTIFICARÁS O SÁBADO - 1º TRIMESTRE 2015 (Êx 20.8-11; 31.12-17) 

INTRODUÇÃO 
De todos os mandamentos do Decálogo, o quarto mandamento, que diz respeito a guarda do sábado, sem dúvida, é o mais polêmico. Isto porque alguns grupos religiosos o consideram como condição à salvação, ou seja, eles afirmam que àquele que não guarda o sábado não pode ser salvo. Por outro lado, alguns cristãos desconhecem os verdadeiros propósitos deste mandamento da Lei, e como ele se aplica à Igreja. Por isso, nesta lição estudaremos o que a Bíblia diz sobre o sábado; veremos que a guarda do sábado foi ordenada por Deus para Israel; por que os cristãos não guardam o sábado; e, finalmente, por que a Igreja Primitiva observava o domingo. 

I – O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O SÁBADO
“A palavra “sábado” vem do vocábulo hebraico “shabath”, e significa, literalmente “folgar”; “descansar”; “parar”; “cessar”. Logo, o termo não significa “sétimo dia” como alguns pensam, e sim, “descanso”. O verbo é encontrado mais de setenta vezes no AT, e, como substantivo, aparece 111 vezes” (REIFLER, 2007, p. 88). 

1.1 - A guarda do sábado foi instituída por Deus para o povo de Israel. O sábado foi instituído por Deus no momento em que os filhos de Israel receberam o maná (Êx 31.12-17). Este mandamento deveria ser observado pelos judeus como um cerimonial, no qual a sinceridade e a pureza do coração tinham de estar presentes quando o mesmo fosse observado (Lv 26.14-16; Ez 20.12,20). Do contrário, não passaria de uma prática religiosa vã (Is 1.11-17). 

1.2 - O sábado foi instituído como um dia de descanso e de adoração. Deus ordenou na Lei de Moisés, que os israelitas guardassem o dia de sábado. O propósito era que o povo tivesse uma dia de descanso, a fim de adorar ao Senhor (Êx 23.12; 20.10; Dt 5.14-15). “O descanso oferecia a oportunidade de engajamento em louvor, estudo e, especialmente, na leitura das Escrituras. A sinagoga transformou o sábado em seu dia sagrado mais importante. Ele se inicia na sexta-feira às 18h e perdura até o sábado, às 18h. Em tempos modernos, a comemoração de modo geral inicia-se mais tarde, para permitir às pessoas que trabalham uma chance para chegar à casa de reuniões. As Escrituras são lidas, são pregados sermões e oferecidas orações” (CHAMPLIN, 2004, p. 2, vl. 06). 

II – A GUARDA DO SÁBADO FOI ORDENADA PELO SENHOR PARA ISRAEL 
“Tu pois fala aos filhos de Israel: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre mim e vós [...]” (Êx 31.12-14). Deus ordenou na Lei de Moisés, que os israelitas guardassem o dia de sábado. O propósito, como já foi dito, era que o povo tivesse um dia de descanso, a fim de adorar ao Senhor. Vejamos algumas informações sobre a guarda do sábado:
  O sábado representava o selo da aliança mosaica (Êx 20.10; Êx 23.12; 31.15; Dt 5.15; Is 56.4-6); 
 O sábado foi separado como santo (Êx 16.23-29; 20.10-11; 31.17); 
 Era um sinal entre Deus e seu povo “Israel” (Êx 31.13; Lv 26.14-16; Ez 20.12,20); 
 Esse dia foi ordenado por Deus para que os filhos de Israel lembrassem da libertação do Egito (Dt 5.15); 
 Era associado a festas solenes, especialmente aquelas em dia de lua cheia (Am 8.5; Os 2.13; Is 1.13); 
 Era um sinal de lealdade entre Israel e Yahweh (Is 56.2; Ez 20.12,21); 
 Era um dia de deleites e felicidades, não um dia de obrigações infelizes (Nm 10.10; Is 58.13; Os 2.11); 
 Era para beneficiar aos pobres e escravos (Êx 23.12; 20.10; Dt 5.14-15). 

III – OS CRISTÃOS NÃO NECESSITAM GUARDA O SÁBADO 
“O sábado judaico não é obrigatório para os crentes, pois já não estamos sob o jugo da Lei (Rm 6.14; 7.14; 8.1-5). Já não dependemos da Lei do AT para sermos salvos e aceitos diante de Deus (Gl 3.23-25; 4.4-5). Fomos transferidos da Antiga Aliança e unidos à Cristo para a salvação (Jo 3.16). Devemos crer em Jesus (I Jo 5.13), receber o seu Espírito e a sua graça e, assim receber o perdão, a regeneração e capacitação para produzir fruto para Deus (Rm 6.22-23; 8.3-4; Mt 5.17; Ef 2.10; Gl 5.22-23; Cl 5.6)” (CHAMPLIN, 2004, p.2). Donald C. Stamps comentando Mt 5.17 diz o seguinte: 

 A Lei que o crente é obrigado a cumprir consiste nos princípios éticos e morais do AT (Mt 7.12; 22.36-40; Rm 3.31; Gl 5.14), bem como os ensinamentos dos apóstolos (Mt 28.20 1Co 7.19; Gl 6.2). A guarda do sábado não é um mandamento moral, pois se fosse, como alguns dizem, um mandamento “moral”, isto é, algo que não pode ser violado, por que nas várias ocasiões que o sábado foi violado, os “transgressores” ficavam sem culpa? (Mc 2.23- 28; Mt 12.5,11,12; Jo 7.22,23). 
 A guarda do sábado é um concerto entre Deus e Israel, somente (Êx 31.12-14; Rm 1.18-21; 2.12-16);
 A celebração do sábado é uma forma de legalismo que Paulo refutou, pois os crentes não estão sob a LEI (Rm 6.14; Gl 3.10-23); 
 O simples fato de que o sábado era um sinal do Pacto Mosaico mostra que ele não pertence ao Novo Pacto; esse é o único mandamento que não se encontra repetido na Nova Aliança (At 15.28,29). Esquadrinhando todo o Novo Testamento, não encontramos nenhum ensino de Jesus ou dos apóstolos para santificarmos o dia sétimo mais do que qualquer outro. 
 As leis do AT destinadas diretamente a nação de Israel, tais como as leis sacrificiais, cerimoniais, sociais ou cívicas (Lv 1.2-3; 24.10), já não são obrigatórias (Cl 2.16-17; Hb 10.1-4); 
 O crente não deve considerar a Lei como sistema de mandamentos legais através do qual se pode obter mérito para o perdão e a salvação (Gl 2.16,19). Pelo contrário, a lei deve ser vista como um código moral para aqueles que já estão em um relacionamento salvífico com Deus e que, por meio de sua obediência à lei, expressam a vida de Cristo dentro de si mesmo ( Rm 6.15-22). 

IV - A IGREJA PRIMITIVA E A ADORAÇÃO NO DOMINGO 
“Na questão do dia de descanso semanal, o que se deve ser observado é a sétima parte do tempo e não o dia. Como a Lei de Moisés foi “ultrapassada” “passada além”, pela Lei de Cristo, a guarda dos mandamentos de modo literal tornou-se legalismo sem amor. Converteu-se em radicalismo teológico ou em sectarismo perigoso” (RENOVATO, 2011, p.137 – Grifo nosso). Vejamos alguns motivos pelos quais a Igreja Ocidental observa o domingo: 

 Cristo ressuscitou num domingo (Mt 28.1; Mc 16.9); 
 Jesus apareceu 5 vezes num domingo e outra vez no domingo seguinte (Lc 24.13; 33-36; Jo 20.13-19,26); 
 O Espírito Santo foi derramado no domingo, ou seja, no dia de Pentecostes (At 2.1-4); 
 Cristo se revelou ao apóstolo João na ilha de Patmos num domingo (Ap 1.10); 
 A Santa Ceia, as pregações e as ofertas eram observadas no domingo (1Co 16.1,2; At 20.7); 
 O Didache (150 d.C.), uma espécie de manual de ética e doutrina do cristianismo inicial, fala sobre o domingo como o dia no qual os cristãos se reuniam para o louvor e a adoração. O mesmo é mostrado nos escritos dos historiadores do segundo século, Hipólito (160 d.C.) e Clemente de Alexandria (200 d.C.); 
 No NT, o sábado não é apresentado nem promovido como um dia que devesse ser celebrado, mas como um dia típico como todos os outros que Cristo dá àqueles que Nele acreditam (Cl 2.16; Hb 4.4). 

V – O QUE APRENDEMOS COM O QUARTO MANDAMENTO 

5.1 - O ser humano precisa de descanso. Os israelitas trabalhavam bastante para ter o sustento próprio e o da família (Êx 20.9). Todavia, com a instituição do sábado, Deus providenciou-lhes um dia de descanso, tanto para o patrão quanto para os funcionários, os animais e até a própria terra (Êx 23.12; Dt 5.14). A importância para o descanso é a parte moral do quarto mandamento, e nisto ninguém deve errar, pois terá que arcar com as consequências. O corpo desgastado e sem poder recuperar as energias perdidas acabará fatalmente por adoecer e morrer prematuramente (Êx 18.13-18; Mt 6.30-32). 

5.2 - Não devemos priorizar o material em detrimento do espiritual. É interessante destacar que sem a criação de um dia de adoração, o povo de Israel facilmente se tornaria materialista, preocupando-se apenas com as necessidades materiais, como infelizmente aconteceu (Mt 6.19). O trabalho não deve se tornar um ídolo, pois somente Deus deve ser adorado (Êx 20.3; Mt 4.8-10). Jesus ensinou também que devemos priorizar as coisas espirituais (Mt 6.33). 

5.3 - Devemos ter tempo para Deus. O princípio da mordomia do tempo é também o que Deus queria ensinar aos filhos de Israel com a guarda do sábado (Êx 31.15-17; Lv 23.3). Eles deveriam ter tempo para si, mas também para Deus “Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus [...]” (Êx 20.10-a). Embora tudo o que fazemos deve ser para a glória de Deus (I Co 10.31), devemos na administração do nosso tempo, incluir momentos de comunhão com Deus, por meio da oração, leitura da Palavra e adoração tanto no templo, como em particular em qualquer dia (Sl 100; I Rs 9.3; At 13.2; Mt 6.6; I Ts 5.17). 

CONCLUSÃO 
O quarto mandamento do Decálogo, diz respeito aos filhos de Israel, pois trata-se de um pacto de Deus com o seu povo. Mas, existe nele três princípios que são universais: um dia de repouso após uma jornada de seis dias de trabalho, a priorização das coisas espirituais e um dia de adoração e dedicação ao Senhor. Este “dia sagrado” não se constitui um pré- requisito para sua salvação, visto que, a salvação é pela graça e não pelas obras da Lei (Ef. 2.8-9). 

REFERÊNCIAS 
 ALMEIDA, Abraão de. O Sábado, a Lei e a Graça. CPAD. 
 CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS. 
 RENOVATO, Elinaldo. Neemias integridade e coragem em tempos de crise. CPAD. 
 REIFLER, Hans Ulrich. A Ética dos Dez Mandamentos. VIDA NOVA. 
 STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Traduza Aqui, gostou do Blog divulgue, Leia a Biblia